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Eletroporação de células biológicas isoladas através de eletrodo capilar: estudos numéricos dos efeitos elétricos e mecânicos na membrana celular

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Academic year: 2021

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Jˆanio Anselmo

ELETROPORA ¸C ˜AO DE C ´ELULAS BIOL ´OGICAS ISOLADAS ATRAV ´ES DE ELETRODO CAPILAR: ESTUDOS NUM ´ERICOS DOS EFEITOS EL ´ETRICOS E

MEC ˆANICOS NA MEMBRANA CELULAR

Florian´opolis, SC 2014

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ELETROPORA ¸C ˜AO DE C ´ELULAS BIOL ´OGICAS ISOLADAS ATRAV ´ES DE ELETRODO CAPILAR: ESTUDOS NUM ´ERICOS DOS EFEITOS EL ´ETRICOS E

MEC ˆANICOS NA MEMBRANA CELULAR

Disserta¸c˜ao submetida ao Programa de P´os-Gradua¸c˜ao em Engenharia El´ e-trica para a obten¸c˜ao do Grau de Mes-tre em Engenharia El´etrica.

Orientadora: Profa.. Daniela Ota Hi-sayasu Suzuki, Dra..

Coorientador: Prof. Jefferson Luiz Brum Marques, PhD.

Florian´opolis, SC 2014

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Anselmo, Jânio

Eletroporação de células biológicas isoladas através de eletrodo capilar : Estudos numéricos dos efeitos elétricos e mecânicos na membrana celular / Jânio Anselmo ;

orientadora, Daniela Ota Hisayasu Suzuki ; coorientador, Jefferson Luiz Brum Marques. - Florianópolis, SC, 2014. 141 p.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica.

Inclui referências

1. Engenharia Elétrica. 2. Modelos matemáticos. 3. Eletroporação. 4. Membrana celular. 5. Deformação mecânica. I. Suzuki, Daniela Ota Hisayasu. II. Marques, Jefferson Luiz Brum. III. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica. IV. Título.

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ELETROPORA ¸C ˜AO DE C ´ELULAS BIOL ´OGICAS ISOLADAS ATRAV ´ES DE ELETRODO

CAPILAR: ESTUDOS NUM ´ERICOS DOS EFEITOS EL ´ETRICOS E MEC ˆANICOS NA MEMBRANA

CELULAR

Esta Disserta¸c˜ao foi julgada aprovada para a obten¸c˜ao do T´ıtulo de “Mestre em Engenharia El´etrica”, e aprovada em sua forma final pelo Programa de P´os-Gradua¸c˜ao em Engenharia El´etrica.

Florian´opolis, SC, 22 de dezembro 2014.

Prof. Carlos Galup-Montoro, Dr. Coordenador do Curso

Prof. Jefferson Luiz Brum Marques, PhD. Coorientador

Banca Examinadora:

Prof. Fernando Mendes de Azevedo, D.Sc. Universidade Federal de Santa Catarina

Profa.. Daniela Ota Hisayasu Suzuki, Dra..

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Prof. Jos´e Marino Neto, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina

Prof. Walter Pereira Carpes Junior, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina

Prof. Pedro Xavier de Oliveira, Dr. Universidade Estadual de Campinas

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ficos a confian¸ca de descoberta de novas ferramentas para aux´ılio de diagn´osticos, tratamento, ou at´e mesmo a cura das di-versas patologias existentes.

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Esse ´e o momento em que retribuo o carinho e a paciˆencia das pessoas que fizeram parte desse esfor¸co. A vocˆes meu profundo obri-gado. Carregarei vocˆes sempre comigo, nunca deixar˜ao de existir em mim. Se um dia estivermos longe, mesmo pela geografia, ´e atrav´es do pensamento que seus ensinamentos e bons momentos se far˜ao presentes, fazendo-me sentir saudades! Agrade¸co a vocˆes todo esse sucesso.

Ao Nosso Senhor Jesus Cristo, pelas bˆen¸c˜aos recebidas durante essa etapa de vida, por ter-me guiado e acolhido nos momentos dif´ıceis. A Ele, toda honra e toda gl´oria.

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A minha esposa, companheira e amiga Marihelly, minha “pan-dinha”, sempre paciente nos meus momentos de stress, retribuindo-os com amor! Agrade¸co a Deus por vocˆe ter entrado em minha vida.

Ao meu filho, meu amor, meu “galakinho”, Gabriel Lula An-selmo. Suas risadas me renovam e fazem t˜ao bem, sabia? Hoje eu entendo que quando nasce um filho, nasce um pai. Vocˆe ´e o presente de Deus em nossas vidas.

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A Maria Ot´ılia Cabral Anselmo, minha m˜ae, meu exemplo de mulher, que, mesmo sem ter grandes conhecimentos da ´area t´ecnica, vive sempre perguntando sobre o andamento da disserta¸c˜ao e, com suas palavras de carinho, tentando me guiar.

Ao Thiago Anselmo, meu amado irm˜ao, meu bra¸co forte, pela sua compreens˜ao. Quando tive que me afastar dos compromissos pro-fissionais, ele assumiu todas as responsabilidades, podendo eu assim me dedicar ao cumprimento de mais essa etapa.

A Higor Rachadel e Jorge Alexandrino Cardoso Costa, meus ami-gos, conselheiros, que muitas vezes agem como se fossem pais. S˜ao dois gigantes no conhecimento t´ecnico e na verdadeira arte da amizade.

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A minha orientadora e professora Daniela Ota Hisayasu Suzuki, pela inicia¸c˜ao acadˆemica, pelas in´umeras reuni˜oes que sempre se tor-naram uma aula `a parte, pela paciˆencia em retirar minhas d´uvidas e entender meus momentos de dificuldades. Vocˆe fez jus `a palavra orien-ta¸c˜ao! Foi um orgulho seguir seus passos.

Ao meu coorientador e professor Jefferson Luiz Brum Marques. A fus˜ao do seu conhecimento, calma e humildade o fazem essa pessoa

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disponibilizaram culturas celulares para realiza¸c˜ao dos experimentos. Ao professor Vander Baptista, por permitir o uso de seu labora-t´orio e do estirador de capilares, e tamb´em pelas id´eias pertinentes.

Ao professor Stephen G. Weber, da Universidade de Pittsburgh, pelo fornecimento de dados para composi¸c˜ao de artigo cient´ıfico.

Ao professor Mohamad Sawan, da Universidade de Montreal, por ministrar a disciplina de Smart Medical Devices e pela corre¸c˜ao de artigo cient´ıfico.

Aos meus colegas do mestrado do IEB-UFSC, Cristiano Rodrigo Azevedo, Gilson Turchiello, Jhazmin Aracelly Arandia Vega, Levi Ce-lestino Pereira e Tˆamara Costa do Nascimento, pelas nossas disciplinas realizadas, pelas convivˆencias di´arias, almo¸cos, festas e at´e mesmo pe-los “momentos de atrito”. Tudo isso nos fez unidos e fortes suficientes para estarmos hoje cumprindo mais essa etapa de nossas vidas.

Ao meu amigo de mestrado Wilmer Johan Lobato Malaver, pelas nossas conversas durante almo¸cos, caf´es e intervalos de estudos. Por toda a sua ajuda durante as disciplinas, vocˆe foi certamente uma pessoa fundamental neste trabalho. A vocˆe “mi pata”, todo meu respeito.

Ao mestre e pesquisador Rafael Attili Chiea, pelos seus ensina-mentos, pelo repasse de experimentos e pelo bom conv´ıvio gerado. Sua inteligˆencia e calma somados fazem de vocˆe essa pessoa admir´avel.

Ao mestre, pesquisador e multidisciplinar Fernando Bruinj´e Co-sentino. Nossos encontros regados a caf´e para discuss˜oes t´ecnicas foram de suma importˆancia na conclus˜ao deste trabalho. Seu conhecimento e simplicidade ultrapassam barreiras.

Aos doutorandos Carlos Frederico Fronza e William Alberto Cruz Casta˜neda, pela grande amizade formada e publica¸c˜oes realizadas em parceria.

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As colegas de mestrado intercambistas portuguesas Ana Teresa Silva Neves e Filipa Borlido Ferreira.

Ao amigos engenheiros telem´aticos da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Sem sombra de d´uvida, vocˆes sempre ser˜ao lembrados a cada avan¸co pessoal e profissional. Se estou concluindo mais essa etapa, certamente vocˆes s˜ao respons´aveis por ela.

Ao t´ecnico respons´avel pelo laborat´orio de instrumenta¸c˜ao bio-m´edica, Yasser Mohsen. Suas dicas e informa¸c˜oes do dia a dia influen-ciaram o resultado final desta disserta¸c˜ao.

Aos alunos de gradua¸c˜ao em engenharia el´etrica Guilherme Bra-sil Pintarelli e Alexandre L´ucio Gontijo da Silva. Embora com pouco

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A querida e simp´atica Idezia Mendes e a todas suas colegas de trabalho, pelas novas conversas nos andares do IEB-UFSC e pela or-ganiza¸c˜ao impec´avel presente em todos os pavimentos do pr´edio. Que Deus as aben¸coe onde estiverem.

A Wilson Silva Costa e a Marcelo Manuel Siqueira, da Secretaria do Programa de P´os-Gradua¸c˜ao em Engenharia El´etrica, pelo excep-cional trabalho e carisma dedicados a todos os p´os-graduandos. Sua prontid˜ao em nos ajudar sempre ser´a lembrada.

Ao amigo Tiago Westphal Souza, pela seu incessante e impec´avel trabalho gr´afico nas figuras presentes neste trabalho. Parab´ens! Vocˆe realmente tem o dom da arte gr´afica.

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A secret´aria acadˆemica do IEB-UFSC, Amanda Assun¸c˜ao, pelo seu cuidado e responsabilidade com todos n´os e com o Instituto.

Aos alunos e professores do programa de p´os-gradua¸c˜ao em en-genharia el´etrica do Laborat´orio de Circuitos Integrados (LCI), pela gentileza em conceder seus equipamentos (para uso in loco) na realiza-¸

c˜ao de nossos experimentos.

Aos alunos do programa de p´os-gradua¸c˜ao em engenharia mecˆ a-nica do Laborat´orio de Vibra¸c˜oes e Ac´ustica (LVA), pelas contribui¸c˜oes e trocas de informa¸c˜oes pertinentes ao software de simula¸c˜ao COMSOL Multiphysicsr.

Ao Instituto de Engenharia Biom´edica-UFSC, pelo conhecimento, pela estrutura e as pelas amizades concretizadas.

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A CAPES, pelo apoio financeiro.

A todas as pessoas que entenderam minha ausˆencia para dedica-¸

c˜ao a este compromisso, agrade¸co a compreens˜ao. Espero, num futuro muito breve, retribuir-lhes com minha frequente presen¸ca.

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Eletropora¸c˜ao ´e o aumento da permeabilidade e condutividade el´etrica da membrana plasm´atica, causada pela aplica¸c˜ao de um campo el´etrico externo. Como resultado, tem-se o aparecimento tempor´ario de poros em escala nanom´etrica em sua membrana, permitindo o transporte de mol´eculas, genes e at´e mesmo f´armacos para o interior da c´elula. Tal fenˆomeno ainda ´e pass´ıvel de estudos para entendimentos da dinˆamica de abertura e crescimento destes poros. Os experimentos com membra-nas planares elucidam os mecanismos envolvidos na eletropora¸c˜ao, mas mascaram a situa¸c˜ao real do comportamento da membrana. Neste con-texto, realizaram-se estudos diretamente em uma c´elula isolada, com o aux´ılio de eletrodos microcapilares estirados, repletos com eletr´olito (EFC). Esta metodologia reduz as influˆencias externas, no entanto, mant´em a integridade fisiol´ogica da membrana celular. Neste trabalho, realizaram-se trˆes estudos num´ericos para avaliar a influˆencia de parˆ a-metros el´etricos e mecˆanicos envolvidos neste arranjo da eletropora¸c˜ao. No primeiro estudo, com a pipeta distante da c´elula, observou-se que o raio da c´elula, a condutividade el´etrica do meio e a distˆancia dos pulsos aplicados afetaram a eficiˆencia da eletropora¸c˜ao. A n˜ao linearidade da distribui¸c˜ao do potencial el´etrico transmembrana, induzido pelo campo el´etrico externo, provoca poros concentrados em pequenas regi˜oes. No m´odulo seguinte, confirmou-se a eleva¸c˜ao de reatˆancia capacitiva nos microcapilares estirados com a varia¸c˜ao da frequˆencia, comparando-se estes resultados com resultados experimentais. O algoritmo desenvol-vido para compensa¸c˜ao desta reatˆancia mostrou-se eficiente em apli-ca¸c˜ao de pulsos de nanossegundos (ns). No terceiro e ´ultimo m´odulo, com a pipeta tocando a membrana celular, s˜ao fatores relevantes: a deforma¸c˜ao mecˆanica, a distribui¸c˜ao das tens˜oes de von Mises e o ten-sor de Maxwell. O potencial el´etrico transmembrana apresentou uma eleva¸c˜ao significativa na presen¸ca destes fatores. Os estudos da ele-trodeforma¸c˜ao e dos modelos matem´aticos mecˆanicos trazem um novo panorama na eletropora¸c˜ao em arranjos utilizando c´elulas isoladas com EFC tocando a membrana.

Palavras-chave: Eletropora¸c˜ao. Eletropermeabiliza¸c˜ao. SCEP. De-forma¸c˜ao mecˆanica. Membrana celular. Modelos matem´aticos. COM-SOL Multiphysicsr. Engenharia biom´edica.

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Electroporation is the increase in the electrical conductivity and per-meability of the plasma membrane caused by application of an external electric field. As a result, there is the temporary appearance of nanos-cale pores in its membrane, allowing the transport of molecules, genes and even drugs into the cell. This phenomenon still requires studies to understand the dynamics of opening and growth of these pores. The ex-periments with planar membrane elucidate the mechanisms involved in electroporation, masking the real situation of the behavior of the mem-brane. In this context, studies were made directly on a single-cell, with the aid of electrolyte-filled capillary (EFC). This methodology reduces external influences, however maintains the integrity of the physiologi-cal cell membrane. In this work, there were three numeriphysiologi-cal studies to evaluate the influence of electrical and mechanical parameters in-volved in this arrangement of electroporation. In the first study, with the pipette distant from the cell, it was observed that the radius of the cell, the electrical conductivity and the distance of the applied pulses affect the efficiency of electroporation. The non-linearity of the distri-bution of the transmembrane electric potential induced by an external electric field causes pores concentration in small regions. In the next module, confirmed the lifting capacitive reactance in electrolyte-filled capillary with the frequency variation, by comparing these results with experimental results. The algorithm developed for this reactance com-pensation was efficient in the application of nanosecond pulses (ns). In the third and last module, with the pipette touching the cell membrane, are relevant factors: a mechanical deformation, the distribution of von Mises stress tensor and Maxwell. The electric potential transmembrane showed a significant increase in the presence of these factors. Studies of eletrodeformation and mechanical mathematical models bring a new scenario for electroporation in arrangements using isolated cells with EFC touching the membrane.

Keywords: Electroporation. Electropermeabilization. SCEP. Mecha-nical deformation. Cell membrane. Mathematical models. COMSOL Multiphysicsr. Biomedical engineering.

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Figura 1 Membrana plasm´atica celular . . . 37

Figura 2 Fosfolip´ıdio . . . 38

Figura 3 Dinˆamica fosfolip´ıdica . . . 39

Figura 4 Poros hidrof´obicos e hidrof´ılicos . . . 42

Figura 5 Energia associada a um poro . . . 44

Figura 6 Eletropora¸c˜ao em suspens˜oes de c´elulas . . . 45

Figura 7 Eletropora¸c˜ao com EFC distante da membrana . . . 47

Figura 8 Eletropora¸c˜ao com EFC tocando a membrana . . . 48

Figura 9 C´elula ´unica isolada presente no campo el´etrico uniforme 53 Figura 10 Modelo representativo 3D - EFC + c´elula . . . 55

Figura 11 Modelo geom´etrico representativo 2D-axissim´etrico - EFC + C´elula . . . 56

Figura 12 Gr´afico da compara¸c˜ao entre resultados de Zudans et al. (2007) e resultados simulados . . . 59

Figura 13 Gr´afico da tens˜ao transmembrana e condutividade da membrana celular em rela¸c˜ao ao ˆangulo (θ) para potencial el´etrico de 500 V . . . 61

Figura 14 Gr´afico da tens˜ao transmembrana e condutividade da membrana celular em rela¸c˜ao ao ˆangulo (θ) para potencial el´etrico de 4 kV . . . 62

Figura 15 Gr´afico varia¸c˜ao temporal da tens˜ao transmembrana para potenciais el´etricos de 500 V a 4 kV . . . 63

Figura 16 Gr´afico da varia¸c˜ao da condutividade da membrana em rela¸c˜ao ao raio celular . . . 64

Figura 17 Gr´afico da distribui¸c˜ao do campo el´etrico para potenciais de 500 V a 4 kV . . . 65

Figura 18 Gr´afico da varia¸c˜ao da condutividade da membrana em rela¸c˜ao aos meios intra e extracelulares . . . 66

Figura 19 Estrutura celular - esquema de uma c´elula eucari´otica . 70 Figura 20 Circuito equivalente da ponta do microeletrodo e mem-brana celular . . . 72

Figura 21 Modelo representativo em 3D - EFC . . . 73

Figura 22 Modelo representativo em 2D-axissim´etrico - EFC . . . 74 Figura 23 Arranjo experimental - impedˆancia dos microeletrodos

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-sultados simulados - impedˆancia EFC´s . . . 77 Figura 25 Gr´afico da varia¸c˜ao da impedˆancia do capilar estirado com o aumento da frequˆencia . . . 78 Figura 26 Gr´afico da varia¸c˜ao da impedˆancia do capilar estirado com a varia¸c˜ao do diˆametro da ponta do eletrodo . . . 79 Figura 27 Gr´afico de Vmpara os pulsos retangulares unipolares de

1, 0 ms a 100, 0 ns de dura¸c˜ao . . . 81 Figura 28 Gr´afico do pulso de compensa¸c˜ao, Vinc(t) e o potencial

transmembrana p´os-compensa¸c˜ao, ambos com dura¸c˜ao de 10, 0 µs . 84 Figura 29 Gr´afico do pulso de compensa¸c˜ao, Vinc(t) e o potencial

transmembrana p´os-compensa¸c˜ao, ambos com dura¸c˜ao de 100, 0 ns 85 Figura 30 Exemplo de tens˜ao mecˆanica em um corpo de prova . . . 88 Figura 31 Exemplo de deforma¸c˜ao normal . . . 90 Figura 32 Exemplo de deforma¸c˜ao por cisalhamento . . . 91 Figura 33 Exemplo de for¸ca de tra¸c˜ao e compress˜ao em um corpo de prova . . . 93 Figura 34 Diagrama de tens˜ao-deforma¸c˜ao de um material n˜ ao-ferroso . . . 94 Figura 35 Teoria da m´axima energia de distor¸c˜ao (von Mises) . . . . 95 Figura 36 Modelo representativo em 2D-axissim´etrico do desloca-mento do microeletrodo . . . 97 Figura 37 Arranjo para medi¸c˜ao da posi¸c˜ao do eletrodo . . . 99 Figura 38 Gr´afico da compara¸c˜ao entre os dados experimentais e os dados simulados da impedˆancia da fenda . . . 100 Figura 39 Gr´afico da distribui¸c˜ao de tens˜oes mecˆanicas de von Mi-ses para o toque do EFC e deforma¸c˜ao na membrana . . . 103 Figura 40 Gr´afico da tens˜ao transmembrana e condutividade da membrana celular em rela¸c˜ao ao ˆangulo (θ), ambos para toque do EFC e deforma¸c˜ao na membrana . . . 104 Figura 41 Gr´afico da densidade de energia de deforma¸c˜ao el´astica 105 Figura 42 Gr´afico da distˆancia entre EFC e membrana celular . . . . 106 Figura 43 Gr´afico da press˜ao exercida pelo EFC na membrana . . . 107 Figura 44 Gr´afico da distribui¸c˜ao do campo el´etrico e densidade de corrente el´etrica, durante deforma¸c˜ao mecˆanica da membrana celular . . . 108

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na compensa¸c˜ao da reatˆancia capacitiva . . . 119 Figura 47 Fluxograma do posicionamento do eletrodo e aplica¸c˜ao do est´ımulo da eletropora¸c˜ao . . . 123 Figura 48 Fluxograma da compensa¸c˜ao da impedˆancia . . . 127 Figura 49 Especifica¸c˜ao t´ecnica do micromanipulador Narishige mo-delo WR-6 . . . 131

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Tabela 1 Organiza¸c˜ao estrutural do trabalho . . . 36 Tabela 2 Parˆametros do modelo para simula¸c˜ao de c´elula ´unica isolada na presen¸ca de um campo el´etrico uniforme. . . 54 Tabela 3 Parˆametros utilizados para an´alise da queda de potencial el´etrico no capilar estirado. . . 56 Tabela 4 Parˆametros do modelo para simula¸c˜ao da impedˆancia dos EFC´s. . . 75 Tabela 5 Parˆametros do modelo para simula¸c˜ao da deforma¸c˜ao mecˆanica . . . 97

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IARC International Agency for Research on Cancer . . . 33 OMS Organiza¸c˜ao Mundial da Sa´ude . . . 33 RMD Resistˆencia a m´ultiplas drogas . . . 33 EFC Electolyte filled capillary . . . 35 RE Reversible electroporation . . . 40 IRE Irreversible electroporation . . . 40 BE Bulk electroporation . . . 44 SCEP Single-cell electroporation . . . 44 MEF Malhas de Elementos Finitos . . . 57 AMD Advanced Micro Devices . . . 58 GHz Gigahertz . . . 58 GB Gigabyte . . . 58 RAM Ramdom Access Memory . . . 58 RER Ret´ıculo endoplasm´atico rugoso . . . 70 REL Ret´ıculo endoplasm´atico liso . . . 70 3D 03 dimens˜oes . . . 73 2D 02 dimens˜oes . . . 73 PCA´s Patch-clamp amplifiers . . . 77

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia 79

SI Sistema Internacional de Unidades . . . 88 SNC Sistema Nervoso Central . . . 95

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Vm Potencial el´etrico transmembrana induzido (V) . . . 40

fs Constante relativa ao formato geom´etrico da c´elula . . . 40

g Constante relativa `as caracter´ısticas el´etricas das solu¸c˜oes intra e extracelulares e da membrana . . . 40 E0 Campo el´etrico aplicado (V/m) . . . 40

r Raio da c´elula (m) . . . 40 θ Angulo entre o vetor de campo el´ˆ etrico aplicado e o vetor na

posi¸c˜ao na membrana (rad) . . . 40 td Tempo decorrido (s) . . . 40

τ0 Constante de tempo . . . 40

Cm Capacitˆancia da membrana celular biol´ogica (F/m) . . . 40

δm Espessura da membrana celular biol´ogica (m) . . . 40

σi Condutividade intracelular (S/m) . . . 40

σe Condutividade extracelular (S/m) . . . 40

σm Condutividade da membrana celular biol´ogica (S/m). . . 40

rph Raio do poro hidrof´obico (m) . . . 41

rp Raio de uma regi˜ao circular da membrana (m) . . . 43

Wp Energia do poro (J) . . . 43

Wmec Energia mecˆanica do poro (J) . . . 43

Wel Energia eletrost´atica do poro (J) . . . 43

WinterEnergia de efeitos est´ericos do poro (J) . . . 43

rc Raio cr´ıtico a partir do qual poros hidrof´obicos se tornam

hidrof´ılicos (m) . . . 43 Ze Impedˆancia do eletrodo EFC (Ω) . . . 47

d Distˆancia entre o eletrodo e a membrana (m) . . . 48 Zf Impedˆancia da fenda entre o eletrodo e a membrana (Ω) . . . 48

Ag Define o aspectos “Ag” do processo de forma¸c˜ao de poros

hidrof´ılicos (V) . . . 51 Bg Define o aspectos “Bg” do processo de forma¸c˜ao de poros

hidrof´ılicos (V) . . . 51 Vem Potencial el´etrico na membrana externa (V) . . . 53

Vim Potencial el´etrico na membrana interna (V). . . 53

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Vpp Potencial transmembrana cr´ıtico (V) . . . 54

hs Altura da simula¸c˜ao (m). . . 54

ws Largura da simula¸c˜ao (m) . . . 54

N Arranjo c´ubico de face centrada . . . 54 p Fra¸c˜ao de volume da suspens˜ao . . . 54 Vtotal Potencial total aplicado (V) . . . 55

Va Potencial total simulado (V) . . . 55

Eef Campo el´etrico no capilar (parte n˜ao estirada) (V/m) . . . 55

Ltotal Comprimento total do capilar (m) . . . 55

l Comprimento da ponta do capilar estirado (m) . . . 55 Di Diˆametro interno do capilar n˜ao estirado (m) . . . 55

Diest Diˆametro interno na ponta do capilar estirado (m) . . . 55 J Densidade de corrente el´etrica (A/m2) . . . 64

ε0 Permissividade el´etrica do v´acuo (F/m) . . . 71

Vin(t) Pulso de entrada (V) . . . 71

Rin Resistor de entrada (Ω). . . 71

Cin Capacitˆancia de entrada (F) . . . 71

Re Resistˆencia do EFC (Ω) . . . 71

Ce Capacitˆancia do EFC (F) . . . 71

Ceqc Capacitˆancia equivalente do do EFC (F) . . . 71

Cm Capacitˆancia da membrana plasm´atica (F) . . . 71

Rm Resistˆencia da membrana plasm´atica (Ω) . . . 71

Ri Resistˆencia do meio intracelular (Ω) . . . 71

εrP Permissividade el´etrica relativa do PBS . . . 74

εrs Permissividade el´etrica relativa da s´ılica . . . 74

εrb Permissividade el´etrica relativa do borosilicato . . . 74

σP BS Condutividade el´etrica da solu¸c˜ao (PBS) (S/m) . . . 74

εre Permissividade el´etrica relativa do microeletrodo . . . 74

XCeq Reatˆancia capacitiva equivalente (Ω). . . 82

Req Resistˆencia equivalente (Ω) . . . 82

Ceq Capacitˆancia equivalente (F) . . . 82

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tc Tempo desejado para Ceq atingir a plena carga (s) . . . 82

∆F Varia¸c˜ao de for¸ca – F (N) . . . 87 ∆A Varia¸c˜ao de ´area (m2) . . . 87

∆Fx Componente “x” da for¸ca – F (N) . . . 87

∆Fy Componente “y” da for¸ca – F (N) . . . 87

∆Fz Componente “z” da for¸ca – F (N) . . . 87

σ Tens˜ao normal (N/m2) . . . 87

τ Tens˜ao de cisalhamento (N/m2) . . . 88

AB Reta AB (m) . . . 89 n Eixo n (m) . . . 89 ∆s Comprimento original da reta AB (m) . . . 89 A Ponto A pertencente ao eixo “n” . . . 89 B Ponto B pertencente ao eixo “n” . . . 89 A0 Deslocamento espacial do ponto A (m) . . . 89 B0 Deslocamento espacial do ponto B (m) . . . 89 ∆s0 Deslocamento espacial da reta AB (m) . . . 89 med Deforma¸c˜ao normal m´edia (m/m) . . . 89

An Deforma¸c˜ao normal no ponto A em dire¸c˜ao de “n” (m) . . . . 89

γ Deforma¸c˜ao por cisalhamento (rad) . . . 90 AC Reta AC (m) . . . 90 t Eixo t (m) . . . 90 θ0 Deslocamento do ˆangulo em rela¸c˜ao aπ/2(rad) . . . 91

At Deforma¸c˜ao por cisalhamento no ponto A em dire¸c˜ao de “t”

(m) . . . 91  Deforma¸c˜ao espec´ıfica . . . 91 E M´odulo de elasticidade (Pa) . . . 92 ν Coeficiente de Poisson . . . 92 δ Varia¸c˜ao do comprimento “L” do material de prova (m) . . . 92 δ0 Varia¸c˜ao da espessura do material de prova (m) . . . 92 L Comprimento do material de prova (m) . . . 92 P For¸ca de tra¸c˜ao ou compress˜ao do material de prova (N) . . . 92 σlp Limite de proporcionalidade (N/m2) . . . 92

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σm Condutividade el´etrica da membrana (S/m) . . . 98

νm Coeficiente de Poisson da membrana . . . 98

EEF C M´odulo de elasticidade do EFC (Pa) . . . 98

ρEF C Densidade do EFC (kg/m3) . . . 98

σEF C Condutividade el´etrica do EFC (S/m) . . . 98

νEF C Coeficiente de Poisson do EFC . . . 98

(33)

1 INTRODU ¸C ˜AO . . . 33 1.1 JUSTIFICATIVA . . . 33 1.2 OBJETIVOS . . . 35 1.2.1 Objetivo geral . . . 35 1.2.2 Objetivos espec´ıficos . . . 35 1.3 ORGANIZA ¸C ˜AO DO TRABALHO . . . 36 2 FUNDAMENTA ¸C ˜AO TE ´ORICA . . . 37 2.1 MEMBRANA PLASM ´ATICA CELULAR . . . 37 2.1.1 Bicamada fosfolip´ıdica . . . 38 2.1.2 Estabilidade e dinˆamica fosfolip´ıdica . . . 39 2.2 A ELETROPORA ¸C ˜AO . . . 39 2.2.1 Modelos te´oricos da eletropora¸c˜ao . . . 41 2.2.2 Forma¸c˜ao de poros . . . 41 2.3 ABORDAGENS EXPERIMENTAIS . . . 44 2.3.1 Eletropora¸c˜ao em suspens˜oes de c´elulas (BE) . . . 45 2.3.2 Eletropora¸c˜ao de c´elula ´unica (SCEP) . . . 46 2.3.2.1 Lab on a chip . . . 46 2.3.2.2 Capilar estirado distante da membrana . . . 47 2.3.2.3 Capilar estirado tocando a membrana . . . 48 3 O MODELO MATEM ´ATICO . . . 51 3.1 INTRODU ¸C ˜AO . . . 51 3.2 DEFINI ¸C ˜AO DO MODELO MATEM ´ATICO . . . 51 3.3 VALIDA ¸C ˜AO DO MODELO MATEM ´ATICO . . . 52 3.4 MATERIAIS E M ´ETODOS . . . 55 3.4.1 Equa¸c˜oes governantes e malha de elementos finitos . 57 3.5 RESULTADOS E DISCUSS ˜OES . . . 58 3.5.1 Extrapola¸c˜oes do modelo matem´atico . . . 63 3.6 CONCLUS ˜AO . . . 67 4 ESTUDOS NUM ´ERICOS DO ELETRODO EFC . . . 69 4.1 INTRODU ¸C ˜AO . . . 69 4.1.1 O novo prisma da eletropora¸c˜ao . . . 69 4.2 MATERIAIS E M ´ETODOS . . . 71 4.2.1 Circuito equivalente do EFC e da membrana celular 71 4.2.2 Equa¸c˜oes governantes e malha de elementos finitos . 74 4.2.3 Dados do arranjo experimental . . . 75 4.3 RESULTADOS E DISCUSS ˜OES . . . 76 4.3.1 Dos estudos do EFC . . . 76

(34)

pacitiva . . . 82 4.3.2.2 Aplica¸c˜ao do algoritmo de compensa¸c˜ao da reatˆancia

ca-pacitiva . . . 82 4.4 CONCLUS ˜AO . . . 86 5 ESTUDOS NUM ´ERICOS DA DEFORMA ¸C ˜AO

ME-C ˆANICA DA MEMBRANA CELULAR . . . 87 5.1 INTRODU ¸C ˜AO . . . 87 5.1.1 Tens˜ao mecˆanica . . . 87 5.1.1.1 Tens˜ao normal . . . 87 5.1.1.2 Tens˜ao de cisalhamento . . . 88 5.1.2 Deforma¸c˜ao mecˆanica . . . 89 5.1.2.1 Deforma¸c˜ao normal . . . 89 5.1.2.2 Deforma¸c˜ao por cisalhamento . . . 90 5.1.3 M´odulo de elasticidade . . . 92 5.1.4 Coeficiente de Poisson . . . 92 5.1.5 Diagrama de tens˜ao-deforma¸c˜ao . . . 92 5.1.6 Teoria da m´axima energia de distor¸c˜ao – von Mises 94 5.2 PAR ˆAMETROS F´ISICO-MEC ˆANICOS DA MEMBRANA . . 95 5.3 MATERIAIS E M ´ETODOS . . . 96 5.3.1 Equa¸c˜oes governantes e malha de elementos finitos . 98 5.3.2 Dados do arranjo experimental . . . 99 5.3.2.1 Medida de impedˆancia . . . 99 5.4 RESULTADOS E DISCUSS ˜OES . . . 100 5.5 CONCLUS ˜AO . . . 110 6 CONSIDERA ¸C ˜OES FINAIS E SUGEST ˜OES PARA

TRABALHOS FUTUROS . . . 113 6.1 CONSIDERA ¸C ˜OES FINAIS . . . 113 6.2 SUGEST ˜OES PARA TRABALHOS FUTUROS . . . 114 AP ˆENDICE A -- Circuito equivalente para aplica¸c˜ao da

compensa¸c˜ao da reatˆancia capacitiva . . . 119 AP ˆENDICE B -- Fluxograma do posicionamento do

ele-trodo e aplica¸c˜ao do est´ımulo da eletropora¸c˜ao . . . 123 AP ˆENDICE C -- Fluxograma da compensa¸c˜ao da

impe-dˆancia . . . 128 ANEXO A -- Especifica¸c˜ao t´ecnica - micromanipulador

hidr´aulico Narishige modelo WR-6 . . . 131 REFER ˆENCIAS . . . 133

(35)

1 INTRODU ¸C ˜AO 1.1 JUSTIFICATIVA

O cˆancer ´e respons´avel pelo alto ´ındice de morbi-mortalidade no Brasil; as neoplasias malignas representam a segunda maior causa de morte na popula¸c˜ao (ESTIMATIVA, 2014).

De acordo com dados da International Agency for Research on Cancer (IARC), da Organiza¸c˜ao Mundial da Sa´ude (OMS), o n´umero de mortes causadas pelo cˆancer deve subir das estimadas 8,2 milh˜oes anuais para 14 milh˜oes por ano. Estes dados representam custos econˆ o-micos avassaladores, al´em do sofrimento humano (CANCER, 2014). Em 2030, teremos 21,4 milh˜oes de novos casos de cˆancer e 13,2 milh˜oes de mortes causadas pela doen¸ca. Isso se deve ao crescimento e enve-lhecimento da popula¸c˜ao, bem como `a redu¸c˜ao na mortalidade infantil e nas mortes por doen¸cas infecciosas em pa´ıses em desenvolvimento

(ESTIMATIVA, 2014). No Brasil, a estimativa para o ano de 2014, que

ser´a v´alida tamb´em para o ano de 2015, aponta para a ocorrˆencia de aproximadamente 576 mil casos novos de cˆancer (ESTIMATIVA, 2014). Parte significativa desses casos poderiam ser evitados com preven¸c˜ao, detec¸c˜ao precoce e tratamento de cˆanceres espec´ıficos.

As c´elulas cancer´ıgenas caracterizam-se pela invas˜ao em tecidos adjacentes e pela prolifera¸c˜ao anormal indesejada, podendo entrar na corrente sangu´ınea ou no sistema linf´atico. Quando ocorre a met´astase, migra¸c˜ao para outras partes do corpo humano, o quadro cl´ınico requer maior aten¸c˜ao (GALLINARO, 2013). Outra caracter´ıstica not´oria, in vitro, em cultura de c´elulas tumorais ´e a ausˆencia de inibi¸c˜ao por con-tato, crescendo as c´elulas umas sobre as outras. Nas c´elulas normais o contato exerce uma inibi¸c˜ao e estas formam apenas uma monocamada

(MACDONALD; FORD; CASSON, 2004). Uma das terapias utilizadas para

o tratamento do cˆancer ´e a quimioterapia, a qual faz uso de compostos qu´ımicos em sua composi¸c˜ao. Entretanto, um dos principais obst´aculos para o sucesso do tratamento s˜ao os mecanismos de resistˆencia a drogas

(REICHEL et al., 2011).

De forma geral, os tumores s˜ao constitu´ıdos de popula¸c˜oes mistas de c´elulas malignas, algumas sens´ıveis `as drogas e outras resistentes. Durante o tratamento convencional, quimioter´apico, as c´elulas resis-tentes permanecem e o tumor remanescente retorna a crescer. Um dos mecanismos estudados de resistˆencia ´e conhecido como resistˆencia a m´ultiplas drogas (RMD), que ´e caracterizada pela ausˆencia de resposta

(36)

a diferentes agentes quimioter´apicos estruturalmente e funcionalmente n˜ao relacionados (WAGNER-SOUZA et al., 2003). O desenvolvimento de RMD ´e cada vez mais observado na pr´atica cl´ınica, no tratamento de tumores (CRAGG; NEWMAN; WEISS, 1997). Diante destes fatos, faz-se necess´ario identificar novas abordagens para a terapˆeutica do cˆancer.

H´a duas d´ecadas a quimioterapia somou-se com a eletropora¸c˜ao para formar a eletroquimioterapia, um tratamento alternativo para a inser¸c˜ao de quimioter´apicos em c´elulas tumorais localizadas. Esta ´e uma metodologia que vem trazendo satisfat´orios resultados oncol´ogicos atrav´es de aplica¸c˜oes de campos el´etricos intensos em tecidos ou c´ elu-las tumorais (TSONG, 1991; WEAVER, 2000; SERSA; CEMAZAR; SNOJ, 2009). Com esse procedimento consegue-se alterar transitoriamente a permeabilidade da membrana celular, permitindo o transporte de f´ ar-macos para a concretiza¸c˜ao da terapia (GEHL, 2003).

Os mecanismos e aplica¸c˜oes pr´aticas da eletropora¸c˜ao vˆem rece-bendo cada vez mais aten¸c˜ao. Pode-se citar, a eficiˆencia das vacinas de DNA (RICE; OTTENSMEIER; STEVENSON, 2008). ´E tamb´em usada para a transferˆencia de plasm´ıdeos no desenvolvimento de t´ecnicas relacio-nadas a organismos geneticamente modificados (NICKOLOFF, 1995). A eletropora¸c˜ao possibilita, pela introdu¸c˜ao de marcadores fluorescentes ou plasm´ıdeos nas c´elulas, o estudo morfol´ogico e funcional de c´elulas do sistema nervoso central (UESAKA et al., 2005;CAPPELLO et al., 2012). A eletropora¸c˜ao irrevers´ıvel pode ser usada para elimina¸c˜ao de micror-ganismos em medicamentos l´ıquidos (GOLBERG; BELKIN; RUBINSKY, 2009). Um efeito indesejado da eletropora¸c˜ao acontece na terapia de desfibrila¸c˜ao card´ıaca, quando a aplica¸c˜ao de campos el´etricos causa a abertura de poros nas membranas e, consequentemente, o desequil´ıbrio iˆonico nas c´elulas do cora¸c˜ao (OLIVEIRA, 2008).

Mesmo com a corrente utiliza¸c˜ao da eletropora¸c˜ao, ainda h´a conceitos e mecanismos que precisam ser estudados. Para tal, faz-se necess´aria uma aproxima¸c˜ao de estudos comportamentais el´etricos e mecˆanicos da membrana celular. A fus˜ao dessas abordagens pode tra-zer um novo prisma no fenˆomeno da eletropora¸c˜ao. Estudos derivados dessa jun¸c˜ao podem contribuir para os esclarecimentos dos mecanismos f´ısico-qu´ımicos, como, por exemplo, a evolu¸c˜ao dos poros hidrof´ılicos, a eletropora¸c˜ao in vivo e os efeitos de aplica¸c˜oes de nanopulsos usando capilares estirados repletos de eletr´olito (EFC), durante o toque destes, na membrana plasm´atica.

(37)

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Este trabalho visa contribuir com os estudos do fenˆomeno da ele-tropora¸c˜ao em c´elulas isoladas utilizando microeletrodo estirado repleto de eletr´olito (EFC). Para tal, utilizam-se de modelos matem´aticos que permitem expressar o comportamento da condutividade da membrana celular quando a mesma ´e exposta em campos el´etricos n˜ao-uniformes e deforma¸c˜oes mecˆanicas em sua estrutura celular.

1.2.2 Objetivos espec´ıficos

Estudo num´erico do modelo matem´atico da condutividade el´ e-trica da membrana celular: Adapta¸c˜ao do modelo matem´atico de Glaser et al. (1988) e de Ramos (2005) para analisar a varia¸c˜ao tem-poral da condutividade da membrana. A partir deste, realizar estudos de varia¸c˜oes el´etricas (distˆancias de potenciais el´etricos e distribui¸c˜ao do campo el´etrico), varia¸c˜oes estruturais da c´elula biol´ogica (raio celu-lar) e varia¸c˜oes na condutividade el´etrica do meio (intra e extracelular). Estudo da resposta em frequˆencia do microeletrodo EFC: Mo-delar o comportamento das varia¸c˜oes de parˆametros el´etricos e geo-m´etricos do microeletrodo EFC´s. Verificar a influˆencia da reatˆancia capacitiva na condutividade da membrana celular e desenvolver um al-goritmo de compensa¸c˜ao, suavizando os efeitos indesejados da mesma. Realizar compara¸c˜ao do modelo simulado com dados experimentais ex-postos por Chiea (2013).

Estudo num´erico do modelo matem´atico da deforma¸c˜ao me-cˆanica da membrana celular: Realizar um modelo matem´atico do fenˆomeno da eletropora¸c˜ao na presen¸ca do toque e deforma¸c˜ao mecˆ a-nica da membrana celular. Investigar se a impedˆancia (750 kΩ), defi-nida por Bae e Butler (2006), ´e o valor adequado da fenda para apli-ca¸c˜ao dos est´ımulos da eletropora¸c˜ao. Posteriormente, comparar com dados experimentais obtidos por Chiea (2013). Verificar a influˆencia do tensor de Maxwell na condutividade da membrana celular.

(38)

1.3 ORGANIZA ¸C ˜AO DO TRABALHO

Este trabalho est´a dividido em seis cap´ıtulos. Apresenta-se, no cap´ıtulo 1, justificativa, introdu¸c˜ao e objetivos (gerais e espec´ıficos). O cap´ıtulo 2 contempla uma fundamenta¸c˜ao te´orica e toda tem´atica envolvida no decorrer do trabalho. No cap´ıtulo 3, insere-se o modelo matem´atico para estudos da condutividade da membrana celular biol´ o-gica dadas varia¸c˜oes de parˆametros estruturais da c´elula. No cap´ıtulo 4, encontram-se estudos voltados para caracter´ısticas el´etricas do eletrodo, do tipo EFC. No cap´ıtulo 5, est˜ao modelos matem´aticos para estudos da deforma¸c˜ao mecˆanica da membrana celular biol´ogica e verifica¸c˜ao da efic´acia da mesma na eletropora¸c˜ao. No cap´ıtulo 6, apresentam-se com as conclus˜oes e sugest˜oes para investiga¸c˜oes futuras. A Tabela 1 contempla de forma simplificada a organiza¸c˜ao deste documento.

Tabela 1 – Organiza¸c˜ao estrutural do trabalho Cap´ıtulo Descri¸c˜ao

Cap´ıtulo 1 Introdu¸c˜ao, justificativas e objetivos Cap´ıtulo 2 Fundamenta¸c˜ao te´orica

Cap´ıtulo 3 Modelo matem´atico da condutividade da membrana celular Cap´ıtulo 4 Estudos das caracter´ısticas el´etricas do eletrodo

Cap´ıtulo 5 Estudos da deforma¸c˜ao mecˆanica da membrana celular Cap´ıtulo 6 Conclus˜oes e trabalhos futuros

(39)

2 FUNDAMENTA ¸C ˜AO TE ´ORICA 2.1 MEMBRANA PLASM ´ATICA CELULAR

A membrana plasm´atica, tamb´em conhecida como a membrana celular, constitui uma barreira entre o interior do citoplasma (intracelu-lar) e o ambiente externo (extracelu(intracelu-lar). ´E basicamente uma bicamada formada por fosfolip´ıdios permeados por prote´ınas (integradas e peri-f´ericas), glicolip´ıdios e colesterol. A membrana plasm´atica tem uma permeabilidade seletiva. Ela protege o citoplasma e controla tudo que entra e sai da c´elula. Apenas determinadas substˆancias s˜ao permitidas o transporte (LODISH, 2008). A Figura 1 representa a estrutura de uma membrana plasm´atica.

Figura 1 – Membrana plasm´atica celular – (a) A¸c´ucar ligado `a pro-te´ına. (b) A¸c´ucar ligado ao lip´ıdio. (c) Prote´ınas. (d) Colesterol. (e) Bicamada Fosfolip´ıdica.

(40)

2.1.1 Bicamada fosfolip´ıdica

Os fosfolip´ıdios da membrana celular s˜ao mol´eculas anfif´ılicas, conforme mostrado na Figura 2. Estas possuem uma cabe¸ca polar hi-drof´ılica que cont´em fosfato, ligada a uma mol´ecula de glicerol. A cauda apolar hidrof´obica ´e composta por duas cadeias de ´acidos graxos, sendo uma cadeia carbˆonica saturada e uma de cadeia carbˆonica insaturada, apresentando uma dupla liga¸c˜ao cis (COOPER, 2000), (PAVLIN et al., 2008;ALBERTS et al., 2010).

Figura 2 – Fosfolip´ıdio – (a) Cabe¸ca hidrof´ılica sol´uvel em ´agua. For-mam a superf´ıcie e o interior da membrana. (b) Colina. (c) Fosfato. (d) Glicerol. (e) Cauda hidrof´obica n˜ao sol´uvel em ´agua, formando a parte interna da membrana. (f) ´Acidos graxos saturados. (g) ´Acidos graxos insaturados.

(41)

2.1.2 Estabilidade e dinˆamica fosfolip´ıdica

A estabilidade da membrana d´a-se atrav´es da atra¸c˜ao das cau-das apolares na interface ´agua e hidrocarboneto, enquanto as cabe¸cas polares se repelem (CHIEA, 2013). Embora est´avel, ela n˜ao ´e uma es-trutura est´atica. Os lip´ıdios movem-se, proporcionando fluidez `a mem-brana. Os lip´ıdios podem girar em torno de seu pr´oprio eixo (rota¸c˜ao), difundir-se lateralmente (difus˜ao lateral), migrar de uma monocamada para outra (invers˜ao - flip-flop), o que acontece raramente, e apresen-tar movimentos de inclina¸c˜ao por causa das cadeias de hidrocarbonetos (flex˜ao) (BROWN, 1996;LODISH, 2008). A Figura 3 ilustra a dinˆamica mencionada.

Figura 3 – Dinˆamica fosfolip´ıdica – (a) Difus˜ao lateral. (b) Flex˜ao. (c) Rota¸c˜ao. (d) Invers˜ao (flip-flop).

Adaptado de Brown (1996).

2.2 A ELETROPORA ¸C ˜AO

A eletropora¸c˜ao ou eletropermeabiliza¸c˜ao ´e um fenˆomeno tran-sit´orio, que aumenta a permeabilidade da membrana plasm´atica da c´elula, quando a mesma ´e submetida a um campo el´etrico externo (

(42)

MI-KLAVˇCI ˇC; PUC, 2006;SUZUKI et al., 2014). Durante esta exposi¸c˜ao um potencial el´etrico transmembrana (Vm) ´e induzido, devido `a diferen¸ca

nas propriedades el´etricas da membrana plasm´atica e do meio externo, conhecido como polariza¸c˜ao Maxwell-Wagner (MAXWELL, 1954;COLE, 1968). Quando este potencial atinge a ordem de centenas de milivolts (Vm > 0, 2 V) (TEISSI ´E; ROLS, 1993), poros de escala nanom´etrica se

formam na membrana, permitindo a transferˆencia de ´ıons e mol´eculas sol´uveis em ´agua para o meio intracelular (SUZUKI, 2009). A eletropo-ra¸c˜ao pode ser revers´ıvel (RE) ou irrevers´ıvel (IRE). Quando revers´ıvel (0, 2 V < Vm< 1, 0 V), ao final do est´ımulo externo, os poros se fecham

e a membrana se restabelece. No caso oposto, tempos o rompimento da membrana, o desequil´ıbrio iˆonico e, consequentemente, a morte celular

(WEAVER; CHIZMADZHEV, 1996).

Para as c´elulas de forma esf´erica, esse potencial el´etrico trans-membrana induzido (Vm) ´e descrito pela Equa¸c˜ao 2.1:

Vm= fsg E0r cos θ [1 − exp (−td/τ0)] (2.1)

onde fs ´e a constante relativa ao formato geom´etrico da c´elula, dada

pela Equa¸c˜ao 2.2, g ´e a constante relativa `as caracter´ısticas el´etricas das solu¸c˜oes intra e extracelulares e da membrana, E0´e campo el´etrico

aplicado (V/m), r ´e o raio da c´elula (m), td ´e o tempo (s) decorrido

desde o in´ıcio da aplica¸c˜ao do campo el´etrico e τ0 ´e a constante de

tempo, dada pela Equa¸c˜ao 2.3:

fs= 3 σe[3 δmr2σi+ (3 δm2 r − δ3m) (σm− σi)] 2 δ3 m(σm+ 2 σe)(σm−12σi) − 2 (r − δm)3(σe− σm) (σi− σm) (2.2) τ0= r Cm 2 σeσi 2 σe+σi + r δm2 σm (2.3)

onde Cm´e capacitˆancia da membrana celular (F/m), δm´e a espessura

da membrana (m), σi, σe e σms˜ao as condutividades do meio

intrace-lular, extracelular e da membrana plasm´atica (S/m), respectivamente. Considerando-se uma c´elula esf´erica f =3/2(WANG et al., 2010),

a membrana totalmente isolante, g = 1 (SUZUKI et al., 2011). Como τ0´e

tipicamente menor que 1 µs (WANG et al., 2010), significantemente me-nor que o tempo dos pulsos simulados, no presente estudo considerou-se apenas a solu¸c˜ao em regime. Assim a express˜ao para o c´alculo de Vm

(43)

pode ser simplificada, como mostra a Equa¸c˜ao 2.4: Vm=

3

2E0r cos (θ) (2.4)

2.2.1 Modelos te´oricos da eletropora¸c˜ao

Uma s´erie de modelos te´oricos tˆem sido apresentados como poss´ı-veis explica¸c˜oes da eletropora¸c˜ao. Os modelos hidrodinˆamico, el´astico, hidroel´astico e visco-hidroel´astico fazem uma an´alise macro do fenˆ o-meno, na qual a estrutura molecular da membrana n˜ao desempenha nenhum papel direto. Os modelos transi¸c˜ao de fase e ruptura dom´ınio-interface representam o outro extremo, tentando explicar o fenˆomeno pelas propriedades das mol´eculas lip´ıdicas individuais e as intera¸c˜oes entre elas (PAVLIN et al., 2008).

Um modelo que converge para os dois grupos supracitados ´e o modelo de forma¸c˜ao de poros, no qual a eletropora¸c˜ao ´e causada pela forma¸c˜ao de poros aquosos transit´orios na bicamada lip´ıdica. Neste modelo, cada poro ´e formado por um grande n´umero de mol´eculas de lip´ıdios, mas a forma, o tamanho e a estabilidade do poro s˜ao forte-mente influenciados pela estrutura destas mol´eculas e suas intera¸c˜oes locais. Este modelo ´e considerado por muitos como a explica¸c˜ao mais convincente para explicar a eletropora¸c˜ao (PAVLIN et al., 2008).

2.2.2 Forma¸c˜ao de poros

Os poros formados na membrana podem ser hidrof´obicos ou hi-drof´ılicos, de acordo com a organiza¸c˜ao das mol´eculas fosfolip´ıdicas, conforme ilustrado na Figura 4. Na Figura 4a, tem-se a membrana est´ a-tica. Lacunas inst´aveis que se formam esporadicamente na membrana, pela pr´opria movimenta¸c˜ao dos fosfolip´ıdios, s˜ao os poros hidrof´obicos, (Figura 4b). Eles s˜ao pequenos (rph< 1 nm), e est˜ao em constante

flu-tua¸c˜ao na escala temporal de picossegundos (TSONG, 1991). Os poros de interesse no estudo da eletropora¸c˜ao s˜ao os hidrof´ılicos, Figura 4c. Estes tˆem dimens˜oes e tempo de existˆencia maiores, permitindo a pas-sagem de mol´eculas sol´uveis em ´agua atrav´es da membrana. Por´em, se o potencial transmembrana for superior ao valor cr´ıtico, (Figura 4d), tem-se o desequil´ıbrio iˆonico, que leva `a inviabilidade celular.

(44)

Figura 4 – Poros hidrof´obicos e hidrof´ılicos – (a) Membrana intacta. (b) Forma¸c˜ao de poros hidrof´obicos flutuantes na membrana. (c) A transi¸c˜ao para uma poro hidrof´ılico, permitindo a passagem de mol´ ecu-las atrav´es da membrana celular, eletropora¸c˜ao revers´ıvel. (d) Ruptura da membrana, eletropora¸c˜ao irrevers´ıvel.

(45)

O modelo de forma¸c˜ao de poros aquosos ´e baseado na energia do poro (Wp). Inicialmente, considera-se apenas a diferen¸ca de energia

mecˆanica (Wmec), entre a membrana sem poros, Figura 4a, e a mesma

membrana sendo retirada uma regi˜ao circular de raio rp (WEAVER;

CHIZMADZHEV, 1996; CHEN et al., 2006). Inclu´ıdas as influˆencias da

energia eletrost´atica (Wel), devida ao campo el´etrico externo aplicado,

tem-se a Equa¸c˜ao 2.5, que representa a energia para poros hidrof´obicos. Wp(rp, Vm) = Wmec(rp) + Wel(rp, Vm) (2.5)

Para poros hidrof´ılicos, a organiza¸c˜ao espacial das mol´eculas pro-voca a sobreposi¸c˜ao das nuvens eletrˆonicas das cabe¸cas dos fosfolip´ıdios, causando for¸cas intermoleculares (repuls˜ao est´erica). Quanto menor o raio do poro, maior a significˆancia deste efeito (NEU; KRASSOWSKA, 1999). Adicionando a energia relacionada a essas for¸cas intermolecula-res (Winter), chega-se `a Equa¸c˜ao 2.6 para poros hidrof´ılicos.

Wp(rp, Vm) = Wmec(rp) + Wel(rp, Vm) + Winter(rp) (2.6)

A Figura 5 mostra a rela¸c˜ao entre a energia do poro e seu raio. Quando um poro tem energia tal que ultrapassa a barreira ∆Wp, ou

seja, quando o raio atinge um valor cr´ıtico, rc, as mol´eculas de

fosfoli-p´ıdios se rearranjam e o poro passa a ser hidrof´ılico. Em suma, o raio cr´ıtico rc ´e o raio a partir do qual o poro passa do estado hidrof´obico

para o estado hidrof´ılico, permitindo assim a passagem de mol´eculas sol´uveis em ´agua.

Tamb´em ´e poss´ıvel ver que tanto a barreira ∆Wp quanto o raio

cr´ıtico rcdiminuem com o aumento de Vm(pela aplica¸c˜ao de um campo

el´etrico, por exemplo), aumentando a possibilidade de forma¸c˜ao de poro hidrof´ılico (WEAVER; CHIZMADZHEV, 1996). A partir deste ponto, qual-quer men¸c˜ao `a forma¸c˜ao de poros se refere `a forma¸c˜ao de poros hidro-f´ılicos.

(46)

Figura 5 – Energia associada a um poro. W1se refere `a energia do poro

hidrof´obico, W2, `a energia do poro hidrof´ılico. Quando a magnitude de

Vm aumenta, a barreira de energia ∆Wp e o raio cr´ıtico rc diminuem

(∆Wp0 e rc0).

Adaptado de Pavlin et al. (2008) e Weaver e Chizmadzhev (1996).

2.3 ABORDAGENS EXPERIMENTAIS

Na presente literatura, encontram-se dois grandes grupos de ar-ranjos experimentais da eletropora¸c˜ao, sendo o segundo sub dividido em trˆes diferentes metodologias (WANG et al., 2010):

1. Eletropora¸c˜ao em suspens˜oes de c´elulas (Bulk electroporation – BE );

2. Eletropora¸c˜ao de c´elula ´unica (Single-cell electroporation – SCEP ). (a) Dispositivos microeletrˆonicos - Lab on a chip;

(b) Capilar estirado distante da membrana; (c) Capilar estirado tocando a membrana celular.

Ressalta-se que o enfoque de estudo deste trabalho encontra-se no segundo grupo, expressamente nos itens (b) e (c).

(47)

2.3.1 Eletropora¸c˜ao em suspens˜oes de c´elulas (BE)

O cen´ario experimental de maior difus˜ao consiste na aplica¸c˜ao de pulsos de tens˜ao atrav´es de eletrodos posicionados paralelamente entre si, como pode ser visto na Figura 6. Neste tipo de arranjo o campo el´etrico que atravessa a solu¸c˜ao ´e praticamente uniforme e, para c´elulas esf´ericas, a tens˜ao induzida na membrana, Vm, tem solu¸c˜ao anal´ıtica

e ´e diretamente proporcional ao campo el´etrico aplicado e ao raio da c´elula, Vm ∝ E0r. Pode-se realizar este experimento em tecidos ou

c´elulas em suspens˜ao. Para a avalia¸c˜ao dos poros, s˜ao realizadas me-didas da varia¸c˜ao da condutˆancia el´etrica da suspens˜ao ou da inser¸c˜ao de mol´eculas fluorescentes ou plasm´ıdeos (HARRISON; BYRNE; TUNG, 1998;SUZUKI et al., 2011).

Figura 6 – Arranjo experimental tradicional da eletropora¸c˜ao com ele-trodos de placas paralelas. O campo el´etrico aplicado E0´e praticamente

uniforme e provoca diferentes efeitos, dependendo das dimens˜oes das c´elulas.

Adaptado de Pavlin et al. (2008), Chiea (2013).

Este arranjo permite a eletropora¸c˜ao de muitas c´elulas simulta-neamente. As principais dificuldades encontradas s˜ao ligadas ao equi-pamento para a aplica¸c˜ao de est´ımulos. Para que o campo el´etrico seja suficiente para a eletropora¸c˜ao, tens˜oes da ordem de 50 V a 1 kV devem ser aplicadas em cuvetas padr˜ao, de acordo com as dimens˜oes da c´

(48)

e-lula. A corrente que o gerador deve fornecer depende da condutividade da solu¸c˜ao, e, no caso de solu¸c˜oes fisiol´ogicas, pode variar entre alguns miliamperes (mA) at´e algumas dezenas de amperes (A) se aplicado um campo de 450 V/cm (KOTNIK; BOBANOVI ´C; MIKLAVˇCI ˇC, 1997). Ape-sar de equipamentos comerciais destinados `a eletropora¸c˜ao j´a existirem, eles dificilmente permitem faixas t˜ao extensas de tens˜ao e corrente.

A inconveniˆencia em se utilizar este tipo de experimento no es-tudo da eletropora¸c˜ao ´e que, sendo as c´elulas na suspens˜ao ou no te-cido de tamanhos diferentes, e considerando a rela¸c˜ao entre Vm, E0 e

r (Equa¸c˜ao 2.4), para um mesmo campo el´etrico aplicado, o potencial induzido ser´a diferente em cada c´elula, prejudicando a rela¸c˜ao entre a eficiˆencia na realiza¸c˜ao da eletropora¸c˜ao revers´ıvel e a viabilidade celu-lar. Al´em disso, os resultados obtidos s˜ao uma combina¸c˜ao dos efeitos em cada c´elula (com suas dimens˜oes e estado particulares) na solu¸c˜ao ou no tecido, o que torna dif´ıcil a an´alise do que se passa efetivamente na membrana celular. Uma solu¸c˜ao para esse inconveniente ´e a experi-menta¸c˜ao em c´elula ´unica.

2.3.2 Eletropora¸c˜ao de c´elula ´unica (SCEP)

2.3.2.1 Lab on a chip

T´ecnicas de fabrica¸c˜ao de circuitos integrados permitem a cons-tru¸c˜ao de sistemas para a eletropora¸c˜ao de c´elula ´unica. A SCEP de c´elulas aderentes pode ser realizada em arrays de microeletrodos. Cada eletrodo pode ser controlado independentemente, possibilitando a apli-ca¸c˜ao de est´ımulos diferenciados em c´elulas de uma mesma popula¸c˜ao. Tamb´em ´e poss´ıvel realizar medi¸c˜oes eletrofisiol´ogicas durante a eletro-pora¸c˜ao (BRAEKEN et al., 2010;KOESTER et al., 2010).

Sistemas microflu´ıdicos permitem a SCEP de c´elulas em

suspen-s˜ao (ODORIZZI et al., 2011), um diferencial em rela¸c˜ao a outras t´ecnicas.

Estes dispositivos frequentemente possuem eletrodos constru´ıdos pr´ o-ximos a “microarmadilhas” (microporos) colocadas no canal por onde fluem as c´elulas em suspens˜ao (VALERO et al., 2007). Apenas uma c´elula fica presa em uma armadilha.

As principais desvantagens desta abordagem s˜ao o acesso a uma estrutura que permita a fabrica¸c˜ao de dispositivos microeletrˆonicos e o tempo de produ¸c˜ao.

(49)

2.3.2.2 Capilar estirado distante da membrana

Uma maneira de direcionar o campo el´etrico em uma c´elula ´e utilizar eletrodos do tipo microcapilares estirados repletos com ele-tr´olito (EFC). O posicionamento do EFC ´e a alguns micrˆometros da membrana quando o est´ımulo el´etrico ´e aplicado (NOLKRANTZ et al., 2002, 2001). Com esta t´ecnica, Agarwal et al. (2007) estudaram a in-fluˆencia do tamanho e formato das c´elulas na eletropora¸c˜ao. Este tipo de experimento tamb´em permite a eletropora¸c˜ao de ´areas determinadas em tecidos (OLOFSSON et al., 2007). O pulso aplicado ´e de 100 a 2 kV, mas a corrente n˜ao ultrapassa algumas centenas de microamperes, de-vido `a alta impedˆancia dos eletrodos (Ze≈ 10 MΩ). Esta metodologia

experimental ´e ilustrada na Figura 7.

Figura 7 – Arranjo experimental da eletropora¸c˜ao com EFC posicio-nado distante da membrana. O gerador fornece pulsos da ordem de kilovolts (kV). A imagem ´e ilustrativa, n˜ao representando as verdadei-ras propor¸c˜oes.

Adaptado de Chiea (2013).

Uma das principais vantagens deste m´etodo ´e a possibilidade de se registrar informa¸c˜ao referente ao transiente da forma¸c˜ao de po-ros (WANG et al., 2010). Entretanto, uma vez que o campo el´etrico aplicado n˜ao ´e uniforme, o potencial transmembrana n˜ao pode ser cal-culado analiticamente. Apesar de se poder estimar Vm por m´etodos

(50)

num´ericos (ZUDANS et al., 2007), como a distˆancia entre o eletrodo e a membrana, d, n˜ao ´e precisamente obtida experimentalmente, torna-se dif´ıcil a compara¸c˜ao de dados experimentais com simula¸c˜oes num´ericas.

2.3.2.3 Capilar estirado tocando a membrana

Outra op¸c˜ao de arranjo experimental ´e posicionar o EFC de ma-neira que este levemente toque a superf´ıcie da membrana, como visua-lizado na Figura 8 (RAE; LEVIS, 2002; RATHENBERG; NEVIAN; WITZE-MANN, 2003). A eletropora¸c˜ao acontece somente na regi˜ao sob a pipeta, e o potencial transmembrana n˜ao depende do tamanho e do formato da c´elula, mas, sim, da impedˆancia da fenda formada entre a ponta do EFC e a membrana, Zf.

Figura 8 – Arranjo experimental da eletropora¸c˜ao com EFC tocando a membrana. A tens˜ao aplicada pelo gerador ´e da ordem de dezenas de Volts. A imagem ´e ilustrativa, n˜ao representando as verdadeiras propor¸c˜oes.

Adaptado de Chiea (2013).

Esta t´ecnica pode ser utilizada para a inser¸c˜ao de material ge-n´etico (BOUDES et al., 2008) e na eletropora¸c˜ao de uma ´unica c´elula in vivo, por exemplo, para estudos de morfologia celular (HAAS et al., 2001, 2002). O mesmo eletrodo usado para a inser¸c˜ao de mol´eculas pode ser usado para registros eletrofisiol´ogicos (GRAHAM et al., 2007).

(51)

Barker, Billups e Hamann (2009) apontam que esta t´ecnica associada a eje¸c˜ao sob press˜ao com o aux´ılio de um capilar duplo aumenta a eficiˆencia da inser¸c˜ao de mol´eculas.

O potencial aplicado no EFC necess´ario para a eletropora¸c˜ao ´e da ordem de dezenas de volts (V), significantemente menor em rela¸c˜ao `

a t´ecnica com o EFC distante. Por isso, os equipamentos necess´arios para a aplica¸c˜ao do pulso e medi¸c˜ao da corrente s˜ao mais simples que nos casos anteriormente descritos.

Posicionar o eletrodo ´e uma das principais dificuldades dessa t´ecnica. ´E necess´ario monitorar a corrente atrav´es do eletrodo para coloc´a-lo corretamente no ponto em que toca levemente a membrana, sem perfur´a-la. O posicionamento autom´atico do eletrodo ´e poss´ıvel atrav´es do controle de sua movimenta¸c˜ao com um micromanipulador comandado por computador (BAE; BUTLER, 2006).

Uma limita¸c˜ao importante dos experimentos com EFCs ´e a ne-cessidade de se trabalhar com c´elulas aderentes, ou aderir c´elulas no fundo do recipiente do banho.

(52)
(53)

3 O MODELO MATEM ´ATICO 3.1 INTRODU ¸C ˜AO

Modelos matem´aticos podem ser usados para descrever o com-portamento da membrana celular na presen¸ca do campo el´etrico ex-terno. Neumann e Boldt (1989) realizaram um modelo baseado no relaxamento da histerese da membrana celular. Smith, Neu e Kras-sowska (2004) definiram um modelo matem´atico baseado na energia da membrana. Este modelo permite o c´alculo dinˆamico, em fun¸c˜ao de Vm,

do n´umero de poros gerados e da evolu¸c˜ao dos seus raios, vari´aveis de interesse para posteriores estudos de inser¸c˜ao de mol´eculas na mem-brana plasm´atica. Miklavˇciˇc e Towhidi (2010) alteraram o modelo de Neumann et al. (1998), que ´e baseado no esquema de cin´etica qu´ımica (tamb´em conhecida como cin´etica de rea¸c˜ao), e no modelo barreira de trap´ezio, para definir um modelo de transporte molecular e analisar a eficiˆencia deste processo para diferentes formas de sinais aplicados.

Embora alguns modelos expressem uma plaus´ıvel consolida¸c˜ao matem´atica, alguns carecem de valida¸c˜oes com dados experimentais. Sendo assim, o objetivo deste cap´ıtulo 3 ´e definir uma variante de um modelo matem´atico no qual se encontram consideradas comprova¸c˜oes com dados experimentais.

3.2 DEFINI ¸C ˜AO DO MODELO MATEM ´ATICO

Ramos (2005) realizou uma adequa¸c˜ao do modelo matem´atico apresentado por Glaser et al. (1988) em seus experimentos com mem-branas planares. A Equa¸c˜ao 3.1 demonstra o modelo original definido

porGLASER et al..

ln ∆I ∆t



= Ag+ BgVm2 (3.1)

onde Ag e Bg s˜ao equa¸c˜oes detalhadas em Suzuki (2009), as quais

de-finem os diferentes aspectos do processo de forma¸c˜ao de poros hidro-f´ılicos, e Vm ´e a tens˜ao transmembrana. A Equa¸c˜ao 3.2 representa a

(54)

∆I ∆t = α e  Vm Vpp 2 (3.2) onde α = eAg, V

m ´e a tens˜ao transmembrana e Vpp = 1/pBg. Esse

modelo permite analisar a dinˆamica da eletropora¸c˜ao, contemplando os momentos iniciais do surgimento dos poros. Sendo o diˆametro da membrana planar de 1, 0 mm, a se¸c˜ao por onde passa a corrente do experimento ´e aproximadamente Am = 8 × 10−7m2 (GLASER et al.,

1988). No presente estudo, definiu-se a Equa¸c˜ao 3.3:

1 Am ∆I ∆t = 1 Am α e  Vm Vpp 2 ∆J ∆t = 1 Am α e  Vm Vpp 2 (3.3)

Considerando que a altera¸c˜ao da corrente no experimento de Glaser et al. (1988) ocorreu apenas devido `a forma¸c˜ao de poros na membrana (desconsiderou-se a condu¸c˜ao pelo canais iˆonicos dependen-tes de tens˜ao) e sendo J = σmE, tem-se a equa¸c˜ao da condutividade

da membrana (na Equa¸c˜ao 3.4): ∆σm ∆t = Keα e Vm Vpp 2 (3.4) onde Ke´e uma constante de equil´ıbrio, obtida atrav´es das compara¸c˜oes

dos primeiros 100 µs dos dados experimentais de Ramos et al. (2012) e simula¸c˜oes em c´elula ´unica presente em campo el´etrico uniforme.

3.3 VALIDA ¸C ˜AO DO MODELO MATEM ´ATICO

As simula¸c˜oes e estudos foram realizadas utilizando o software COMSOL Multiphysicsr vers˜ao 4.4 (COMSOL Inc., Burlington, MA), baseado no m´etodo de elementos finitos. A valida¸c˜ao do modelo deu-se atrav´es da inser¸c˜ao de uma c´elula esf´erica isolada em um campo el´ e-trico uniforme, formado por placas paralelas. A simula¸c˜ao geom´etrica realizada ´e mostrada na Figura 9.

(55)

Figura 9 – Modelo da c´elula ´unica isolada presente no campo el´etrico uniforme. A geometria celular e a ´area de simula¸c˜ao n˜ao se encontram na mesma escala

Adaptado de Zudans et al. (2007).

Aproveitou-se a simetria axial a fim de amenizar os esfor¸cos com-putacionais. Os potenciais el´etricos nas membranas externas (Vem) e

internas (Vim) foram determinados utilizando a equa¸c˜ao de Laplace

(Equa¸c˜ao 3.5):

∇(σe∇Vem) = 0

∇(σi∇Vim) = 0

(3.5)

onde σe e σi s˜ao as condutividades el´etricas da membrana externa e

interna respectivamente. O potencial transmembrana dar-se-´a pela di-feren¸ca de potencial entre ambas as faces das membranas, segundo a Equa¸c˜ao 3.6

(56)

Para valida¸c˜ao do modelo, como j´a descrito, compararam-se os resultados simulados com os resultados dos primeiros 100 µs experimen-tais de Ramos et al. (2012). Como o estudo original ´e concentrado em eletropora¸c˜ao de c´elulas em suspens˜ao, houve a necessidade localizar o campo el´etrico efetivo em uma ´unica c´elula, relembrando que a me-todologia aqui exposta trata de estudos em c´elula isolada. Atrav´es da Equa¸c˜ao 3.7, obtivemos o campo el´etrico efetivo (RAMOS et al., 2012):

Ef =

1 + p/2

1 + (3p/4N π)1/3E0 (3.7)

onde N ´e o n´umero de arranjo de c´elulas, p ´e a fra¸c˜ao de volume da suspens˜ao e E0´e o campo el´etrico total aplicado. Os demais parˆametros

utilizados est˜ao localizados na Tabela 2.

Tabela 2 – Parˆametros do modelo para simula¸c˜ao de c´elula ´unica isolada na presen¸ca de um campo el´etrico uniforme.

S´ımbolo Valor Descri¸c˜ao

Ke 3 × 10−2S/m.s Constante de equil´ıbrio do modelo

α 1 × 10−11 Constante da mobilidade† Am 8 × 10−7m2 Area da membrana planar´ ‡

Vpp 0, 20 V Potencial transmembrana cr´ıtico§

r 4, 87 µm Raio da c´elula∗

δm 5, 0 nm Espessura da membrana∗

E0 100 kV /m Campo el´etrico∗

σe 54, 5 × 10−3S/m Condutividade da solu¸c˜ao∗

σi 1, 0 S/m Condutividade do citoplasma∗

N 4, 0 Arranjo c´ubico de face centrada∗ p 0, 28 Fra¸c˜ao de volume da suspens˜ao∗ hs 1, 0 mm Altura do dom´ınio de c´alculo

ws 1, 0 mm Largura do dom´ınio de c´alculo

(RAMOS et al., 2012);

(SUZUKI, 2009);

(SUKHAREV et al., 1982)

(57)

3.4 MATERIAIS E M ´ETODOS

As geometrias utilizadas nas simula¸c˜oes foram semelhantes `as encontradas em Zudans et al. (2007). A Figura 10 demonstra a sua representa¸c˜ao espacial. Para evitar maiores esfor¸cos computacionais devido `a geometria 3D, simulou-se em geometria 2D-axissim´etrica1 a

partir do capilar estirado, como demonstra a Figura 11.

Figura 10 – Modelo representativo em 3 dimens˜oes da c´elula ´unica isolada presente no campo el´etrico n˜ao-uniforme. Todas as geometrias visualizadas n˜ao est˜ao representadas na mesma escala.

Conforme Zudans et al. (2007) a queda de tens˜ao no capilar n˜ao estirado ´e dada pela Equa¸c˜ao 3.8:

Va= Vtotal+

∂V

∂z(Ltotal− l) (3.8)

∂V/∂Z´e o campo el´etrico normal onde temos a presen¸ca de V

a, Vtotal´e o

potencial el´etrico experimental aplicado em todo capilar, Ltotal. Outros

parˆametros para simula¸c˜ao est˜ao representados na Tabela 3.

1 Simetria em rela¸ao a um eixo. Neste caso, como o estudo ´e realizado em 2D, a

(58)

Figura 11 – Modelo representativo em 2D-axissim´etrico da c´elula ´unica isolada presente no campo el´etrico n˜ao-uniforme. Todas as geometrias visualizadas n˜ao est˜ao representadas na mesma escala.

Adaptado de Zudans et al. (2007).

Tabela 3 – Parˆametros utilizados para an´alise da queda de potencial el´etrico no capilar estirado.

S´ımbolo Valor Descri¸c˜ao

Vtotal 500 V Potencial total aplicado∗

Va 105 V Potencial total simulado

Eef 25, 70 V /cm Campo el´etrico no capilar (parte n˜ao estirada)

Ltotal 15, 0 cm Comprimento total do capilar∗

l 0, 2 cm Comprimento da ponta do capilar estirado∗ Di 0, 1 cm Diˆametro interno do capilar n˜ao estirado

Dest

i 5, 0 µm Diˆametro interno na ponta do capilar estirado

σe 0, 6 S/m Condutividade da solu¸c˜ao∗

σi 0, 13 S/m Condutividade do citoplasma∗

r 10, 0 µm Raio da c´elula∗

δm 7, 0 nm Espessura da membrana∗

hs 2, 1 mm Altura do dom´ınio de c´alculo

ws 1, 0 mm Largura do dom´ınio de c´alculo

(59)

3.4.1 Equa¸c˜oes governantes e malha de elementos finitos

Os modelos de distribui¸c˜ao de campo el´etrico foram calculados utilizando o m´odulo de corrente el´etrica (AC/DC). Supondo que a den-sidade de corrente el´etrica (J) na membrana celular ´e divergence-free, a equa¸c˜ao de Poisson ´e v´alida e expressa na Equa¸c˜ao 3.9:

−∇ · (σm∇ V ) = 0 (3.9)

onde σm ´e a condutividade da membrana (S/m) e V ´e o potencial

el´etrico (V).

Definidos os parˆametros geom´etricos da simula¸c˜ao, as malhas de elementos finitos (MEF) foram estabelecidas de duas formas: inicial-mente para valida¸c˜ao do modelo matem´atico, c´elula inserida em um campo el´etrico uniforme; posteriormente, com a inser¸c˜ao do modelo da eletropora¸c˜ao na membrana celular, conforme descrito nos itens abaixo: 1. Estudos no dom´ınio do tempo, para valida¸c˜ao do mo-delo matem´atico da condutividade da membrana celular: Utilizou-se uma malha triangular de elementos finitos extrema-mente fina na membrana celular e malha triangular fina nos meios intra e extracelular. A malha completa ´e composta por 81.610 elementos de dom´ınio e 4.741 elementos de contorno. O tempo m´edio da simula¸c˜ao ´e aproximadamente 7 minutos e 3 segundos, para cada varia¸c˜ao de parˆametro.

2. Estudos no dom´ınio do tempo, para estudos da eletropo-ra¸c˜ao com EFC distante: Inseriu-se o modelo da eletropora¸c˜ao na membrana celular, apresentado na Equa¸c˜ao 3.4, bem como a condi¸c˜ao de contorno expressa na Equa¸c˜ao 3.8. Especificou-se uma malha triangular de elementos finitos extremamente fina na membrana celular e malha triangular fina nas demais geometrias. A malha completa ´e composta por 61.730 elementos de dom´ınio e 4.414 elementos de contorno. O tempo m´edio da simula¸c˜ao ´e aproximadamente 3 minutos e 17 segundos, para cada varia¸c˜ao de parˆametro.

(60)

A simula¸c˜ao deste modelo, bem como os demais presentes neste trabalho, foi realizada em um computador pessoal, AMD Athlon—II X2 250 com 3,0 GHz de velocidade de processamento, 4,0 GB de mem´oria RAM e com sistema operacional Microsoftr Windows 8 de 64 bits.

A formata¸c˜ao e apresenta¸c˜ao dos dados, deste e demais cap´ıtulos, utilizou scripts confeccionados no programa MATLAB (MathWorks, Natick, MA).

3.5 RESULTADOS E DISCUSS ˜OES

A constante de equil´ıbrio (Ke) foi obtida para Vm(σm= 0) entre

1,8 V e 3,3 V em resultados experimentais e te´oricos de suspens˜ao de c´elula. O erro m´aximo entre as curvas te´oricas e experimentais mostrou-se inferior a 15%. O potencial transmembrana (Vm) aumenta

em conformidade com a Equa¸c˜ao 2.4 e, quando Vmexcede o potencial

transmembrana cr´ıtico (Vpp), tem-se o surgimento dos poros e aumento

da condutividade da membrana (σm).

Na proposta definida pelo modelo matem´atico, baseado em ex-perimentos de Glaser et al. (1988), a condutividade da membrana au-menta com taxa dependente do potencial transmembrana. O valor cr´ıtico do potencial transmembrana (Vpp) proposto por Glaser et al.

(1988) ´e de 0,46 V pra bicamada lip´ıdica planar. Por´em os experimen-tos com c´elulas nos mostram diferentes valores. Teissi´e e Rols (1993), por exemplo, obtiveram um valor de Vpp= 200 mV. Este valor se

mos-tra adequado, pois o valor de Kefoi obtido de experimentos em

suspen-s˜ao celular (RAMOS et al., 2012). Encontram-se diferentes valores desta

constante na literatura (GLASER et al., 1988; SUZUKI et al., 2011;

RA-MOS; SUZUKI; MARQUES, 2004). A dificuldade em comparar os valores

de Ke ´e causada por diferentes parˆametros medidos entre

experimen-tos. Suzuki et al. (2011) investigaram a condutividade da suspens˜ao de c´elulas, quando comparada com dois modelos de eletropora¸c˜ao. Glaser et al. (1988) ajustaram os resultados atuais com o modelo matem´atico da Equa¸c˜ao 3.4. Mesmo com a varia¸c˜ao esperada de Ke, a dinˆamica

do modelo ´e consistente com os diferentes experimentos mencionados. A Figura 12 apresenta a compara¸c˜ao entre resultados de Zudans et al. (2007), ausente de um modelo matem´atico da condutividade da membrana celular, e os resultados simulados na presen¸ca do modelo da eletropora¸c˜ao.

(61)

15 30 45 60 75 90 −1 −0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 Ângulo, θ° Vm , V +Vpp −Vpp V=500 V V=1000 V V=2000 V V=500 V* V=1000 V* V=2000 V*

Figura 12 – Compara¸c˜ao entre resultados de Zudans et al. (2007) de-marcados na legenda por V∗ (sem o modelo da eletropora¸c˜ao inserido) e dados simulados (com inser¸c˜ao do modelo da eletropora¸c˜ao), ambos para uma distˆancia entre EFC e membrana de 4, 0 µm. As linhas pon-tilhadas em preto s˜ao os limiares da eletropora¸c˜ao (|Vpp| = 200 mV).

Pode-se perceber que, para potenciais el´etricos at´e 1000 V, os resultados apresentam-se semelhantes. Para potenciais el´etricos supe-riores, as diferen¸cas come¸cam a aumentar. Este comportamento ocorre devido `a atua¸c˜ao do modelo matem´atico empregado. Ressalta-se que, no modelo definido por Zudans et al. (2007), a condutividade da mem-brana ´e uma constante, o que faz um acr´escimo linear na tens˜ao trans-membrana (Vm) diretamente proporcional ao potencial el´etrico

apli-cado.

Na Figura 13a tem-se o potencial transmembrana para diferentes distˆancias de aplica¸c˜ao do potencial el´etrico (500 V). Segundo a litera-tura (WEAVER; CHIZMADZHEV, 1996), quando Vm> 1, 0 V, a

eletropo-ra¸c˜ao entra na sua fase irrevers´ıvel (IRE). Ou seja, para d ≤ 2, 0 µm. Um fator importante para a eficiˆencia de eletropora¸c˜ao ´e a viabilidade celular. Este parˆametro ´e associado com uma fra¸c˜ao da ´area eletropo-rada (AGARWAL et al., 2007). Na suspens˜ao de c´elulas, a viabilidade celular est´a relacionada com a amplitude do pulso (KOTNIK; PUCIHAR;

(62)

a viabilidade quando se utilizam capilares estirados. O campo el´etrico aplicado n˜ao ´e uniforme e o potencial transmembrana sem a eletropo-ra¸c˜ao n˜ao ´e v´alido atrav´es da Equa¸c˜ao 2.4.

No contexto da eletropora¸c˜ao, a viabilidade est´a relacionada com os efluxos de ´ıons da c´elula. Este desequil´ıbrio iˆonico pode levar `a morte da c´elula (HABERL et al., 2013). Na Figura 14a, com a eleva¸c˜ao do po-tencial el´etrico aplicado (4 kV), tem-se a presen¸ca da eletropora¸c˜ao em todas as distˆancias simuladas. Nos primeiros 22° da membrana, em re-la¸c˜ao ao eixo z, ocorrem aberturas de poros do meio extracelular para o intracelular. Ap´os os 22°, em referˆencia ao eixo z, tem-se o processo inverso. Na pr´atica tem-se um desequil´ıbrio iˆonico, devido a intensi-dade do campo el´etrico local. Previamente mencionado, tal fenˆomeno ´e conhecido como eletropora¸c˜ao irrevers´ıvel. Uma aplica¸c˜ao pr´atica onde se busca esse procedimento ´e a elimina¸c˜ao de microrganismos em medicamentos l´ıquidos (GOLBERG; BELKIN; RUBINSKY, 2009).

As Figuras 13b e 14b mostram a condutividade da membrana ce-lular para diferentes distˆancias de aplica¸c˜ao do potencial el´etrico (500 V e 4 kV, respectivamente). As faixas de valores encontrados est˜ao em conformidade com alguns trabalhos experimentais e te´oricos localiza-dos na literatura. Schmeer et al. (2004), Suzuki et al. (2011) apresen-taram valores de ≈ 10−4S/m. No entanto, Hibino, Itoh e Kinosita Jr (1993) apresentaram valores estimados na faixa de 1, 0 × 10−4S/m at´e 5, 0 × 10−4S/m. Pavlin e Miklavˇciˇc (2003), Pavlin et al. (2005) revelaram estudos te´oricos da condutividade efetiva de uma suspen-s˜ao de c´elulas, usando σm = 4, 0 × 10−4S/m. Kinosita Jr e Tsong

(1977, 1979) apresentaram valores de eritr´ocitos de σm= 5, 0 × 10−4 `a

5, 0 × 10−3S/m.

Nossos resultados assemelham-se tamb´em com a condutˆancia da membrana (Gm =σm/δm) (ARNOLD et al., 1987), indicando que o mo-delo da eletropora¸c˜ao e a implementa¸c˜ao geom´etrica est˜ao em confor-midade com esses estudos (NEU; KRASSOWSKA, 1999;SCHMEER et al., 2004). Neste trabalho, a condutˆancia da membrana intacta ´e omitida.

Referências

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