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TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS: Proporcionando saúde e inclusão social por meio da extensão

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Academic year: 2021

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TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS:

Proporcionando saúde e inclusão social por meio da extensão

Autores: Milena Julia CHIROLLI¹; Vera Lúcia Freitas PANIZ²; Silvana Cony QUINTEIRO³; Patricia

RODRIGUES4; Maria Rita dos Santos BUENO5; Geanini Stefani WERTER6

Identificação autores: ¹Aluna do Curso Técnico em Agropecuária do IFC – Campus Rio do Sul, Turma 3A,

Bolsista Iniciação Científica Júnior do CNPq; ²Orientadora do IFC – Campus Rio do Sul e Coordenadora do Projeto Equoterapia Aliança; ³Coorientadora do IFC – Campus Rio do Sul e Coordenadora do Projeto Zooterapia;

4Aluna do Curso Técnico em Agropecuária do IFC – Campus Rio do Sul, Turma 2B, Bolsista de Extensão em

Parasitologia Equina; 5Aluna do Curso Técnico em Agroecologia do IFC – Campus Rio do Sul, Turma 2E,

Bolsista de Extensão em Equoterapia; 6Aluna do Curso Técnico em Agroecologia do IFC – Campus Rio do Sul,

Turma 1E, Bolsista de Extensão em Zooterapia. Resumo

A utilização de animais em métodos terapêuticos tem se fortalecido e propiciado ganhos variados aos pacientes. Buscando contribuir com as demandas locais, o IFC – Campus Rio do Sul desenvolve em parceria com a Associação de Pais Amigos dos Excepcionais/APAE de Rio do Sul, os Projetos de Extensão Equoterapia Aliança e Zooterapia desde o ano de 2013 e 2015, respectivamente. Os projetos contemplam alunos da associação, integrando profissionais de diversas áreas, assim como alunos e colaboradores. Conclui-se que os resultados têm sido relevantes, e, preconiza-se a realização de testes avaliativos que possam mensura-los no contexto educacional, fisioterápico, psicológico e da fonoaudiologia.

Palavras-chave: Equoterapia; Zooterapia; Tratamento. Introdução

A universidade/instituição é um corpo eminentemente expansivo e propagador, devendo ser responsável por supervisionar toda a educação nacional e garantir a extensão e melhoria social (BELLO apud BERNHEIM, 1978). Paulo Freire compreende a Extensão “como um ato educativo”, de forma a estender os conhecimentos e as técnicas para transformar, cientifica e concretamente, o mundo em que os homens estão (FREIRE, 1983). O homem, ou os homens, não devem apenas estar no mundo, e sim estar com o mundo (FREIRE, 1973). A Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (concebida pela Lei nº 11.882/08 (BRASIL, 2008), da qual faz parte nossa Instituição, destaca, através do Conselho Nacional das Instituições Federais de Educação Profissional e Tecnológica, que:

A extensão tem como diferencial o atendimento aos segmentos sociais e ao mundo do trabalho com ênfase a inclusão social e emancipação do cidadão, favorecendo o desenvolvimento local e regional (CONIF, 2013).

De acordo com o censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estática) de 2010, 23,9% da população brasileira possui algum tipo de deficiência visual, motora, auditiva ou mental. Tais limitações cerceiam a inclusão destes portadores na sociedade e muitas vezes os impedem de realizar atividades que são direitos do cidadão. O Estatuto da Federação Nacional das APAES, em seu Art. 4º, ressalva o direito da pessoa com deficiência em exercer sua cidadania de forma plena, independente de suas limitações (FEAPAEs, 1962). A extensão consolida-se com base no fato de que a Educação deve se articular e ser capaz de promover a interação necessária na construção de uma sociedade onde as desigualdades

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sociais sejam, efetivamente, superadas (CONIF, 2013). O Decreto número 19.851, de 11 de abril de 1931 em seu Art. 109º, ressalva que a extensão universitária se destina ao benefício do aperfeiçoamento individual e coletivo (BRASIL, 1931) conseguindo sair dos mares “acadêmicos”, quando da aproximação que faz com as comunidades (DOS ANJOS, 2014).

A ligação e interação dos humanos com os mais diversos animais podem ser observados nos diferentes períodos de evolução da humanidade. Atualmente os animais são figuras presentes na cultura e no cotidiano dos cidadãos, fazendo parte da sua história. Esse vínculo cresceu durante o tempo a ponto de o animal tornar-se elemento terapêutico para o homem. O filósofo inglês John Locke, no ano de 1669 já constatava que a relação com animais possui um aspecto socializador. A partir disto começaram a surgir as primeiras teorias da influência dos animais de estimação em pessoas com deficiências intelectuais, mostrando que as quais se encontravam mais tranquilas (FINE, 2000). Para Faraco; Seminotti (2004) o uso de animais para o benefício humano é complexo e mantido até hoje graças a sentimentos muito peculiares.

A Terapia Assistida por Animais é um processo terapêutico formal em âmbito mundial. Existem programas formais e informais que podem também ter a terminologia de Atividade Assistida por Animais, nos quais não há um acompanhamento médico periódico. São realizados por meio de visitas, recreação e distração com o animal, seu proprietário e condutor. (VACCARIL; ALMEIDA, 2007). A principal diferença entre as Atividades Assistidas por Animais (AAA) e a Terapia Assistida por Animais (TAA) tem relação com a presença do profissional da saúde (DUQUE, 2011). A TAA requer a participação de uma pessoa capacitada em alguma área da saúde para seu desenvolvimento. É uma intervenção dirigida a objetivos terapêuticos, na qual o encontro com o animal tem critérios específicos e é parte integral do processo de tratamento (DUQUE, 2011). No Brasil, a TAA teve início na década de 60 com a psiquiatra Nise da Silveira, que utilizava os animais como coterapeutas no tratamento de pacientes esquizofrênicos, visto que percebeu que os pacientes com dificuldade de contato se vinculavam aos cães com facilidade (BARROS, 2008 apud CAETANO, 2010). Faz uso dos mais variados animais, sendo que a equoterapia caracterizada por ser uma parte da TAA, utiliza o cavalo como agente promotor de ganhos biopsicossociais (ANDE-BRASIL, 2012). Por exemplo, os benefícios propiciados pela equitação terapêutica foram demonstrados por meio da melhora no comportamento social dos praticantes, assim como na sensibilidade, concentração e motivação entre pacientes com de DEA (REED, et al., 2012), servindo de estimulante nos critérios de alfabetização e desenvolvimento da linguagem. Também, sabe-se da sua contribuição nas questões fisioterápicas devido à estimulação causada pelo cavalo (ANDE-BRASIL, 2012).

Comprovou-se que o contato com animais é capaz de reduzir os níveis de adrenalina e noradrenalina em humanos, sugerindo mudanças na ativação do sistema nervoso autônomo, resultando também na diminuição da pressão arterial e capilar pulmonar e nos níveis de ansiedade estado (COLE et al., 2007). Também, segundo Reed et al., (2012), foi encontrada uma redução significativa (de 58 a 10%) no Cortisol ao Despertar de 42 crianças com Desordem do Espectro Autista (DEA), demonstrando a capacidade dos animais em atuar na redução dos níveis de estresse dos pacientes. A terapia assistida por animais, em geral, pode servir como

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auxílio no tratamento de diversas patologias como síndromes genéticas, hiperatividade, depressão, autismo, lesão cerebral, entre outras.

Buscando contribuir com suas demandas sociais e regionais, o Projeto de Extensão Zooterapia ocorre desde o início de 2015 através de uma parceria de cooperação entre o IFC – Campus Rio do Sul com a APAE de Rio do Sul juntamente com o Projeto de Extensão Equoterapia Aliança, que ocorre desde 2013.

Material e Métodos

Os projetos têm por objetivo integrar espécies de animais utilizadas como meio de terapia aos pacientes, podendo favorecer em vários aspectos sua qualidade de vida, como coordenação motora, verbalização, autoestima e socialização. As sessões acontecem às quartas feiras nos períodos matutino e vespertino. Os praticantes atendidos são alunos que frequentam a APAE. Atualmente os projetos atentem 11 praticantes, sendo que quando se realiza a sessão equoterápica com um praticante, os demais estão sob os cuidados da restante da equipe em ambiente lúdico, com estímulos de jogos e brinquedos adequados, incluindo assim outros animais terapeutas. Os animais utilizados na zooterapia são os disponíveis na instituição nos setores de zootecnia como, por exemplo, coelhos, cordeiros, galinhas, leitões e terneiros. São utilizados filhotes facilitando o manejo e por serem mais atrativos. Os cavalos são exclusivos do projeto equoterapia e estão em constante treinamento e dessensibilização. Os animais possuem a supervisão veterinária e zootécnica quanto o seu estado de saúde e docilidade, zelando pelo bem-estar destes e principalmente pela segurança dos assistidos, sendo que os projetos possuem protocolo aprovado pelo Comitê de Ética em Uso de Animais/CEUA – IFC – Campus Rio do Sul.

A organização das terapias assistidas segue a metodologia de grupo ou individual dos pacientes. O IFC é responsável por disponibilizar a infraestrutura, alojar, manejar e manter os animais terapeutas, profissionais de educação, equitação, zootecnista, médica veterinária e técnico agrícola. Existe ainda o envolvimento de alunos do IFC, sendo bolsistas e monitores de nível médio integrado. A APAE disponibiliza uma equipe multiprofissional composta por fisioterapeuta, fonoaudióloga, psicóloga, pedagoga e estagiários das mais diversas áreas. O projeto conta ainda, com a colaboração de servidores da área de medicina, assistência social, técnicos agrícolas e técnicos administrativos. Nas sessões são utilizados recursos e materiais pedagógicos, lúdicos e terapêuticos para facilitar e motivar a participação ativa dos praticantes na terapia, seguindo os objetivos propostos para cada praticante, planejados pela equipe e respeitando as capacidades e limitações implícitas a cada caso.

Resultados e discussão

São notórias as melhorias geradas aos praticantes no âmbito do desenvolvimento sensório-motor, audição, interação, afetividade e aprendizado. (MARTIGNANGO et al., 2015). Foram observados resultados referentes ao comportamento dos praticantes, onde fica evidente o prazer que a prática proporciona, tornando-os sujeitos ativos no processo de habilitação e reabilitação, bem como o desenvolvimento da afetividade, autoconfiança e o vínculo com os terapeutas (MARTIGNANGO et al., 2015). Além disso, houveram aumentos

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significativos da atenção durante as atividades desenvolvidas como o estímulo de padrões motores adequados. Apresentou-se a repercussão local do projeto cujo objetivo primário é a melhora da qualidade de vida dos praticantes e consequentemente de seus familiares. Por meio da inclusão social destes, observa-se também a redução da desigualdade e exclusão social. Deve-observa-se destacar que todos os benefícios mencionados provêm de registros dos profissionais envolvidos nos projetos por meio de artigos, e, somente são possíveis, pois o método é executado em conjunto com outras terapias convencionais.

Conclusão

Assim, o IFC e APAE estão promovendo ações em prol da equalização de oportunidades, ao acesso de programas que visam a melhoria da qualidade de vida das pessoas, e que serve como base para a sociedade se preparar para lidar com questões conflitantes, tais como, a aceitação das diversas formas de deficiências, a superação de paradigmas sociais, assim, o nível macro desta inovação social poderá ser atingido. Neste sentido, estas unidades públicas podem contribuir para os processos de inovação social, cuja parceria com outros atores sociais ao visualizar as necessidades, expectativas e aspirações tornam o fenômeno inovação social plausível, conforme averiguados na formulação e implantação dos projetos. Esta aliança gerada entre os dois parceiros serve como ponto de ancoragem para a solidariedade e novas práticas locais, integradas pela participação dos atores sociais nos mecanismos de tomada de decisões que sustentam esta inovação, resultando em realizações e melhorias na qualidade de vida dos praticantes, dos seus familiares, como nas novas relações sociais dos profissionais envolvidos.

Conclui-se então, que desde o processo de concepção dos projetos de extensão, nascidos da cooperação de duas entidades que buscaram capacitar seus profissionais, adaptar as estruturas existentes e conscientizar a todos sobre a importância do método, alavancando recursos e voluntários, tem auxiliado no processo de aprendizagem coletiva de todos os envolvidos, transformando direta ou indiretamente a comunidade em que vivem. Tem proporcionado melhoras relevantes nos padrões positivos de comportamento dos praticantes, contribuindo consideravelmente na qualidade de vida dos mesmos e também dos familiares. No entanto, preconiza-se a realização de testes avaliativos a fim de mensurar quantitativa e qualitativamente estes benefícios quanto às áreas educacionais, psicológicas, fisioterápicas e da fonoaudiologia.

Referências

ANDE-BRASIL/ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA. Manual do Curso

Básico. Brasília, 2012.

BRASIL. Casa Civil. Decreto nº. 19.851, de 11 de abril de 1931. Brasília, 1931. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/D19851.htm. Acesso em: 25/08/2015.

BRASIL. Casa Civil. Lei 11.882, de 23 de dezembro de 2008. Brasílila, 2008.

Disponível em:

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BERNHEIM, Carlo Tunnerman. El Nuevo concepto de extension Universitarya y Difusion Cultural y su relacion con las politicas de desarrollo cultural en America Latina. In: Anuario de Estudios Centroamericanos. México: CSUCA, 1978. p. 93-126.

CAETANO, E.C.S. As Contribuições da TAA – Terapia Assistida por Animais á Psicologia. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, Paraná, 2010.

COLE, K.M. Animal assisted therapy in patients hospitalized with heart failure. American Journal Of Critical Care. v. 16, n. 6, 2007.

CONIF. Extensão Tecnológica: Rede Federal de Educação Profissional, Cientifica e Tecnológica. Cuiabá: IFMT, 2013.

DUQUE, J.A.V. Actividades y terapia asistida por animales desde la mirada del modelo de ocupación humana. Rev Chil Ter Ocup. v. 11, n. 1, 2011. p. 29-36.

DOS ANJOS, Mônica de Caldas Rosa. Fronteiras na construção e socialização do conhecimento científico e tecnológico: um olhar para a extensão universitária. Tese

de pósgraduação. Florianópolis, 2014.

FARACO, C. B.; SEMINOTTI, N. A Relação Homem-Animal e a Prática Veterinária.

Revista Conselho Federal de Medicina Veterinaria. v. 10, n. 32, 2004. p. 57-62.

FEAPAEs. Estatuto da federação nacional das APAEs. São Paulo, 1962. Disponível em: <http://www.apaeminas.org.br/arquivo.phtml?a=12538>. Acesso em: 28 ago. 2015.

FINE, A. Theorical foundations and guidelines for practices. Handbook on Animal

Assisted therapy. California: Academic Press, 2000. p. 42-56.

FREIRE, Paulo, ¿Extensión o comunicación? La concientización en el medio rural. Buenos Aires: Siglo XXI, 1973.

FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? Tradução de Rosisca Darcy de Oliveira, prefácio de Jacques Chonchol 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983 (O Mundo Hoje, v. 24).

IBGE. Cartilha Do Censo 2010 Pessoas com Deficiência. Disponível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/publicacoes/cartilha-censo-2010-pessoas-com-deficienciareduzido.pdf>. Acesso em: 30 jun. 2015.

MARTIGNANGO, et al. Benefícios da Equoterapia em Crianças com Deficiência Intelectual e Múltipla. Revista de Extensão do Instituto Federal Catarinense. Blumenau, Ano 2, n. 3, 2015.

VACCARIL, A.M.H; ALMEIDA, F.A. The importance of pets’ visit in recovery of

hospitalized children. São Paulo, 2007.

REED, R. et al. Curadores naturales: una revisión de la terapia y actividades asistidas por animales como tratamiento complementar de enfermedades crónicas.

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