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Otimizar o conforto com lentes de contacto para uma maior satisfação dos utilizadores

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Academic year: 2021

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Introdução

Que alteração ao panorama das lentes de contacto teria um impacto mais dramático na satisfação do utilizador, garantindo assim um maior sucesso neste negócio nos próximos anos? Quando confrontados com esta questão, os profissionais da visão tendem a referir as sofisticadas melhorias em termos de desenhos de lentes de contacto, tais como novas tecnologias em lentes multifocais ou algum tipo de lentes de contacto “inteligentes”. É evidente que estas inovações abririam novas oportunidades e provavelmente resultariam em novas adaptações.

Mas a alteração mais importante que poderia conduzir ao aumento do número de utilizadores e da dimensão do mercado está, em grande parte, nas mãos dos profissionais da visão: reduzir o número de utilizadores de lentes de contacto que deixam de utilizar as suas lentes. Ou seja, minimizar o número de “abandonos” ou “descontinuações”. Os profissionais da visão têm uma influência considerável sobre este fenómeno e a chave para o sucesso nesta área é compreender o impacto crucial do desconforto provocado pelas lentes de contacto (DLC) nas taxas de abandono, avaliar as causas do DLC e refletir sobre como resolver este problema.

O que é o desconforto com lentes de contacto?

Durante a utilização, as lentes de contacto interagem com o bordo palpebral e com a conjuntiva - tecidos altamente vascularizados - e também com a córnea, que é o tecido epitelial mais inervado do corpo humano.1

Por isso, não será surpreendente que a presença de uma lente de contacto não passe despercebida por estas estruturas oculares. Na verdade, é até notável que uma peça de plástico relativamente grande e espessa não cause um nível de perturbação maior do que o que habitualmente ocorre. A inervação corneal provém de algumas centenas de neurónios do gânglio trigeminal acima da parte posterior da boca.2

Por fim, cerca de 80 fibras nervosas uniformemente espaçadas entram radialmente na córnea a nível do estroma.3 Até 500 fibras nervosas em cada olho penetram na lâmina limitante anterior até ao epitélio da córnea. Aqui, os nervos unem-se uns aos outros e formam uma malha densa de fibras denominada plexo nervoso sub-basal (Figura 1).4

Cada fibra dá origem a numerosas terminações nervosas que estão presentes em todas as camadas do epitélio da córnea, com alguns terminais presentes apenas a alguns mícrones abaixo da superfície ocular.5 A densidade dos terminais nervosos na córnea foi estimada em 7000 por milímetro quadrado,6 um valor que é maior no centro e que diminui nas regiões mais periféricas. A maioria dos terminais nervosos na córnea são “nociceptores polimodais”: terminações nervosas que

respondem de forma semelhante a um conjunto de estímulos (por exemplo, mecânicos, químicos ou térmicos).7 Curiosamente, há evidências de “recetores frios” da córnea que são ativados quando a córnea fica fria (menos de 33 °C)7, não existindo uma resposta equivalente ao “calor”. Considera-se que a maioria das terminações nervosas remanescentes respondem a estímulos mecânicos e podem causar reações significativas quando algum objeto toca ou arranha a córnea.8

Sabe-se ainda menos sobre o suprimento nervoso de outras regiões afetadas pela utilização de lentes de contacto, tais como a conjuntiva palpebral e bulbar e o bordo palpebral, sendo que muito do atual conhecimento tem origem em modelos animais.8 A inovação sensorial para esta região tem origem, em última análise, no ramo oftálmico do nervo trigémeo. Recentemente, tem sido dada muita importância à superfície interior do bordo palpebral, e vários investigadores têm tentado explorar a sensibilidade desta região. A conjuntiva da superfície interior da pálpebra é mecanicamente mais sensível do que a conjuntiva bulbar e tarsal (embora todas apresentem uma sensibilidade bastante inferior à da córnea)9, com alguns10,11 mas não todos9 os investigadores a sugerirem que o bordo palpebral inferior é mais sensível do que o bordo palpebral superior. Para além disto, pouco se sabe sobre a atividade funcional mais pormenorizada dos nervos que alimentam a conjuntiva e o bordo palpebral.

Em geral, considera-se que algumas das interações observadas entre uma lente de contacto durante a sua utilização e os sistemas neurossensoriais descritos acima constituem o fenómeno do “desconforto com lentes de contacto”. No entanto, a relevância exata das várias características anatómicas da superfície ocular (por exemplo, córnea vs. bordo palpebral) não é suficientemente conhecida e qualquer modelo usado para representar o DLC continua a ser muito vago.

Nos últimos anos, estabeleceu-se uma nova e intrigante linha de investigação para explorar uma eventual relação entre a suprarregulação do estado inflamatório da superfície ocular durante a utilização de uma lente de contacto12 e o DLC. Esta investigação é lógica devido à presença de dor (desconforto) durante a resposta inflamatória fisiológica humana.13 Por exemplo, Masoudi e colaboradores relatam que pode existir uma ligação entre os níveis de leucotrieno B4 (um mediador inflamatório) na película lacrimal14 e o DLC, enquanto Alzahrani e colegas reportam um aumento das presumíveis células de Langerhans (um tipo de antigénio que contém células que desempenham um papel fundamental na resposta imunitária do organismo) na córnea e o DLC.15 Parece ser possível que um conhecimento mais completo da inflamação da superfície ocular durante a utilização de lentes de contacto possa “desbloquear” um modelo de conhecimento completo que permita compreender o desconforto provocado pelas lentes de contacto e vários grupos de investigação estão atualmente a explorar esta área.

Otimizar o conforto com lentes de contacto para

uma maior satisfação dos utilizadores

O Professor Philip Morgan explica de que forma os profissionais da visão podem reduzir o número

de pessoas que descontinuam a utilização de lentes de contacto, abordando proativamente o

tema de desconforto durante as suas consultas.

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Desconforto durante a utilização de lentes de

contacto

Os utilizadores de lentes de contacto hidrófilas geralmente reportam uma redução do conforto ao longo do dia.

Esta alteração ao longo do dia foi recentemente quantificada por Navascues Cornago e colaboradores, através de um questionário realizado por SMS, de hora em hora, aos utilizadores de lentes de contacto (Figura 1).16 Um utilizador médio de lentes de contacto descartáveis diárias classifica o seu conforto ocular em cerca de 95 numa escala de 100 antes da inserção da lente de contacto; este valor decresce para cerca de 90 depois da inserção da lente e continua a decrescer gradualmente para cerca de 80 após seis horas de utilização. Durante a tarde, verifica-se uma redução mais significativa na classificação do conforto, geralmente com pontuações finais de cerca de 50 no final de um dia de 12 horas de uso da lente de contacto. Um panorama semelhante foi observado por Read et al. utilizando um “dispositivo de registo” colocado no pulso, no qual os utilizadores de lentes de contacto tocavam ao longo do dia quando sentiam algum tipo de desconforto ocular.17

O trabalho de Navascues-Cornago et al. fornece uma perspetiva fascinante sobre as causas do desconforto provocado pelas lentes de contacto.16 Evidentemente, se uma lente de contacto estiver associada a um maior desconforto ao longo do dia, então alguma característica do sistema ocular deverá ter-se alterado durante esse tempo ou até a própria lente de contacto poderá ter sofrido alterações. Esta possibilidade foi estudada experimental-mente pelos investigadores acima referidos, através de um conjunto de intervenções realizadas a meio do dia e da medição de todas as alterações ao padrão de conforto reportado quando nenhuma intervenção fora realizada.

Por exemplo, num determinado momento, cada utilizador retirou as suas lentes de contacto cinco horas depois de as ter colocado, substituindo-as por outras com características idênticas. Noutro dia, a lente de contacto foi retirada, enxaguada e substituída. Nenhuma destas intervenções alterou as classificações de conforto ao final do dia, o que sugere que a lente não “envelhece” enquanto é usada ao longo do dia, e aponta fortemente no sentido da alteração de um qualquer aspeto do sistema da superfície ocular. Poderá tratar-se da película lacrimal, da superfície ocular, do bordo palpebral ou qualquer outro aspeto. Esta é uma questão importante que está atualmente a ser investigada.

Causas do desconforto com lentes de

contacto

Fatores associados à lente de contacto

Dada a importância desta área, é imperativo compreender melhor as causas do desconforto com lentes de contacto sendo que, em primeiro lugar, serão exploradas as características das próprias lentes de contacto.

Infelizmente, existem poucos estudos controlados e aleatorizados em que apenas um único fator diferenciador da lente tenha sido explorado, talvez devido à dificuldade em alterar apenas uma característica da lente sem afetar outras, dada a interdependência entre os materiais e os parâmetros de diferentes desenhos. Por exemplo, um estudo que permita analisar a relação entre a transmissibilidade ao oxigénio e o conforto da lente de contacto requer algumas alterações ao nível do material (por exemplo, modificação do conteúdo em água ou de silicone), o que também irá alterar o módulo e as características da superfície da lente. Separar estes vários fatores seria problemático.

De facto, não foram publicados estudos de alta qualidade que explorem especificamente a relação entre a transmissibilidade ao oxigénio e o conforto, pelo que as conclusões têm de ser retiradas a partir de análises sub-ótimas e/ou indiretas. O atual consenso geral rejeita a noção de que o desempenho de oxigénio das lentes de contacto é uma determinante importante do DLC.18 Da mesma forma, o módulo da lente não parece ser importante na perceção de conforto por parte do utilizador.19 Alguns relatórios preliminares sugerem que a desidratação da lente no olho pode ser um fator relevante20, mas a maioria dos estudos indica que é pouco provável que seja significativo.21,22 Não existe evidência suficiente de que uma substituição mais frequente de lentes de contacto hidrófilas esteja associada a um maior conforto. Porém, não foram realizados estudos devidamente aleatorizados e cegos para abordar especificamente esta questão.18

Contudo, alguns fatores parecem ser importantes. Em primeiro lugar, vários estudos apontam para uma relação entre a redução do movimento da lente de contacto no olho e um maior conforto23 (talvez em especial o movimento na posição primária do olhar24), embora esta conclusão não seja universal.25

Existe um conjunto crescente de estudos que associa o coeficiente de fricção ao conforto subjetivo durante o uso de lentes de contacto, embora as melhores análises existam apenas sob a forma de resumos de conferências e não de artigos peer-review publicados em revistas científicas.26,27 Espera-se que, no futuro, mais estudos sobre a “tribologia” (estudo da fricção e da lubrificação em superfícies que se encontram em movimento uma em relação à outra) venham revelar mais informações sobre os fatores determinantes acerca do desconforto com lentes de contacto. Estudos in vivo nesta área são particularmente difíceis em virtude das restrições impostas à de investigação que pode ser realizada diretamente na superfície ocular, sabendo que a situação da “vida real” é crucial para ser possível obter mais respostas. Por exemplo, a medição dos coeficientes de fricção é afetada pela presença de componentes da película lacrimal, tais como a albumina e o colesterol,28 pelo que é essencial um estudo clínico que venha complementar as avaliações laboratoriais. Dois exemplos de produtos que procuraram melhorar a lubricidade através da eluição de moléculas dos materiais das lentes de contacto são os que contêm álcool polivinílico (Nelfilcon A)29 e polímeros de hidrogel que libertam ácido hialurónico.30 As evidências dos benefícios clínicos desta abordagem são limitadas, mas um estudo reportou uma melhoria do conforto com a lente com eluição de PVA melhorada, comparativamente ao seu material precursor.31 Observa-se uma abordagem diferente com o material Tempo (h)

Sem ação Nova lente Mesma lente Movimento na esclera

Classificação de con

fort

o

Figura 1. Redução no conforto com lentes de contacto ao longo de um dia de utilização médio. Retirado de Navascues-Cornago et al.16

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Delefilcon A que visa criar condições de baixa fricção à superfície através da sua superfície de lente de contacto tipo gel com um elevado conteúdo em água.32 A lente de contacto demonstrou proporcionar melhorias na qualidade da película lacrimal33 e tempos de rutura lacrimal mais longos34, juntamente com bom conforto subjetivo35, embora a inovação na estrutura do material não permita atribuir com precisão estas características à superfície em forma de gel. Uma abordagem alternativa à modificação da lubricidade das superfícies tem sido a incorporação de poli vinil pirrolidona na superfície das lentes de contacto Etafilcon A, uma alteração que parece reduzir as medidas dos valores de coeficiente de fricção36 e melhorar a qualidade ótica no olho37. Contudo, não existem atualmente evidências diretas de uma melhoria no conforto entre o material com PVP e o seu antecessor. Na generalidade, são necessários mais dados para compreender totalmente a relação entre a fricção e a lubrificação e o respetivo impacto no conforto durante a utilização de lentes de contacto, embora as evidências atuais sugiram que esta é uma área importante a ter em conta.

Talvez a associação mais clara entre uma característica de lente de contacto e o conforto subjetivo seja a natureza e o perfil do bordo da lente. Neste aspeto, afigura-se que as lentes com um perfil de bordo “cónico” (por vezes denominado borfo “fino” ou “lâmina”) estão associadas a maiores níveis de conforto.38,39 Curiosamente, relativamente a esta afirmação, há evidências de maior conforto com lentes que provocam maiores níveis de ponteado por indentação na conjuntiva25,40,41, o que conduz à hipótese de que as lentes mais confortáveis tendem a ter perfis de bordo finos com uma aposição muito próxima da conjuntiva (confirmada com imagens de tomografia de coerência ótica do bordo da lente no olho42,43), que se movimentam muito pouco e causam um baixo nível de ponteado conjuntival.

Fatores ambientais e fatores associados ao

paciente

Para além das características das lentes de contacto, foi também estudada a relação entre vários fatores associados ao paciente e o DLC. Alguns destes fatores, tais como a idade (o DLC é geralmente pior em pacientes mais jovens44-46) e o sexo (o DLC é geralmente pior em mulheres46-49), são interessantes, mas não são modificáveis e, por isso, não podem ser sujeitos a gestão durante a consulta.

Contudo, vários fatores modificáveis foram também estudados, observando-se uma ligação com o desconforto provocado com lentes de contacto. Por exemplo, demonstrou-se que os contracetivos orais estão associados ao DLC.50,51 Também foram avaliados hábitos relacionados com a dieta e estilo de vida. O consumo de álcool não parece estar relacionado com o DLC52, embora a exposição ao fumo possa estar.53 Estudos sobre suplementos alimentares com ácidos gordos ómega-354 e ómega-655 durante 12 semanas e seis meses, respetivamente, revelaram um maior conforto para o utilizador. Existem também dois relatórios que indicam que a “expressividade” das glândulas de Meibómius (ou seja, a facilidade com que o Meibum pode ser expulso manualmente das glândulas) está associada ao conforto.56-58

Uma série de considerações ambientais, tais como o aquecimento interior, ar condicionado e uma atmosfera poluída, não parecem causar um aumento do DLC, mas a baixa humidade parece estar associada ao desconforto, talvez em resultado da diminuição da espessura da película lacrimal pré-lente.59 Além disso, o uso habitual de ecrãs também está associado ao DLC.60,61

A relação entre o desconforto com lentes de

contacto e o abandono da sua utilização

O desconforto com lentes de contacto é certamente um inconveniente para os pacientes que, por definição, reportam incompatibilidades ou algum tipo de descontentamento com a sua correção visual. Pode também requerer mais tempo de consulta para os profissionais da visão, mas o seu principal impacto é mais global: uma supressão contínua do sucesso no mercado das lentes de contacto. Todavia, esta área do abandono da utilização de lentes de contacto é uma área sobre a qual os profissionais da visão podem ter um impacto muito significativo. Há já algum tempo que se sabe por que razão os utilizadores de lentes de contacto deixam de as utilizarar. Por exemplo, num estudo bastante citado, Dumbleton e colabpradores inquiriram mais de 4000 antigos utilizadores de lentes de contacto para determinar a razão pela qual estes haviam interrompido a sua utilização.62 A principal razão foi o desconforto ou secura, representando cerca de 45% dos utilizadores de lentes de contacto pré-présbitas (Figura 2). De facto, o desconforto tem sido amplamente reportado em muitos estudos como sendo a principal razão para o abandono das lentes de contacto.63-66

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Embora esta informação seja certamente útil, em termos de compreensão de impacto no mercado, os dados mais fortes são os que indicam uma estimativa anual do número de pacientes que desistem das lentes de contacto e, historicamente, esses dados são escassos. Na verdade, é muito difícil recolher este tipo de informação porque, por definição, os pacientes relevantes são um grupo que desaparece do mercado. É relativamente fácil inquirir atuais utilizadores de lentes de contacto e determinar os vários aspetos do desempenho da utilização de lentes de contacto, mas é muito mais difícil encontrar ex-utilizadores. Contudo, dois estudos recentes por Sulley e colaboradores forneceram estimativas muito úteis nesta área. Utilizando duas metodologias diferentes para novos utilizadores de lentes de contacto (uma abordagem prospetiva com seguimento dos utilizadores durante um ano67 e uma análise gráfica retrospetiva68), os autores estabeleceram uma taxa de retenção para novos utilizadores de 78% e 74%, respetivamente, o que corresponde a taxas de abandono anuais de 22% e 26%. Em ambos os estudos, a visão foi indicada como sendo a principal razão para o abandono, sendo a segunda mais importante o desconforto.

Para além destas estimativas para novos utilizadores de lentes de contacto, Sulley e Veys reportaram recentemente que a taxa de abandono em todos os utilizadores de lentes de contacto (ou seja, utilizadores existentes e novos utilizadores) no Reino Unido é de 17%.69 A opinião geral na indústria das lentes de contacto é que o número de adaptações de lentes realizadas por ano é de cerca de 25% da base de utilizadores existentes. Este par de valores (25% de uma base de utilizadores existentes que entra no mercado todos os anos e 17% de abandono) levaria a uma duplicação dos utilizadores de lentes de contacto de nove em nove anos. Assumindo que os profissionais da visão e a indústria das lentes de contacto em geral são capazes de continuar a atrair estes 25% de novos utilizadores, o sucesso do mercado global torna-se muito sensível à métrica da descontinuação de 17%. Se a taxa de abandono anual cair apenas em 2%, para 15% dos utilizadores atuais, o número de utilizadores irá duplicar em sete anos. Se for possível reduzir este número para 9% dos utilizadores, a taxa de duplicação ocorre a cada 4,5 anos (Figura 3). Naturalmente, sendo o desconforto a principal razão para o abandono, atingir estas alterações dramáticas no mercado futuro está essencialmente nas mãos dos profissionais da visão.

Gestão do DLC e redução do número de

abandonos

Uma consideração essencial a ter em conta para reduzir o abandono das lentes de contacto é compreender o horizonte temporal deste fenómeno. Até recentemente, só havia acesso a informações episódicas, mas o recente trabalho de Sulley e colaboradores fornece uma visão muito mais detalhada. Concluíram que dos utilizadores de lentes de contacto que interrompem o uso no primeiro ano de utilização, cerca de metade fá-lo nos primeiros dois meses de utilização (Figura 4).

Além disso, outros trabalhos sugerem claramente que 73% dos pacientes que ponderam descontinuar durante esta fase inicial não pretende comunicá-lo ao seu profissional da visão (fala da sua insatisfação com os amigos ou consulta a Internet), e esses utilizadores recorrem geralmente a comportamentos compensadores (por exemplo, remover as lentes durante algum tempo ou retirar as lentes ao fim do dia mais cedo do que o previsto).70 Uma vez que as ações deste grupo de utilizadores frustrados e insatisfeitos com a sua experiência estão fora do controlo do profissional da visão, Veys e Sulley cunharam o termo “sofredores silenciosos”.69

Figura 3. Aumento projetado de utilizadores de lentes de contacto na prática clínica para várias taxas de captação de novos utilizadores e de abandono. Cada linha mostra o número calculado de utilizadores na prática clínica após 20 anos.

N

úmer

o de utiliz

ador

es

Dias desde a entrega, em que o sujeito descontinuou o uso de lentes

Pr

opor

ção de sujeit

os (%)

Figura 4. Linha cronológica de retenção de utilizadores de lentes de contacto, com a proporção de eventuais desistências em diferentes pontos no tempo. Retirado de Sulley et all.68

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Este conceito recente de “sofredor silencioso” proporciona informações muito importantes sobre a forma como os profissionais da visão podem gerir a situação. Em primeiro lugar, é importante não deixar que os novos utilizadores cheguem a uma fase em que têm dúvidas sobre a utilização das lentes de contacto, mas não se sentem à vontade para contactar o seu profissional da visão. Este problema pode ser abordado de duas formas. Primeiro, manter contacto regular com os novos utilizadores durante a fase inicial de utilização das lentes de contacto. Para isso, alguns profissionais da visão afirmaram que contactam todos os novos utilizadores de lentes de contacto por telefone no primeiro dia de utilização para se certificarem de que o paciente conseguiu colocar corretamente as lentes, e que se colocam à disposição para responder a dúvidas nesta fase. Os contactos subsequentes devem ser ajustados de acordo com as necessidades. Um utilizador bem-sucedido poderá apenas precisar de um contacto subsequente mínimo, enquanto que um utilizador que sinta maior dificuldade (e que sem o contacto telefónico poderá simplesmente abandonar a utilização) deve ser contactado com mais frequência e talvez orientado para uma nova consulta para obter mais instruções ou informações, conforme aplicável. Para alguns utilizadores, este tipo de contacto próximo pode ser necessário durante as primeiras semanas de utilização de lentes de contacto. Uma questão a ter em conta são as pessoas que conduzem esta atividade. Receber telefonemas de profissionais da visão pode ser intimidante para alguns pacientes (e também moroso), pelo que um outro membro da equipa clínica poderá ser mais adequado para este papel, especialmente se tiver sido essa a pessoa a dar as indicações sobre o manuseamento das lentes de contacto.

O sucesso deste “contacto próximo” precoce tem sido relatado de forma episódica, mas existem algumas evidências que o comprovam. Num estudo realizado em 2018 num âmbito de prática clínica, aleatorizado, Cooney e Morgan observaram uma tendência no sentido do aumento da retenção de lentes de contacto quando os utilizadores receberam uma chamada telefónica uma semana após terem realizado a adaptação das lentes, comparativamente a quem não recebeu essa chamada.71 Para além de uma melhor comunicação nas fases iniciais da utilização, é possível implementar algumas estratégias de gestão clínica relevantes para reduzir o número de abandonos. Um primeiro passo importante é reconhecer que o desconforto é uma causa significativa do insucesso das lentes de contacto e abordar especificamente este ponto em cada consulta posterior. Isto pode ser feito por vários métodos, incluindo questionários validados72, mas solicitar uma pontuação verbal até 10 é um método simples e eficaz de consegui-lo, sendo que a experiência da investigação clínica sugere que pontuações iguais ou inferiores a sete indicam um desempenho de conforto sub-ótimo que merece atenção e resolução.

As estratégias de gestão devem ter em conta os vários fatores baseados em evidência científica acima enumerados e procurar implementar melhorias sempre que possível.

Relativamente aos três fatores associados às lentes de contacto enumerados, todos podem ser avaliados com recurso a uma lâmpada de fenda. O movimento da lente de contacto durante o pestanejo na posição primária do olhar é habitualmente de 0,22 ± 0,14 mm73 (desvio padrão ± médio), o que indica que um movimento de 0,5 mm ou superior é invulgarmente elevado e, dada a ligação entre o aumento do movimento e o DLC, esta observação deve levar à ponderação de uma alternativa de adaptação, o que poderá exigir uma marca de lentes diferente. Relacionado com estes fatores está o perfil de bordo da lente: bordos mais finos estão associados a um maior conforto. O formato e a natureza do bordo da lente não podem ser visualizados diretamente com a lâmpada de fenda, mas o sinal típico de ponteado conjuntival ligeiro é prontamente constatado após observação com fluoresceína. Na ausência de outras razões para o desconforto subjetivo, é possível experimentar um formato alternativo de bordo da lente (mais uma vez, talvez com recurso a uma marca diferente). Em terceiro lugar, a natureza da humectabilidade da lente no olho pode ser analisada através da visualização de um ponto de luz sobre a superfície da lente com reflexão especular, com uma ampliação de cerca de 40x (Figura 5). Uma superfície de lente que desidrate muito rapidamente e que apresente franjas coloridas pode significar a uma menor humectabilidade, explicando assim os sintomas de desconforto. Deverá ponderar-se a utilização de uma lente com diferentes características ao nível da superfície.

Para além das alterações ao nível dos fatores associados às lentes de contacto, os pacientes com DLC poderão ser incentivados a reduzir a sua exposição a ecrãs, a ambientes de baixa humidade ou interromper a contraceção oral, apesar de as implicações sobre outros aspetos das suas vidas poderem tornar estes conselhos impraticáveis. A ingestão de suplementos de ómega 3 ou ómega 6 pode melhorar o conforto a médio prazo e esta é uma área empolgante dos atuais esforços de investigação.

Uma área com interesse crescente é a realização de terapia das glândulas de Meibómius, responsáveis pela segregação da camada lipídica da película lacrimal. Num relatório recente de um estudo multicêntrico aleatorizado de 55 utilizadores de lentes de contacto, um único tratamento térmico das glândulas de Meibómius foi associado a uma utilização mais confortável das lentes de contacto e à melhoria das características da película lacrimal três meses depois.74 Mais uma vez, a investigação futura nesta área poderá proporcionar protocolos bem definidos para a prática clínica acerca do tratamento das glândulas de Meibómius.

Figura 5. Reflexão especular da superfície da lente com elevada ampliação na lâmpada de fenda. A imagem da esquerda representa uma camada lipídica espessa e estável e a imagem da direita sugere uma camada lipídica fina e uma superfície da lente que desidrata rapidamente. Imagens cortesia de Neil Chatterjee, Aftab Mirza e Joseph Ong (Universidade de Manchester).

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Em suma

, é óbvio que o desconforto com lentes de contacto tem um

impacto significativo no sucesso global deste tipo de compensação visual e

um efeito dramático no mercado.

Os profissionais da visão deverão reconhecer a sua influência nesta área da

prática clínica, bem como a responsabilidade para com os seus pacientes. Os

profissionais da visão são incentivados a solicitar proativamente informações

sobre os sintomas dos pacientes durante a utilização de lentes de contacto,

conforme adequado, a fim de implementarem rapidamente uma ou mais

estratégias de gestão disponíveis para melhorar este problema.

Os abandonos relacionados com o desconforto ocorrem geralmente nas

primeiras semanas de uso e, por essa razão, é especialmente importante

manter uma comunicação próxima com os pacientes durante esta fase.

Sobre o autor

Philip Morgan é Professor de Optometria, Diretor do Departamento de Optometria, Sub-Coordenador do Departamento de Farmácia e Optometria e Diretor da Eurolens Research na Universidade de Manchester. Os seus principais interesses de investigação estão relacionados com o desempenho clínico das lentes de contacto, sendo que também é professor na mesma área em cursos de licenciatura e pós-graduação. Tem vindo a gerir um inquérito internacional sobre as tendências de prescrição de lentes de contacto desde 1996.

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