Especial
Enologia
2
os
vencedores
são...
147
vinhos
de
todas
as
regiões do
país
A
sexta
edição
da Gala
Uva
de
Ouro aconteceu no Hotel Altis Belém.
Numa
"sunset
party",
o
evento foi
ao
encontro
de algo
que
os
especialistas
em
geral dizem:
"O
vinho português
está
na moda"
Isaltina Padrão? Tintos, brancos eroses; tranqui-los, espumantes efortificados. A verdade éque todos (emais alguns) fizeram questão de estar presentes na 6.8
edição da Gala UvadeOuro, realizada aofinal da tarde de sexta-feira, no Hotel Altis Belém. Ao todo,
foram
147 os vinhos premiados, numa seleção composta por mais de500referências provenientes de norte asul de Portugal.Numa sunset party na esplana-da, com direito apassadeira verme-lha, cool jazz ebossa-nova, não ha-via participante ou convidado que não tivesse
um
copo devinho
na mão. Indo ao encontro dateoria ge-neralizada de que ovinho,designa-damente
oportuguês,
está namoda, achou-se apropriado que o evento se realizasse
num
local acondizer com atendência desta be-bida dos deuses. "Sem dúvida algu-ma que ovinho português está na moda esua qualidade justifica que assim seja", refere António Ventu-ra, presidente da Associação Por-tuguesa de Enologia, para quem "fez todo osentido que a
celebra-ção se realizasse num espaço tão prazeroso como este, voltado para
afrente ribeirinha.
Um
local in, di-gamos".Foi, pois,
num ambiente
algo glamoroso mas descontraído queseprocedeu àentrega dosprémios daquilo a que vários dos presentes chamaram "a festa dos vinhos na-cionais". Efesta que éfesta tem pré-mios à mistura. Foram, pois, duas as
categorias medalhadas: excelência
emelhor da região. Os53 "excelen-tes" subiram ao palco com o Tejo em pano de fundo ereceberam o
Trofeu Uva de Ouro 2018. lá os 94 "melhores" levaram para casa
um
certificado que atesta asua quali-dade. No final, ejácom o galardão na mão (no caso do Prémio Exce-lência), nãopodia faltar afoto de fa-mília nas respetivas categorias.
Os rostos sorridentes comprova-vam afelicidade dos contemplados em verem oseutrabalho reconhe-cido. No entanto, namaioria dos
ca-sos, não eram reveladores de sur-presa. Nem para os congratulados nem para quem é
um
entendedor numamatéria
tão específica. É ocaso de Manuel Malfeito Ferreira, professor no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, que dáasua opinião sobre o assunto: "Como já conhecia os vinhos, jáestava à es-pera de que os resuítados fossem mais ou menos estes.
Um
vinho Es-porão ouum
da CasaErmelinda
Freitas ganhar prémios nãome sur-preende. A maioria dos premiados
são produtores de referência que, habitualmente, recebem prémios a
nível nacional einternacional. No entanto, houve uma meia dúzia de vinhos que não conhecia efiquei bastante surpreendido pela positi-va. Ésinal deque hánovos ebons
produtores nomercado etodos ga-nhamos com isso."
Mas até aomomento da entrega dos trofeus e dos certificados
mui-to caminho houve apercorrer. O re-sultado de
um
ano de trabalho por parte de todos osprofissionais liga-dos àvitivinicultura começou por ser avaliado numa prova cega rea-lizada a 6 e7de junho, emLisboa.Passadas seis edições do Con-curso Uvade Ouro, bem como da gala com omesmo nome, esta
ini-ciativa do Continente, em parceria com o DN, o
IN
ea TSF, teve uma vezmais a chancela do Instituto da Vinha edoVinho, oque comprova "aimportância e o reconhecimen-to desta iniciativa junto dosconsu-midores".
Aopinião
deAníbal
Coutinho, ocoordenador ediretor técnico daprova cega que se rea-lizou durante duas manhãs, vai ao
encontro
da dosintervenientes
neste desafio. De salientar que na prova cegaparticiparam enólogos,
escanções, professores catedráti-cos, alunos de viticultura e enolo-gia econsumidores.
Ese nos dias das provas Aníbal Coutinho andava
num frenesim
próprio dequem éresponsável por
organizar
algoimportante
e que mexe com avida
de muitaspes-soas, já nasexta-feira erabem visí-vel asua felicidade enquanto con-vivia animadamente com todos os
presentes na gala. Este responsável explicou-nos oque lhe iana alma
enquanto,
claro está,bebia um
copo devinho. "Esta felicidade
de-riva
deum sentimento
dedever
cumprido. Eu sou muito grato ao setor. Quando vejo oresultado de
um
trabalho trazer benefícios para quem já fez tanto pormim
é claro que fico muito feliz", diz, enquanto a festa continua. E é oconvívio, osol que vai baixando eamúsicaam-biente que vãobem com
um
copode vinho, sobretudo quando este tem amarca Uva de Ouro.
•
"Cool jazz" ebossa nova juntaram-se aoque muitos dos presentes
chamaram "festa dos vinhos nacionais". Abanda, que ajudou acriar um ambiente festivo, foi das últimas convidadas aarredar pé do evento realizado ao final datarde numa esplanada virada para oTejo.
Especialistas
garantem
quehá
vinhos
para
agradar
a
todos
os
paladares
PERSONALIZAR Profissionais do setor
dizem queépossível fazer vinhos à
medi-da dogosto decada consumidor. Até por-que há nichos de mercado.
"Nós temos vinhos para todas as
ida-des,todas as situações etodas as bolsas." Quem odiz éLeonor Freitas, dona daCasa Ermelinda Freitas, localizada na península dos vinhos deSetúbal. Eépossível traçar
deantemão operfil do consumidor de
de-terminado tipo de vinho? Aresposta, entre
osespecialistas, tende a ser afirmativa. "Hoje em dia, com atecnologia que te-mos épossível fazer os vinhos
garan-te Manuel Malfeito Ferreira, professor no
Instituto Superior deAgronomia, em
Lis-boa, salvaguardando que "existe uma
maioria que temgostos mais conhecidos dos técnicos. São aqueles aque eu
cha-mo 'gostos globais'".
Contudo, ecomo acontece com quase todos os produtos (livros, discos, vestuário),
é possível personalizar. E oprofessor dá dois
exemplos quetêmconsumidores denicho.
0 vinho de talha doAlentejo nãoé, no
entender deste enólogo, direcionado
para toda agente. E explica porquê: "É um vinho mais agressivo na boca (não
no sentido depreciativo) edestina-se a um grupo de consumidores que
enten-de essa agressividade."
Mais um exempío de vinhos para mer-cado denicho sãoos Rufete da Beira
Inte-rior. Deacordo com Malfeito Ferreira, "es-tamos perante vinhos tintos mais abertos
de cor, como os Pinot Noir (da Borgonha), que são muito valorizados a nível
interna-cional". Ou seja, mais vinhos que se
desti-nam a um nicho de mercado.
António Ventura, presidente da
Asso-ciação Portuguesa de Enologia, garante
que "um enólogo tem sempre emlinha de
conta o perfil doconsumidor". Seovinho
éjovem, frutado etem alguma doçura e
suavidade, àpartida destina-se a consu-midores iniciantes. Por outro lado, frisa, "se ovinho émais mineral, mais
estrutu-rado, com fermentação em barricas de madeira, tudo leva a crer que quem ovai
consumir será um connaisseur [alguém
jáentendido em vinhos]".
Desta forma, eao que tudo indica, há
vinhos evinhos enemtodos servem para
testemunhos
O que alguns especialistas têm a dizer relativamente ao mercado dos vinhos nacionais esobre aimportância do Prémio Uva de Ouro, que vai já na sua 61edição: de que forma contruibui para amelhoria daqualidade do vinho português epara ado de cada produtor de forma individual.
Setúbal
é
referência
fC
Queremos
acreditar
que™™
quando
sefala
em vinho
por-tuguês
já
sepensaem vinhos da
Pe-nínsula
de Setúbal.A
não ser assim,seria
muito estranho
a Sonaededi-car-nos
um
espaçopersonalizado
em
todas as suas lojas.
Além
disso, temos noçãodaquele
que é o nosso peso nas vendasnacionais.
Osvinhos
deSetú-bal
são, semdúvida
uma referência
no
mercado
nacional.
Henrique Soares
Presidente da CVR Península deSetúbal
Preocupação
em ensinar
a
beber
Temos
vinhos para
todas as™
idades, todas as situações e
to-das asbolsas. A Casa
Ermelinda
Frei-tas
tem um grande leque
devinhos
para
ir
aoencontro
de todos oscon-sumidores.
Cada vezmais queremos
chegar aos jovens, temos a
preocupa-ção de
ensinar
abeber
eem passar a mensagem debeber
commoderação.
Anossa
principal
aposta éconseguiruma
boarelação
qualidade/preço.
Leonor Freitas
Contemporal
é
um projeto
vencedor
Hoje,
com oknow
how
que™™
existe emPortugal,
com as uvas eatecnologia
que temos, épos-sível que
um grande vinho
chegue aoconsumidor
aum
preçomuito justo.
Porexemplo,
amarca Contemporal
(marca
exclusiva doContinente)
éuma marca bem estabelecida,
comuma relação
qualidade/preço
muito
acima
damédia.
Tem sidoum projeto
vencedor.
Jaime Quendera
Produtor do Vinho Contemporal
Vinho
varia
de
ano
para ano
jC
Osprémios
sãoum
feed-™™
back
ecom esse
feed-back
gerimos
o nossodia
adia,
apróxima
vindima,
aprodução
quefazemos
e oestilo
dovinho
que faze-mos. Até
porque
ovinho
éum produto com
tendência
a serdiferente
de anopara
ano.
Nãohá
nenhum
anoigual.
Mas o
mais
importante
éque ovi-nho provoque boa emoção em quem
o
prova.
Pedro Pereira Gonçalves