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Temos hoje mais praticantes federados do que nunca. Não falhámos qualquer apuramento no século XXI. Somos a Seleção número 3 do Mundo.

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Academic year: 2021

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Cumprimentos aos deputados e às pessoas que acompanham o presidente da FPF e agradecimento por ter sido permitido começar a audição com esta declaração. Há sensivelmente um mês, no dia 22 de setembro, publiquei um artigo nos jornais desportivos A Bola, O Jogo e Record, bem como no generalista Público, a que dei o título de «É tempo de responder aos sinais de alarme». Hoje, mais do que identificar os sinais de alarme, gostaria de aproveitar a oportunidade de falar na casa da democracia para partilhar algumas das nossas ideias sobre o que pode ser feito para corrigir o que está mal. Mas permitam que comece pelo que está bem no futebol. Sim, porque o futebol em Portugal tem muito de bom. Temos hoje mais praticantes federados do que nunca. Somos campeões da Europa. Não falhámos qualquer apuramento no século XXI. Somos a Seleção número 3 do Mundo. O nosso Cristiano Ronaldo voltou esta semana a ser eleito o melhor futebolista do planeta. Temos seis dos 32 treinadores da fase de grupos da Liga dos Campeões Somo um País que acolhe, desenvolve e exporta talento, habituado a conseguir muito com pouco dinheiro. No Verão passado, a Seleção foi pela primeira vez ao Campeonato da Europa feminino Ainda recentemente juntámos 3 milhões de pessoas em frente à RTP1, um momento único que a todos emocionou.

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O futebol é uma atividade que agrega e dá emprego a milhares de pessoas O futebol sabe cumprir o seu papel e é exemplo de solidariedade e proximidade com as populações O futebol é relevante nas nossas vidas O futebol vai a todo o lado e faz pelas pessoas o que muitas vezes mais ninguém faz. Se o futebol desempenha estas funções da máxima relevância, é dever de todos – os que gostam de futebol, os que têm responsabilidade no futebol e os que têm responsabilidade na sociedade – é dever, dizia, protegê-lo. É sobre essa responsabilidade que gostaria de vos falar hoje. De uma forma geral, o diagnóstico está feito. O artigo suscitou muitas reações e creio não estar errado se disser que os problemas se agrupam em três áreas: relação com a arbitragem, comportamento dos adeptos e respeito pelas mais elementares normas éticas do desporto. É fundamental que diminua o clima de conflitualidade pública entre os clubes com maior acesso à comunicação social. Isto não significa que os clubes não tenham as suas divergências, obviamente, ou até que possam estar em profundo desacordo sobre matérias essenciais. Também não significa que as autoridades judiciais e disciplinares não devam investigar tudo o que entendam necessário para garantir a integridade das competições. Obviamente devem fazê-lo. Mas não cabe aos clubes o papel de acusadores.

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Todas as denúncias devem ser remetidas para as entidades próprias, como de resto tem feito a FPF em casos recentes e que, certamente não por acaso, produziram resultados. Sem surpresa, o Conselho de Disciplina viu aumentar o número de processos disciplinares por questões relacionadas com lesão da honra de instituições, dirigentes e agentes desportivos. Não se trata de uma fúria de agir do Conselho de Disciplina, é o reflexo do clima de ódio que se instalou entre os responsáveis com maior acesso aos meios de comunicação social Explico para quem não está tão familiarizado com estes temas: de acordo com a Lei, o Conselho de Disciplina funciona no âmbito da FPF e aplica as regras definidas pelos clubes profissionais em Assembleia Geral da Liga. O futebol tem de se questionar: serão os seus regulamentos suficientemente dissuasores? O Estado também deve questionar-se: que impacto tem este clima bélico na formação das pessoas, sobretudo as mais novas, face ao eco que estas questões encontram no espaço público? Na nossa opinião, devemos ter regulamentos mais duros, que inibam as pessoas do futebol de contribuir para a destruição do setor em que trabalham. Muitas das mais violentas insinuações e acusações são feitas às equipas de arbitragem. Em Portugal temos um problema grave de relação com a arbitragem. Esta época já tivemos o prédio de um árbitro vandalizado. Também já esta época, diversos árbitros receberam ameaças que tivemos oportunidade de, como fazemos sempre, enviar para as entidades competentes.

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Para que possam perceber o clima que existe em torno de quem tem a função arbitrar jogos, tomei a liberdade de trazer alguns exemplos. Acho que estes infelizes exemplos falam por si próprios. Estou seguro de que ao lê-los todos tomamos consciência do que vivem os árbitros e as suas famílias. Infelizmente, a falta de respeito pelos elementos da arbitragem encontra eco na comunicação social. Partilho três exemplos de frases ditas em meios de elevado alcance e audiência. As críticas desproporcionadas têm impacto junto de pessoas mais influenciáveis. A relação entre clubes e adeptos atravessa um período delicado em Portugal. Para as entidades internacionais é claro que os clubes são responsáveis pelos atos que os seus adeptos cometem nos estádios. É esta forma de responsabilização que, em última instância, garante que é feito o máximo para manter a segurança nos recintos desportivos, como estabelece a Lei. É urgente que o Estado olhe com atenção para as questões que têm a ver com adeptos. O número crescente de incidentes deve preocupar-nos. Não me interpretem mal: não queremos retirar os adeptos dos estádios. Pelo contrário, queremos criar condições para que o presidente da FPF não receba cartas de pessoas que têm medo de ir aos estádios. Porque um adepto que se comporta mal num estádio ou nas suas imediações não é apenas um problema do futebol: é um problema social que temos de conseguir resolver em conjunto. A FPF está disponível para esse trabalho de avaliação da Lei da Violência, até porque sabemos que é possível trabalhar em conjunto para melhorar.

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Foi isso que fizemos, nesta casa, com a Lei da Corrupção Desportiva e os resultados estão à vista.

O que essencialmente estará a faltar será a efetiva aplicação do que é preconizado na Lei da Violência, de uma forma plena, efetiva e célere.

Para que essa aplicação se revista de eficácia, terá que ocorrer por parte das entidades policiais, administrativas e judiciais a assunção de um compromisso também partilhado pelos organizadores, promotores e outros envolvidos neste processo.

As soluções que defendemos passam pelas seguintes propostas:

1. Criação de uma autoridade administrativa exclusivamente vocacionada para a segurança e combate à violência no desporto, dotada de recursos e não apenas de atribuições e competências, que tornem exequível a celeridade e inevitabilidade da ação sancionatória face à inobservância da Lei.

Tal organismo deverá ser central, autónomo e especializado, com capacidade de imprimir os estímulos necessários à corresponsabilização de todos os atores, para uma autorregulação, do topo para a base, de todo o sistema. 2. Maior eficácia na aplicação das medidas de interdição de acesso a recintos desportivos 3. Reforço e/ou mudanças na política de apoios e regulação dos grupos de adeptos

4. Avaliar uma possível retirada de benefícios aos promotores na comparticipação dos encargos com policiamento.

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Por último, sobre este tema, deixamos uma sugestão: porque não criar um mecanismo já em vigor em alguns países e competições, o FAN ID? Foi com este documento que tive acesso aos estádios na Taça das Confederações. Todos os que forem ver jogos do Mundial 2018 precisarão de um documento igual. Muito do que vos disse até agora está relacionado com o dirigismo desportivo. A esse propósito, e antes de terminar, permitam-me que anuncie que a FPF vai aumentar a exigência em relação aos dirigentes desportivos, obrigando a um curso de formação para todos os que se sentarem no banco em competições nacionais. Muitos dos dirigentes desportivos exercem funções de reconhecida relevância social. São figuras reconhecidas a nível local, nacional e às vezes até internacional. O que dizem é ouvido. O que fazem é imitado. Influenciam. Indicam caminhos. A sociedade espera e exige muito destas pessoas. Parece-nos assim que as alterações que possam modelar uma nova cultura desportiva também poderão passar por alterações à Lei de Bases e ao regime jurídico das Federações Desportivas e pelo papel essencial que o Conselho Nacional do Desporto tem na promoção da discussão

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sobre o que deve ser um dirigente desportivo e o que deve a sociedade esperar e exigir destas pessoas. Por via deste instrumento legal, sem esvaziar as federações e a Liga das suas competências próprias, poderemos impor regras básicas de civilidade, convívio e fair-play entre os diversos protagonistas do futebol. Estas alterações não serão fáceis de implementar mas também não nos poderemos alhear delas. Deve a Lei ter o poder para inabilitar uma pessoa para o dirigismo desportivo? Deve a Lei dotar o Conselho Nacional do Desporto de maior capacidade e poder para fazer face aos problemas atuais do desporto e do futebol? A bem do futebol, a nossa opinião é francamente favorável a estas alterações. A autonomia do movimento associativo não poderá continuar a servir de desculpa para que tudo fique na mesma. Os que preconizam as mudanças terão de ser os primeiros a dar o exemplo. Por fim, a FPF anuncia desde já que está disponível para colaborar com as entidades públicas, os meios de comunicação social e todas as federações desportivas numa campanha nacional pelo espírito desportivo e cultura desportiva. A FPF entende que o espírito desportivo e a ética desportiva devem ser ensinados intensamente nos currículos escolares. Permitam-me que termine como comecei: com um bom exemplo, um sinal de que é possível respeitar os valores essenciais do desporto se todos trabalharmos juntos. (é exibida IMAGEM FAIR –PLAY VOLEIBOL)

Referências

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