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O Controle do Treinamento

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Academic year: 2021

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O CONTROLE DO TREINAMENTO

José Rizzo Pinto

Para que se possa estabelecer um perfeito controle de treinamento faz-se necessário que, desde o início do trabalho, haja uma orientação médica correta. Médico e técnico são obrigados a caminhar juntos.

Ao apresentar-se, ou selecionar-se, um candidato a atleta, a primeira providência a ser tomada será a realização de um exame clínico minucio-so, debelando-se qualquer alteração que se apresente.

Entre nós, com atletas procedendo de meios nem sempre bem favorecidos pela fortuna, impõese predominantemente êste cuidado.

-O que devemos procurar? -O que poderemos mais freqüentemente en-contrar?

Inicialmente fazer a colheita de dados sobre:

1) Identificação — os habituais: nome, idade, nacionalidade, natura-lidade etc, do conhecimento de todos os que se dedicam a um trabalho. Atenção deve ser dada ao problema da procedência dó atleta, devido à exis. têncía de certas doenças endêmicas em determinados pontos de nosso país, que deverão ser devidamente pesquisadas, antes que se autorize a prática desportiva. Assim, por exemplo, num candidato a atleta originário do Nor-deste, impõe-se a pesquisa de uma provável esquistossomose; nos originá-rios de zona de Chagas endêmico, deverá ser -afastada qualquer dúvida sobre tal entidade etc.

2) Pesquisar o passado do candidato: as doenças que o acometeram, sua história venérea, traumática, desportiva! tempo de prática eventual de atividade atlética, tipo de atividade, acidentes sofridos, não se descuidan-do, por menor que tenha sidescuidan-do, de averiguar prováveis seqüelas.

Idêntico cuidado em relação à sua história familiar, pois é sabido que determinadas famílias são mais freqüentemente acometidas de determina-das enfermidades; seus hábitos de vida — meio em que vive, condições de habitação, condições de alimentação, sono, fumo, bebida etc.

3) Exame clínico — o de rotina em qualquer serviço: examinar cui-dadosamente cada segmento do corpo, sistemas e aparelhos, anotando o que fôr encontrado. Dar atenção fundamental ao estado de saúde da bôca, pesquisando e eliminando os focos e cáries dentárias, os focos amigda-lianos e adenóides; tegumento cutâneo, atendendo aos vários processos de origem microbiana, micótica, que poderão ser encontrados e que poderiam constituir foco primário de disseminação entre todos os componentes de

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uma equipe; não descuidar do exame dos órgãos de sentido; em suma, o mais completo possível.

4) Dar destaque sobretudo aos exames dos aparelhos cardiovascular e respiratório, digestivo, excretor.e sistema músculo-esquelético, pesquisan-do-se a atitude do atleta, sua condição muscular, desvios de membros e coluna, pontos dolorosos, atrofias ou hipertrofias de determinados grupos, musculares, movimentos articulares ativos e passivos, aferindo-se sua am-plitude etc.

5) Laboratorialmente pesquisas de rotina;1

a) Hemograma — atender à série vermelha e branca. Anemias, indi-cações de possíveis processos inflamatórios, contagem de eosinófilos (dado que entre nós dificilmente se apresenta normal, traduzindo existência de verminoses) etc, velocidade de hemossedimentação e outros dados que forneça.

b) Realizar rotineiramente as reações de sorologia para Iues.

c) Dosar glicose e uréia — a existência de um processo diabético constituir-se-ia em impedimento para a prática desportiva, sabido que êste desvio metabólico acarreta consigo uma série de transtornos ao or-ganismo. Idêntica atenção dar à uréia.

d) Pesquisar as condições de sangramento e coagulação sangüínea. Ao lado de uma série de complicações que os distúrbios coagulatórios podem acarretar (lembremos apenas as hemartroses hemofílicas), temos que assegurar-nos que nossos atletas, sofrendo um acidente de treinamento de pequena monta, como uma ferida por exemplo, não estariam arriscando sua própria vida por déficit coagulatório.

e) Exame de urina — atender ao volume excretado, sua reação, a existência de prováveis elementos anormais e ao estudo do sedimento.

f) Fezes — pesquisa de parasitos.

Neste capítulo, convém lembrar que, de forma endêmica, até mesmo nas classes mais favorecidas, em ambientes tropicais como o nosso, as verminoses constituem uma tônica, sendo a positividade do exame de índice superior aos 90%. Ascaris, Trichuris, Ancilostomídeos, Amoebas, Giardias, Toenias etc. são habituais aproveitadores da ingestão alimentar de nossos homens, acarretando perturbações de natureza metabólica, di-gestiva, sensoriais etc.

Não raro a própria recuperação de uma lesão faz-se retardada pela existência de comensais indesejáveis em nosso organismo. Isto sem falar nos transtornos ocasionados pela enterite amebiana, pela anemia provo-cada pelos Ancilostomídeos, por exemplo, etc.

g) Se possível, proceder ao traçado de um Eletrocardiograma. - Tais dados, além de servirem para colocar em condições nítidas a si-tuação orgânica de nosso candidato a atleta, orientando-nos na decisão de sua aptidão, permitir-nos-ão a comparação em, exames futuros, quando» quisermos aquilatar suas condições de treinamento.

h) Exame radiológico— rotineiramente fazer, de 6 em 6 meses, um-exame radiológico de tórax, Não sendo possível um um-exame mais apurado" de coração e vasos, com determinação da volumetria, e de pulmão, faça-se, pelo menos, uma abreugrafia, fácil de se conseguir até graciosamente. Ter em mente que a tuberculose pulmonar é inabilitante e mais freqüente que muitas vêzes se imagina.

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Além do cadastro torácico, rotineiro, pesquisar radiològicamente osso ou articulação que apresente qualquer alteração ao exame clínico.

Plantígrama — fácil de ser executado, traduz com relativa segurança a situação do apoio plantar, permitindo a correção dos defeitos encontra-dos, como o pé plano, equinismo etc. " "

* 6) BiotipoJogia — propositadamente deixamos para o final êste dado. Há muito tempo vem o homem preoCupando-se em estudar a exis-tência, digamos assim, de dados seriados que permitissem grupar elementos dentro 'de determinadas normas.

Viola, com a escola italiana, preocupa-se com dados exclusivamente de ordem biométrica, classificando seus biotipos de acordo com elementos mensurais; Kretschmer. estabelece a noção de determina tendência psíqui-ca de acordo com o tipo constitucional, e assim chegamos, psíqui-caminhando pelas várias escolas, até as mais modernas. Hoje admite-se, sem dúvida, que determinados tipos físicos prestam-se a determinadas atividades e possuem predominantemente tal ou qual tendência psíquica, ampliando-se os dados que desde Hipócrates (400 A . C.) haviam sido preliminarmente descritos em 2 tipos básicos: Habitus apopleticus e habitus tisico.

Halle (1797) reconhecia 4 tipos — abdominal, torácico, muscular e nervoso; Rostan (1928) fala-nos de seus tipos digestivo, muscular, respi-ratório e cerebral; Viola descreve-nos os normolíneos, brevilíneos e lon-gilíneos; Kretschmer (1925) cita-nos os seus pícnicos e leptossomáticos, posteriormente acrescidos de um outro tipo — o atlético,' atribuindo aos primeiros uma tendência à extroversão. e aos segundos uma tendência à introversão. Outros poderiam ser citados até chegarmos, com Sheldon e seus colaboradores, a estabelecer, em bases embrionárias, a classificação mais recente e, a nosso ver, mais lógica de somatotipos. Dividiu-os em elementos que apresentam uma tipagem numérica variando de 1 a 7, de acordo com a intensidade de participação dos elementos do ectoderma

(origem embrionária da pele e sistema nervoso); mesoderma (sistema lo-comotor) e endoderma (sistema visceral). Colheu fotografias de frente, costas e perfil; determinava altura e pêso, estabelecendo um índice entre Altura-Pêso, determinava 17 diâmetros nas fotografias e conseguiu des-crever uma série de somatotipos (cêrca de 76, dos quais 50 tipos são comuns): Comparativamente, através de um atlas destes somatotipos; fácil se torna determinar a situação de nosso atleta, teoricamente estabelecida entre o 777 e o 111.

Classificado o nosso atleta biotipològicamente, estabelecida sua altura, seu pêso atual, calculado seu pêso teórico e determinado qual é seu pêso ideal, isto é, o pêso de máximo rendimento, teríamos estabelecidas as baseá para iniciar o treinamento, nos atletas aptos.

APTIDÃO E SEU CONCEITO

Saúde e aptidão são têrmos relativos, não se podendo empregá-los em sentido absoluto.

Assim, dentro da relatividade da situação, podemos dizer que aptidão é a capacidade orgânica para realizar determinada tarefa. Poderemos estar preparados para, por exemplo, realizar nossas atividades diárias comuns, sem que contudo tenhamos condições de aptidão para realizar uma ativi-dade atlética.

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A aptidão de determinado indivíduo para determinada atividade de-pende da adaptação de seu organismo a esta atividade, da resposta de seus órgãos e sistemas ao esforço a que são submetidos; de sua reação ao trabalho e de como encara, do princípio ao fim, o que lhe é determi-nado. Teríamos, assim, de considerar uma aptidão anatômica, uma aptidão fisiológica e uma aptidão psicológica.

Aptidão anatômica — faz-se necessário que a estrutura orgânica seja

compatível com a atividade à qual se destina o candidato. Sabemos que a movimentação faz-se pela ação mecânica do conjunto de alavancas for-madas pelos músculos e. ossos. Assim, diferença de comprimento de ala-vanca óssea, determinada muitas vezes por discrepâncias pequenas de inserções musculares, faz com que a resposta de um indivíduo basicamente semelhante a outro ofereça diferença de resultado prático.

Aptidão fisiológica — já lhes foi demonstrada a série de alterações que o organismo apresenta quando submetido a treinamento. Diante de um indivíduo anatômicamente apto, necessita-se que estas alterações se passem para que êle fisiològicamente também esteja apto. Assim, um indivíduo anatômicamente apto para correr uma maratona, por exemplo, se não lhe forem impressas as alterações fisiológicas necessárias, não con-seguirá chegar nem à metade do percurso.

Aptidão psicológica — faz-se necessário, além dos fatores

anterior-mente descritos, que o indivíduo apresente condições de percepção satis-fatórias para determinada atividade. Estabilidade emocional, inteligência, motivação e educabilidade se impõem. -. •

,:Stress".e SAG — Selye descreveu o conceito de "stress" e de sua síndrome de adaptação geral, com suas 3 fases. Estimulado o organismo êle se adapta, restabelecendo a homeostasia, ou se esgota.. Uma série de provas foram planejadas para que se pudesse avaliar a condição de adap-tação de cada um dos elementos orgânicos e mais adiante serão descritas.

O Contato diário com o atleta — sua importância no controle ,

Declarado apto para a prática desportiva, irá o nosso atleta iniciar sua atividade. Atenção deverá ser dada ao controle diário de pêso, verifi-cação de sua evolução em resposta ao treinamento dos dados fornecidos pela tomada de pulso, pressão arterial, capacidade vital, dados êstes fáceis de ser colhidos.

. Chamamos, sobretudo, a atenção para as queixas que o atleta apre-sentar. Até que estejam suficientemente esclarecidas'não se as deve con-siderar como banais, pois pequenas queixas são, muitas vêzes, retrato de um alarme orgânico de instalação de um maior dano.

Sugerimos a adoção de. uma ficha em que serão anotados:

Nome, idade, sexo, biótipo, data do início do treinamento, altura, pêso ideal. Diàriamente verificar-se-á o pêso do atleta, anotando-se suas quei-xas, sobretudo a coriza, cefaléia, anorexia, constipação, diarréias, emagre-cimento, artralgias, mialgias, irritabilidade, insônia e, se possível, o pulso basal, isto é, pulso tomado ao acordar, antes de se realizar qualquer ati-vidade. Os sintomas acima citados são comumente encontrados nos pe-ríodos iniciais das fases de ruptura da adaptação.

Sendo o sistema cardiovascular sujeito a controle nervoso, refletindo êle alterações que se passem ao nível da esfera emotiva, e sofrendo influ-ências das atividades diárias, achamos que o pulso em condições basais

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traduz mais fielmente o panorama que o pulso colhido durante o dia. ainda que com o atleta em repouso. O mesmo poderia ser dito em relação à pressão arterial. Sempre que possível, colher estes elementos em con-dições basais, para comparação com os dados colhidos através das diversas provas realizadas com esforço.

Ao menor desvio, submeter o atleta a exames, visando-se esclarecer e prevenir a instalação do quadro de fadiga, já discutido em outra opor-tunidade.

Com relação às doenças e lesões qúe se apresentem, ter sempre em mente que o treinamento é um processo evolutivo e que deve ser interrom-pido pelo período mais curto possível. Diagnosticar corretamente e o mais precocemente possível, instituindo o tratamento correto, será a forma mais segura de atingir êste fim.

Ao iniciar-se o período de treinamento, as dores musculares, a sensa-ção de fadiga instalam-se para desaparecer progressivamente, na medida em que o atleta vai.-se adaptando ao treinamento. Freqüentemente temos observado tais reações na mudança de ritmo de atividade, quando das trocas de treinadores de equipes de futebol, trazendo cada um dêles seu planejamento diverso de trabalho. É preciso estar preparado para saber distinguir o que corre por conta da adaptação ao treino do que seria u m . alarme de início de lesão.

Dentre os dados anteriormente citados, e facilmente verificáveis pelo próprio treinador, sugerimos seja objeto de verificação constante:

1) Pêso — colocado em ritmo de trabalho ordenado, a tendência ini-ciai da curva ponderai é sofrer uma ligeira queda, recuperando-se a se-guir e, por vezes, atingindo mesmo índices superiores aos da fase de re-pouso. Embora a tendência da maioria dos atletas seja adquirir pêso com a parada da atividade, freqüentemente encontramos reações diametral-mente opostas. Vigiar para mantê-lo dentro dos limites ideais, aumentando ou diminuindo o padrão dietético, deverá ser uma de nossas preocupações. Uma vez estabilizado a queda ponderai sem explicação será dado a exigir uma tomada de posição no sentido do supertreinamento.

. Vários autores sugerem a verificação do desgaste orgânico através da colheita do pêso antes e após o treinamento, utilizando êste dado na -graduação do trabalho. Somos de opinião que o fator mais importante não está prêso ao quantum de perda por seção, mas sim ao restabeleci-mento do nível anterior, no retorno à atividade.

2) Pulso — inicialmente mantido na faixa dita de normaliddade, en-tre os 60 e 80 batimentos por minuto, a tendência do pulso, com a aquisi-ção da forma ideal de resistência, é baixar tal índice, instalando-se uma bradicardia, mais ou menos intensa, dependendo da atividade. Assim, nos fundistas, encontramos bradicardia mais intensa que nos velocistas, por exemplo. No momento da entrada em atividade êste pulso sofre acelera-ção, atingindo níveis bem superiores, da ordem de 180 bat./min., e até mais, recuperando-se facilmente, uma vez cessada a atividade. No indi-víduo destreinado, e no fatigado, a bradicardia não é encontrada, havendo uma tendência a pulsos mais acelerados, e que n ã o atingem, com o es-forço, os níveis anteriormente citados, bem como é mais lenta sua recupe-ração. Tal fato é bastante explorado na montagem das provas de controle da adaptação cardiocirculatória, como adiante se verificará.

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Ter em mente que a aceleração de pulso em atleta em forma, rem explicação aparente, traduz ruptura da adaptação.

'•-O pulso é dado de controle sujeito a influências diversas e, por si só, não poderá, ser usado como dado^absoluto. Taquicardias poderão ser en-contradas nos mais diversos quadros, como nas infecções, nos períodos pós-prandiais, em certos distúrbios 1 metabólicos, disfunções glandulares e nos quadros de tensão emocional, através de um estímulo da supra-renal como demonstrou Selye.

Uma forma de se restringir ao máximo a influência de agentes exter-nos no controle de pulso seria a colheita pela manhã, no momento em que o atleta desperta, antes mesmo de se levantar. Teríamos, assim, um dado bem mais fiel que o obtido através do consagrado pulso de repouso.

3) Pressão arterial — embora não seja um dado que apresente mar-gem eficiente de controle, sabemos que, no atleta em forma, a adaptação cardiovascular irá possibilitar-nos encontrar um quadro de aumento da diferencial, discreto, que se anula com a fadiga.

. Êstes dados, associados ao controle de temperatura que poderá expli-car o aparecimento de certas taquiexpli-cardias, são facilmente verificáveis pe-los técnicos, possibilitando-lhes.um primeiro sinal de alarme, quando não contarem permanente cobertura médica em seu trabalho, para encaminha-mento do atleta a êste especialista.

Alterações impressas no organismo pelo treinamento e sua utilização no controle

Desde que surgiu a preocupação de se verificar as condições orgânicas em relação à atividade física, as diversas provas foram sendo moldadas tendo como base alterações que o organismo do atleta treinado apresenta de forma mais ou menos constante. O avanço dos conhecimentos no setor da fisiologia aplicada, as novas teorias sobre homeostase, a contribuição de Selye em sua Síndrome de adaptação gerai etc. • possibilitaram, ao lado do avanço da tecnologia, da eletrônica sobretudo, criar formas mais per-feitas de controle, que, embora ainda não apresentem uma aplicabilidade global simplificada, possibilitam a obtenção de dados mais eficientes.'Por outro lado, elementos de comparação entre provas mais complexas e for-mas mais simplificadas de controle vêm possibilitando a transpolação de dados, obtendo-se resultados mais precisos. Exemplos poderiam ser cita-dos, bastando lembrar a possibilidade de, com margem mínima de êrro, obter correlação entre o teste de Wahlund, em que se utiliza a bicicleta ergométrica coihendo-se uma série de dados de execução técnica relativa-mente complexa, com o teste de Harvard, relativarelativa-mente simples e ao alcance de todos, através do monograma de Astrand.

J á estudadas as alterações fisiológicas, vejamos como, em cada setor, as alterações impressas no organismo pelo treinamento poderiam ser apli-cadas no controle:

Aspecto hormonal — A teoria de Selye, bastante estudada e discutida, para que se venha a repeti-la, abriu-nos o caminho do estudo da adapta-ção. Poderá o balanço hormonal, desencadeado pela adaptação ao esforço, fornecer-nos dados utilizáveis no controle? Diversos autores os aproveita-ram, muito embora se prestem a discussões e a resultados, em certos as-pectos, um pouco contraditórios.

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Antonino Natali chama a atenção para os seguintes fatos:

1) O Comportamento dos 17-cetosteróides, cuja eliminação em condi-ções basais é maior nos atletas treinados que nos destreinados, apresenta um índice de aumento progressivo, na medida que se atinge a forma ideal, para diminuir quando se instala o quadro de supertreinamento

(MITOLO).

2) a) os 17-cetosteróides urinários e hemáticos aumehtam pouco nos esforços de curta duração e baixa intensidade, ou no início de esforço pesado, de longa duração, para em seguida diminuir.

b) haveria uma diminuição dos eosinófilos e linfócitos circulantes. Assim, embora de segurança discutida, defendido por uns e negado por outros, a observação do comportamento dos 17-cetosteróides poderia ser usado como dado laboratorial de controle.

No que diz respeito a glândulas outras, teríamos: •

1) os esforços musculares parecem dar sinais clínicos de discreto h i -pertireoidismo, sendo que somente nos esforços excessivos e prolongados determinam aumento da tiroxina.

2) Na mulher, a menos que se tenha esforço, excessivo, não se altera o ciclo menstrual, regularizando-se freqüentemente o mesmo quando há

irregularidades. " , 3) No tocante à insulina, o encontro de hiperglicemia após esforço

breve e pouco intenso, e de hipoglicemia após esforço longo e intenso, é mais comum nas pessoas destreinadas que nos atletas em boa forma, sendo observados como expressão de um mecanismo mais complexo que o sim-ples balanço dèste hormônio.

4) No tocante ao paratormônio, baseado em meios indiretos, para uns a calcemia aumentaria durante e após o esforço, enquanto outros autores acham que no atleta treinado se assistiria, após o esforço, a uma diminui-ção da calcemia, com aumento da fosforemia e, sobretudo, da fosfatase alcalina. Tais fatos, para outros estudiosos do assunto, seriam mais co-r muns nos atletas em franca fadiga, onde se encontram a insônia, a irrita-bilidade, a taquicardia etc.

Se quisermos tor uma idéia panorâmica do que se passa no setor hormonal em relação ao exercício, poderíamos dizer resumindo:- •

1) O exercício físico, progressivo, consecutivo, racional (finalidade do treinamento) e o domínio progressivo da tensão emocional, nas atividades em que êste fator esteja presente como componente fundamental, prepa-ram uma série de modificações nas glândulas endócrinas, e nas usuais correlações inter-hormonais, permitindo ao atleta atingir um limite ótimo de regulação, sendo as repostas ao estímulo obtidas sem esforço e sem dano' algum. Quando o treinamento é perfeito, - desenha-se um quadro hormonal, que permite, com a maior economia ao atleta, manter suas con-dições basais, ou enfrentar sua situação agonística.

Êste quadro tem um componente típico, desenhado na 2.a fase da SAG, e um componente de emergência, estribado no sistema adreno-medular e diencéfalo-retro-hipofisário.

2) Nos casos de competição, não se pode excluir que a tensão emo-cional e o espírito combativo que precedem ou acompanham o próprio desenrolar da prova, determinam modificações hormonais peculiares, quantitativa e qualitativamente diferentes, das observadas sob exercício.

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A tensão induz a um aumento dos esteróides do córtex supra-renal. Se isto explica o melhor êxito dos que se dedicam à competição com paixão, explica também sua mais fácil exaustão.

3) Se o exercício ou a tensão é intenso, repetido, ou se as condições gerais do atleta sofrem agressões diferentes do desporto que pratica, a regulação hormonal não mais se dá de maneira utilitária, chegando-se mais facilmente ao quadro de supertreinamento.

4) PATRONO e os autores que estudaram o assunto posteriormente demonstraram que, na regulação deste balanço hormonal, interferem ór-gãos extraglandulares, como o fígado e os rins.

ASPECTO DIGESTIVO

Sobretudo na incorrência de quadros de ruptura da adaptação, seja por supertreinamento, seja por decorrência de um desequilíbrio psíquico, das tensões emocionais de competição, manifestam-se os problemas diges-tivos, com distúrbios de motilidade, secreção ou absorção.

Freqüentemente se observam a sensação de plenitude, os quadros es-pasmódicos, as diarréias, as más absorções etc. Paralelamente, quadros mais sérios de gastrite, duodenite, e mesmo de úlceras podem instalar-se.

No tocante à absorção, defeitos de produção ou de liberação de en-zimas pancreáticas e biliares sobretudo podem interferir na regulação e na atividade atlética,, bastando lembrar que, por exemplo, a astenia mus-cular pode ser encontrada, entre outras causas, em distúrbios,de metabo-lismo dos glicídios, nos portadores de lesão hepática, nos desvios da absor-ção de substâncias lipossolúveis, como a Vitamina E, por deficiência de sais biliares etc.

Parece que o desporto atuaria sôbre o fígado ativando a produção de bílis, com conseqüente aumento do tônus da vesícula biliar, seu mais com-pleto esvaziamento, ativando ainda todas as outras funções, sobretudo a glicogenolítica e a glicogenossintética, a lipolítica e a protidolítica.

Em atletas russos, em supertreinamento, V I L K O V S K I encontrou he-patomegalia, relacionada a uma hepatose de tipo especial, expressiva de uma insuficiente adaptação orgânica.

RISALE (1933) chama a atenção para o que dizia ser "espêlho de uma lesão hepática, indicada pela existência da urobilinúria".

LEON, em um grupo de 50 atletas, submetidos a um controle labo-ratorial de funcionalidade hepática, encontrou 19 alterações. Deste grupo, 10 atletas foram afastados de atividade e tratado seu quadro de supertrei-namento aparente, enquanto a outros 9 deixava em atividade. Exames seguintes demonstraram a regressão das alterações encontradas nos 10 parados e a acentuação do quadro, com o aparecimento paralelo de outros sintomas claros de fadiga no 2.° grupo.

Da mesma forma, o encontro, fora do esforço, de um aumento da pro-tidemia total, sobretudo das porções beta e gama traduz um sofrimento por supertreinamento. * SISTEMA HEMOPOIÉTICO

O aumento da volumetria das hemácias, em torno de 0,2 a 0,3 micron é encontrado em indivíduos não treinados, normalizando-se com a aquisição

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de forma (MIGLINO, DE FELICE). A interpretação do fenômeno é dada na hipótese considerada da reticulocitose de esforço, conseqüente a um acúmulo de ácido lático por trabalho anaeróbio (PRICE JONES), aumento da tensão de 02C hemático, movimento de água do espaço intercelular pa-ra o plasma, estímulo medular, aumento da velocidade circulatória e en-trada dç elementos imaturos (reticulócitos), na corrente circulatória. Êste quadro fugaz e transitório é diferente da reticulocitose vera, que não apresenta relação com o esforço, sendo antes a tradução de um estímulo da matriz eritropoiética (FERRATTA e STORTI)

Sabe-se que, com o treinamento, há um aumento da volemia, com au-mento da hemoglobina total, mantendo-se, contudo, praticamente normal

a relação percentual. Com o supertreinamento e a fadiga criam-se condi-ções de destruição das hemácias, encontrando-se hematúria, hemoglobinú-ria e podendo voltar à circulação as formas jovens, como no início da

ati-vidade.

No tocante à série branca, H A W K chama a atenção para a leucocitose neutrófila de esforço. EGOROFF e col. descrevem estas modificações da série branca em 3 fases:

a) Fase linfocitária — linfocitose de até 55% (normal de 25 a 33%); b) Fase neutrófila — neutrofilia de até 75%;

c) Fase de intoxicação — neutrofilia ainda mais acentuada com l i n -fopenia.

Mais recentemente — FARRIA.estabeleceu a proporcionalidade entre leucócitos e a proporção de esforço. De um ponto de vista prático, subme-tendo-se o atleta a um controle hemométrico antes e após a competição, a contagem de eosinófilos poderá trazer.sinais indicativos de grau de efici-ência do atleta. Convém contudo lembrar que o estímulo hipófise-córtico-supra-renal leva a alterações típicas, a saber:

1. a fase — adrenalínica típica — 30'.

2. a fase — hipófise supra-renálica, tendo-se:.

leucocitose neutrófila; linfopenia — após 2 horas; eosinopenia-máxima após 4 horas.

Alterações plasmáücas

I) Ácido lático — encontra-se em níveis maiores, com o esforço, no atleta destreinado que no treinado, e sobretudo nos que se dedicam à prática do desporto em regime anaeróbio.

O teste de EDWARD (variação do nível de ac. lático com a seqüência do treinamento) não possui valor absoluto. Em condições basais, valores idênticos são encontrados no atleta treinado e na pessoa destreinada e no fatigado.

I I ) Ácido pirúvico — GOLDSMITH demonstrou que, em repouso, seu valor oscila em tòrno de 1 mg, crescendo a 1,09 com exercício moderado e a valores de 1,96 com esforço intenso. Modernamente, provou-se que a relação lactato/piruvato, que em repouso é de 9,3, aumenta a níveis de até 18,3 com o esforço intenso, pois a remoção do piruvato se dá em me-canismo múltiplo, enquanto a do lactato se dá através de sua oxidação em piruvato.

I I I ) Os valores de fósforo não se modificam com o treinamento, ao contrário do que ocorre com a fosfatase alcalina, que apresenta valores mais elevados com a boa forma física.

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I V ) A amónia aumenta de 2 a 3 vêzes com o esforço muscular. V) Bases plasmáticas — o exercício físico cria condições de acidose, seja pela formação de ácido lático (acídose metabólica), seja pela hipe-rapnéia que acompanhía o esforço físico, visando a eliminar o gás carbônico que se forma (alcalose respiratória). Na compensação varia a relação ácido carbônico/bicarbonato, tentando manter a constância do p H .

VANZETTI demonstrou a queda dos bicarbcnatos nos quadros de fa-diga. Em indivíduos treinados, em condições basais, pode-se observar au-mento dos valores de sódio e queda dos valores de cálcio. Os aniontes Cl—P04, e S04 — não parecem sofrer alteração.

V I ) Com a intensidade do trabalho físico encontra-se o tempo de coa-gulação mais acentuado no indivíduo treinado que no não treinado. R I N S

São descritos quadros de alterações renais devido à prática esportiva — pseudonefrite atlética (GARDNER), quadro urinário pseudo-nefrítico — (MAZZA). Durante o esforço, a diurese reduz-se (BARCLAY e Col., WHITE e RONF, CHAPMAN e Col., MENIL e CARPILL e outros.

O encontro de proteinúria, cilindrúria, hematúria, fosfatúria, elemen-tos anormais diversos, diminuição de volume e aumento do pH em atletas treinados traduz a instalação de um quadro de supertreinamentos. SISTEMA RESPIRATÓRIO

: Durante o exercício sabemos que:

a) Volume minuto: aumenta. LIDHARD e col. indicam que existe uma relação linear entre o volume respiratório minuto e o volume de oxigênio absorvido.

b) Oxigênio-pulso: — aumenta. c) Ritmo: — acelera.

' d) Há maior eliminação de gás carbônico. Como elemento de controle foram utilizados:

1) ÍNDICE DE HIRTZ: perímetro máximo menos perímetro mínimo. Valor normal em torno de seis centímetros.

- 2) CAPACIDADE V I T A L : quantidade máxima de gás que pode ser eliminado em uma expiração forçada, medida em expirômetro. Depende diretamente da elasticidade da caixa torácica.

Colocado em relação a outros dados, diversos índices foram deduzidos: a) ÍNDICE DE DEMENY — C. V./pêso = 5.

b) ÍNDICE DE SPEHL — I = C.V. x P/A, sendo C. V. a capacidade vital em cm:í, P. pêso em quilogramas e A. altura em cm. Valor normal entre 800 e 1100.

c) ÍNDICE DE B I L L A N D — Volume torácico em relação à capaci-dade vital — V. T . / C V., obtendo-se o valor V. T. pela fórmula: V.T. = C. x H/4 em que C é a circunferência torácica sôbre os mamilos e H . a meta-de da altura obtida com o paciente sentado, da altura do assento da ca-deira à V I I cervical. O valor normal oscilaria entre 3 e 5.

d) PROVA DA RESISTÊNCIA RESPIRATÓRIA DE ROSENTHAL: controle de C. V. cinco vêzes seguidas com breves segundos de intervalo (MONALDI aconselha trinta vêzes em 10 minutos). Se durante a prova os valores se mantêm em seu limite normal ou aumentam, indicariam boa 374

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forma atlética. Tais índices possuem apenas valores indicativos, não

deven-do ser consideradeven-dos como decisivos.

e) TIFFENEAU e DRUTEL: ciclo respiratório máximo. Consiste em

inspirações máximas seguidas de expirações máximas o mais rápido

pos-sível, com registro em espirógrafo. Com o traçado obtido mede-se C. V., e

o volume expiratório máximo por segundo (VEMS). Êsse seria

multipli-cado pelo coeficiente de TIFFENEAU ( = 30) ou de CORA ( = 37) dando

a ventilação máxima-minuto. Obtêm-se índices de 90 a 120 nas pessoas

normais.

f) Ventilação máxima (MAXIMUM BREATHING CAPACITY) —

executam-se rápidas e profundas respirações, que são registradas no

es-pirógrafo durante 20 a 30 seg. Critica-se pela dificuldade em realizar, por

ser muito fatigante e necessitar estreita colaboração do paciente.

3) FREQÜÊNCIA RESPIRATÓRIA — 12 a 15 no indivíduo normal

em repouso.

4) VOLUME CORRENTE — Volume de gás que entra e sai em cada

respiração. Pode ser medido com aparelhos comuns de metabolismo basal,

em circuito fechado, medindo-se o volume gasoso-minuto e a freqüência

respiratória. Obtido os valores da freqüência respiratória, volume corrente

e espaço morto (Equação de BOHR), calcula-se a ventilação

alveolar/mi-nuto. Vol.min. = (Vol. corrente-espaço morto) x freqüência.

C02

5) Quociente respiratório: — — 0.7/1.

02

6) Tempo de apnéia voluntária: Diminui com a fadiga;

Prova de ALICE: tempo de" apnéia voluntária em repouso;

tempo de apnéia após 10 respirações forçadas;

tempo de apnéia após esforço moderado.

No indivíduo não treinado encontram-se tempos da ordem de:

25"-50"-20"

SISTEMA MUSCULAR

Sabe-se que com"*atividade física o sistema muscular passa por uma

série de adaptações visando a adquirir condições ideais para o trabalho

físico. Essas alterações alteram a estrutura muscular, aumentando o

vo-lume, modificam sua composição química, aumentam sua rede capilar e

dão-lhe ganho em fôrça e resistência como nos ensina a fisiologia.

No controle das operações musculares, poderemos lançar mão de:

1) Mensuração: a fita métrica funciona fornecendo os dados que nos

orientam na aquisição de volume muscular; a palpação permite-nos

obje-tivamente aquilatar o ganho em tônus.

2) Dinamometria: com o emprêgo do dinamômetro torna-se possível

avaliar a aquisição da qualidade da fôrça. Na ausência dêste aparêlho a

alternativa é a aplicação de provas adaptadas como por exemplo a do

lançamento do pêso.

No controle do exercício que solicita a atividade muscular, uma vez

mais frisamos, deve-se estar preparado para separar as queixas referentes

a uma simples adaptação daquelas que correm por conta de uma lesão

muscular.

(12)

SISTEMA CARDIOCIRCULATÓRIO

A fisiologia fala-nos das alterações impressas pelo treinamento sobre o sistema cardiocirculatório, dividindo-as em alterações imediatas e tar-dias e, estas últimas, subdividindo-as em alterações de boa forma e de fa-diga. Convém saber separar as duas últimas, pois se aquela nos interessa, esta é indesejável. Como pesquisá-las? A análise dos testes a serem de-senvolvidos apresenta, de início/dificuldades de.classificação, por ser q assunto bastante complexo. Para uma prova cardiocirculatória ser ava-liada em sua eficiência, faz-se necessário que ela se desenvolva em con-dições capazes de solicitar o organismo.

WAHLUND verificou que prova de pouca intensidade de eficiência apresenta resultados praticamente idênticos em atletas treinados, destrei-nados e em cardíacos compensados. Desenvolveu êle a noção de esforço submáximo e verificou que as provas funcionais devem ter intensidade suficiente ou duração satisfatória para que possam ser avaliadas.

VOLUME CARDÍACO

Inicialmente muitos elementos foram afastados de atividades físicas por serem portadores de coração dilatado. Modernamente o assunto en-contra-se totalmente em bases modificadas.

Pesquisas realizadas sobre o problema da volumetria cardíaca de-monstraram respostas diversas de acordo com o tipo de exercício a que o atleta é submetido. Assim, enquanto os atletas de velocidade, que traba-lham em regime anaeróbio, não apresentam alterações volumétricas do coração, os fundistas e os meio-fundistas já mostram esta situação.

Esta divergência parece explicada pelo fato de, aparentemente, não existir nenhuma correlação entre a velocidade do esprinter e o volume cardíaco. O «stímulo a que se submetem os músculos (o que é mais acen-tuado nos corredores de velocidade) provoca hipertrofia muscular sem aumento do volume do coração.

REINDELL e col. verificaram existir nos corredores de meio-fundo e fundo um discreto aumento das paredes com aumento das cavidades, sem que contudo ultrapassasse o limite normal, e sempre abaixo do nível crítico de 450 g, acima do qual instala-se a desproporção entre a massa miocárdica e a vascularização.

Pesquisas realizadas pelo Dr. MAURÍCIO ROCHA demonstraram en-tre nós ser o volume cardíaco dos atletas, em média, relativamente maior que os das pessoas destreinadas vivendo no mesmo lugar.

REINDELL é de opinião que o trabalho cardíaco econômico somente é possível em corações com maior volume, expressão de apresentaf maior capacidade, maior débito cardíaco com conseqüente diminuição da fre-qüência. " :

ELETROCARDIOGRAMA

No atleta destreinado vamos encontrar, desde que exista higidez, Um traçado igual ao de qualquer outra pessoa que não pratique desporto.

(13)

No atleta treinado iremos achar: ' * •

a) Ritmo — pode ou não apresentar alterações. Achados variantes desde bloqueios parciais até bloqueios de segundo grau, tipo WENCKE-BACH, têm sido encontrados e, nós mesmos, j á tivemos ocasião de obser-var dois atletas nossos com essa imagem, em indivíduos treinados, não fatigados. Estudos levados a efeito em indivíduos normais treinados da USAF revelaram em 67.000 ECG, 350 casos de bloqueios de primeiro grau, um de tipo WENCKEBACH e um bloqueio A V total. Em outro estudo feito em jovens sadios da Fôrça Aérea Canadense, em 17.000 ECG, registraram 76 bloqueios. Êsses indivíduos foram acompanhados durante 15 anos e ne-nhuma cardiopatia evidente foi verificada.

b) Freqüência — bradicardia sinusal.

c) Variações habituais: aumento da amplitude da onda T, tendo L E -CLERCQ, PLAS e CHEILLEY-BERT, assinalado subdesnivelamento du-rante o esforço do segmento ST. Aumento da amplitude do complexo QRS, máxime em derivações precordiais, sugerindo possibilidade de h i -pertrofia ventricular esquerda, modificações do ângulo QRS, e inversões de onda T, sobretudo em indivíduos da raça negra, são dados encontrados habitualmente.

No atleta fatigàdo, embora não existam ainda trabalhos conclusivos sobre o assunto, têm sido citados com provável sinal de fadiga: modifica-ções de amplitudes com achatamento da onda T, desvios do eixo de T para a esquerda, com aumento do ângulo de dispersão de RT. PIJVS encara estes sinais como de isquemia póstero-inferior, localizando-os em três ordens de fatos:

a) Tratar-se-ia de uma hipoxia transitória com sinais de insuficiência coronária na funcional? — Os traçados são bastante semelhantes àqueles repetidos num regime de trabalho em ambiente pobre em oxigênio.

b) As modificações de T e os deslocamentos de R seriam provocados por uma sobrecarga passageira das cavidades direitas? — Esta hipótese não explica os casos de inversão da onda T nem as inflexões de R, que correspondem a um retardo de repolarização inferior do músculo cardíaco. Um outro fator seria decorrente da modificação das pressões intracavi-tárias.

c) Estaríamos na presença de alterações metabólicas do miocárdio que dizem respeito a uma insuficiência, do teor de oxigênio e glicólise com aumento de teor de ácido lático e pirúvico na circulação coronariana? As anomalias eletrocardiográficas visíveis no segmento ST seriam testemu-nhas dêste fato.

Tem sido assinalado o desaparecimento completo do glicogènico no miocárdio de atletas mortos subitamente durante o esforço físico! P R O V A S

Um sem-número de provas tem sido descritas visando o controle da função cardiocirculatória. Sabe-se, como dizia o velho Professor MIGUEL COUTO, em medicina, o excesso de métodos é sinônimo de falta. Quem quiser tire suas conclusões. As principais provas citadas na literatura são: 1) V A L S A V A : hoje abandonada totalmente, é a mais antiga encon-trada, datando de 1900.

(14)

2) FLACK (1909): colocar o atleta em apnéia expiratória em um circuito fechado em que exista uma coluna de mercúrio de 40 mm de altu-ra, controlando-se as variações de freqüência do pulso de cinco em cinco minutos. Tempo mínimo 50". O aumento da freqüência de pulso não deve ser superior de uma a duas unidades em cada 5".

* 3) L . BUERGER: expiração forçada contra uma coluna de mercúrio de 40 mm de altura, durante 20", calculando-se a média aritmética entre cs valores da pressão arterial máxima e mínima.

4) CARDARELLI: compressão de fígado.

5) CARDARELLI-KATZENSTEIN: ligar a raiz da coxa por cinco minutos, verificando-se a recuperação pela freqüência cardíaca, pressão ar-terial e sombra radiológica do coração.

6) SCHAP1RO: verificação da freqüência de pulso ao passar da posi-ção deitada à ereta.

7) MENDELSHON: alteração do pulso ao passar da posição ereta à deitada.

8) AZOULAY e VARISCO: medir a alteração da freqüência do pulso e da pressão arterial ao passar do decúbito dorsal a uma flexão dos mem-bros inferiores formando um ângulo de 110 graus com o eixo do corpo.

9) BINET e BOUGEOIS: duração do tempo de apnéia após uma res-piração tranqüila. Valores abaixo de 40 a 50 segundos traduziriam déficit miocárdico.

10) MOSLER: medida da pressão arterial após 25 a 30" de aonéia. 11) MASTER e OPPENHEIMER: tomando uma escada com dois de-graus, cada um cem 22,5 cm de altura, durante um minuto e meio, exe-cutar saltos sobre os dois degraus; o número de saltos determinado por uma tabela. Nas pessoas normais a freqüência de pulso não deve aumentar mais de 10 batidas, nem a pressão arterial de mais de 10 mm de mercúrio. 12) MESINGER: aumento da relação entre a freqüência de pulso e a respiração, com o esforço nos indivíduos normais que não se observam nos cardiopatas.

13) SCHELLONG: executa-se em dois tempos:

a) passar do decúbito dorsal a ereção, mantendo-se nessa posição por cinco minutos, e voltar a deitar;

b) sucessivamente subir uma escada com 25 degraus.

Avaliar a freqüência do pulso, pressão arterial e a amplitude do com-plexo QRS no ECG.

14) Manter-sc em apnéia variando o tempo, ao mesmo tempo em que se executam 10 agachamentos. As pessoas com reserva cardíaca diminuída não ultrapassam os 12 segundos.

15) SCHELLONG JR.: Peimanência em pé durante 10 a 20 minutos. Durante êsse período verificar pressão arterial. Uma deficiência circula-tória seria demonstrada pela queda da pressão arterial em cêrca de 20 mm de mercúrio.

16) VENERANDO: siclo-ergômetro com carga de 250 watt e peda-lagem de 60 a 80 p / m . Avalia-se a duração da prova em minutos, a po-tência aplicada e o trabalho efetivo desenvolvido, a freqüência cardíaca e a pressão arterial. Colher os dados em repouso durante e após o esforço.

17) MARTINET: medir a freqüência do pulso e a pressão arterial máxima e mínima com o paciente deitado, em pé, após breve repouso,

(15)

seguindo-se a execução de 20 flexões de tronco tocando a mão na ponta dos pés. Verificar o pulso de esforço e a volta ao normal. •

18) MARTINETT e L A CAVA: mudança de decúbito, como antes, seguindo-se 30 agachamentos por minuto. Em seguida, salto de 50 cm de altura no mesmo nível. Por fim calcular pulso em quinze segundos, multiplicando por quatro e medir a volta à calma.

19) N Y L I N : débito de oxigênio após atividade.

20) NEUCHIRCH: aumento do débito cardíaco após o esforço. 21) LARTIGUE: trinta agachamentos em trinta segundos, marcan-do-se o ritmo num metronomo, apoiado em uma mesa ou cadeira para não perder o equilíbrio. Mesmas verificações da prova de L A CAVA.

22) MCCURDY-LARSON. 23) KRASWEDER. 24) HAMBLEY.

25) Teste de TUTTLE — Execução:

a) tomar o pulso em repouso; -;

b) executar 20 degraus de 13 polegadas em um minuto (homem) ou quinze (mulher);

c) diretamente após o exercício, com a pessoa sentada, cortar o pulso em dois minutos;

d) o pulso total de dois minutos é dividido pela freqüência em re-pouso: relação de pulso;

e) repouso até o pulso normalizar;

f) subir e descer o banco por mais um minuto, entre 35 e 40 vêzes (contar o n . ° ) ;

g) contar novamente o pulso: por dois minutos; _ h ) dividir pelo pulso de repouso: segunda relação;

i) calcular o número de degraus desnecessários para obter 2,5 pela fórmula:

(S2 — S I ) (2,5 + r l ) So = S I

(r2 + r l )

sendo S I : número de degraus usados no primeiro teste; S2: número de degraus usados no segundo teste; So: número de degraus requeridos para 2,5; r l : razão do pulso em SI e r2: razão do pulso em S2.

Valores Normais: meninos e meninas de 10 a 12 anos — 33 degraus; de 13 a 18 anos — 30 degraus; homens — 29 degraus é mulheres — 25 degraus.

26) MITOLO: medida da pressão intrapulmonar: valores idênticos em repouso e após esforço nos indivíduos treinados.

27) L I A N : pulso em repouso. Corrida sem deslocamento, batendo o calcanhar nas nádegas dois passos por segundo, durante um minuto.

A recuperação de pulso dentro de dois minutos traduziria boa ativi-dade cardíaca, medíocre dentro de quatro minutos e péssima se ultrapas-sasse os 6. • ' •

28) SCHNEIDER: efetuada previamente a prova de MARTINET, faz-se o atleta subir num degrau de 45 cm de altura, num ritmo lento, de cinco subidas em quinze segundos. O autor atribui um coeficiente variando de mais três (ótima), a menos três (medíocre), medindo o pulso em repou-so, pulso em ortostatismo, diferença entre os dois, pulso após esforço,

(16)

tempo de volta à calma, diferença entre a pressão arterial máxima e\mí-nima, em pé. A soma dos seis coeficientes exprimiria a valorização fun-cional.

29) LETOUNOV: três provas de esforço que se sucedem de 3 a 4 m i -nutos:

a) 20 agachamentos em 30 segundos;

b) corrida no lugar em velocidade máxima: 15 segundos;

c) corrida no lugar de 180 passadas por minuto durante 3 minutos. Após cada exercício medir: pulso, pressão arterial máxima e mínima, minuto a minuto. O. autor descreve cinco tipos de reações, a saber:

1) Normotônica: moderada queda da pressão.

2) Distônica: aumento notável do pulso e pressão máxima seguida de lenta recuperação. Escassa.

3) Hipotônica: escassa elevação da máxima, grande aceleração de pulso e lenta recuperação. ' •

4) Hipertònica: aumento acentuado do pulso e da máxima mantendo---se a mínima.

5) Em degrau: a máxima continua aumentando ainda 2 ou 3 minutos após o esforço.

. A reação normotônica é característica dos atletas bem treinados,1 en-quanto a distônica demonstra uma escassa adaptação funcional. As demais respostas correspondem às diversas fases de adaptação cardiocirculatória.

30) .Teste de HARVARD: bastante divulgado e conhecido, não nos iremos deter na sua descrição. Com o nomograma de ASTRAND pode-se fazer a transpolação para o teste de WAHLUND.

31) WAHLUND: o mais eficiente teste descrito. Sua complexidade técnica, á aparelhagem necessária para sua realização, torna-o inacessí-vel a não ser a indivíduos especializados na sua execução é na leitura dos

resultados. ^ 32) Teste de CARLYLE: inicialmente descrito para a natação, já foi

adaptado para atividades terrestres, demonstrando possuir, ao lado de uma fácil execução, uma relatividade fiel na resposta dada. Consiste em:

a) coleta do pulso de aquecimento;

b) execução de um tiro de natação ou corrida, constantes a plena ve-locidade, medindo-se o tempo de execução. Sucessivamente colhem-se os pulsos de esforço máximo (chegada) e recuperação aos trinta segundos e um minuto. A correlação entre esses dados forneceria o índice de adap-tação.

CONCLUSÃO

Como anteriormente foi dito, o número exagerado de provas descritas na realidade significa apenas falta de segurança nas respostas dadas. Tor-na-se necessária a escolha de uma que melhor se adapte às condições em que se realiza o trabalho, devendo-se ter em mente que a fidelidade maior ou'menor da resposta depende da intensidade do esforço e do tempo de duração. O contato diário, o perfeito conhecimento das condições, do atleta, em todos os seus aspectos, físico, atlético, técnico e psíquico, de sua ambientaçáo social e cultural, o controle de sua alimentação constituem de fato a melhor forma de preservar sua integridade.

(17)

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Referências

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