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TURISMO DE HABITAÇÃO COMO DEFESA E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO

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“TURISMO DE HABITAÇÃO COMO DEFESA E

PRESERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO”

12 de Dezembro de 2003 Instituto de Defesa Nacional

O Turismo de Habitação nasceu em boa hora com o objectivo de recuperar o património privado e colocá-lo ao serviço do turismo, sobretudo em zonas interiores, dando origem ao que hoje se chama o Turismo no Espaço Rural.

Não vou perder-me nas definições das modalidades de turismo, porque estas estão constantemente a modificar-se dependendo da interpretação e das políticas para o sector. Uma coisa é certa, o Turismo de Habitação gerou uma nova forma de fazer turismo em Portugal, aliado ao factor da obrigatoriedade da presença do dono da casa e de uma forma familiar de receber, conferindo-lhe características únicas que o distingue de outros tipos de alojamento turístico tornando-o num verdadeiro produto turístico.

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O desenvolvimento do Turismo de Habitação correspondeu a uma dupla necessidade: conservar o património arquitectónico e responder à procura de alojamento turístico de qualidade nas zonas rurais; mas também, foi o resultado duma atracção partilhada entre o proprietário e o seu hospede pelo património histórico, por uma maneira familiar de receber e naturalmente por um certos modo de vida, próprio destas casas.

Casas de família que ao longo da nossa história tiveram um papel preponderante no desenvolvimento das aldeias e regiões em que se encontram, que constituíram pólos de ensinamento, cultura e apoio social, e que com a evolução dos tempos e da sociedade, passaram a ser residências secundárias, muitas vezes abandonadas.

O Turismo de habitação veio reconstruir as paredes e sobretudo devolver o calor e a vida que em muitas delas se tinham perdido, granjeando o respeito e a admiração das populações vizinhas e sendo exemplo para o exercício de uma nova actividade.

Vimos assim rapidamente alongar-se a recuperação do património às casas rústicas e o envolvimento das populações rurais num projecto que representa uma atitude inovadora e que contribui para um desenvolvimento integrado.

Vivemos o culto dos valores, da preservação das tradições e da nossa história e numa época em que cada vez mais temos necessidade da sua afirmação, quem melhor do que o Turismo de Habitação para reflectir este estado de alma?

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O Turismo de Habitação é, assim, uma arma poderosa para apoiar uma estratégia de promoção de imagem de Portugal no estrangeiro, devendo continuar a ser apoiado e sobretudo ser-lhe dado o lugar e o relevo que merece.

No entanto as preocupações subsistem e isto porque nem sempre a prática corresponde ao conceito porque nos regulamos. Aquilo que verificamos é que sob a capa do Turismo de Habitação estão em funcionamento certas casas que não correspondem minimamente à oferta que temos vindo a construir e que prejudicam seriamente o nosso produto colocando em risco o seu prestígio e qualidade.

Necessitamos urgentemente da aprovação de normas de qualidade que garantam uma certa homogeneidade na oferta e que não se licenciem casas que não obedeçam aos requisitos mínimos para a sua prática.

Estamos igualmente preocupados com os impactos turísticos, principalmente com o impacte ambiental.

A poluição sonora tem sido motivo constante de apelo por parte dos nossos associados sobretudo no que respeita aos relógios electrónicos que batem as horas de quarto em quarto de hora ou altifalantes nas festas de aldeia que transmitem música rock em altos decibeis.

A poluição da paisagem é perfeitamente assustadora:

• Por mais verdejante e luxuriante que seja a vegetação não consegue esconder verdadeiras teias de cabos electrónicos e de telefones;

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populacionais, quer inclusivé em áreas protegidas, agridem-nos permanentemente;

• A limpeza das nossas vilas e aldeias, nem é bom falar, cabe aqui um elogio à nossa querida vila de Ponte de lima que recebeu a Bandeira Verde, símbolo das cidades e vilas mais limpas de Portugal.

Urge criar medidas, mas principalmente sensibilizar e educar uma vez que muitos destes problemas se resolvem apontando exemplos e enaltecendo iniciativas, transformando-as em referencial para formas de actuação.

Uma associação existe para defender o interesse dos seus associados e só existe se os seus órgãos funcionam regularmente; se apresenta um Plano de Actividades e Orçamento, se apresenta Relatório e Contas dos seu exercícios e se tem uns estatutos que cumpre.

Uma associação só existe se consegue incutir o espirito associativo nos seus membros, constituindo uma parceria activa, respeitando e fazendo respeitar as regras de funcionamento e controlando a qualidade da oferta. O associativismo é outra preocupação que necessita de ser clarificada. Uma associação só existe se promover globalmente o produto turístico, se não individualmente as casas, criando constantemente novas formas de apresentação, valorizando as casas através das Regiões de Turismo em que se inserem.

Ainda que o associativismo, por ser livre, permita a constituição de várias associações, pensamos que há toda a vantagem em fomentar um consenso

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que possibilite uma promoção conjunta e como tal rentabilize os investimentos nesta área.

Não é, no entanto, através da criação de órgãos de cúpula que resolvemos o problema do associativismo. Não existem associações devidamente organizadas que justifique uma macroestrutura. Mais importante de que criar macroestruturas somente com preocupações de representatividade será apoiar uma estrutura operacional que verdadeiramente seja capaz de organizar, promover e comercializar o produto junto dos mercados nacional e internacional e dominar os canais de distribuição atingindo directa ou indirectamente o consumidor.

Aqui sim é importante que haja “massa critica” para que a oferta apareça de uma forma a proporcionar a penetração em mercados com maior potencial de crescimento como os Estados Unidos e Mercosul.

As casas querem ver os seus investimentos rentabilizados e a sua preocupação é aumentar a taxa de ocupação e conseguir uma evolução das receitas através da captação de melhores clientelas.

Pensamos que a oferta está longe de se esgotar e por isso é importante que o III QCA venha contemplar duma forma clara os apoios financeiros ao TER no sentido da viabilizar inúmeros projectos que se encontrem em vias de serem implementados e que por sua vez não esqueça que uma grande parte dos existentes já funcionam há cerca de 15 e 20 anos e necessitam inevitavelmente de novas intervenções no sentido da adaptação dos equipamentos e da sua renovação.

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De igual modo a criação de incentivos ao funcionamento das associações e organizações do sector, é absolutamente imprescindível por forma a dar continuidade a um trabalho que a tutela é incapaz de desenvolver.

Há no nosso entender que consolidar o existente e concentrarmos os esforços num produto de qualidade que sirva de exemplo para ser seguido pelas novas adesões, proporcionando condições para a afirmação de uma marca forte identificadora do nosso produto e de um destino que é Portugal. Foi assim que a TURIHAB lançou os Solares de Portugal e tem vindo a promovê-los no país e no estrangeiro.

É um trabalho ciclópico de organização, passando pela classificação das casas, constituição de tabelas de preços, promoção, organização de eventos e animação e manutenção de uma Central de Reservas.

A TURIHAB possui uma estrutura associativa e funciona como agente moderador e de controlo exercendo uma actividade de tutela garantindo a prática da genuinidade deste produto, assumindo, assim uma postura semi-institucional que no nosso entender importa manter.

Mais uma vez existimos para apoiar as casas e para apoiar os operadores e agentes de viagem e naturalmente como interlocutor junto da tutela do turismo. Assim, afigura-se-nos como prioridade o reconhecimento deste papel criando-se mecanismos para um apoio institucional sobretudo nas acções de promoção.

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Vivemos numa época de economia de mercado em que a competitividade é a palavra de ordem. Mais do que nunca é necessário possuir uma estratégia bem definida quer para o produto quer para o país.

Não temos dúvidas que os Solares de Portugal apresentam um complemento decisivo para a oferta turística portuguesa, por isso, terão de fazer parte de uma forma sistemática das acções de promoção da DGT e do ICEP. Não é somente o desenvolvimento do produto que o exige é o país que necessita do contributo de uma imagem positiva, realçando os nossos costumes e as nossas tradições de bem receber.

Com esta preocupação criamos a Europa Traditionae Consortium - um consórcio europeu que envolve cinco organizações europeias, Château

Accueil, França; The Hidden Ireland, Irlanda, Wolsey Lodges, Reino

Unido; Solares de Portugal, Portugal e Erfgoed Logies Holanda que oferece uma hospitalidade personalizada em casas de estilo genuíno, dando possibilidade aos hóspedes de usufruírem as tradições e a cultura de cada país e respectivas regiões reflectidas na arquitectura , na gastronomia, vinho e paisagens.

A sua sede é na TURIHAB e foi o primeiro agrupamento europeu de interesse económico criando uma rede europeia para promover o nosso Turismo dentro e fora da Europa.

Tendo sido motivo de exemplo para a Comissão Europeia que aprovou uma recomendação com o seguinte teor:

“Solicita à Comissão que, respeitando o princípio de subsidiariedade, lidere uma acção concertada entre os diversos Estados-

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restauração do património artístico para fins turísticos, oferecer bolsas de formação e promover a criação de redes transnacionais (como a Europa Traditionae Consortium)”

É para além de tudo o mais, o reconhecimento da União Europeia a esta forma de fazer Turismo e o exemplo para os países de leste. Tendo a CCRN- Comissão de Coordenação da Região do Norte, a TURIHAB candidatado esta rede a um projecto, ECOS-OUVERTURE envolvendo a região da Baviera (Alemanha), Vas-County (Hungria) e cidade de Ljubljana (Eslovénia) cujo objectivo é implementar nestes países um projecto semelhante recuperando casas e castelos recentemente devolvidos aos seus antigos proprietários por forma a virem a integrar a rede.

No âmbito do programa LEADER e com a ADRIL- Associação de

Desenvolvimento Integrado do Vale do Lima surgiu uma nova modalidade

de turismo, o Turismo de Aldeia, que em parceria com duas outras associações, ADRIMINHO- Associação de Desenvolvimento Rural

Integrado do Minho e a ATAHCA- Associação de Desenvolvimento das

Terras Altas do Homem, Cávado e Ave, constituíram a ATA- Associação

de Turismo de Aldeia que lançou um novo produto, as Aldeias de Portugal e que com a TURIHAB acaba de criara a CENTER – Central

Nacional de Turismo no Espaço Rural.

Não temos dúvidas que os Solares de Portugal apresentam um complemento decisivo para a oferta turística portuguesa e pensamos que uma articulação estreita e concertada no âmbito da promoção com as

Aldeias de Portugal só beneficiará quer os produtos quer a imagem de

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Possuímos uma raíz comum: a recuperação do património e a preservação do ambiente.

As Aldeias, recuperação de património quer público quer privado e que se perspectiva como pólo dinamizador do interior, aproveitando jóias da nossa arquitectura fazendo reviver locais que hoje se encontram quase abandonados.

Os Solares, recuperação de património privado que hoje se apresenta perfeitamente organizado e com uma imagem de turismo personalizado e de boa qualidade.

Minhas senhoras e meus senhores,

Vivemos hoje preocupados com o emprego, enfrentando problemas de desertificação no mundo rural, problemas de questões ambientais, devemos por isso defender com todas as nossas forças o desenvolvimento rural integrado.

As tradições de cada povo, a língua, a história, a cultura, os costumes, o património natural, o património edificado, as nossas referências, a nossa maneira de viver. As tradições eruditas, as tradições populares, o autêntico, o genuíno, quer se trate de um palácio, quer se trate de um moinho.

A beleza do mundo rural está na sua diversidade, nos seus contrastes, no cultivar das suas diferenças, mas também na definição da sua identidade, isto é, na capacidade de constituir um todo sem que cada um perca a sua própria identidade.

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Abrimos as portas das nossas casas ao turismo. O espírito com que o fazemos é o de preservar o legado dos nossos antepassados, mantê-lo, e se possível entregá-lo à geração vindoura melhor do que o recebemos.

É difícil levantar paredes, conservar telhados, manter as pinturas vivas, mas mais difícil ainda é reaver as nossas tradições e afirmar as nossas raízes. Estamos a cumprir uma missão que é a de conservar o património e de dar a conhecer a nossa maneira de estar, a nossa forma de viver. É certo que exercemos uma actividade económica, prestamos um serviço e somos remunerados, mas também é bem certo que esta prestação passa por um serviço público que não é fácil de quantificar e que ultrapassa a mera contabilidade do “deve e haver”.

Gostaria de agradecer a todos os presentes e uma palavra de agradecimento especial ao Clube Começar de Novo que teve a ideia do lançamento deste Almoço-Debate, que esperamos que contribua para uma clarificação do Turismo de Habitação como Defesa e Preservação do Património.

Referências

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