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LEGISLAÇÃO APLICADA À PERÍCIA (ARTIGOS 155 A 184 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL);

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NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA

 

DEFINIÇÃO DE CRIMINALÍSTICA 

 

"É a disciplina que tem por objetivo o reconhecimento e interpretação dos indícios materiais extrínsecos,  relativos  ao  crime  ou  à  identidade  do  criminoso"  (I  Congresso  Nacional  de  Polícia  Técnica,  realizando  em  1961). 

“Conjunto  de  conhecimentos  que,  reunindo  as  contribuições  das  várias  ciências,  indica  os  meios  para  descobrir  crimes,  identificar  os  seus  autores  e  encontrá‐los,  utilizando‐se  de  subsídios  da  química,  da  antropologia,  da  psicologia,  da  medicina  legal,  da  psiquiatria,  da  datiloscopia,  etc.,  que  são  consideradas  ciências auxiliares do Direito penal”. (ENCICLOPÉDIA SARAIVA DE DIREITO, v. 21, 1997:486). 

 

 

LEGISLAÇÃO  APLICADA  À  PERÍCIA  (ARTIGOS  155  A  184  DO  CÓDIGO  DE  PROCESSO 

PENAL); 

  DA PROVA  CAPÍTULO I  DISPOSIÇÕES GERAIS    Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial,  não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação,  ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.  Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei  civil.    Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:  I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes  e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;   II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir  dúvida sobre ponto relevante.     Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas  as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.  

§  1o  São  também  inadmissíveis  as  provas  derivadas  das  ilícitas,  salvo  quando  não  evidenciado  o  nexo  de  causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente  das primeiras.  

§  2o  Considera‐se  fonte  independente  aquela  que  por  si  só,  seguindo  os  trâmites  típicos  e  de  praxe,  próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.  

§  3o  Preclusa  a  decisão  de  desentranhamento  da  prova  declarada  inadmissível,  esta  será  inutilizada  por  decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.  

 

CAPÍTULO II 

DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL   

Art.  158.  Quando  a  infração  deixar  vestígios,  será  indispensável  o  exame  de  corpo  de  delito,  direto  ou  indireto, não podendo supri‐lo a confissão do acusado. 

 

Art.  159.  O  exame  de  corpo  de  delito  e  outras  perícias  serão  realizados  por  perito  oficial,  portador  de  diploma de curso superior.   § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma  de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada  com a natureza do exame.   § 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo.  

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§  3o  Serão  facultadas  ao  Ministério  Público,  ao  assistente  de  acusação,  ao  ofendido,  ao  querelante  e  ao  acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico.  

§  4o  O  assistente  técnico  atuará  a  partir  de  sua  admissão  pelo  juiz  e  após  a  conclusão  dos  exames  e  elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão.  

§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:  

I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o  mandado  de  intimação  e  os  quesitos  ou  questões  a  serem  esclarecidas  sejam  encaminhados  com  antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar;  

II  –  indicar  assistentes  técnicos  que  poderão  apresentar  pareceres  em  prazo  a  ser  fixado  pelo  juiz  ou  ser  inquiridos em audiência.  

§  6o  Havendo  requerimento  das  partes,  o  material  probatório  que  serviu  de  base  à  perícia  será  disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial,  para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.   § 7o Tratando‐se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, poder‐ se‐á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico.     Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e  responderão aos quesitos formulados.  

Parágrafo  único.  O  laudo  pericial  será  elaborado  no  prazo  máximo  de  10  dias,  podendo  este  prazo  ser  prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.     Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.    Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos  sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. 

Parágrafo  único.  Nos  casos  de  morte  violenta,  bastará  o  simples  exame  externo  do  cadáver,  quando  não  houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não  houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante.    Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora  previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.  Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena  de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar‐se o cadáver  em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do  auto.    Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na  medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime.     Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo  do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados.    Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder‐se‐á ao reconhecimento pelo  Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando‐se  auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações.  Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados, que  possam ser úteis para a identificação do cadáver.    Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova  testemunhal poderá suprir‐lhe a falta.    Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder‐se‐á a  exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do  Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. 

§ 1o No exame  complementar, os peritos terão presente o auto de corpo  de delito, a fim de suprir‐lhe a  deficiência ou retificá‐lo. 

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§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá  ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.  § 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.    Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará  imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus  laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.  

Parágrafo  único.  Os  peritos  registrarão,  no  laudo,  as  alterações  do  estado  das  coisas  e  discutirão,  no  relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos.  

 

Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova  perícia.  Sempre  que  conveniente,  os  laudos  serão  ilustrados  com  provas  fotográficas,  ou  microfotográficas,  desenhos ou esquemas.    Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por  meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e  em que época presumem ter sido o fato praticado.   

Art.  172.  Proceder‐se‐á,  quando  necessário,  à  avaliação  de  coisas  destruídas,  deterioradas  ou  que  constituam produto do crime. 

Parágrafo  único.  Se  impossível  a  avaliação  direta,  os  peritos  procederão  à  avaliação  por  meio  dos  elementos existentes nos autos e dos que resultarem de diligências.    Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo  que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais  circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.    Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar‐se‐á o seguinte:  I ‐ a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada;  II ‐ para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem  sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida;  III ‐ a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem em arquivos  ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados; 

IV  ‐  quando  não  houver  escritos  para  a  comparação  ou  forem  insuficientes  os  exibidos,  a  autoridade  mandará  que  a  pessoa  escreva  o  que  lhe  for  ditado.  Se  estiver  ausente  a  pessoa,  mas  em  lugar  certo,  esta  última  diligência  poderá  ser  feita  por  precatória,  em  que  se  consignarão  as  palavras  que  a  pessoa  será  intimada a escrever.    Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de se lhes  verificar a natureza e a eficiência.    Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência.    Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far‐se‐á no juízo deprecado. Havendo, porém,  no caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante.  Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória.    Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autoridade ao diretor da repartição, juntando‐ se ao processo o laudo assinado pelos peritos.    Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o auto respectivo, que será assinado pelos peritos e,  se presente ao exame, também pela autoridade.  Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o laudo, que poderá ser datilografado, será subscrito  e rubricado em suas folhas por todos os peritos.   

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Art.  180.  Se  houver  divergência  entre  os  peritos,  serão  consignadas  no  auto  do  exame  as  declarações  e  respostas  de  um  e  de  outro,  ou  cada  um  redigirá  separadamente  o  seu  laudo,  e  a  autoridade  nomeará  um  terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos. 

 

Art.  181.  No  caso  de  inobservância  de  formalidades,  ou  no  caso  de  omissões,  obscuridades  ou  contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo.   Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo exame, por outros peritos,  se julgar conveniente.    Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá‐lo ou rejeitá‐lo, no todo ou em parte.    Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar‐se‐á o disposto no art. 19.    Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida  pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade.     

Levantamentos periciais em locais de crime (conceituação, classificação, isolamento 

e preservação) 

  LOCAL DE CRIME ‐ CONCEITUAÇÃO   

Segundo  Alberi  Spíndula,  local  de  crime  pode  ser  definido,  genericamente,  como  sendo  uma  área  física  onde ocorreu um fato ‐ não esclarecido até então ‐ que apresente características e/ou configurações de um  delito. 

Mais  especificamente,  local  de  crime  é  todo  espaço  físico  onde  ocorreu  a  prática  de  infração  penal.  Portanto, entende‐se como local de crime qualquer área física, que pode ser externa, interna ou mista.  Para robustecermos o nosso conteúdo e chamar a atenção logo de início para a importância que representa  uma perícia em um local de crime, incluiremos uma sábia definição em forma de parábola do mestre Eraldo  Rabelo, um dos maiores especialistas peritos do Brasil.  "Local de crime constitui um livro extremamente frágil e delicado, cujas páginas por terem a consistência  de poeira, desfazem‐se, não raro, ao simples toque de mãos imprudentes, inábeis ou negligentes, perdendo‐se  desse modo para sempre, os dados preciosos que ocultavam à espera da argúcia dos peritos."  O início de qualquer procedimento para o esclarecimento de um delito será o local onde ocorreu o crime.  Nesse  sentido,  é  necessário  que  a  polícia  tome  conhecimento  de  imediato,  a  fim  de  providenciar  as  necessárias investigações daqueles fatos. 

Um  desses  procedimentos  é  verificar  se  realmente  ocorreu  um  crime  naquele  local  e  inteirar‐se  da  existência de vestígios para que a perícia seja acionada. 

É a porção do espaço compreendida num raio que, tendo por origem o ponto no qual é constatado o fato,  se  estenda  de  modo  a  abranger  todos  os  lugares  em  que,  aparente,  necessária  ou  presumivelmente,  hajam  sido praticados, pelo criminoso, ou criminosos, os atos materiais, preliminares ou posteriores, à consumação  do delito, e com estes diretamente relacionados. (Eraldo Rabelo)    CLASSIFICAÇÃO:    1 ‐ De acordo com a natureza do crime:    Ex: Homicídio, latrocínios, Suicídio, infanticídio, Furto, incêndio, Atropelamento, Etc.    2 ‐ De acordo com a natureza da área:   

a)  Local  Interno:  É  aquele  que  é  coberto,  podendo  ter  ou  não  sua  área  confinada  por  paredes,  cuja  importância reside no fato de que os vestígios, porventura nele existentes, ficarão protegidos contra  a ação de agentes atmosféricos (sol, chuva, vento) 

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b)  Local  Externo:  É  aquele  situado  fora  das  habitações  e  que  está  sujeito  às  influencias  do  tempo,  podendo acarretar alterações ou destruições às evidencias físicas.  Ex: Vias públicas, quintais, terrenos baldios, etc.    c) Relacionado: É aquele em que o fato ocorre em dois ou mais locais, bastante distante um do outro,  podendo ser, tanto internos com externos, ou ainda, locais em veículos cada um com seus ambientes  imediato e mediato.  Ex: Falsificação de selos, atentado terrorista, sequestros, etc.    Cada local compreende a área do fato propriamente dita, ou seja, aquele onde ocorreu o fato, que recebe a  denominação de "ambiente imediato", e as áreas adjacentes, constituídas pela área intermediária entre o  local do fato e o grande ambiente exterior, que recebe a denominação de "ambiente mediato”.    3 ‐ Quanto à Preservação:    a) Local Idôneo, Preservado ou Não Violado:  É aquele que não sofreu alterações, que foi devidamente isolado e preservado, tal como foi deixado após a  consumação  do  fato,  permitindo  um  completo  e  eficiente  exame  pericial.  Pode  acontecer  em  alguns  casos,  que o agente(s), após a prática do delito, procure propositadamente provocar alterações no aspecto geral do  local,  com  o  intuito  de  prejudicar  as  investigações  ou  dar  conotação  ambígua  para  o  caso,  retirando‐lhe  a  originalidade. 

 

b) Local Inidôneo, Não Preservado ou Violado: 

É aquele que foi mal protegido, isolado inadequadamente, alterado, culminando em prejuízo par o exame  pericial,  uma  vez  que  com  a  destruição  total  ou  parcial  dos  elementos  formadores  da  evidência  física,  esta  perderá sua autenticidade. 

  

Isolamento e Preservação 

 

Um  dos  grandes  e  graves  problemas  das  perícias  em  locais  onde  ocorrem  crimes,  é  a  quase  inexistente  preocupação das autoridades em isolar e preservar adequadamente um local de infração penal, de maneira a  garantir as condições de se realizar um exame pericial da melhor forma possível.  No Brasil, não possuímos uma cultura e nem mesmo preocupação sistemática com esse importante fator,  que é um correto isolamento do local do crime e respectiva preservação dos vestígios naquele ambiente.    Essa problemática abrange três fases distintas.   

A  primeira  compreende  o  período  entre  a  ocorrência  do  crime  até  a  chegada  do  primeiro  policial.  Esse  período  é  o  mais  grave  de  todos,  pois  ocorrem  diversos  problemas  em  função  da  curiosidade  natural  das  pessoas em verificar de perto o ocorrido, além do total desconhecimento (por parte das pessoas) do dano que  estão causando pelo fato de estarem se deslocando na cena do crime. 

 

A  segunda  fase  compreende  o  período  desde  a  chegada  do  primeiro  policial  até  o  comparecimento  do  delegado  de  polícia.  Esta  fase,  apesar  de  menos  grave  que  a  anterior,  também  apresenta  muitos  problemas  em razão da falta de conhecimento técnico dos policiais para a importância que representa um local de crime  bem isolado e adequadamente preservado. Em razão disso, em muitas situações, deixam de observar regras  primárias que poderiam colaborar decisivamente para o sucesso de uma perícia bem feita. 

 

E, a terceira fase, é aquela desde o momento que a autoridade policial já está no local, até a chegada dos  peritos  criminais.  Também  nessa  fase  ocorrem  diversas  falhas,  em  função  da  pouca  atenção  e  da  falta  de  percepção  ‐  em  muitos  casos  ‐  daquela  autoridade  quanto  à  importância  que  representa  para  ele  um  local  bem preservado, o que irá contribuir para o conjunto final das investigações, da qual ele é o responsável geral 

como presidente do inquérito. 

 

(...)  isolamento  é  a  proteção  a  fim  de  que  o  local  permaneça  sem  alteração,  possibilitando,  consequentemente, um levantamento pericial eficaz. (GARCIA, 2002: 324). 

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(...)  diante  da  sensibilidade  que  representa  um  local  de  crime,  importante  destacar  que  todo  elemento  encontrado  naquele  ambiente  é  denominado  de  vestígio,  o  qual  significa  todo  material  bruto  que  o  perito  constata  no  local  do  crime  ou  faz  parte  do  conjunto  de  um  exame  pericial  qualquer,  que,  somente  após  examiná‐los  adequadamente  é  que  poderemos  saber  se  este  vestígio  está  ou  não  relacionado  ao  evento  periciado.  Por  essa  razão,  quando  das  providências  de  isolamento  e  preservação,  levadas  a  efeito  pelo  primeiro policial, nada poderá ser desconsiderado dentro da área da possível ocorrência do delito (ESPINDULA,  2002: 3).  Dispõe o artigo 169 do Código de Processo Penal Brasileiro: Para efeito de exame de local onde houver sido  praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até  a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.    Técnicas operacionais para preservação de local do crime    1) Sempre o local de que deve ser isolada é área onde estiver a maior concentração de vestígios;    2) Não se esquecer de arrolar testemunhas;    3) Acionar imediatamente o órgão policial e a empresa o mais rápido possível;    4) Isolar e delimitar área onde ocorreu o delito, com fita zebrada, cordas, cavaletes, sinalizadores, cones ou  qualquer outro tipo de obstáculos que impeça o trânsito livre de pessoas e veículos;    5) Não permitir o trânsito de pessoas dentro da área delimitada, desta forma evita‐se furtos no interior do  patrimônio;   

6)  Em  casos  de  acidente  de  trânsito  dentro  da  área  interna  da  empresa,  se  a  vitima  estiver  com  vida,  providenciar os primeiros socorros, paralisar ou desviar o trânsito no local do acidente, preservando também a  vida dos socorristas no local, se possível solicitar apoio para os demais agentes de portaria ou até mesmos aos  funcionários da empresa;    7) Em casos de crime contra a pessoa (homicídio, tentativa de homicídio, latrocínio, lesões corporais leves,  medias e graves, suicídio, disparo de arma de fogo). Quando a vitima estiver viva, providenciar os primeiros  socorros, aguardar a chegada dos paramédicos, solicitar informações tipo nome da vitima, endereço, telefone  de contato, entre outras informações, e depois repassar tal informações para o policial ou outra autoridade  competente  no  local,  não  se  esquecer  de  confeccionar  ocorrência  administrativa  ou  B.O  (Boletim  de  Ocorrência) se for necessário; 

 

8)  Em  casos  de  crime  contra  a  pessoa  em  que  a  vitima  estiver  sem  vida,  não  mexer,  mudar  ou  alterar  a  posição do corpo em hipótese nenhuma; 

 

9)  Em  casos  de  crime  contra  o  patrimônio  (arrombamento,  furto,  roubo  de  residências  e  veículos,  danos  materiais  e  etc.),  o  local  deve  ficar  isolado  e  não  pode  haver  qualquer  tipo  de  mudança  no  layout  do  local,  deve permanecer intacto. Deve ser avisado o proprietário do local também, Toda atenção para prevenir a ação  de saqueadores. 

 

10)  Em  casos  de  incêndio  em  empresas,  somente  os  veículos  autorizados  podem  adentrar  no  local  do  sinistro. Especial atenção para eventuais saques que podem ocorrer durante e depois do incêndio. 

 

VESTÍGIOS, EVIDÊNCIAS E INDÍCIOS (DEFINIÇÕES, CLASSIFICAÇÕES); 

 

Vestígios,  indícios  e  evidências  são  palavras  que  aparecem  no  jargão  criminalístico  que,  apesar  de  possuírem suas particularidades, nem sempre são compreendidas.  

Reproduzo um trecho adaptado de um artigo publicado na Revista dos Tribunais sobre o assunto: 

"Esses termos são frequentemente utilizados como sinônimos. Porém, num contexto criminalístico, existe  uma diferenciação importante em suas semânticas formais. Enquanto o vestígio abrange, a evidência restringe  e o indício circunstancia. Como se nota a seguir. 

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O Código de Processo Penal brasileiro traz que, na presença de vestígios, o exame de corpo de delito será  indispensável sob pena de nulidade.  

O objetivo primo do exame referido é a comprovação dos elementos objetivos do tipo, essencialmente no  que diz respeito ao resultado da conduta delituosa, através de vestígios.  

Em termos periciais, o conceito de vestígio mantém a característica abrangente do vocábulo que lhe deu  origem,  podendo  ser  definido  como  todo  e  qualquer  sinal,  marca,  objeto,  situação  fática  ou  ente  concreto  sensível, potencialmente relacionado a uma pessoa ou a um evento de relevância penal, e/ou presente em um  local de crime, seja este último mediato ou imediato, interno ou externo, direta ou indiretamente relacionado  ao fato delituoso.  Ao chamar uma coisa qualquer de vestígio, se está admitindo que sua situação foi originada por um agente  ou um evento que a promoveu. Um vestígio, portanto, seria o produto de um agente ou evento provocador.  Nesta dinâmica, pressupõe‐se que algo provocou uma modificação no estado das coisas de forma a alterar a  localização e o posicionamento de um corpo no espaço em relação a uma ou várias referências fora e ao redor  do dele.   O correto e adequado levantamento de local de crime, por exemplo, revela uma série de vestígios. Estes  são  submetidos  a  processos  objetivos  de  triagem  e  apuração  analítica  dos  quais  resultam  diversas  informações.  Uma  informação  de  relevância  primordial  é  aquela  que  atesta  ou  não  o  vínculo  de  tal  vestígio  com o delito em questão. Uma vez confirmado objetivamente este liame, o vestígio adquire a denominação de  evidência.  

Nas  palavras  de  Mallmith  (2007),  "as  evidências,  por  decorrerem  dos  vestígios,  são  elementos  exclusivamente  materiais  e,  por  conseguinte,  de  natureza  puramente  objetiva".  Portanto,  evidência  é  o  vestígio  que,  após  avaliações  de  cunho  objetivo,  mostrou  vinculação  direta  e  inequívoca  com  o  evento  delituoso. Processualmente, a evidência também pode ser denominada prova material. 

Porém,  ao  contrário  do  vestígio  e  da  evidência,  o  indício  apresenta  uma  conceituação  legal  prevista  no  Código  de  Processo  Penal  brasileiro.  Neste  sentido,  indício  seria  uma  circunstância  conhecida,  provada  e  necessariamente  relacionada  com  o  fato  investigado,  e  que,  como  tal,  permite  a  inferência  de  outra(s)  circunstância(s).  O  termo  "circunstância"  é  aqui  utilizado  como  expressão  próxima,  semanticamente,  de  "conjuntura", como a combinação ou concorrência de elementos em situações, acontecimentos ou condições  de tempo, lugar ou modo. 

Considerando  a  definição  legal,  é  de  se  reparar  que  um  indício,  sendo  uma  circunstância,  autoriza  a  conclusão indutiva de outros indícios, também circunstanciais. Nos termos da lei, a circunstância conhecida e  provada  seria  uma  premissa  menor,  ao  passo  que  a  razão  e  a  experiência  seriam  uma  premissa  maior;  da  comparação  entre  as  premissas  menor  e  maior  emerge  a  conclusão  indutiva  de  que  trata  o  texto  legal  (Mirabete, 2003).  

Via  de  regra,  essa  premissa  menor  vem  apresentada  de  forma  objetiva  por  se  tratar  de  "circunstância  conhecida  e  provada".  Cumpre  consignar  que  o  indício  se  reveste  de  uma  situação  circunstancial,  cuja  interpretação  pode  ser  objetiva  ou  subjetiva,  ainda  que  relativamente.  Nesses  termos,  a  premissa  menor  referida  acima  coincide  com  a  evidência,  por  se  afastar  do  caráter  subjetivo  e,  consequentemente,  por  se  revestir de objetividade. 

A subjetividade potencial do indício é a ele inerente dado o momento pós‐pericial de sua gênese. O indício  surge num instante processual, quando às evidências foram agregados fatos apurados pela autoridade policial  (quando  do  inquérito)  ou  ministerial  (quando  da  denúncia).  Então,  toda  informação  que  tem  relação  com  o  relevante  penal  é  um  indício,  seja  ela  objetiva  ou  subjetiva.  Entretanto,  o  indício  se  aparta  das  conclusões  periciais quando puramente subjetivo. Logo, o indício originário de uma evidência é sempre decorrente de um  procedimento pericial e, portanto, objetivo. Na processualística penal, há quem intitule o indício resultante de  subjetividade de prova indiciária (Mazzilli, 2003). 

Assim  sendo,  podemos  deduzir  que  a  evidência  é  o  vestígio  que,  mediante  pormenorizados  exames,  análises  e  interpretações  pertinentes,  se  enquadra  inequívoca  e  objetivamente  na  circunscrição  do  fato  delituoso.  Ao  mesmo  tempo,  infere‐se  que  toda  evidência  é  um  indício,  porém  o  contrário  nem  sempre  é  verdadeiro, pois o segundo incorpora, além do primeiro, elementos outros de ordem subjetiva." 

 

Literatura Citada 

MALLMITH,  Décio  de  Moura.  Corpo  de  delito,  vestígio,  evidência  indício.  2007.  MAZZILLI,  Hugo  Nigro.  O  papel  dos  indícios  nas  investigações  do  Ministério  Público.  2003.  MIRABETE, Julio Fabbrini. Código de Processo Penal interpretado. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 

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O VESTÍGIO ENCAMINHA, O INDÍCIO APONTA.    Vestígio verdadeiro:     O vestígio verdadeiro é uma depuração total dos elementos encontrados no local do crime. Somente são  verdadeiros aqueles produzidos diretamente pelos  autores da infração e, ainda, que sejam produtos diretos  das ações do cometimento do delito em si.    Vestígio ilusório:     O vestígio ilusório é todo elemento encontrado no local do crime que não esteja relacionado às ações dos  atores da infração e desde que a sua produção não tenha ocorrido de maneira intencional.     Vestígio forjado:     Por vestígio forjado entende‐se todo elemento encontrado no local do crime, cujo autor teve a intenção de  produzi‐lo,  com  o  objetivo  de  modificar  o  conjunto  dos  elementos  originais  produzidos  pelos  atores  da  infração.  

 

Resumindo pode‐se concluir que:    

Vestígio  é  todo  objeto  ou  material  bruto  constatado  e/ou  recolhido  em  um  local  de  crime  para  análise  posterior.  

 

Evidência  é  o  vestígio,  que  após  as  devidas  análises,  tem  constatada,  técnica  e  cientificamente,  a  sua  relação com o crime.  

 

Indícios  é  uma  expressão  utilizada  no  meio  jurídico  que  significa  cada  uma  das  informações  (periciais  ou  não) relacionadas com o crime.    

PRINCIPAIS VESTÍGIOS ENCONTRADOS EM LOCAIS DE CRIME: 

  a) Em locais de Crime Contra a Pessoa;     Nesta classificação de crimes, procura‐se colocar todos os tipos de delitos perpetrados contra as pessoas.  Assim, poderemos ter aqui ocorrências que vão desde uma tentativa contra a pessoa até a morte da vítima.  Podemos colocar vários exemplos de crimes contra a pessoa, no entanto, os mais comuns, ou aqueles que  ocorrem com mais frequência, são os homicídios e os suicídios, envolvendo a morte da vítima; e, as tentativas  de consumação de homicídios e os disparos de arma de fogo em geral, dentre aqueles em que a vítima não  veio a falecer.  O estudo e metodologia dos exames periciais nos locais onde ocorreram esses tipos de crimes, fazem parte  de  estudo  autônomo  em  face  da  sua  complexidade  e  cuidados  que  devem  ser  observados  pelos  peritos  criminais.  

Eis alguns vestígios encontrados em locais de crime contra a pessoa: 

a) vestígios  (resíduo  de  arma  de  fogo,  resíduo  de  tinta,  vidro  quebrado,  produtos  químicos  desconhecidos, drogas);  

b) impressões digitais, pegadas e marcas de ferramentas;   c) fluidos corporais (sangue, esperma, saliva, vômito);   d) cabelo e pelos;  

e) armas ou evidências de seu uso (facas, revólveres, furos de bala, cartuchos);  

f) documentos  examinados  (diários,  bilhetes  de  suicídio,  agendas  telefônicas;  também  inclui  documentos eletrônicos tais como secretárias eletrônicas e identificadores de chamadas).  

g) Sinais de luta  h) Sinais de violência  i) Reação de defesa  j) Tipos de ferimentos 

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b) Em locais de Crime Contra o Patrimônio;  

 

Os  crimes  contra  o  patrimônio,  o  próprio  nome  sugere,  são  todos  os  delitos  praticados  cuja  intenção  do  autor era a de obter vantagem (ilícita) pecuniária ou patrimonial, por intermédio da apropriação de objetos,  bens ou valores. 

Além  dos  crimes  tradicionais  e  mais  comuns  ocorridos  contra  o  patrimônio,  nesta  classificação  estarão  todos os demais exames periciais externos, excetuando‐se os de acidente de tráfego e os de crimes contra a  pessoa. 

Nesta  classificação  podemos  incluir  os  casos  de  arrombamentos;  furto  ou  roubo  de  veículos;  danos  materiais; local de lenocínio (prostituição); exercício ilegal da profissão; jogos de azar; exercício arbitrário das  próprias  razões;  maus  tratos  contra  animais;  alteração  de  limites;  parcelamento  irregular  de  solo;  furto  de  energia, telefone, água e TV a cabo; furto de combustíveis; incêndio, meio‐ambiente, etc.  Eis alguns vestígios encontrados em locais de crime contra o patrimônio:  a) Impressões digitais  b) Objetos abandonados  c) Móveis e objetos desarrumados  d) Imagens de circuito de TV  e) Vidros quebrados  f) Ferramentas e suas marcas de arrombamento  g) Cartuchos deflagrados  h) Vestígios biológicos  i) Marcas de escaladas  j) Pegadas e marcas de pneus  k) Marcas de objetos furtados  l) Depoimentos de pessoas  c) Em locais de Crime de Trânsito;    

Os  locais  onde  ocorreram  os  acidentes  de  tráfego  trazem  uma  série  de  informações  materiais,  que  propiciam a realização ‐ na sua grande maioria ‐ de uma perícia capaz de oferecer toda a dinâmica e a causa  determinante do acidente. 

A  quantidade  de  ocorrências  nessa  área  é  muito  grande,  em  função  de  uma  série  de  interferentes  no  sistema  de  trânsito,  desde  a  má  conservação  das  nossas  vias  até  ‐  e  principalmente  ‐  a  imprudência  e  descumprimento das leis por parte dos motoristas.  Gostaríamos de chamar a atenção de todos para um cuidado que devemos ter nas ocorrências de trânsito.  Tradicionalmente dentro da Polícia e da própria Perícia, costuma‐se generalizar essas ocorrências, nominando‐ as com a expressão "acidente de trânsito".  Já aconteceram diversos casos em todo o Brasil, e certamente outros vão ocorrer, da perícia ser requisitada  para atender um "acidente de trânsito" que, na realidade, após os peritos examinarem o local, constataram  que  se  tratava  de  um  homicídio  e  às  vezes  de  um  suicídio.  Assim,  os  peritos  já  adotam  o  procedimento  de 

chegar num local de ocorrência de trânsito sem qualquer pré‐julgamento dos fatos.  Eis alguns vestígios encontrados em locais de crime de trânsito:  a) Presença ou ausência de marcas de arrasto, derrapagem e frenagem  b) Posição de impacto  c) Marcas de fricção  d) Marcas de sulcagem  e) Desfragmentação  f) Condições inadequadas de veículos  g) Inadequação ou Falta de sinalização  h) Condições inadequadas de rodovias  i) Objetos dentro dos veículos  j) Pneus estourados  k) Peças danificadas  l) Condições físicas dos condutores     

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d) Em locais de Crimes Sexuais.    Eis os tipos de crimes sexuais:  a) estupro (art. 213);  b) violação sexual mediante fraude (art. 215);   c) assédio sexual (art. 216‐A)  d) estupro de vulnerável (art. 217‐A);   e) corrupção de menores (art. 218);   f) satisfação de lascívia mediante a presença de criança ou adolescente (art. 218‐A)  g) favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável (art. 218‐B) 

h) lenocínio  e  do  tráfico  de  pessoa  para  fim  de  prostituição  ou  outra  forma  de  exploração  sexual  mediação para servir a lascívia de outrem (art. 227)  i) favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual  (art. 228)  j) casa de prostituição (art. 229);   k) rufianismo (art. 230);   l) tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual (art. 231);  m) tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual (art. 231‐A);  n) ato obsceno (art. 233);  o) escrito ou objeto obsceno (art. 234);   Eis alguns vestígios encontrados em locais de crime de sexuais:  a) Sangue  b) Roupas  c) Objetos sexuais  d) Sêmen  e) Computadores  f) CDs e DVDs com imagens ou vídeos  g) Revistas pornográficas  h) Casas de prostituição  i) Documentos sequestrados   

O Exame Perinecroscópico: feridas contusas, punctórias, incisas e mistas; ferimentos 

especiais  (esgorjamento,  degola,  decaptação);  efeitos  primários  e  secundários  em 

ferimento produzidos por projéteis propelidos por disparo de arma de fogo. 

 

FERIDAS CONTUSAS   

São causadas por instrumentos de saliência obtusa, (que não é agudo, arredondado) e de superfície dura  que  se  chocam  com  violência  contra  o  corpo  humano.    A  lesão  pode  ser  superficial  (edema)  ou  profunda  (fratura). Podem ser causadas de três formas:   a) ativa: o objeto (agente lesivo) se move em direção ao corpo (vítima);  b) passivo: o corpo (vítima) se projeta em direção do instrumento contundente (quedas);  c) mista, ou biconvergentes, vítima e objeto estão em movimento.    Instrumentos contundentes ‐ Os instrumentos mais comuns utilizados na produção de ferimentos contusos  são: pedra, bastão, coronha de arma de fogo, barra metálica, martelo, etc.   

Características:  São  geralmente  causadas  por  objeto  não  cortante.  Acontecem  por  compressão,  apresentam bordas irregulares, alterações na borda, fungo irregular, vertentes irregulares, são mais compridas  que  profundas  e  de  difícil  coaptação.  Geralmente  deixam  cicatrizes  largas  e  irregulares,  como  no  caso  de  esmagadura e agressões sexuais. 

     

(11)

FERIDAS PUNCTÓRIAS     São lesões que produzem feridas com um orifício de entrada, um trajeto e ocasionalmente, um orifício de  saída. São produzidas por instrumentos perfurantes, alongados, finos e pontiagudos como: agulhas, estiletes  ou mesmo picadas de cobras. As principais causas jurídicas são: homicídio e os acidentes.    Instrumentos perfurantes ‐ Entre os inúmeros instrumentos perfurantes, podemos citar: estiletes, agulhas,  pregos, etc.    Características: Sua exteriorização é em forma de ponto; abertura estreita, pouco sangramento; pequenas  machas  na  pele,  geralmente  de  menor  diâmetro  que  a  do  instrumento  causador,  devido  à  elasticidade  e  retrabilidade dos tecidos cutâneos. 

 

FERIDAS INCISAS:   

As  lesões  incisas  são  produzidas  por  instrumentos  cortantes.  Elas  podem  ser  cirúrgicas,  de  defesa,  em  retalho, mutilantes e autoproduzidas. As mais comuns são:  

a) incisa:  quando  o  instrumento  penetra  os  tecidos  em  direção  mais  ou  menos  perpendicular  à  superfície do corpo;  

b) com retalho: quando o instrumento deixa pendente um retalho no corpo, corte de maneira oblíquo;   c) mutilante:  quando  o  instrumento  atravessa  os  tecidos  de  lado  a  lado,  destacando  certa  posição 

saliente do corpo (geralmente orelhas, dedos, nariz etc)   

Instrumentos  cortantes  ‐  Os  instrumentos  mais  comuns  do  tipo  cortante  são:  faca,  navalha,  lâmina  de  barbear, bisturis, secções de vidro, etc.     Características:   Predominância do comprimento sobre a profundidade;   Nitidez na lisura das bordas, sem irregularidades nem sinais de contusão;   Afastamento das bordas devido à elasticidade e tonicidade dos tecidos, neste caso, há a coaptação perfeita,  ou seja, quando aproximamos as bordas elas se fecham perfeitamente;   Presença de “cauda” (de escoriação, fim do corte, é a parte menos profunda), o instrumento cortante não  penetra por igual em toda a extensão da ferida, nas extremidades esta é menos profunda que no centro, tanto  menos profunda quanto mais próxima de seu início ou término.    FERIDAS MISTAS:    Corto‐contundentes ‐ São os ferimentos ocasionados pelos instrumentos que, mesmo sendo portadores de  gume ou corte, são influenciados pela ação contundente, quer pelo seu próprio peso, quer pela força ativa de  quem maneja. Tais lesões quase sempre graves, pois atingem planos profundos, inclusive ossos.    

Instrumento  corto‐contundentes  ‐  Como  instrumentos  corto  ‐  contundentes,  temos:  foice,  machado,  facões, facas especiais, etc. 

 

Instrumentos  lacero‐contundentes  ‐  Como  exemplo  mais  prático  de  instrumentos  causador  de  lesões  lacerantes e  contusas temos o veículo automotor, em caso de atropelamento, com superposição do mesmo  em relação à vítima, isto é, passagem das rodas do veículo sobre o corpo. 

 

Instrumentos  corto‐dilacerantes  ‐  Quando  um  instrumento  cortante  produzir,  além  da  ferida  incisa,  dilaceração  dos  tecidos  devemos  caracterizá‐lo  como  instrumento  corto  ‐  dilacerante.  Assim  sendo,  lesões  produzidas por fragmentos de vidro (cacos de vidro) decorrentes da quebra de objetos de conformação roliça,  na maioria das vezes apresentam aspectos corto ‐ dilacerantes. 

 

Lesões  perfuro‐cortantes  ‐  São  causadas  por  um  mecanismo  de  ação  que  perfura  e  contunde  por  instrumentos  pontiagudos  com  gume,  esses  instrumentos  agem  por  pressão  e  secção  geralmente  os 

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instrumentos possuem 1 gume (faca, peixeira, canivete etc.), 2 gumes (punhal e alguns tipos de facas etc.) ou 3  gumes (lima). 

 

Instrumentos  corto‐perfurantes  ‐  Entre  os  instrumentos  corto‐perfurantes  podemos  citar:  punhal,  canivete, espada, etc.    Instrumentos perfuro‐contundentes ‐ O instrumento perfuro ‐ contundente típico é o projétil de arma de  fogo.     

FERIMENTOS ESPECIAIS: 

  Esgorjamento:     É a lesão na parte anterior ou lateral do pescoço produzida por instrumento cortante. Situa‐se entre o osso  heóide (abaixo da mandíbula) e a laringe. Sua profundidade é variável, podendo até chegar à coluna vertebral.   Nos casos de suicídio, quando o agente usa a mão direita, predomina a direção transversal ou oblíqua ( \ );  no  homicídio,  é  mais  frequente  a  posição  descendente  para  a  esquerda  (  /  ),  mas  também  poderá  ser  por  acidente.  No  homicídio  e  suicídio  a  pessoa  morre  por  hemorragia,  embolia  gasosa  (ar  dentro  do  vaso  sanguíneo), asfixia (sangue inunda traqueia e brônquios). 

 

Degola:    

É  a  lesão  na  parte  posterior  do  pescoço  (nuca)  produzida  por  instrumento  cortante  e  a  morte  se  dá  por  hemorragia quando são atingidos vasos calibrosos ou pela secção da medula. As consequências jurídicas mais 

importantes são o homicídio e suicídio.  

 

Decaptação:    

É  uma  agressão  incisa  na  região  do  pescoço,  que  SEPARA  a  cabeça  do  tronco.  Decapitação:  a  cabeça  é  decepada  do  corpo  (pelo  machado  ou  guilhotina)  ‐  SEPARADA 

Decapitação é incisão completa, na região cervical (pescoço), separando a cabeça do corpo.  

 

EFEITOS  PRIMÁRIOS  E  SECUNDÁRIOS  EM  FERIMENTO  PRODUZIDOS  POR  PROJÉTEIS  PROPELIDOS  POR  DISPARO DE ARMA DE FOGO: 

 

Esses ferimentos são resultantes de passagem de projéteis de chumbo, os quais podem ser caracterizados  por formas distintas, dependendo de sua apresentação no corpo da vítima, característicos de entradas ou de  saídas de projéteis.  

São  identificadas  como  perfuro‐contusas  ou  perfuro‐contundentes  por  evidenciar  a  contusão  da  pele  e  a  penetração  no  corpo,  quando  atinge  sua  vítima.  Do  que  diz  Genivaldo  Veloso  de  França,  constata‐se  a  ação  dupla do projétil, ao atingir seu alvo, quando declara que: “As feridas perfuro‐contusas são produzidas por um  mecanismo de ação que perfura e contunde ao mesmo tempo”.    Efeitos no alvo humano    Os disparos por armas de fogo provocam efeitos diversos no alvo humano.  De um modo geral esses efeitos podem ser divididos em (Jacobs, 2007):    I. Efeitos primários:    

Inclui  a  chamada  ação  direta,  provocada  pelo  impacto  do  projétil  contra  os  tecidos  do  corpo  e  a  ação  indireta, que dependerá de fatores fisiológicos ou psicológicos do oponente atingido.  

Ambas as ações – direta e indireta – são responsáveis em maior ou menor grau, pelos efeitos primários dos  projéteis no alvo humano e pelo fenômeno de incapacidade imediata. 

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A ação direta manifesta‐se pelos chamados mecanismos de martelo e cunha, provocados pelo impacto do  projétil, que empurra e rasga os tecidos, deslocando‐os.  A ação indireta inclui dois tipos básicos de lesões.   O primeiro é conhecido como cavidade permanente, que é o ferimento provocado pelo projétil ao romper  os tecidos; caracteriza‐se por uma área de necrose localizada, proporcional ao tamanho do projétil que atingiu  os tecidos.   O segundo é denominado cavidade temporária, produzida pelo intenso choque do projétil na massa líquida  dos tecidos.   Os tecidos elásticos como os músculos, vasos sanguíneos e pele são retraídos após a passagem do projétil  voltando depois à sua posição normal (De Bakey, 2004; Morris & Wood, 2000).  A dimensão da área frontal do projétil é um fator major no tamanho da cavidade que cria. O projétil pode  criar uma cavidade temporária 20 a 25 vezes superior à área frontal.  O tamanho e a forma das cavidades temporária e permanente não são necessariamente dependentes do  calibre da arma; o tamanho destas cavidades é determinado primeiramente pela natureza do tecido atingido.  

Os  tecidos  menos  elásticos  (como  é  o  exemplo  do  cérebro  comparativamente  com  a  pele  e  músculos)  produzem áreas de cavitação maiores (Shkrum & Ramsay, 2007). 

 

II. Efeitos secundários:    

Segundo Domingos Tochetto, os efeitos secundários são os que resultam, nos tiros encostados ou à curta  distância,  da  ação  dos  gases,  seus  efeitos  explosivos,  de  resíduos  da  combustão  da  pólvora  e  de  microprojeteis. Estes efeitos não têm nenhuma relação com o poder de incapacitação do projétil, estando o  seu estudo restrito à medicina legal e às práticas forenses. 

Os gases da deflagração, expelidos pela boca do cano com alta pressão e elevada temperatura, expandem‐ se e arrefecem logo a seguir e seus efeitos cessam de se produzir à distância bastante curta da boca do cano. 

A  região  espacial  varrida  pelos  elementos  que  constituem  os  efeitos  explosivos  compreende  três  zonas  distintas: 

 

Zona de Chama:   

A  zona  de  chama,  também  denominada  zona  de  chamuscamento  ou  zona  de  queimadura,  é  produzida  pelos  gases  superaquecidos  e  inflamados  que  se  desprendem  por  ocasião  dos  tiros  encostados  e  atingem  o  alvo, produzindo queimadura da pele da região, dos pelos e das vestes.  

Esta zona circunda o orifício de entrada, nos tiros perpendiculares e está presente nos tiros encostados ou  muito próximos.  

A  zona  de  chama  serve  para  o  diagnóstico  do  orifício  de  entrada,  da  distância  e  direção  do  tiro,  da  quantidade de carga (pólvora) e do ambiente em que foi realizado o tiro.    Zonas de Esfumaçamento:    A zona de esfumaçamento é produzida pelo depósito de fuligem oriunda da combustão ao redor do orifício  de entrada. 

A  zona  de  esfumaçamento  é  formada  pelos  resíduos  finos  e  impalpáveis  que,  sob  a  forma  de  pequeníssimas partículas, ficam aderidos ao plano do alvo, sendo facilmente removidos por lavagem. 

Suas  dimensões  e  seu  grau  de  concentração  proporcionam  elementos  para  fundamentar  uma  convicção  quanto à direção e distância do tiro em relação ao alvo.  A zona de esfumaçamento está presente nos tiros à curta distância. Se a região atingida estiver coberta por  vestes, estas poderão reter o depósito de fuligem.    Zona de Tatuagem:     A zona de tatuagem é produzida pelos grãos de pólvora combusta, ou não que, ao atingirem o alvo, nele se  incrustam ao redor do orifício de entrada. 

A  zona  de  tatuagem  é  determinada  pelos  resíduos  maiores  (sólidos)  de  pólvora  incombusta  ou  parcialmente comburida e pequenos fragmentos que se desprendem do projétil. 

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Devido à maior massa e à maior força viva, vencem maior distância e penetram no material do alvo como  microprojeteis, incrustando neste de forma mais ou menos profunda, não sendo removíveis por lavagem. 

 

Sinal de Hofmann:   

Aparece  em  disparos  efetuados  com  a  boca  do  cano  encostada  à  pele.  A  expansão  dos  gases  ocorrerá  dentro de um túnel aberto pelo projétil, em que as bordas da lesão ficam dilaceradas, devido ao refluxo de  gases, e voltadas para fora.   Internamente o efeito explosivo se manifesta por intensa devastação de tecidos, formando‐se no trajeto a  chamada “câmara de mina de Hofmann”.    Sinal de Puppe‐Werkgartner:    Aparece em disparos efetuados com a boca do cano encostada. Ao redor do orifício de entrada fica a marca  do cano da arma, formado por queimadura.    Sinal de Benassi:     Encontrado na tábua óssea do crânio e de arcos costais, em disparos encostados à pele ou bem próximos.  O cone de impurezas e fuligem forma uma deposição ao redor do orifício na tábua óssea.    Poder lesivo das armas de fogo:    Existem múltiplos fatores que determinam o poder lesivo das armas de fogo; são eles (Pérez et al, 2006):  • Distância a que se efetua o disparo:   • Energia cinética (Ek) do projétil disparado (EK=1/2massa x velocidade2).   • Forma do projétil.  • Localização do orifício de entrada.  • Trajetória do projétil.  • Cavidade temporária.  • Desaceleração    Morfologia das LAF   

De  uma  maneira  esquemática  têm  que  se  considerar  nas  Lesões  por  Armas  de  Fogo  ‐  LAF  o  orifício  de  entrada (OE), o trajeto e eventualmente o orifício de saída (OS). 

Disparar  no  dorso  de  um  indivíduo  que  se  encontra  em  fuga  versus  no  tórax  de  alguém  que  se  tenta  defender  de  um  ataque  destaca  a  importância  de  diferenciar  os  orifícios  de  entrada  dos  orifícios  de  saída.  Felizmente a aplicação de alguns conceitos básicos permite a diferenciação do OE e do OS (Denton et al, 2006).   Lesão de entrada: geralmente é única por cada disparo, embora também possa ser múltipla (por exemplo  uma bala que atinge o tórax depois de ter atravessado um braço ou se a bala se fragmenta antes de atingir o  alvo) (Calabuig, 2001; Tokdemir, 2006).  Relativamente à lesão de entrada têm que se considerar isoladamente 2 componentes: o orifício e o seu  contorno, chamado habitualmente de tatuagem.    Orifício de entrada:    

A  sua  forma  é  habitualmente  arredondada  ou  ovalada.  Nas  lesões  feitas  a  grande  distância,  o  orifício  adopta a forma oval ou de fenda linear, fazendo lembrar lesões provocadas por objetos perfurantes ou corto‐ perfurantes. Nos disparos feitos a curta distância, a lesão adquire um aspecto rasgado, em estrela, devido à  ação dos gases que se difundem com violência sob a pele (Calabuig, 2001).  As dimensões do OE são variadas, dependendo da forma do projétil, da distância a que é feito o disparo e  da força que o projétil possui ao embater na pele (Calabuig, 2001).  O local anatómico do OE é utilizado para suportar ou refutar a maneira de morte e as suas circunstâncias  (Blumenthal,  2007).  Também  o  número  de  OE  pode  dar  informações  importantes  relativas  à  natureza  dos 

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disparos.  Assim,  no  caso  de  disparos  múltiplos  a  probabilidade  de  se  tratar  de  suicídio  fica  diminuída  (Tokdemir et al, 2006). 

 

Tatuagem:    

Recebem  este  nome  as  formações  resultantes  do  disparo  que  se  desenham  à  volta  do  OE  e  fornecem  importantes indicações diagnósticas médico‐legais.  

É necessário considerar dois componentes da tatuagem – o halo de contusão e a tatuagem propriamente  dita  

O  halo  de  contusão  é  limitado,  apenas  com  1mm  ou  pouco  mais,  apresenta  coloração  escura  e  às  vezes  enegrecida pela pólvora.   Constitui um elemento característico do OE, quando o disparo é feito a distância que inclua o limite de ação  do projétil.   O OS pode excepcionalmente apresentar halo de contusão quando o corpo se encontrava encostado a uma  superfície dura como é o caso de uma parede ou cadeira. O halo pode adoptar uma forma circular que rodeia  todo o orifício (disparos perpendiculares) ou forma semi‐lunar (disparos oblíquos), indicando neste último, o  ângulo de choque do projétil sobre o alvo.   Na sua formação intervêm vários mecanismos:  • A contusão da pele, pela bala durante o choque.  • A erosão que a distensão da pele originará antes de provocar perfuração e verdadeiras roturas das fibras  cutâneas.  • O arranhão do projétil sobre a pele deprimida em dedo de luva    Trajeto:     Pode ser único ou múltiplo, se o projétil se fragmenta durante a sua passagem pelos tecidos.   Podem ser retilíneos se seguem a direção do disparo ou com desvio se embatem em superfícies ósseas.  O diâmetro do trajeto não costuma ser uniforme e alarga‐se devido a deformações sofridas pelo projétil e  sobretudo  consequência  dos  fragmentos  ósseos  e  corpos  estranhos  que  o  projétil  mobiliza  e  arrasta  na  sua  passagem.  

É  característico  o  interior  do  trajeto  preencher‐se  de  sangue,  de  modo  que  no  cadáver  o  trajeto  se  reconhece pela linha de sangue que marca a passagem do projétil.  

Encontrar e recolher o projétil tem um interesse e importância capital nos procedimentos médico‐legais.   Para  facilitar  a  localização  do  projétil,  deverá  recorrer‐se  a  alguma  técnica  imagiológica,  seja  ela  uma  radiografia  simples,  uma  radioscopia  ou  técnicas  que  fornecem  maior  pormenor,  como  a  tomografia  computorizada (TC) ou a ressonância nuclear magnética (RNM). 

Outro procedimento possível é a passagem de coágulos sanguíneos encontrados nas cavidades abdominais,  torácicas,  etc.,  por  um  filtro,  com  o  objetivo  de  encontrar  os  projéteis  que  muitas  vezes  ficam  englobados  neles (Calabuig, 2001). 

 

Orifício de saída (OS):    

É por definição inconstante e não existe quando o projétil fica retido nos tecidos. A sua forma e dimensões  variam  muito.  Depende  primeiramente  dos  planos  que  o  projétil  atravessou;  se  passou  unicamente  por  tecidos  moles  o  OS  pode  ser  circular  ou  oval,  de  diâmetro  idêntico  ou  pouco  maior  que  o  OE  ou  ainda  apresentar uma configuração de fenda longitudinal (Calabuig, 2001).  

Para  alguns  autores  é  mesmo  considerado  um  equívoco  comum  dizer  que  o  OS  deverá  apresentar  dimensões  maiores  que  o  OE;  não  deverá  ser  a  dimensão  do  orifício  mas  sim  a  ausência  da  margem  de  abrasão que distingue um OS de um OE (Denton et al, 2006).  

Os  seus  bordos  costumam  estar  evertidos  e  por  vezes  apresenta  gordura  do  tecido  celular  subcutâneo,  arrastado pelo projétil. Se o projétil tiver sido deformado, então o OS será maior e mais irregular.  

Quando  o  projétil  atravessa  o  tecido  ósseo,  os  fragmentos  desprendidos  e  arrastados  saem  pelo  OS,  produzindo lesões grandes e irregulares com desprendimento e laceração dos tecidos. 

A produção  do OS depende somente  da passagem do projétil  e não intervêm os restantes elementos do  disparo, carece de halo de contusão e tatuagem, sendo estes elementos negativos fundamentais para o seu  diagnóstico (Calabuig, 2001). 

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Por razões de claridade e consistência, deverá sempre descrever‐se o trajeto do projétil como se o corpo da  vítima estivesse na posição anatómica padrão quando foi feito o disparo, isto é, como se a vítima estivesse na  posição de ortostatismo, com os membros superiores em extensão e com as palmas das mãos viradas para a  frente (Denton et al, 2006).  Numa revisão de suicídios e homicídios por LAF cranianas, foi possível observar OS em cerca de metade dos  suicídios e em 20% dos homicídios (Shkrum & Ramsay, 2007). 

Ocasionalmente,  maior  número  de  OS  que  OE  podem  ser  observados  quando  existe  fragmentação  ou  explosão dos projéteis dentro do corpo humano (De Giorgio & Raimio, 2007). 

 

MORTE PRODUZIDA POR QUEIMADURA 

 

A  maioria  das  pessoas  pensa  que  o  calor  é  a  única  causa  de  queimaduras,  mas  algumas  substâncias  químicas e a corrente elétrica também podem provocá‐las. Apesar da pele ser, normalmente, a parte do corpo  que se queima, os tecidos que se encontram por baixo também podem ser afetados e até, por vezes, podem  ficar queimados os órgãos internos mas não a pele. Por exemplo, o fato de se ingerir um líquido muito quente  ou uma substância cáustica, como o ácido, pode queimar o esôfago e o estômago. A inalação de fumo e de ar  quente provenientes do fogo de um edifício em chamas pode queimar os pulmões.  Os tecidos queimados podem morrer. Quando os vasos sanguíneos ficam danificados por uma queimadura,  escapa‐se líquido do seu interior e isso provoca inchaço. Numa queimadura extensa, a grande perda de líquido  a partir do funcionamento anormal dos vasos sanguíneos pode provocar um quadro de choque. Nesta grave  situação, a tensão arterial baixa tanto que muito pouco sangue chega ao cérebro e a outros órgãos vitais.  

As  queimaduras  provocadas  pela  eletricidade  podem  ser  devidas  a  temperaturas  de  mais  de  5000ºC,  geradas  pela  passagem  de  uma  corrente  elétrica,  desde  a  fonte  de  energia  até  ao  corpo.  Este  tipo  de  queimaduras,  por  vezes  chamadas  queimaduras  de  arco  elétrica,  costumam  destruir  e  carbonizar  completamente a pele no ponto em que a corrente entra no corpo. Como a resistência (capacidade do corpo  para  deter  ou  desacelerar  o  fluxo  de  corrente)  no  ponto  onde  a  pele  entra  em  contato  com  a  fonte  de  eletricidade é alta, grande parte dessa energia converte‐se em calor e, por isso, queima a superfície.  

A  maioria  das  queimaduras  provocadas  pela  eletricidade  também  danificam  gravemente  os  tecidos  localizados sob a pele. Estas queimadura variam em extensão e profundidade e podem afetar uma área muito  maior do que a pele queimada sugere. Os grandes choques elétricos podem paralisar a respiração e alterar o  ritmo cardíaco, provocando batimentos perigosamente irregulares (arritmias).  

As  queimaduras  por  agentes  químicos  podem  ser  provocadas  por  produtos  irritantes  e  venenosos,  incluindo ácidos e alcalis fortes, fenóis e cresóis (solventes orgânicos), gás mostarda e fósforo. Estas lesões são  capazes de provocar a morte do tecido, que pode progredir lentamente durante horas, inclusivamente depois  da queimadura.  

Sintomas   

A  gravidade  de  uma  queimadura  depende  da  quantidade  de  tecido  afetado  e  da  profundidade  da  lesão,  que se descreve como de primeiro, de segundo ou de terceiro grau.     As queimaduras de primeiro grau são as menos graves. A pele queimada torna‐se vermelha, dorida, muito  sensível ao tacto e úmida ou inchada. A área queimada torna‐se branca ao tocá‐la ligeiramente, mas não se  formam bolhas.    As queimaduras de segundo grau provocam um dano mais profundo. Formam‐se bolhas na pele, cuja base  pode ser vermelha ou branca, as quais estão cheias de um líquido claro e espesso. A lesão, dolorosa ao tacto,  pode tornar‐se branca ao tocá‐la.    

As  queimaduras  de  terceiro  grau  provocam  uma  lesão  ainda  mais  profunda.  A  superfície  cutânea  pode  estar branca e amolecida ou negra, carbonizada e endurecida. Como a zona queimada pode ter uma coloração  pálida, pode‐se confundi‐la com pele normal nas pessoas de tez clara, embora não se torne branca ao tacto.  Os  glóbulos  vermelhos  danificados  da  zona  lesionada  podem  fazer  com  que  a  mesma  adquira  uma  cor  vermelha intensa.  

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Em  certos  casos,  na  pele  queimada  aparecem  bolhas  e  os  pelos  desta  zona  costumam  ser  facilmente  arrancados pela raiz. A área afetada perde a sensibilidade ao tacto. Geralmente, as queimaduras de terceiro  grau não doem, porque os terminais nervosos da pele ficam destruídos.    

MORTE PRODUZIDA POR ASFIXIA  

  As definições propostas pelos diversos autores sobre asfixia convergem para a interrupção da respiração.  As diversas modalidades de morte por asfixia podem ser englobadas na classificação seguinte:    Enforcamento:     Ação mecânica por laço, promovendo constrição do pescoço. O laço é acionado pela ação do próprio peso  do indivíduo.    Estrangulamento:     Na morte por estrangulamento o laço é acionado, não pelo peso da vítima, mas por força diversa.    Esganadura:     Na maioria dos casos, devido ao emprego das mãos na consumação do fato, restam vestígios de equimoses  e escoriações produzidas pela pressão violenta dos dedos e unhas.     Sufocação:    

A  sufocação  consiste  na  conclusão  das  vias  respiratórias.  A  presença,  local,  de  panos  impregnados  de  líquidos biológicos, como saliva, vômito, etc., pode, às vezes, indicar este tipo de asfixia.     Soterramento:    A morte por soterramento ocorre o ar presente nas vias respiratórias é substituído por elementos sólidos,  geralmente areia. Há um processo de asfixia que, pela duração e dimensão do agente produtor, leva à morte.  Os  sinais  característicos  são  a  presença  de  estranhas  nas  cavidades  bucal  e  nasal  bem  como  na  traquéia  e  brônquios.    Afogamento:    É uma asfixia mecânica que ocorre na transição do meio gasoso para outro tipo de meio, no caso líquido. A  morte por afogamento, quando criminosa, via de negra, apresenta vestígios característicos, como: presença de  peso  amarrado  à  vítima,  para  facilitar  a  submersão,  colocação  de  amarras  às  mãos,  etc.,  exceto  quando  afogamento for por imersão e não submersão. 

 

MORTE PRODUZIDA POR PRECIPITAÇÃO. 

 

A morte provocada por precipitação, seja da janela do alto de um edifício, de um terraço ou sacada, seja de  uma  ribanceira,  apresenta  sérios  obstáculos  para  a  determinação  de  sua  causa  jurídica,  isto  é,  para  que  se  verifique se se trata de homicídio, suicídio ou acidente, embora nenhuma das hipóteses seja insolúvel. 

Nos  exames  de  locais  dessa  natureza,  nem  sempre  o  Perito  encontra  elementos  seguros  para  fazer  a  diferenciação,  porque  para  nenhuma  das  hipóteses,  como  procuraremos  mostrar,  a  rigor,  existem  características específicas. 

O  homicida  pode  lançar  o corpo  de  sua  vítima  de  um  plano  superior,  não só  para  simular  suicídio,  como  para sugerir um acidente. E não resta dúvida que poderia apenas estar tentando ocultar o corpo de sua vítima. 

Normalmente,  as  injúrias  que  podem  ser  observadas  em  casos  desse  tipo  são  multiformes,  variadas  e  atípicas.  Em  não  havendo  vestígios  seguros  de  outras  causas  de  morte,  como  o  envenenamento, 

Referências

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