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Avaliação fonoaudiológica na doença de Wilson com relato de caso ilustrativo

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Revista Brasileira de Neurologia » Volume 48 » Nº 3 » jul - ago - set, 2012 » 11

Avaliação fonoaudiológica na doença de

Wilson com relato de caso ilustrativo

Phonoaudiological evaluation in Wilson´s disease with illustrative

case report

Simone Monteiro Palermo de Oliveira Viana - Fga - MSci

1

Izabel Cristina Constantino Bastos - MD - Msci

2

Maria Filomena Xavier Mendes - MD - Msci

3

Danielle Rodrigues

4

1Fonoaudióloga pesquisadora, INDC / UFRJ - ambulatório de pesquisa e assistência a doenças do neurônio motor e do distúrbios do movimento, especializada

em Àudio-comunicação, Audiologia, Psicomotricidade, Fonoaudiologia hospitalar, mestre em Neurologia UNIRIO, perito judicial

2Neurologista INDC / UFRJ, mestre em Neurologia UFRJ

3Neurologista, médica do Serviço de Homeopatia do hospital da Lagoa, mestre em Neurologia UFRJ, coordenadora do ambulatório da ABRAH-RJ, professora

do curso de formação da ABRAH-RJ

4Acadêmica de Fonoudiologia UFRJ, ambulatório de DNM e distúrbio dos movimentos INDC/UFRJ.

Endereço para correspondência: simone_palermo@hotmail.com

Resumo

A doença de Wilson (DW) é uma doença genética, autossômica recessiva, causada por mutações no gene ATP7B que atua na excreção biliar do cobre. A falência desta via provoca alterações no metabolismo do cobre no organismo pelo comprometimento da síntese de ceruloplasmina, provocando a deposição do metal em vários locais do organismo principalmente, fígado, cérebro, córnea e rins. O paciente como consequência pode apresentar manifestações neurológicas, psiquiátricas, hepáticas e de outros sistemas.

O presente relato visa mostrar a avaliação fonoaudiológica e descrever a disartria em paciente com DW, que apresentou os primeiros sinais da doença com quadro súbito de catatonia, algia em membros superiores e inferiores, seguidos por alteração da fala, marcha e deglutição.

A avaliação fonoaudiológica da articulação constou das cinco bases motoras da fala. Foi utilizado também o exame tempo máximo fonatório (TMF), visando avaliar o fluxo aéreo, a musculatura laríngea, a eficiência glótica e o suporte respiratório para a fala. Utilizou-se também a avaliação e inspeção da musculatura orofacial. Foram detectadas as seguintes alterações nas bases motoras da fala: articulação: alteração da extensão na produção de fonemas; precisão de vogais; extensão da frase; respiração: alteração na coordenação pneumofonoarticulatória; ressonância: nasalidade; fonação: alteração do fluxo aéreo e da musculatura laríngea; comprometimento do suporte respiratório e travamento articulatório; prosódia: alteração na velocidade da leitura de textos, entonação e marcação de prosódica de sílaba tônica.

Acredita-se que o processo de terapia para disartria deve ser intensivo, onde se conclui que os benefícios do acompanhamento fonoaudiológico têm relação direta com frequência e o tempo da realização dos mesmos.

Palavras-chave: doença de Wilson, disartria, avaliação fonoaudiológica.

Abstract

Wilson´s disease (DW) is a genetic, recessive autosomal disease, caused by mutations of the ATP7B gene that acts in the biliary excretion of copper. The failure of this pathway causes changes of copper metabolism in the organism by impairing the ceruloplasmin synthesis, and leading to deposition of the metal in various sites of the organism, mainly liver, brain, cornea and kidneys. The patient, as a consequence, can present neurological, psychiatric, hepatic manifestations, as well as of other systems.

The present report aims at showing the phonoaudiological evaluation and to describe the dysartria in a patient with WD who displayed the first signs of the illness with sudden catatonia and pain in the superior and inferior limbs, and changes of speech, gait and swallowing.

The phonoaudiological evaluation included the five motor bases of speech. The examination of the maximum phonatory time (MPT) was also used to evaluate the aerial flow, the laryngeal muscle, the glottic efficiency, and the respiratory support of speech. The evaluation of orofacial muscle was also accomplished. The following changes in the motor bases of speech were detected – articulation: extension in the production of phonems, precision of vowels, extension of the phrase; breath: changes in the pneumophonoarticulatory coordination,; resonance: nasality; phonation: changes of the aerial flow and of the laryngeal muscle; respiratory support for speech prosody: changes in the speed of the reading texts, tune and marking of tonic syllable prosody.

It is believed that the therapeutic process for dysartria must be intensive, and the benefits of phonoaudiological follow-up bears a direct relation with the frequency and time of its accomplishment.

Keywords: Wilson´s disease, dysarthria, fonoaudiologic evaluation.

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tratamento. A dose usual é de

10 mg/dia. Pode ser aumentada até um máximo de 20 mg/dia, se necessário. iniciar com 5 mg

antes de aumentar para 10 mg/ dia.Aumentar máximo de 20 mg/ dia, se necessário. A dose usual é de 10 mg/dia. Dependendo da resposta individual, decrescer para 5 mg/dia ou aumentar até um máximo de 20 mg/dia. Considerar uma dose máxima de até 10 mg/dia. Não usar o nesta polulação. Recomenda-se cautela apenas em pacientes com a

função renal gravemente reduzida. Iniciar com 5 mg/dia e aumentar para 10

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o/2012

Contra-indicação: hipersensibilidade ao escitalopram

(2)

Introdução

A Doença de Wilson (DW) é uma doença

metabólica envolvendo o processamento inadequado

do cobre no organismo, que resulta em um acúmulo

do mesmo no tecido hepático, cerebral e corneano,

entre outros

8.

O distúrbio é o resultado de um comprometimento

raro, cromossomial recessivo no gene ATP7B,

ocorrendo em aproximadamente 1 a cada 80.000

indivíduos

13.

O curso da doença tem início na idade

adulta

13,

ocorrendo em maior frequência no sexo

masculino

15.

Os sinais e sintomas mais comuns da doença são

quadros parkinsonianos e de outras hipercinesias

13,

que podem expressar clinicamente disartria,

tremor, dificuldades na escrita, marcha atáxica,

disdiadococinesia, distonia, rigidez, face em

máscara, bradicinesia, disfagia hepatomegalia,

esplenomegalia e trombocitopenia

1.

A disartria é um dos sintomas neurológicos mais

precoces na DW. Tem sido relatada ocorrendo em

51-81% dos pacientes

13

. É uma desordem motora da

fala, sendo decorrente da lesão do sistema nervoso

central e/ou periférico, que provoca alterações das

cinco bases motoras da fala: respiração, fonação,

articulação, ressonância e prosódia.

A fala desordenada na DW toma a forma de

uma disartria mista, consistindo, principalmente de

componentes espásticos, atáxicos e hipercinéticos

7.

Starosta-Rubistein et al. (1987) relatam uma

distonia hipercinética lenta em graus variados e

que a combinação de tipos de disartrias e o nível

de severidade variam amplamente entre indivíduos

com a doença

3.

O objetivo do trabalho é apresentar protocolo

de avaliação fonoaudiológica e descrever a disartria

na DW, ilustrado por caso do ambulatório de

Fonoaudiologia do Instituto de Neurologia

Deolindo Couto da UFRJ,

Metodologia

Caso clínico - descrição

Paciente com 26 anos de idade, sexo masculino,

em acompanhamento no Serviço de Neurologia do

Instituto de Neurologia Deolindo Couto / UFRJ, com

diagnóstico médico de doença de Wilson, apresentou

os primeiros sinais e sintomas da doença aos 21 anos

com quadro súbito de catatonia, algia em membros

superiores e inferiores. Os primeiros sintomas foram

alterações da fala, marcha e deglutição.

l

Antecedentes pessoais: bronquite

l

Antecedentes familiares: tios e parentes com alteração

comportamental; bronquite.

l

Exame clínico geral: sem alterações

l

Exame neurológico: hiporreflexia profunda nos 4

segmentos, dismetria e disdiadococinesia em MSD,

aumento importante da base de sustentação à

marcha, nervos cranianos: paresia de palato, quadro

de riso imotivado.

l

Exame de laboratório: 05 / 2007 (Laboratório Lípase),

cobre sérico: 55.1, ceruloplasmina < 2.0.

Exame oftalmológico: 05/2007 - (Policlínica de

Botafogo), depósitos corneanos profundos de cobre

(anel de Kayser-Fleischer em formação).

l

Ressonância magnética de crânio – 03/2008. Alteração

do sinal acometendo núcleos lentiformes, tálamo e

substância cinzenta periaquedutal, associado à grande

componente atrófico nestas regiões. Alargamento das

cisternas, cissuras e sulcos corticais com aumento dos

ventrículos supratentoriais. Achado incomum nesta

faixa etária. O conjunto de achados em correlação

com a história clínica são compatíveis com doença

de Wilson.

Avaliação fonoaudiológica

Avaliação da musculatura e inspeção orofacial

(Casanova, 1997). Musculatura cuticular da face

examinada no repouso e ao movimento voluntário,

musculatura mastigatória e da orofaringe, inspeção da

cavidade oral: língua, dentes, oclusão dentária, inspeção

do palato duro, posição em repouso do palato mole e

sua movimentação ao emitir a vogal /a/.

Avaliação da disartria - cinco bases motoras da

fala (Ortiz, 2005).

Compreende respiração, fonação, ressonância,

articulação e prosódia.

Tratamento

Foram realizadas sessões de terapia uma vez na

semana, com duração de 45 minutos A cada sessão

foram propostos exercícios para as cinco bases motoras

comprometidas na disartria. O paciente recebeu

instruções para a realização de uma lista de exercícios

diários para serem realizados em casa.

(3)

Resultados

Os Quadros 1 e 2 apresentam os resultados do

exame fonoaudiológico datado de 04/2009 relacionado

à avaliação e inspeção da musculatura orofacial e das

Bases motoras da fala.

Quadro 1. Avaliação da musculatura e inspeção orofacial (Casanova, 1997).

Avaliação e inspeção orofacial Resultados

Oclusão dentária má oclusão

Palato duro atrésico

Palato mole mobilidade insuficiente

Língua tônus disto

Lábios hipodesenvolvidos

Sialorréia presente

Mandíbula retrognatismo

Força da mordida alterada

Reflexo de deglutição (Viana, 2010) presente

Reflexo protetivo (Viana, 2010) presentes (tosse e pigarreio)

Quadro 2. Avaliação das Bases motoras da fala (Ortiz, 2005).

Bases motoras Itens avaliados Resultados

Coordenação pneumofonoarticulatória alterada

Inspiração/ expiração forçada ausente

Respiração Inspiração audível ausente

Tipo respiratório costal superior

Ritmo lento

Intensidade superficial

Precisão de consoante ausente

Extensão de fonemas prolongada

Precisão de vogais ausente

Extensão de frases ausente

Articulação Inteligibilidade presente

Velocidade da fala lenta

Fluência alterada

Ritmo de fala bradilalia

Flutuação na frequência presente

Intensidade alterada

Movimento velar insuficiente

Ressonância Função do esfíncter velofaríngeo prejudicada

Nasalidade presente

Velocidade da leitura lenta

Prosódia Entonação excessiva

Marcação de sílaba tônica ausente

Marcação de elemento principal da frase ausente

Fonação

Tempo máximo fonatório (Behlau & Pontes, 1995) /a/ 10s; /i/ 11s; /u/ 11s MT 10.6s

/s/ 5s; /z/ 6s; s/z 0.8s contagem de números: 8s

Alteração do fluxo aéreo e da musculatura laríngea, comprometi mento do suporte respiratório, travamento articulatório.

(4)

Discussão

Berry et al. (1974) identificaram desvios de

características perceptivas da fala com vários componentes

de disartria espástica, hipocinética e atáxica na disartria

associada à DW. Ênfase reduzida, pitch (sensação

subjetiva de frequência) e loudness (sensação subjetiva

de intensidade) foram consistentes com o desvio das

características prosódicas predominante na disartria

hipocinética

5

, enquanto pausas impróprias, exclusivas

de indivíduos disártricos hipocinéticos, também são

evidentes em indivíduos com DW

8

. A disfunção

fonatória evidenciada pelo pitch grave, qualidade vocal

tensa e aspereza foram observadas presentes no início

da fonação destes pacientes e considerada refletindo

hipertonia laríngea similar à observada em indivíduos

com disartria espástica

3

.

A hipernasalidade presente na fala de indivíduos

com DW é compatível com a disartria espástica e foi

verificada no caso apresentado (Quadro 2).

Os elementos do excesso prosódico compreendendo

velocidade lenta, fonemas e intervalos prolongados e

ênfase excessiva aparentes na fala destes indivíduos são

consistentes com dimensões de desvio associadas com

disartria atáxica

5

. Interrupções articulatórias detectadas

em indivíduos disártricos atáxicos foram também

demonstradas em pacientes com DW. As manifestações

da articulação da palavra relatadas estão presentes no

caso e apresentadas no Quadro 2.

Diagnósticos precoces da DW antes que danos

neurológicos permanentes tenham ocorrido junto

com o tratamento por meio de drogas e dieta pobre

em cobre podem reverter vários sintomas disártricos

em pacientes com DW, diagnósticos tardios levam a

anartria completa

6,11

.

O presente trabalho mostra a avaliação do paciente

no que diz respeito à disartria e foi executada através dos

protocolos de Casanova

4

(Quadro 1), Ortiz

9.10

(Quadro

2) e a fonação (TMF) foi avaliada segundo Behlau &

Pontes

2

(Quadro 2).

As avaliações apresentadas (Quadro 1 e 2) foram

selecionadas por terem sido consideradas completas

e objetivas, elucidando aspectos relevantes quanto à

respiração do paciente, fonação, ressonância, assim como

a articulação e prosódia.

Ortiz (2005)(10) propõe análises completas sobre a

respiração, a velocidade, tipo respiratório e capacidade

vital.

A avaliação de Ortiz também faz uso do teste tempo

máximo fonatório (TMF) Behlau & Pontes

2

, Quadro

2, que tem o objetivo de verificar a função laríngea. O

exame TMF avalia os fones /a/, /i/,/u/,/s,/z/, faz a análise

da relação s/z verificando a coaptação das pregas vocais

durante a fonação e através da contagem de números é

examinado o escape de ar durante a fala encadeada e o

travamento articulatório, ou seja, o objetivo é verificar a

eficiência glótica e a dinâmica da respiração em pacientes

com desordens que cursam com alterações da fonação.

Tal exame é utilizado como rotina no ambulatório

de Fonoaudiologia do INDC/UFRJ em pacientes

com doenças neurológicas que cursam com disartria

e disfagia, pois, além de avaliar a eficiência glótica e a

dinâmica da respiração do paciente na fonação, é possível

ser verificado o controle respiratório do mesmo para

realizar uma deglutição segura. É importante ressaltar

que o fato relatado foi observado no ambulatório de

Fonoaudiologia do INDC/UFRJ, durante a pesquisa e

assistência aos pacientes com doenças neurológicas que

cursam com disfagia

14

. É também pertinente relatar que

o paciente sem suporte respiratório fica com o controle

da deglutição alterado e portanto sujeito a intercorrências

no ato da deglutição

14

.

Enfatizou-se a importância da frequência da

realização dos exercícios em função da terapia semanal.

Acredita-se que o processo de terapia para disartria deve

ser intensivo.

Conclusão

A disartria é uma desordem motora da fala, sendo

decorrente da lesão do sistema nervoso central e/

ou periférico, que provoca alterações das cinco bases

motoras da fala: respiração, fonação, articulação,

ressonância e prosódia.

A fala na doença de Wilson é desordenada e toma a

forma de uma disartria mista acarretando componentes

espásticos, atáxicos e hipocinéticos

As alterações das cinco bases motoras da fala

detectadas no caso foram - articulação: alteração na

extensão da produção de fonemas, precisão de vogais,

extensão da frase; respiração: alteração na coordenação

pneumofonoarticulatória, suporte respiratório para a

fala; ressonância: nasalidade; fonação: alteração do fluxo

aéreo e da musculatura laríngea, comprometimento do

suporte respiratório, travamento articulatório; prosódia:

alteração na velocidade da leitura de textos, entonação

e marcação de prosódica de sílaba tônica.

(5)

Acredita-se que o processo de terapia para disartria

deve ser intensivo.

A fonoaudiologia pode intervir de maneira valiosa

na doença de Wilson, no que diz respeito aos distúrbios

relacionados à fala e a deglutição, contribuindo para a

melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

Referências

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