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A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NO COOPERATIVISMO: UM ESTUDO DE CASO NA COOPERLUZ 1

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UNIJUI – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DACEC - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO.

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU MBA EM GESTÃO DE COOPERATIVAS 10ª EDIÇÃO EM CONVÊNIO COM O SESCOOP/RS

A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NO COOPERATIVISMO: UM ESTUDO DE CASO NA COOPERLUZ 1

Rubiane Isabel Keiber Pereira 2 Pedro Luís Büttenbender3

RESUMO

Percebe-se que está cada vez mais crescente a participação das mulheres na sociedade e na busca por igualdade de gênero. No entanto, a inserção das mulheres, dentro das cooperativas, ainda é pequena, principalmente nas atividades executivas, Conselho Fiscal e Conselho Administrativo. A reduzida presença das mulheres na sociedade, é resultado das representações sociais, históricas do Brasil. Desta forma, o artigo tem por objetivo avaliar a participação das mulheres no cooperativismo, e com base nisso verificar como pode-se contribuir para a sua inclusão dentro da diretoria executiva e conselhos na cooperativa. Para o desenvolvimento deste artigo foi realizado como procedimento técnico pesquisa bibliográfica, documental e um estudo de caso, de natureza exploratória e qualiquantitativa, os meios utilizados foram através de pesquisa de campo, com entrevista aos participantes dos conselhos da cooperativa, aplicando-se um questionário estruturado, a empresa estudada é uma cooperativa de distribuição de energia localizada na cidade de Santa Rosa/RS. A partir do estudo percebe-se como é importante o incentivo e apoio das cooperativas e das famílias para a participação das mulheres dentro da sociedade, mesmo a participação sendo pequena, deve-se visar a ampliação da participação das mulheres dentro do cooperativismo.

Palavras chave: Cooperativismo. Mulher. Participação. Igualdade. 1. INTRODUÇÃO

A desigualdade entre homens e mulheres é uma realidade evidente no Brasil, um reflexo das representações sociais e históricas, onde a mulher sempre foi tratada como inferior. Atualmente este

1 Artigo final do Curso de Pós-Graduação MBA em Gestão de Cooperativas, 10ª Edição, oferecido pela UNIJUÍ através

do Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação - DACEC, em convênio com o Sescoop/RS. Ano 2020.

2 Pós-graduado do Curso de Pós-Graduação em Gestão de Cooperativas, DACEC/UNIJUI. Formado em Ciências

Contábeis. E-mail: isabelrubi1@hotmail.com Telefone 55-99643-4503.

3 Doutor em Administração, Mestre em Gestão Empresarial. Professor e pesquisador do DACEC/UNIJUÍ, Orientador do

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2 é um tema de grande relevância, que é alvo de estudos que visam contribuir para amenizar os desafios que afetam o dia a dia de diversas mulheres, como o desemprego e a violência doméstica. Destaca-se os movimentos feministas que buscam forças para superar e lutar contra a injusta desigualdade de gênero, que implicam na participação social da mulher.

O cooperativismo aparece como um instrumento de união e integração entre as pessoas dentro da sociedade, e apesar das dificuldades, o cooperativismo também luta pela igualdade de gêneros, porém por ser um problema social e histórico, a participação das mulheres no cooperativismo é limitada e poderia ser maior. Porém outros estudos apontam que a participação das mulheres nos cargos de lideranças nas cooperativas é maior do que a participação em outras empresas.

A maior presença e participação da mulher no cooperativismo e em outras organizações de representação social, política e econômica tem sido tema de muitos movimentos, ações e iniciativas. Muitos estudos e pesquisas foram realizadas, com teses, dissertações, publicações, etc., como por exemplo, Bernardi (2011), Camargo (2014), Grossi e Miguel (2001), Baylão e Schettino (2014), Silva (2019). A importância de seguir estudando é para a presença da mulher ser vista como necessária por questão de direito e igualdade. Atualmente o mundo se encontra em plena evolução da condição da mulher, dessa forma criando um equilíbrio na distribuição de funções no trabalho e na família. Ainda existe muita discriminação no fato de ser mulher, é uma luta constante, a cada dia um novo avanço, uma nova conquista.

Apesar de terem conquistado avanços importantes na participação, estes espaços ainda são pequenos como destacado em Barsted e Pitanguy (2011), Silva et al (2015), que a participação das mulheres no mercado de trabalho tem crescido, porém ainda está longe de atingir os índices masculinos. Algumas pesquisas qualitativas apontam principalmente a dificuldade de trabalhadoras com filhos pequenos de conciliarem o trabalho com a família, muitas destas trabalhadoras são mães solteiras, e chefes de família, e precisam trazer o sustento doméstico, vale destacar ainda que muitas dessas mulheres chefes de família são mulheres negras. Também é importante mencionar que a participação da mulher no mercado de trabalho, se encontram principalmente em atividade vulnerável. Outra situação é que as mulheres acabam recebendo rendimentos menores, entorno de 30 a 40 porcento a menos que os homens no mesmo cargo e posição nas empresas. A diferença de renda pode ser até maior comparando o salário do homem branco e mulher negra na mesma função, estas são algumas desigualdades e injustiças sociais que encontramos em nível nacional e mundial.

Inclusive um estudo bibliométrico coordenado por Nascimento (2015) efetua um levantamento sobre a questão de gênero nas organizações, a mulher no mercado de trabalho e a liderança feminina no campo da administração, destaca-se que o tema liderança feminina, foi encontrado em 82 artigos, 19 periódicos diferentes e 60 autores responsáveis pela elaboração desses artigos analisados e comparados. A questão do gênero segundo o estudo, delimita o papel social da mulher e do homem, dessa forma definindo o comportamento, como por exemplo onde devem trabalhar, e quais funções exercerem. Um ponto que chama atenção é o lento crescimento da liderança feminina dentro da sociedade, resultado apurado dentro do levantamento do estudo, que relata diferentes realidades, e todas apontam a um mesmo resultado. Vale ressaltar a limitação da pesquisa que foi realizada com o banco de dados Web of Science, sendo uma literatura internacional, onde não foram localizados artigos nacionais, ou autores brasileiros. Mostrando que a desigualdade de gênero infelizmente é uma realidade no mundo inteiro.

Neste contexto, se justifica e torna ainda mais relevante a realização de estudos sobre a participação da mulher no cooperativismo e na Cooperluz, visando incentivar e apoiar a maior participação das mulheres, mesmo o aumento dessa participação ser um processo lento, é dever de todos apoiar e incentivar, para futuramente haver um maior número de mulheres ativas na sociedade. Tudo tem um começo, alguns anos atrás na Cooperluz o número de mulheres participando como colaboradoras era muito pequeno, e agora esse número já aumentou significativamente, nos conselhos

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3 administrativo e fiscal não havia a participação de mulheres, e atualmente já temos algumas mulheres participando como pode-se ver ao longo do desenvolvimento do estudo. A cooperativa começou incentivar a participação das mulheres, e certamente daqui alguns anos essa participação será ainda maior.

O estudo desse artigo volta-se para o incentivo da participação das mulheres no cooperativismo, a fim de aumentar a igualdade de gênero, dentro da diretoria executiva, conselho fiscal e conselho administrativo.

Este artigo tem como objetivo geral verificar como contribuir para inclusão de mulheres no cooperativismo, e identificar a importância da participação das mulheres dentro do cooperativismo, através de um estudo de caso na Cooperluz - Cooperativa Distribuidora de Energia Elétrica Fronteira Noroeste, localizada no município de Santa Rosa/RS.

A realização desta pesquisa tem como uma das principais razões a oportunidade de abordar a participação das mulheres no cooperativismo, e incentivar a inclusão do gênero dentro da diretoria e conselhos da cooperativa.

A estrutura da pesquisa consta da definição do cooperativismo, bem como relatar sobre as questões do gênero, e enfatizar o estudo da mulher na política cooperativa. Destaca-se o estudo de caso que traz a apresentação e detalhamento dos dados sobre a participação da mulher na Cooperluz.

2. REFERÊNCIAS CONCEITUAIS

2.1 COOPERATIVISMO

Durante a Revolução Industrial, no ano de 1844, ficou marcado na história o início do cooperativismo, quando um grupo de 28 tecelões criaram a primeira cooperativa na cidade de Rochdale, Manchester no interior da Inglaterra. Os princípios do cooperativismo de Rochdale são usados nas cooperativas até os dias atuais. No Brasil a primeira cooperativa surgiu em 1889, na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais. Farias e Gil (2013, p.18) complementam que:

A doutrina cooperativista surgiu no século XIX como resultado de um processo através do qual se procurava atenuar ou suprimir os desequilíbrios econômicos e sociais oriundos da Revolução Industrial. Dessa forma, a doutrina cooperativista tem por objetivo a correção do social pelo econômico, utilizando para isso sociedades de caráter democrático e solidário: as cooperativas.

O cooperativismo é um movimento que baseia-se na cooperação e na participação de seus associados, que trabalham juntos para atingir os objetivos e necessidades do grupo, é um sistema que considera as cooperativas como modelo de desenvolvimento socioeconômico dentro da sociedade. Kraveski (2016, p.8) conceitua que:

(...) o cooperativismo tem singular importância para a sociedade, pois promove a interação entre indivíduos com os mesmos objetivos, a fim de facilitar seu alcance, com as iniciativas das pessoas, tanto homens quanto mulheres, contribuindo para o desenvolvimento local sustentável e para o bem-estar da comunidade onde se desenvolve.

As cooperativas são entidades de natureza jurídica própria, sem o objetivo de lucro, constituídas para prestação de serviço aos seus associados, buscam atingir o bem comum, satisfazendo os objetivos e necessidades sociais e econômicos. Vale ressaltar que a participação e cooperação dos associados é fundamental para o crescimento e fortalecimento das cooperativas. Büttenbender et al (2017, p.8) mencionam que:

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A participação dos associados, seja na gestão das cooperativas ou no desenvolvimento de suas atividades, é fundamental para o fortalecimento do setor e, principalmente, para o crescimento sólido das cooperativas. Sabe-se que a participação dos associados na gestão também é importante para os gestores, a fim de que haja amparo democrático nas tomadas de decisões e, consigam esses estar mais seguros da satisfação e confiança dos associados perante os rumos da cooperativa.

Através de suas peculiaridades o cooperativismo, tem contribuído muito para o desenvolvimento sustentável local das comunidades, auxiliando os associados das cooperativas a alcançar o bem comum, independente da raça, sexo, religião e política. E com isso vem ganhando destaque e sendo cada vez mais procurado pela população, e este crescimento deve-se pela cooperação.

2.2 QUESTÃO DE GÊNERO

Gênero pode ser definido como a diferença entre homens (gênero masculino) e mulheres (gênero feminino), vinculado com as relações sociais apoiado nas diferenças entre os sexos. Portanto o gênero, refere-se à definição que a sociedade no decorrer do tempo entendeu como papel esperado do ser humano com base em seu sexo biológico. Hein e Büttenbender (2011, p.5) explicam que:

O conceito de gênero tem seu embasamento principal na Sociologia e nas Ciências Sociais, ou seja, no entendimento de que sociedade é a vida em grupos. E a cultura ocidental de nossa época está marcada por interações de mulheres e homens em grupos mistos, com destaque para a família, a escola, a igreja, a empresa e associações formais e informais dos mais diversos fins, desde o atendimento de necessidades vitais até a satisfação de necessidades culturais e de lazer.

A desigualdade de gêneros é atualmente uma realidade evidente do Brasil, e são diversas as consequências e obstáculos gerados por essa injusta desigualdade, que afeta principalmente a vida das mulheres que ao longo do tempo, vem lutando por justiça e tentam provar para a sociedade que possuem capacidades iguais ou melhores que dos homens, porém a ideia de inferioridade da mulher está impregnada devido as representações históricas e sociais. De acordo com Ferreira e Resende (2010, p. 2):

Durante séculos, as mulheres foram em busca de seus direitos procurando desvencilhar-se da imagem de apenas donas de casa e “Amélia” e procurando provar serem tão capazes quanto o homem nas várias circunstâncias que compõem a sociedade e os vários papéis nela exercidos. Mas isso não foi algo rápido e muito menos fácil. Muitos eventos e situações marcaram essa luta da mulher em busca de seu espaço num mundo em que apenas o homem era visto e valorizado pela sociedade.

Através de movimentos feministas as mulheres passaram a se valorizar mais, e buscam juntas fortalecer o empoderamento feminino, lutando pelos seus direitos, pela igualdade de gênero e pela inclusão e maior participação social das mulheres na sociedade. É uma luta constante para tentar alterar e transformar uma sociedade que infelizmente tem enraizados pensamentos preconceituosos contra as mulheres. Nesse sentido, Ames e Büttenbender (2011, p.19) dissertam:

O empoderamento implica na valorização, respeito, igualdade, reconhecimento, competência, organização comunitária, autonomia, amplia possibilidades de escolha, tanto de forma coletiva ou individual, são valores que contribuem para a melhoria da qualidade de vida e derrubam enraizados tabus e preconceitos em relação à mulher.

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5 O empoderamento feminino é uma luta que vai além da teoria, são vidas de mulheres reais que sofrem diariamente com o desemprego e com a violência doméstica. Atualmente existem diversos debates sobre a questão do gênero e da inclusão social feminina, certamente cada estudo e solução proposta em prol da igualdade de gênero está beneficiando estas mulheres que sofrem pela desigualdade, e pelo preconceito social.

2.3 A MULHER NO COOPERATIVISMO

A participação das mulheres no cooperativismo, teve início em 1844, quando 28 tecelões formaram a primeira cooperativa do mundo, a Cooperativa dos Pioneiros de Rochdale, sendo 27 homens e 1 mulher. Este é um marco histórico para o cooperativismo e especialmente para participação feminina na sociedade, que mesmo diante de um tempo onde as mulheres não tinham direitos legais e eram excluídas da participação em sociedade, Eliza Brierley, foi a primeira mulher cooperativista, sendo exemplo para a sociedade, e provando que homens e mulheres podem ser membros da mesma instituição e juntos lutar por seus ideais, Bueno (2001, p.28) destaca que:

A história das mulheres no cooperativismo tem como marco inicial, (...) em 1844, de uma única mulher em um grupo de vinte e oito tecelões que se reuniram para fundar a primeira cooperativa do mundo, um armazém de compra e venda: estamos retomando os pioneiros de Rochdale, Manchester/Inglaterra, que instituíram as bases do cooperativismo atual.

Segundo Hein e Büttenbender (2001), o cooperativismo surgiu como uma alternativa contra as desigualdades sociais causadas pelo movimento capitalista, teve seu reconhecimento pela associação e cooperação de pessoas que se encontravam na mesma situação desvantajosa, e que tinham o mesmo objetivo de ter melhores resultados de trabalho. Na época se mostrou a necessidade da participação da mulher no cooperativismo, porém devido a uma cultura masculina com pensamentos preconceituosos, a participação social feminina não pode ser tão ampla.

Atualmente as mulheres ainda encontram obstáculos no mercado de trabalho, e no cooperativismo infelizmente a realidade não é diferente, as mulheres ainda são minoria em comparação com a participação dos homens. Mas como já foi mencionado o cooperativismo luta contra as desigualdades sociais, prova disto é que existem programas para a incluir e fortalecer a participação de mulheres no cooperativismo, como por exemplo o Programa de Ação Regional para as mulheres da América Latina e do Caribe, e a criação da Coopergênero. De acordo com Baldissarelli

et al (2018, p.8):

As dificuldades encontradas pelas mulheres em relação aos homens no mercado de trabalho, também são percebidas no cooperativismo, aonde elas ainda são a minoria. Recentemente, as mulheres obtiveram duas grandes conquistas. Uma delas trata da entidade que representa o cooperativismo no mundo, a Aliança Cooperativa Internacional, que criou no ano de 1995 o Programa de Ação Regional para as Mulheres da América Latina e do Caribe. O objetivo foi o de fortalecer a participação das mulheres no cooperativismo. Já a segunda conquista foi no Brasil, seguindo a mesma orientação da Aliança Cooperativa Internacional, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento lançou no ano de 2004 a COOPERGÊNERO.

Segundo Leal e Cotrim (2013) a Coopergênero foi criada no Brasil em 2004, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com o objetivo principal de contribuir na igualdade de gênero dentro do cooperativismo e associativismo do país. Esta iniciativa apresenta a necessidade de novas estratégias para equilibrar a participação das mulheres nas atividades cooperativistas.

Como já foi mencionado em 1844, a participação da mulher no cooperativismo já era necessária, mostrando a importância e o valor da mulher. Nos dias atuais não seria diferente, as cooperativas necessitam da participação das mulheres, por esse motivo deve-se buscar novas

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6 soluções/estratégias para motivar as mulheres a participarem cada vez mais de questões sociais, econômicas e de atividades cooperativistas.

3. CAMINHOS METODOLÓGICOS

3.1 CLASSIFICAÇÃO DO ESTUDO

A metodologia tem por finalidade descrever com clareza e de forma detalhada todos os procedimentos que deverão ser realizados durante a pesquisa para se atingir os objetivos propostos. Para Vianna (2001, p.95) “A metodologia pode ser entendida como a ciência e a arte de como desencadear ações de forma a atingir os objetivos propostos para as ações que devem ser definidas com pertinência, objetividade e fidedignidade.”

Os métodos e instrumentos a serem utilizados em um trabalho, variam de acordo com as particularidades de cada pesquisa, por isso, para ser possível o seu desenvolvimento é preciso analisar e compreender qual o tipo de pesquisa que será executada, observando principalmente sua natureza, a fim de alcançar um melhor desempenho e qualidade na pesquisa.

Levando em consideração os objetivos propostos a pesquisa se classifica como aplicada, qualiquantitativa e exploratória, realizando-se um estudo de caso na Cooperluz, sobre a participação das mulheres no cooperativismo.

3.2 COLETA DOS DADOS

As ferramentas e técnicas utilizadas para a coleta de dados são de grande importância dentro da pesquisa, diante disso, foi coletado os dados utilizando levantamento bibliográfico, voltando o estudo para o cooperativismo e o gênero feminino. Também foi coletado documentos e relatórios disponibilizados pela Cooperluz, bem como os dados apurados do estudo de caso realizado na mesma, em prol da identificação da participação feminina na cooperativa.

3.3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

A análise e interpretação dos dados é o processo realizado após a coleta de dados, utilizando-se métodos e procedimentos para facilitar o entendimento dos dados apreutilizando-sentados, afim de atingir o objetivo proposto no início do estudo, encontrando uma resposta para o problema da pesquisa.

Na presente pesquisa a análise foi realizada através de pesquisa bibliográfica, e posteriormente interpretada de forma descritiva e em apresentação de gráficos, sendo possível comparar a teoria, com a prática do estudo de caso.

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 COOPERLUZ

A Cooperluz - Cooperativa Distribuidora de Energia Fronteira Noroeste foi fundada no dia 05 de dezembro de 1970, naquela época o governo incentivou a criação de cooperativas de eletrificação rural no Brasil, com isso, o surgimento da cooperativa contou com a ajuda dos prefeitos, comunidade, agricultores e demais lideranças regionais que foram incentivados pelo programa do governo a criar uma cooperativa de eletrificação rural no noroeste do estado do Rio Grande do Sul.

Foram muitos os desafios que a cooperativa enfrentou no início, por diversos motivos, entre eles a falta de estrutura e escassez de recursos, mas além do programa de incentivo de cooperativas

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7 de eletrificação rural, a Cooperluz novamente contou com a ajuda das prefeituras regionais, de entidades locais e principalmente de seus associados.

Ao passar dos anos, em 1980 além da distribuição de energia, a Cooperluz começou a comercializar para seus associados materiais elétricos e eletrodomésticos, chegou a ter 12 lojas na região, porém após uma crise a Cooperluz fechou as lojas e em 1990 focou apenas na distribuição de energia elétrica.

Em 2003 e 2004 a Cooperluz inaugurou 2 usinas de geração de energia elétrica, a PCH Santo Antônio na cidade de Santa Rosa e a CGH Caraguatá em Campina das Missões, porém no ano de 2007, por orientação da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, a Cooperluz desmembrou a geração de energia, da distribuição, assim se criou a Cooperluz - Cooperativa de Geração de Energia e Desenvolvimento.

Em 2010 foi um marco importante na história da Cooperluz, no mês de maio daquele ano, foi regulamentada como permissionária do serviço público de distribuição de energia elétrica, onde foi assinado um contrato de permissão com a ANNEL.

No ano de 2014, a cooperativa começou um projeto para construção da subestação de 69/23 kV, com o objetivo principal de diminuir a dependência da concessionária, e consequentemente diminuir as interrupções de energia, e o tempo de atendimento, no final de 2016 este projeto se concluiu, colocando a Cooperluz em um novo patamar na distribuição de energia elétrica, com uma energia com mais qualidade, beneficiando principalmente os associados.

A Cooperluz este ano de 2020, irá completar 50 anos, e continua sempre se reinventando e buscando novos projetos para beneficiar os associados, todas as conquistas da Cooperluz foi com a ajuda e o apoio dos associados, e com o único objetivo de melhorar a qualidade da energia elétrica e entregar um serviço de excelência para eles.

4.2 PRESENÇA E PARTICIPAÇÃO DA MULHER NA COOPERLUZ

A participação das mulheres dentro do cooperativismo é necessária e muito importante, mas esta participação ainda é limitada, sendo que as mulheres ainda são minoria em comparação com a participação dos homens, não só no cooperativismo, mas na sociedade como um todo. Mas como já foi mencionado o cooperativismo vem lutando para motivar a participação das mulheres.

Através de pesquisa de campo, levantou-se os dados da participação da mulher na Cooperluz, dentro do quadro de associados, no quadro de colaboradores, no conselho fiscal, conselho administrativo e na direção executiva, para verificar qual a realidade da cooperativa, se as mulheres estão participando e qual a importância dessa participação.

Primeiramente foi analisado a relação do quadro de associados, dessa forma verificou-se que a Cooperluz conta com 18.867 associados no final do primeiro semestre de 2020, sendo 14.488 associados homens e 4.379 associadas mulheres.

Percebe-se que a participação da mulher como associadas hoje na cooperativa é de 23,21% e dos homens de 76,79%, é importante salientar que a participação das mulheres no quadro de associados por mais que seja baixa, vem crescendo ao longo dos anos. Vale ressaltar ainda, que no momento da associação na cooperativa, as mulheres tem direito estatutário de se associar juntamente com o marido, mas conforme conversado com a área comercial da cooperativa, foi relatado que muitas vezes o casal, opta por somente um ser associado, geralmente o marido. A participação das mulheres acaba acontecendo principalmente nas novas ligações de energia elétrica, ou quando as viúvas, solicitam a troca de titularidade e assumem como associadas. Vale ressaltar que a elevada participação dos homens como associados, deve estar relacionado que a maior área de permissão da cooperativa está localizada na zona rural, dessa forma, os maridos acabam solicitando a ligação de

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8 energia elétrica para suas residências e se associando na cooperativa. No gráfico n. 1 apresenta-se a ilustração dos associados da cooperativa.

Gráfico 1: Quadro de ilustração dos Associados da Cooperluz 2020.

Fonte: Cooperluz (2020).

Atualmente, conforme dados obtidos do quadro de colaboradores, a cooperativa conta com 116 colaboradores, sendo 81,90% colaboradores do sexo masculino e 18,10% colaboradores do sexo feminino. Vale ressaltar que a maior parte dos colaboradores da Cooperluz são homens, devido a necessidade de colaboradores para trabalhar em atividades como operação e manutenção de rede, fábrica de postes, plantonistas, leituristas e outras atividades específicas da área de infraestrutura de energia elétrica. Na tabela n. 1, apresenta-se um resumo da evolução dos colaboradores da cooperativa no período de janeiro de 2020 a julho de 2020.

Tabela 1: Demonstrativo dos colaboradores da Cooperluz, por sexo, no 1º semestre de 2020.

Mês Masculino Feminino TOTAL

Janeiro/2020 95 22 117 Fevereiro/2020 94 22 116 Março/2020 94 22 116 Abril/2020 96 22 118 Maio/2020 95 22 117 Junho/2020 95 21 116 Julho/2020 95 21 116

Fonte: Setor de Recursos Humanos – Cooperluz (2020).

Com base na análise do primeiro semestre de 2020, nota-se que a participação das mulheres no quadro de colaboradores é estável, também se destaca que esta participação é praticamente toda na área administrativa, algo considerado positivo, pela valorização do sexo feminino nessa atividade. Vale ressaltar que não foi feita uma análise maior no quadro de funcionários, pelo fato dos números também se manterem estáveis ao longo dos anos, não havendo grande modificação do que apresentado na tabela.

Foi realizada a análise da participação de homens e mulheres no Conselho Fiscal da Cooperativa (2019-2020), onde foi verificado que os conselheiros efetivos, são formados de 2 homens e 1 mulher, e dos conselheiros suplentes também são 2 homens e 1 mulher, desta forma dos 6 membros do conselho fiscal (efetivos e suplentes) são compostos de 4 homens e 2 mulheres. No gráfico n.2, apresenta-se a ilustração em porcentagem.

14488 4379 0 10000 20000

Associados da COOPERLUZ

Homens Mulheres

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9 Gráfico 2: Quadro de ilustração do Conselho Fiscal 2019-2020.

Fonte: Cooperluz (2020).

A participação das mulheres no Conselho Fiscal da Cooperluz é de 33% conforme ilustrado no gráfico 2, esta porcentagem é boa, e mostra o interesse das mulheres em participar das atividades da cooperativa. É importante registrar que será realizado uma entrevista com a conselheira efetiva, e ver qual a sua opinião sobre a participação das mulheres nas cooperativas, e o que a motivou a participar do conselho da cooperativa em estudo, afim de motivar a participação de outras mulheres nas atividades cooperativistas.

Realizou-se a mesma análise no Conselho Administrativo (2019-2020) da cooperativa, todos os 11 integrantes do conselho efetivo são homens, e conselheiros suplentes são 10 homens e 1 mulher. Desta forma dos 22 membros do conselho administrativo (efetivos e suplentes) são compostos de 21 homens e 1 mulher. No gráfico n.3, apresenta-se a ilustração em porcentagem.

Gráfico 3: Quadro de ilustração do Conselho Administrativo 2019-2020.

Fonte: Cooperluz (2020).

Conforme apresentado nos gráficos 2 e 3, percebe-se uma baixa participação das mulheres no conselho administrativo, que de 22 integrantes apenas uma mulher representa o sexo feminino. No conselho fiscal a participação das mulheres é considerada razoável. Também se destaca que na direção da Cooperativa, Presidente, Vice-Presidente e Secretário todos são homens.

Através do estudo de caso, será abordado o que tem limitado ou dificultado a participação das mulheres nas cooperativas, pois infelizmente não é apenas uma realidade na Cooperluz e sim na maioria das cooperativas. Também será realizado uma entrevista com a direção e ver o entendimento deles sobre o que pode ser trabalhado para aumentar a participação das mulheres nas cooperativas em modo geral.

67% 33%

Conselho Fiscal Cooperluz

Homens Mulheres

95% 5%

Conselho Administrativo Cooperluz

Homens Mulheres

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10 4.3 PARTICIPAÇÃO DA MULHER NA COOPERLUZ NA ÓTICA DOS ENTREVISTADOS

Dando sequência no estudo de caso, foi aplicado um questionário estruturado para o conselho fiscal, conselho administrativo e direção, ao todo foram 20 pessoas entrevistadas, para verificar qual a opinião deles sobre igualdade de gênero e a participação das mulheres dentro da Cooperluz.

A base do questionário foi de dados pessoais, como idade e sexo, para identificar o grupo de pessoas que colaboraram com o estudo. Conforme analisado, destaca-se que 45% das pessoas entrevistadas tem idade entre 55 a 64 anos. E 95% das pessoas entrevistadas são do sexo masculino, dessa forma das 3 mulheres que participam dos conselhos apenas a conselheira fiscal efetiva respondeu o questionário. No gráfico n.4 apresenta-se as porcentagens das idades das pessoas entrevistadas.

Gráfico 4: Dados Pessoais dos Entrevistados

Fonte: Produção da Pesquisadora

Direcionando as perguntas para o tema do artigo, foi questionado primeiramente sobre se existe igualdade ou desigualdade no tratamento entre homens e mulheres na sociedade atualmente. Dessa forma, segundo o entendimento dos entrevistados, 40% afirmam que o tratamento é igual, e 60% afirmam ainda haver desigualdade. No gráfico n.5 apresenta-se a ilustração.

Gráfico 5: Tratamento entre homens e mulheres

Fonte: Elaborada pela autora, com base na pesquisa

5% 5% 25% 45% 20%

Idade

25 a 34 anos 35 a 44 anos 45 a 54 anos 55 a 64 anos 65 anos ou mais 40% 60%

Tratamento entre homens e

mulheres na sociedade

Igual Desigual

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11 Os entrevistados consideraram para responder essa questão que na realidade da região que vivem o tratamento entre homens e mulheres na maioria das vezes acaba sendo igual, a sociedade tenta fazer com que essa igualdade exista, mas muitas vezes como já foi mencionado já é um preconceito enraizado, acaba acontecendo a desigualdade de gênero e não se percebe, por ser algo que é considerado normal, algo que talvez se presencia no dia a dia e não se interpreta como desigualdade.

Também foi questionado sobre se o Brasil alcançará a igualdade de gêneros, dos entrevistados 40% acreditam que não se conseguirá a igualdade de gêneros a nível nacional, acredita-se que essa resposta se dá pelo fato dos entrevistados, terem consciência de que há diferença entre a realidade da nossa região, para a realidade a nível nacional, onde se vê diariamente, casos de violência doméstica e tantas outras polêmicas envolvendo o sexo feminino, e muitas delas, ainda percebe-se que no Brasil, infelizmente predomina pensamentos machistas, e o que mais chama a atenção é que esse preconceito e julgamentos é praticados na maioria das vezes por outras mulheres. Por isso o Brasil tem muito a evoluir para chegar à igualdade de gênero.

Sobre a participação das mulheres nas atividades da Cooperluz, os entrevistados levaram em conta todos os itens estudados (quadro de associados, quadro de colaboradores e participação nos conselhos), sendo que alguns prevaleceram mais do que outros, dessa forma, 85% acredita que as mulheres participam, e 15% acreditam que ainda é pouca a participação das mulheres e poderiam ser mais alta essa participação. Também foi comentado que a participação das mulheres no quadro de colaboradores aumentou muito nos últimos 20 anos, e felizmente nos anos mais recentes tem aumentado e se mantem estável conforme foi apresentado na tabela 1. A baixa participação das mulheres nos conselhos é reflexo do número de associadas da cooperativa. Na tabela 2 apresenta os resultados em porcentagem de parte do questionário.

Tabela 2: Questionário

Pergunta Sim Não

Você acredita que o Brasil alcançará a igualdade de gêneros? 60% 40% Em sua opinião as mulheres participam das atividades da

Cooperluz? 85% 15%

Fonte: Elaborada pela autora, com base na pesquisa

Todos os entrevistados mencionaram a importância da participação das mulheres nas atividades da Cooperluz. Acredita-se que essa participação feminina atualmente é muito importante e necessária, não apenas na Cooperativa de estudo, mas dentro do cooperativismo como um todo. Também foi abordado se na família dos entrevistados há mulheres que participam de atividades na sociedade ou dentro das cooperativas, sendo que 55% responderam que as mulheres participam sim, e que apoiam essa participação, conforme ilustrado na tabela 3.

Tabela 3: Questionário

Pergunta Sim Não

Você considera importante a participação das mulheres nas

atividades da Cooperluz? 100% 0%

Na sua família tem alguma mulher que participa de conselhos de cooperativas ou participa de atividades na sociedade?

55% 45%

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12 Aplicou-se um questionário especifico para a direção executiva da Cooperluz, voltado o tema da participação da mulher nas cooperativas. Questionados sobre o que tem motivado a participação da mulher, responderam, que dentro da cooperativa existe o direito estatutário da mulher se associar junto com o marido. A abertura de espaços através dos núcleos da cooperativa. A participação dos jovens no Programa de Cooperativismo nas Escolas (PCE), onde os alunos(as) incentivam a participação dos pais em todas as atividades da Cooperativa.

Também foi abordado sobre o que tem limitado ou dificultado a participação das mulheres nas cooperativas, responderam, que a persistência de uma cultura patriarcal enraizada na sociedade, que inibe a participação das mulheres nas cooperativas e em outros setores da sociedade. Uma certa acomodação delas, não buscando um envolvimento maior nas atividades cooperativas.

Sobre o que se pode trabalhar para aumentar a participação das mulheres nas cooperativas, responderam, abrir espaço, dar oportunidade, ir ao encontro, incentivar e buscar a sua participação.

Para complementar o estudo, conversou-se com a conselheira fiscal efetiva da cooperativa, para ela relatar como é a sua experiência representando as mulheres no conselho fiscal, e participando de outras atividades na sociedade, dessa forma, espera-se que através do seu relato, incentive e motive a inclusão de outras mulheres na sociedade e nas atividades cooperativistas.

Sobre o que a motivou a participar do conselho fiscal da Cooperluz, ela menciona que foi justamente ter a oportunidade de representar as mulheres, e pela primeira vez ter a participação de uma mulher no conselho fiscal efetivo da Cooperluz. Ela também mencionou que no momento não está participando de outros conselhos e outras atividades na sociedade, mas destacou-se que foi conselheira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município de Campina das Missões várias vezes. A conselheira também relatou que participa de atividades cooperativistas a mais de 25 anos, e o que chama atenção foi sobre o incentivo e apoio de sua família, pois como ela é agricultora, quando ela participa de cursos e reuniões, a família dela realiza as tarefas da propriedade rural.

Destaca-se que o apoio e incentivo das famílias é algo fundamental, muitas mulheres se interessam em participarem de atividades na sociedade ou no cooperativismo, porém, sem o apoio da família acabam desistindo, por isso, para haver mudanças e aumentar a participação das mulheres, muitas vezes o que falta é apenas o apoio dos familiares.

O relato da conselheira foi de grande importância, pois percebe-se que para atingir o objetivo do estudo, de contribuir para a inclusão de mulheres no cooperativismo, não se deve focar apenas nas mulheres, deve-se focar em algum projeto para a família, para mostrar que todos os integrantes da família fazem a diferença e podem participar da sociedade, e que a participação das mulheres na sociedade é tão importante e necessária quanto a do homem. E que não precisa de muito para a família apoiar e incentivar, o simples fato de ajudar com as tarefas diárias, pode fazer a diferença para que essas mulheres possam dar o primeiro passo, e sentirem que podem ter outros papéis além de mãe, esposa, dona de casa, agricultora etc., essas mulheres podem ajudar a fazer a diferença na sua comunidade local.

4.4 PROPOSIÇÕES DO ESTUDO

Frente ao diagnóstico e estudo realizado, e visando ampliar a presença e participação da mulher no Cooperativismo e na Cooperluz, são formuladas e relacionadas as seguintes proposições:

a) Divulgar o direito estatutário da mulher de poder se associar junto com o marido. b) Fomentar a maior presença e participação da mulher nos espaços de liderança no

âmbito do cooperativismo e da Cooperluz, reconhecendo a sua participação nos Conselhos de Administração, Conselho Fiscal e Cargos de Direção.

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13 com outras organizações sociais e movimento, visando a maior participação da mulher nas funções de liderança também das demais cooperativas e entidades de representação.

d) Trabalhar em projetos familiares, que incentivem jovens e mulheres a começarem a participar mais da sociedade em geral, mas especialmente dentro do cooperativismo. e) Promover reuniões, seminários e encontros visando tratar das abordagens intergênero,

articulados com outros, como, intergeracionais e inclusão.

f) Fazer campanhas voltadas a mulheres e jovens, para mostrar que a participação deles é importante, e que as cooperativas se importam com a opiniões deles, e que podem fazer a diferença na sociedade.

g) Incentivar a participação da família nas assembleias, geralmente apenas o marido participa, mas é importante que a família participe para ver como realmente funciona, para interagir com a sociedade e ver que todos fazem a diferença, e que todos são importantes na sociedade e no cooperativismo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização deste artigo proporcionou um amplo conhecimento a respeito da história do cooperativismo, sobre a questão do gênero e da participação das mulheres dentro do cooperativismo, onde se pode concluir que ainda a participação das mulheres na sociedade em geral é limitada, mas é constante o movimento de mulheres que lutam por igualdade, por direitos iguais, destaca-se também os diversos projetos que visam aumentar e fortalecer a participação das mulheres na sociedade.

No estudo destaca-se que já na primeira cooperativa em Rochdale, no grupo de fundadores havia uma mulher, Eliza Brierley conseguiu reconhecimento e o direito de participar igualmente da sociedade cooperativista, esse foi um marco histórico para o cooperativismo, onde desde o seu início permitiu que homens e mulheres fossem membros iguais, e já naquela época a participação feminina foi importante e necessária e certamente serviu de exemplo para outras mulheres ao longo dos anos.

O cooperativismo luta pela a igualdade de gênero, mas ainda há muito a percorrer para alcançar essa igualdade. Pois na nossa sociedade, infelizmente está enraizado pensamentos preconceituosos contra a mulheres, que acabam dificultando a inserção da mulher na sociedade, e isso é resultado das representações sociais e históricas do Brasil. Mulheres ainda encontram obstáculos no mercado de trabalho, e nas cooperativas, as mulheres são minoria em comparação ao homem.

Os movimentos feministas estão crescendo cada vez mais, e lutam pelos direitos das mulheres, pela igualdade e principalmente buscam uma maior participação das mulheres na sociedade. É uma luta constante para tentar transformar uma sociedade que infelizmente tem enraizados pensamento preconceituosos contra as mulheres. O que mais entristece é que esses pensamentos geralmente não são de homens e sim de outras mulheres, que ao invés de oferecer apoio, criticam e ofendem.

Durante o desenvolvimento desde artigo no ano de 2020, devido ao isolamento social ocasionado pela pandemia do COVID-19, não foi possível realizar o estudo de caso como havia planejado inicialmente, dessa forma teve-se que fazer algumas alterações e adaptar o estudo para concluí-lo.

Acredita-se que esse estudo foi de grande valia, para entender um pouco qual é o pensamento, dentro do grupo estudado, sobre o tema em questão, é perceptível que nossa região ainda tem muito a evoluir, principalmente nessa questão da participação da mulher na sociedade. Mas em comparação a outras regiões do Brasil, a nossa realidade ainda é considerada boa.

Espera-se que através desse estudo, outras mulheres se interessem em participar mais, o simples fato de querer se associar na cooperativa, já é um grande avanço. Sugere-se que as

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14 cooperativas de modo geral, apoiem projetos, que incentivem não apenas as mulheres, mas que influenciem as famílias a apoiar a participação de mulheres e jovens, dentro da sociedade e das cooperativas, pois o mundo está em constante mudança, e precisamos de novos pensamentos, de novas ideias.

A autora agradece todos os que se colocaram à disposição para a realização desse estudo, devido a esse momento de pandemia, que dificultou algumas questões, as ferramentas virtuais ajudaram muito, principalmente para contatar alguns conselheiros. Acredita-se que se não houvesse essa pandemia durante a pesquisa, poderia ter realizado o estudo de caso com mais pessoas. Mas como já foi mencionado anteriormente, teve-se que buscar outras alternativas, mesmo a amostra em estudo sendo reduzida.

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VIANNA, Ilca Oliveira de Almeida. Metodologia do trabalho científico: um enfoque didático da produção cientifica. São Paulo: E.P.U., 2001.

Apêndice “A” Questionário

Eu Rubiane Isabel Keiber Pereira, Pós-Graduanda do curso de Gestão de Cooperativas da UNIJUI, venho através deste questionário solicitar por gentileza que respondam as questões abaixo para elaboração do meu artigo final de conclusão de curso, sendo o tema "A participação das mulheres no cooperativismo: um estudo de caso na Cooperluz".

Desde já agradeço, pois sua colaboração é muito importante para este estudo.

1- Idade

( ) 18 a 24 anos ( ) 25 a 34 anos ( ) 35 a 44 anos ( ) 45 a 54 anos ( ) 55 a 64 anos ( ) 65 anos ou mais

2- Sexo

( ) Masculino ( ) Feminino

3- Você acha que existe tratamento igual ou desigual para homens e mulheres na sociedade?

( ) Igual ( ) Desigual

4- Você acredita que o Brasil alcançará a igualdade de gêneros?

( ) Sim ( ) Não

5- Em sua opinião, as mulheres participam das atividades da Cooperluz?

( ) Sim ( ) Não

6- Você considera importante a participação das mulheres nas atividades da Cooperluz?

( ) Sim ( ) Não

7- Na sua família tem alguma mulher que participa de conselhos de cooperativas, ou participa de

atividades na sociedade? ( ) Sim ( ) Não

Questionário Direção

1- No seu entendimento o que tem motivado a participação da mulher nas cooperativas? 2- Para você o que tem limitado ou dificultado a participação das mulheres nas cooperativas?

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17 3- O que você acha importante ser trabalhado para aumentar a participação das mulheres nas

cooperativas?

Questionário Conselheira

1- O que a motivou a participar do conselho fiscal da Cooperluz?

2- Você participa de outros conselhos de cooperativas ou de outras atividades na sociedade? 3- A quanto tempo você participa de atividades cooperativistas?

Referências

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