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RESUMO. Palavras-chave: Espiritualidade; Abuso de álcool; Abuso de drogas; Uso de substâncias psicoativas. ABSTRACT

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Aplicação da espiritualidade no processo terapêutico de pessoas em uso de substâncias psicoativas

Laryssa Amorim Barros Mota Karolyne Farias Biana de Carvalho Givânya Bezerra de Melo Centro Universitário Tiradentes Enfermagem

RESUMO

Teve como objetivo identificar como a espiritualidade está sendo aplicada no processo terapêutico em pessoas com problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas. Trata-se de uma revisão integrativa, caráter descritivo. Foram realizadas buscas na Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de Dados de Enfermagem (BDENF) e Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos (MEDLINE). Oito artigos compuseram a amostra. A espiritualidade trouxe motivação para buscar novos propósitos na vida, sensação de bem-estar, apoio social, suporte para desistência do uso e prevenção de recaídas. A participação em cultos religiosos e orações foram citadas como formas de praticar a espiritualidade. A espiritualidade é um recurso que pode ser utilizado mediante avaliação dos profissionais em benefício dessas pessoas, no entanto, a sua utilização requer cautela, sem imposições. Há carência de pesquisas que demonstrem a aplicação da espiritualidade e mensuração dos efeitos em estudos longitudinais.

Palavras-chave: Espiritualidade; Abuso de álcool; Abuso de drogas; Uso de substâncias psicoativas.

ABSTRACT

It aimed to identify how spirituality is being applied in the therapeutic process in people with problems related to the use of alcohol and other drugs. It is an integrative review, descriptive character. We searched the Latin American and Caribbean Health Sciences Literature (LILACS), the Nursing Database (BDENF), and the US National Library of Medicine (MEDLINE). Eight articles made up the sample. Spirituality has brought motivation to seek new life purposes, sense of well-being, social support, support for giving up use and relapse prevention. Participation in religious services and prayers were cited as ways of practicing spirituality. Spirituality is a resource that can be used by professionals for their benefit, but its use requires caution, without imposition. There is a lack of research demonstrating the application of spirituality and measurement of effects in longitudinal studies.

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INTRODUÇÃO

O uso de substâncias como álcool, cigarro, crack e cocaína é considerado uma questão de saúde pública que preocupa o mundo inteiro, afetando valores culturais, sociais e econômicos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que a dependência em drogas lícitas ou ilícitas traz inúmeros prejuízos ao indivíduo, causando adoecimento(1).

A dependência de álcool e outras drogas caracteriza-se pelo consumo compulsivo da substância, na ausência ou diminuição do padrão de uso o indivíduo desenvolve sinais de abstinência com descontrole emocional, comportamental e socioeconômico. Além da predisposição genética para a dependência, estão ligados outros fatores como: ansiedade, angústia, acesso a substância e as condições culturais (1)

.

O número de casos de doenças vinculados ao uso de álcool e drogas ilícitas corresponde a 5,4% da carga mundial. Nos últimos anos, cerca de 243 milhões de pessoas com idade entre 15 e 64 anos utilizaram drogas ilícitas. Dentre essas, uma em cada 200 pessoas da população adulta é usuária de drogas ou tem transtornos associados ao uso, ou seja, 27 milhões de indivíduos estão nessa situação (2).

Os dados mais preocupantes em relação ao uso e abuso de drogas no Brasil, ao contrário do que se pensa, não está entre as drogas ilícitas e sim ao álcool. De acordo com a pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) realizada em 2015 mais da metade da população brasileira entre 12 a 65 anos relatou já ter consumido bebida alcoólica em algum momento da vida e entre elas cerca 30,1% (cerca de 46 milhões de pessoas) declararam ter consumido nos últimos 30 dias(1).

A pesquisa ainda apontou que aproximadamente 2,3 milhões de pessoas apresentaram sinais de dependência de álcool. Em relação ao uso de substâncias ilícitas o percentual é maior entre homens 5%, já entre as mulheres 3,1%. A mais consumida no Brasil é a maconha 7,7%, em segundo lugar a cocaína 3,1% e em terceiro lugar o crack e similares 0,9% de acordo com a polução da pesquisa (1).

No contexto do adoecimento relacionado ao uso de álcool e outras drogas se faz necessário novas terapêuticas, entre elas a espiritualidade. Esta envolve a existência do ser humano e com tudo o que ela implica em termos de capacidade de autotranscedência, relacionamentos, amor, desejo, criatividade, altruísmo, auto sacrifício, fé e crença. O simples fato de acreditar que pode controlar algo que vai além de explicações definidas dá ao homem a sensação de autossuficiência(3).

Quando se pensa em espiritualidade automaticamente é feita uma correlação com a religiosidade, porém elas se diferem. É necessário entender que a espiritualidade é pessoal e está relacionada ao que vai além do material, é uma ligação com algo divino, não existem limitações ou padrões. Já a religiosidade faz ligação com uma religião específica onde seguem-se rituais e crenças já definidas. Sendo assim, “entendemos que toda religião é espiritualista, mas nem toda espiritualidade está ligada a uma religião” (4).

A espiritualidade pode ser manifestada por meio de práticas espirituais como oração e meditação. A oração possibilita ao ser humano entrar em contato com seu eu mais profundo e leva à crença de controle sobre si, seu corpo e sua mente. O ato de rezar ou orar pode acrescentar otimismo ao processo de enfrentamento de doenças(3).

A espiritualidade é reconhecida como um fator contribuinte a saúde e a qualidade de vida das pessoas, ela tem grande representatividade na vida do ser humano e ocupa um papel importante no processo de saúde-doença (5-6).

Recentemente, surgiu o termo espiritualidade baseada em evidências, sugerindo que existe uma base científica nos moldes tradicionais entre saúde/doença, religiosidade e

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espiritualidade. De fato, ao longo das últimas duas décadas, acumularam-se evidências de que o exercício de atividades espirituais e religiosas podem influenciar positivamente inúmeros aspectos da saúde humana, do ponto de vista físico ou mental(7).

A espiritualidade e a religiosidade tem sido um fator de proteção ao uso de drogas, isso se dá pelo fato de que elas trazem sentidos otimistas a vida, melhorando o apoio social e promovendo resiliência, diminuindo o estresse e os níveis de ansiedade. Assim a espiritualidade promove melhor aderência ao tratamento e auxilia na manutenção da abstinência e como fonte de força(8).

“A relação entre religião, religiosidade, espiritualidade e saúde/saúde mental tem sido um assunto de interesse nas ciências sociais, comportamentais e de saúde”(9). Estudos estão sendo desenvolvidos sobre a assistência à saúde na dimensão espiritual, ressaltando como esta é primordial para a saúde e seus benefícios no enfrentamento de situações de saúde-doença(10).O presente estudo tem como objetivo identificar como a espiritualidade está sendo aplicada no processo terapêutico de pessoas com problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas.

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METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa, de caráter descritivo. A revisão integrativa revela-se como uma metodologia que promove a análise e sistematização do conhecimento científico e agregação da aplicação de resultados de estudos com relevância prática. Esse método é constituído através das práticas baseadas em evidências (PBE), que visam uma abordagem ligada ao cuidado clínico e ao ensino fundamentado no conhecimento e na qualidade da evidência(11).

O processo de elaboração da revisão integrativa é composto de seis fases, são elas: 1ª fase: elaboração da pergunta norteadora; 2ª fase: busca ou amostragem na literatura; 3ª fase: coleta de dados; 4ª fase: análise crítica dos estudos incluídos; 5ª fase: discussão dos resultados e 6ª fase: apresentação da revisão integrativa. Estas etapas serão norteadoras para construção deste estudo(11).

Na primeira fase, foi elaborada como questão de pesquisa “Como a espiritualidade está sendo aplicada no processo terapêutico em pessoas com problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas?”. Seguindo a estratégia PICO(12), que representa uma abreviação para Pessoa: Pessoas com problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas; Intervenção: Espiritualidade no processo terapêutico das pessoas com problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas; Comparação: Não há comparação e Resultados (Outcomes): Benefícios da espiritualidade no processo terapêutico.

Na segunda fase, para a definição das estratégias de busca, foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde - DeCS: Espiritualidade, terapias espirituais, alcoolismo, transtornos relacionados ao uso de substâncias e seus sinônimos, abuso de drogas, abuso de substâncias e dependência psíquica. Estes termos foram combinados pelos operadores booleanos AND e OR para formulação das estratégias de busca que estão dispostas no Quadro 01.

Na terceira fase, coleta de dados, foram utilizados para o levantamento de dados buscas nas seguintes bases de dados eletrônicas: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de Dados de Enfermagem (BDENF) e Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos (MEDLINE).

Foram critérios de inclusão: a) estudos primários; b) publicados nos últimos 5 anos tendo em vista que se deseja buscar artigos que explorem abordagens mais atuais sobre a prática da espiritualidade nestes contextos; c) publicados em português, inglês ou espanhol. E de exclusão artigos que tratavam de álcool e outras drogas, porém tratavam de comorbidades clínicas ou psíquicas.

A busca nas bases de dados ocorreu em novembro de 2019. A busca inicial resultou em 206 artigos. Após a leitura dos títulos permaneceram 89 artigos, em seguida deu-se a leitura dos resumos dos quais restaram 52 artigos. Todos estes foram lidos na íntegra, dos quais foram selecionados 24 artigos. Desses foram excluídos 16 artigos que se encontravam em duplicidade e em mais de uma base de dados; assim, 8 artigos compuseram a amostra final (Quadro 01).

Para a análise dos artigos da amostra final foram extraídas algumas características com o auxílio de quadros sinópticos com as seguintes informações: ano de publicação, autor, nível de evidência/ delineamento, nome do periódico de publicação,cenário do estudo e desfecho sobre espiritualidade. Para facilitar a compreensão os estudos foram codificados em E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8, de acordo com o (Quadro 2).

A análise do nível de evidência das amostra que se classificam em: Nível 1: Evidências resultantes da meta-análise de múltiplos estudos clínicos controlados e randomizados; Nível

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2: Evidências obtidas em estudos individuais com delineamento experimental; Nível 3: Evidências de estudos quase-experimentais; Nível 4: Evidências de estudos descritivos (não-experimentais) ou com abordagem qualitativa; Nível 5: Evidências provenientes de relatos de caso ou de experiência; Nível 6: Evidências baseadas em opiniões de especialistas(12).

Quadro 01 – Fluxograma de seleção dos artigos em base de dados, Maceió – AL, Brasil, 2019.

ES TR A TÉ GIA B A SE DE DA DO S TO TA L DE A R TIGO S EN CO N TR A DO S A PÓ S A L EIT U R A DO S TÍT U LO S A PÓ S A L EIT U R A DO S R ES U M O S A PÓ S A L EIT U R A DO S A R TIGO S N A ÍNTE GR A TO TA L 1 Espiritualidade OR spirituality OR espiritualidad AND alcoolismo OR alcoholism OR alcoholismo AND “transtornos relacionados ao uso de substância” OR “substance-Related Disorders” OR “transtornos relacionados com substancias” MEDLINE 32 17 9 2 2 LILACS 11 11 6 5 5 BDENF 3 3 2 2 2 2 Espiritualidade OR spirituality OR espiritualidad AND “Abuso

de drogas” OR Alcoolismo OR alcoholism OR alcoholismo MEDLINE 57 16 8 2 2 LILACS 12 11 6 5 5 BDENF 3 3 2 2 2 3 Espiritualidade OR spirituality OR espiritualidad AND “Abuso

de Substâncias” OR “Dependência Psíquica” MEDLINE 31 15 10 0 0 LILACS 7 6 5 4 4 BDENF 2 2 1 1 1 4 Espiritualidade OR spirituality OR espiritualidad OR “Terapias Espirituais” AND “Abuso de drogas” OR Alcoolismo OR alcoholism OR alcoholismo

MEDLINE 43 4 3 1 1

LILACS 5 1 0 0 0

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TOTAL DE ARTIGOS INSERIDOS NA REVISÃO INTEGRATIVA (SEM REPETIÇÕES): 8 Fonte: autoras do estudo (2019).

RESULTADOS

A maioria dos estudos incluídos foram publicados em 2014, com 2 artigos (25%); 2015, com 2 artigos (25%) e 2018, com 2 artigos (25%); produzidos no Brasil 5 artigos (62,5%) e publicados em periódicos nacionais 5 artigos (62,5%). Houve concentração de estudos com delineamento qualitativo 4 artigos (50%), classificados com Nível de evidência IV (Quadro 2).

Quadro 2 – Artigos selecionados para revisão integrativa, contendo ano de publicação, autor, nível de evidência/ delineamento e periódico, Maceió – AL, Brasil, 2019. *Nº Ano de publicação Autor Nível de evidência/ delineamento Periódico E1 20 1 4 GONÇALVES, A.M.S., SANTOS, M.A., PILLON,

S.C. IV/ estudo descritivo exploratório de abordagem quantitativa

Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog

E2

2

0

1

4 SHAMSALINIA., A., NOROUZI1, K., KHOSHKNAB, M, F.,

FARHOUDIAN, A.

IV/ estudo qualitativo

Jornal global de Ciências da Saúde

E3

2

0

1

5 YETERIAN, J.D., BURSIK, K., KELLY, J.F. IV/estudo de coorte Jornal routledge

E4

2

0

1

5 DECAMP, W., VISHER, BAKKEN, N.W., C.A. IV/ estudo longitudinal Jornal Internacional de infractor terapia e Comparativo criminologia E5 2 0 1 6 BETTARELLO, V.C., SILVA, L.M.A., MOLINA,

N.P.F.M., SILVEIRA, T., RODRIGUES, L.R. IV/ Estudo transversal, analítico, exploratório com abordagem quantitativa

Rev. Eletr. Enf

E6 2 0 1 7 ZERBETTO, S.R., GONÇALVES, A.M.S., SANTILE, N., GALERA, S.A.F., ACORINTE, A.C., GIOVANNETTI, G. IV/ Estudo qualitativo, exploratório

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E7

20

1

8

ELY, A., CALIXTO, A.M. IV/ estudos

qualitativos, descritivo, do tipo estudo de caso Rev. Bioét E8 20 1

8 SANTOS, N.T.V., BRITO, ALMEIDA, R.B.F., A.M., SILVA, K.S.B., NAPPO, S.A. IV/ estudo descritivo, com abordagem qualitativa Interface comunicação, saúde e educação

Fonte: autoras do estudo (2019).

O público com maior predominância é o de sexo masculino (6 artigos/ 75%), sendo em sua maioria adultos (7 artigos/ 87,5%). Os artigos selecionados variaram em seu quantitativo de entrevistados entre 8 participantes (E6) e 920 participantes (E4). Os cenários mais abordados são os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-ad) sendo (2 artigos/ 25%) e instituições de reabilitação sendo (2 artigos/ 25%). (Quadro 3).

As coletas de dados dos artigos selecionados foram realizadas por entrevistas estruturadas ou semiestruturadas, apenas o estudo E1 utilizou uma escala validada sobre a espiritualidade, a versão brasileira da Spirituality Self Rating Scale (SSRS).

Os principais desfechos sobre o uso da espiritualidade no processo terapêutico de pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas estão descritos no quadro 3. Os desfechos foram aglutinados em duas categorias: Espiritualidade como motivação de buscar propósitos na vida, sensação de bem-estar e apoio social (E1, E3, E5, E6, E7) e a espiritualidade como suporte para desistência do uso e prevenção de recaída (E1, E2, E3, E4, E7, E8).

Quadro 3 - Artigos selecionados para revisão integrativa, público, cenário e desfecho sobre espiritualidade, Maceió – AL, Brasil, 2019.

*Nº Público Cenário Desfecho sobre espiritualidade

E1 138 adultos do sexo masculino, vinculados a instituições para reabilitação ou grupo de mútua ajuda Instituições para reabilitação sendo uma Comunidade Terapêutica CT (de cunho evangélico, católico, sem vinculação religiosa), um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-ad) e um grupo de Alcoólicos Anônimos (AA).

A espiritualidade relacionou-se à redução do uso de álcool e outras drogas.

Destacou-se como uma importante ferramenta terapêutica. E2 22 cidadãos iranianos sendo 16 homens e 6 mulheres, com Centros de tratamento da toxicodependência, a Associação dos

A influência positiva da espiritualidade na tomada de decisão pela abstinência e no

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histórico de abuso de drogas Alcoólicos e campos de abstinência E3 127 adolescentes em tratamento por abuso de álcool e outras drogas, sendo 75,6 do sexo masculino Unidade privada de reabilitação

Como os adolescentes percebem religião ou espiritualidade para desempenhar um papel

no seu uso de substâncias.

E4 920 infratores retornando para a comunidade após um período de encarceramento Em presídios das áreas de Chicago, Cleveland e Houston

A espiritualidade como fator que contribui de forma positiva na desistência do uso de substâncias e pode facilitar a prevenção de

transtornos. E5 180 homens em tratamento para dependência química Clínicas terapêuticas associadas ao Conselho Municipal sobre álcool e outras drogas COMAD/Uberaba/M G/Brasil

A religiosidade como principal mecanismo de proteção à recaída, pois auxiliou na

promoção da fé e em mudanças comportamentais. E6 8 usuários adultos com diagnóstico de dependência de álcool sendo em sua maioria de sexo masculino Centro de Atenção Psicossocial Álcool e drogas do interior paulista

A espiritualidade como influência positiva no conforto de pessoas em abstinência.

Trouxe força e mudanças de comportamento e serviu como apoio e

fortalecimento dos hábitos de oração.

E7 10 adultos do sexo masculino e quatro profis-sionais convidados a colaborar Unidade de Internação em Adição do Hospital das Clínicas de Porto

Alegre

A espiritualidade como auxílio de grande valor para a recuperação e abstinência, na

prevenção e tratamento de transtornos aditivos, principalmente como forma de

obter apoio social. E8 39 pessoas que

fazem uso de crack

Programa de proteção social para

usuários de drogas

A necessidade do fortalecimento da espiritualidade é um aspecto importante

para facilitar o sucesso no tratamento, ressaltando-se, inclusive, a manutenção da

abstinência. Fonte: autoras do estudo (2019).

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Espiritualidade como motivação de buscar propósitos na vida, sensação de bem-estar e apoio social

O uso de substâncias envolve diversos fatores, sendo muito complexo e apresentando características diversas, sendo seu uso influenciado por fatores sociais, biológicos e psicológicos. A dependência de drogas é dividida em três eixos como: o sujeito, a substância e o contexto sociocultural. De modo que, o sujeito é o elemento principal da dependência(13). A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que a dependência de drogas é como a falta de controle do impulso, que leva o indivíduo a usar devida substância para obter prazer e desse modo o sujeito começa a usar de forma contínua, seja para ansiedade, medos ou sensações diversas que o leva a perda de controle. O usuário se torna dependente de determinada droga quando não consegue mais controlar o consumo, tornando o uso um vício(13).

O uso de substâncias psicoativas comumente fragiliza o sujeito e gera ambivalências na sua relação com a substância e sua vida. Muitas vezes o indivíduo é aprisionado e fragilizado, além de sofrer julgamentos sociais, dificuldades financeiras e perdas familiares que são recorrentes em pessoas com uso abusivo de drogas(14).

Neste sentido, sabe-se que a espiritualidade e religiosidade possuem benefícios no processo terapêutico de pessoas que enfrentam problemas de saúde de diversas naturezas. Auxilia o indivíduo a se manter esperançoso e superar dificuldades, melhora da qualidade de vida além de promover suporte social, psicológico e moral (E7)(15).

Assim, diante dos benefícios da espiritualidade verifica-se a ampla utilização em pessoas com problemas decorrentes do uso de álcool e drogas, sendo fundamental para reconstruir vidas, proporciona mudanças de seus comportamentos; ajuda a lidar com questões como desemprego e a se reconectar com a família, criando assim um propósito para um tratamento adequado (E3)(16).

Nos estudos analisados sobre o uso da espiritualidade no processo terapêutico de pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas foram verificadas vários desfechos favoráveis, prática religiosa promoveu aos usuários de álcool e outras drogas apoio social, sensação de bem-estar, como também incentivou a manutenção de abstinência e no processo de reabilitação (REINALDO; SANTOS, 2016; E1)(17).

Em avaliação dos pacientes em tratamento por uso de substancias, avaliou-se que muitos apontam a espiritualidade como fator de sucesso ao tratamento, e como suporte para diminuição da carga pessoal, sendo fonte de esperança (E5)(18).

As crenças pessoais das pessoas são reforçadas pela espiritualidade, promovendo melhores artimanhas para lidar com situações do cotidiano como estresse, ansiedade, como também aos sintomas da abstinência, estimulando-os a ter um senso de controle sobre sua vida, consequentemente proporcionando otimismo, autoestima e melhor qualidade de vida (E5)(18).

Religiosidade e a espiritualidade promovem tranquilidade e conforto aos indivíduos que apresentam dependência de álcool e outras drogas. Independente da religião, estar conectado a um ser superior ocasiona alívio e transmite paz interior. A religião promove um papel necessário aos dependentes de álcool, onde consiste em uma influência positiva na vida dessas pessoas, essas práticas espirituais possibilitam atitudes de encontrar soluções para enfrentar dificuldades vivenciadas. Frequentar a igreja, participar do culto e fazer orações promoveram conforto e bem-estar (E1; E6) (17-18).

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A espiritualidade atua na recuperação necessária, fazendo com que o indivíduo permaneça no tratamento e ajude na prevenção de recaídas, traz influências na saúde mental e no fortalecimento de suas energias no enfrentamento do problema. Desse modo, a religião e as práticas espirituais proporcionaram mudanças de comportamento na prevenção e na recuperação para o problema de consumo, trazendo benefícios, mudança de hábitos e fortalecendo suas relações, ocasionando esperança e apoio social (E1; E6)( 17-18).

Espiritualidade como suporte para desistência do uso e prevenção de recaída

A prevenção de recaídas é um dos grandes desafios no tratamento de pessoas que possuem como meta de tratamento a abstinência. É importante ressaltar que o lapso consiste em um ato isolado de usar a droga que o indivíduo está tentando largar, já a recaída consiste em voltar a todos seus hábitos anteriores a adesão do tratamento(14).

Assim, são necessárias novas medidas que auxiliem na adesão ao tratamento e fortaleçam a motivação da pessoa no alcance das metas que pretende alcançar.

Estudos revelam que a vinculação as práticas religiosas são eficazes no processo de desistência ao uso de substâncias psicoativas. O método ainda deve ganhar mais espaço, porém resultados já podem ser observados quanto a espiritualidade como terapêutica, isso pode se dar pelos vínculos criados a um centro religioso, a adoção de um novo estilo de vida ou até mesmo a doutrina da religião adotada (E1)(17).

A espiritualidade tem sido uma grande aliada na desistência do uso de álcool e outras drogas, sendo de alta importância em termos de prevenção no uso dessas substâncias. Ela tem influência na motivação da pessoa para um futuro melhor para os indivíduos através de orientações e práticas religiosas, traz conforto psicológico e emocional (E4)(20).

A religião e a espiritualidade têm o potencial para atuar como mecanismo de controle social sobre o indivíduo, facilitando no processo significativo da desistência no uso de substâncias ilícitas. Dessa forma, considera-se níveis altos que indicam maior chance de desistência através das práticas espirituais, porém ressaltam a força de vontade para permanecer em tratamento é primordial, principalmente quando o objetivo é abstinência, sem ela então nenhuma terapêutica seria válida (E4; E8)(20-21).

A religiosidade pode ser vista como uma base para as mudanças nos efeitos de tratamento da abstinência e consequências no uso de drogas. Durante um período, um grupo de adolescentes puderam perceber os problemas decorrentes do uso de álcool e drogas, para outros a ideia não era nem suportada. Com a religiosidade presente na vida desses adolescentes, foi possível perceber mudanças como o reconhecimento do problema decorrente do uso de álcool e drogas, porém o período de abstinência não foi sustentado por todo período de acompanhamento (E3)(16).

O estudo teve como objetivo identificar o papel da religiosidade no tratamento em relação ao uso de álcool e drogas. Apesar de 60% dos adolescentes terem noção do problema envolvendo o uso de substâncias, a maioria não queria parar de usar, mesmo com a religiosidade ou a espiritualidade estando associados com melhores resultados de tratamento, houve baixo índice na tomada de decisão para iniciar o processo de abstinência (E3)(16).

A relação entre espiritualidade e recuperação é benéfica, pessoas que possuem problemas relacionados ao uso de substâncias relatam que o fundo religioso e seus valores trouxeram força para o enfrentamento da situação. A fé em Deus foi tida como forma para recuperação, bem como um pontapé para desistência ao uso e fortalecimento para enfrentamento e persistência na fase de abstinência. Ressalta-se, entretanto, que quando a

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espiritualidade é enxergada pelo indivíduo como principal recurso para atingir seus objetivos, corre o risco de retirar do indivíduo sua corresponsabilização e protagonismo (E2)(22).

A espiritualidade é usada para fortalecer as pessoas, não apenas para aquelas que querem largar o vício, mas como força para enfrentamento da situação. Onde é possível compreender a importância e necessidade no âmbito da saúde. Entretanto, deve-se planejar uma intervenção espiritual respeitando a autonomia do sujeito, para que a aceitação possa partir do mesmo e que não se sinta pressionado a seguir o proposto. É necessário que haja sensibilidade e que o indivíduo esteja de acordo, de forma que seus valores e crenças sejam respeitados, onde se sinta confortável e seguro diante da intervenção espiritual como forma de tratamento(23).

O protagonismo da droga na vida da pessoa pode-se dar por inúmeros motivos, assim cabe ao profissional reconhecer esses fatores e adotar novas formas de terapêutica, sendo a espiritualidade uma delas. Cada pessoa age de forma diferente diante do sofrimento, são distintas as possibilidades para lidar com essa experiência, seja se revoltando e caindo em desespero ou crescendo individualmente com cada lição. Destacamos importante que a equipe multidisciplinar em saúde esteja preparada para lidar com a abordagem espiritual de cada paciente, entendendo e respeitando seus sentimentos (24).

Quando as pessoas estão submetidas a um processo de dor e sofrimento a espiritualidade pode tornar a situação suportável; diante disso é necessário que os profissionais estejam atentos e reconheçam a espiritualidade como parte do ser humano, utilizando-a a favor de seu cuidado, bem como reconheçam o papel da terapêutica espiritual (E7)(15).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da análise dos estudos, foi observado que a espiritualidade ainda é uma terapêutica pouco aplicada no processo terapêutico em pessoas com problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas, porém tem grande potencial a ganhar espaço no âmbito do cuidado. Foi demonstrado que a utilização da espiritualidade traz benefícios importantes no processo terapêutico dessas pessoas, com destaque para prevenção do uso das substâncias, enfrentamento de dificuldades na vida e controle da abstinência. A participação em cultos religiosos e orações foram citadas como formas de praticar a espiritualidade.

A espiritualidade se faz necessária e é uma forma de promover força e continuidade ao tratamento, bem como um caminho para mudança de hábitos, promoção de bem-estar e qualidade de vida. Esses indivíduos na maioria das vezes perdem o sentido e rumo de suas vidas, assim, a espiritualidade além de cuidado pode proporcionar direção pessoal e proporcionar um recomeço.

Ressalta-se que o processo terapêutico da pessoa com problemas em relação ao uso de álcool e outras drogas é uma experiência individual, no qual devem ser respeitadas as crenças, valores e objetivos dessa pessoa. A espiritualidade é um recurso que pode ser utilizado mediante avaliação dos profissionais em benefício dessas pessoas, no entanto, a sua utilização requer cautela, respeito e zelo sem exigências ou imposições. Novas pesquisas devem ser desenvolvidas com a demonstração da aplicação da espiritualidade em pessoas com problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas e a mensuração dos efeitos dessas práticas, sobretudo em estudos longitudinais.

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Referências

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