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Relações Entre Tamanho, Diversificação, Gestão de Recursos, Participação de Mercado e Desempenho Organizacional de Companhias Brasileiras de Capital Aberto

Autoria: Alexandre Teixeira Dias

Resumo: Com o objetivo de identificar as relações entre tamanho, nível de diversificação, eficiência na gestão de recursos, participação de mercado e o desempenho financeiro, foram estudadas empresas brasileiras inseridas nos setores Indústria de produtos de metal e Siderurgia e indústria básica de outros metais, ativas no período entre 1998 e 2004. Com foco no entendimento das relações entre as dimensões apresentadas, foi adotado um modelo nomológico estrutural. Como metodologia de mensuração e análise das relações entre os constructos, foi adotada a estimação de parâmetros pelo método PLS - Partial Least Squares, em função da característica formativa dos constructos e da flexibilidade do método em termos de tamanho de amostra e função de distribuição dos dados. Como resultado foram identificadas relações de intensidades e sentidos diversos entre o constructo objeto de estudo e os constructos preditores.

INTRODUÇÃO

As relações entre fatores estratégicos e desempenho organizacional têm sido objeto de pesquisa de diversos autores, gerando uma ampla gama de perspectivas e metodologias de análise. Como exemplo da diversidade de temas tratados, temos trabalhos em que são mensuradas as relações entre fatores ligados ao setor de atuação das empresas e o seu desempenho (BRITO e VASCONCELOS, 2003a, 2003b e 2004; BANDEIRA-DE-MELLO e MARCON, 2004a e 2004b), entre as percepções dos gestores acerca do ambiente competitivo, suas políticas de alocação de recursos e seu desempenho (VENKATRAMAN, 1989a; TAN e LITSCHERT, 1994), entre estratégias de diversificação e desempenho (ROGERS, MENDES-DA-SILVA e PAULA, 2005) entre as influências do ambiente competitivo, do setor de atuação e das políticas de alocação de recursos no desempenho das organizações (DIAS, GONÇALVES e COLETA, 2004).

Em alinhamento com os objetivos traçados para esta pesquisa, temos os trabalhos desenvolvidos por Rumelt acerca das estratégias de diversificação e sua relação com o desempenho financeiro (BETTIS, 1981; HILL e HANSEN, 1991; KEATS, 1990; RUMELT, 1977; STIMPERT e DUHAIME, 1997) e com a lucratividade das empresas (RUMELT, 1982). Outro trabalho que merece destaque é o desenvolvido por Amit e Livnat (1988) no qual os autores tecem considerações acerca do conceito de diversificação de conglomerados, e suas relações com variações no contexto econômico.

Quanto ao tema da influência da participação de mercado no desempenho organizacional, temos as obras de Kwoka (1979), Shepherd (1972) e Rumelt (1981).

Assim, buscando ampliar o conhecimento acerca dos fatores que influenciam o desempenho das empresas, coloca-se como proposta deste artigo a resposta à seguinte questão:

Quais as relações entre tamanho, nível de diversificação, eficiência na gestão de recursos, participação de mercado e o desempenho financeiro?

Para responder à questão é apresentado, após o referencial teórico norteador do trabalho de pesquisa, o modelo explorado e a metodologia de pesquisa adotada, quando da realização dos trabalhos de coleta, análise e interpretação dos dados.

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REFERENCIAL TEÓRICO

Tendo apresentado a questão orientadora da pesquisa, são abordados no referencial teórico os temas relacionados aos constructos do modelo de estudo proposto.

Teoria da competição e estratégia

Ao analisar os aspectos inerentes ao processo de competição entre as organizações, a abordagem da Organização Industrial considera que os retornos das empresas são determinados pela estrutura do setor no qual atuam e que as características de tal setor que mais influenciam os retornos são: existência e intensidade de barreiras à entrada; quantidade e tamanho relativo das empresas; nível de diferenciação de produtos ofertados; e elasticidade da demanda do setor (Porter, 1980, 1981). Um dos aspectos de tal abordagem é o paradigma SCP - Structure, Conduct, Performance, que vincula a estrutura setorial (structure) à estratégia (conduct) e ao desempenho (performance) (Barney, 1986; Hunt, 2000), estabelecendo como objetivo das empresas alcançar níveis elevados de retornos em seus investimentos, com foco na criação ou modificação de características estruturais do setor e no estabelecimento de barreiras à entrada de novos concorrentes (Barney, 1986). Assim, temos a proposição das hipóteses:

Hipótese 1: há uma relação positiva e estatisticamente significativa entre o tamanho das empresas e o desempenho financeiro.

Hipótese 2: há uma relação positiva e estatisticamente significativa entre o nível de diversificação das empresas e o desempenho financeiro.

Também a abordagem Chamberliniana da competição tem como ponto central o entendimento e a explicação das estratégias organizacionais, mas com foco nas características individuais únicas e na capacidade das empresas, identificando o impacto dessas individualidades nas estratégias formuladas e nos resultados. Para Chamberlin, citado por Barney (1986), a competição intra-setor sempre ocorre entre empresas com diferentes recursos e características, sendo tratada a questão dos aspectos idiossincrásicos da organização, permitindo a alteração da estrutura setorial. Assim, a heterogeneidade das empresas constitui uma fonte de vantagens competitivas, sendo a competição entre empresas atuantes em setores que apresentam essas características denominada de competição monopolística.

De acordo com a abordagem Chamberliniana, as empresas devem escolher as estratégias que viabilizem a maximização dos resultados, habilitando-se a obter retornos econômicos relativamente elevados e a manter sua capacidade competitiva. Barney (1986) destaca que a abordagem Chamberliniana vai de encontro aos princípios da abordagem da Organização Industrial e que estas se complementam, pois a estrutura do setor influencia fortemente a escolha dos recursos e das capacidades a serem utilizados pelas organizações quando da escolha da estratégia competitiva.

Já a abordagem Schumpeteriana foca as mudanças tecnológicas, de produtos e de mercado, sendo tal forma de competição denominada "competição revolucionária" por Barney (1986), considerando os aspectos relacionados à incerteza competitiva, servindo de referência para pesquisas que se propõem a compreender as reações das organizações diante das configurações de mercado, que irão requerer o desenvolvimento de novas capacidades por parte das organizações. As mudanças revolucionárias que ocorrem no mercado estabelecem os padrões tecnológicos e mercadológicos de competição, identificam os recursos e capacidades que são estratégicos para o sucesso das empresas e apontam aqueles que não apresentam peso significativo para os resultados organizacionais. Ainda conforme o autor,

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reações tardias, assim como antecipações equivocadas, podem minar a capacidade competitiva das empresas, além de criar um cenário difícil de ser revertido.

Hipótese 3: há uma relação positiva e estatisticamente significativa entre a eficiência na gestão de recursos e o desempenho financeiro.

Ao propor a integração das abordagens da competição, Barney (1986) destaca que o setor de atividade apresenta-se como a unidade de análise das três correntes de pensamento, não havendo como considerar a questão da competição interfirmas somente com base em uma das três correntes de análise, pois elas se complementam

Hunt e Morgan (1995, 1996 e 1997) e Hunt (1997 e 2000) apresentam a teoria da vantagem em recursos – R-A Theory, cujas premissas são: a) a inovação e a aprendizagem organizacionais são endógenas à competição; b) diferentes empresas têm acesso às informações a custos diferentes e em momentos diversos; e c) as políticas e as instituições públicas afetam diretamente o desempenho econômico das organizações. Outro aspecto fundamental da teoria da vantagem em recursos está no fato de considerar que o processo de seleção das organizações, considerando-se o mercado em que atuam, baseia-se na competição pelos recursos que garantam o estabelecimento de uma vantagem perante seus concorrentes, evidenciando a fundamentação da teoria na visão baseada em recursos. Tal fundamentação, somada à heterogeneidade da demanda e ao acesso imperfeito à informação, leva à diversificação do tamanho das empresas, do escopo de suas atividades e dos níveis de lucratividade, não somente entre setores diferenciados, mas também internamente aos diversos setores de atividade. Esses aspectos, considerados em conjunto, determinam a participação de mercado das organizações, objeto da seguinte hipótese:

Hipótese 4: há uma relação positiva e estatisticamente significativa entre participação de mercado e o desempenho financeiro.

Assim, com base nos aspectos teóricos anteriormente apresentados, destaca-se a relevância do estudo de tais relações no âmbito do ambiente competitivo brasileiro, na busca pela ampliação do entendimento das suas configurações, segundo a hipótese geral:

Hipótese Geral: há uma relação positiva e estatisticamente significativa entre tamanho, nível de diversificação, eficiência na gestão de recursos, participação de mercado e o desempenho financeiro.

Caracterização do período analisado

De acordo com Moreira (1999), a década de 90, no Brasil, é caracterizada pela transição de um regime de protecionismo de mercado para a intensificação das importações, fazendo com que as empresas atuantes no mercado brasileiro passem a enfrentar a concorrência dos produtos provenientes de regiões que há muito praticam uma política de incentivo à capacitação tecnológica e ao desenvolvimento de produtos. Pinheiro, Giambiagi e Gostkorzewicz (1999) destacam aspectos que caracterizam o período, a partir de 1995: a) baixo nível de inflação, comparativamente a períodos anteriores da história econômica do país; b) alto desequilíbrio das contas públicas; c) o efeito da abertura comercial nas taxas de câmbio; e d) o resultado da conta corrente.

Ainda conforme os autores, a redução das tarifas de importação a partir de 1991 e a valoração nominal da taxa de câmbio, provocaram reversão dos resultados da balança comercial, que apresentou déficit continuamente no período 1995–1998. A partir de 1995, em

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seguida à crise do México, o governo federal buscou ajustar a taxa de câmbio à variação do Índice de Preços no Atacado (IPA), mantendo tal política nos anos de 1996 e 1997. A desvalorização gradual da taxa de câmbio a taxas nominais de cerca de 0,6% ao mês, caracterizando uma relativa estabilidade da política cambial, teve como conseqüência a instabilidade das taxas de juros, com significativas altas ocorridas em março de 1995 – crise financeira do México; novembro de 1997 – crise da Ásia; e setembro de 1998 – crise da Rússia (PINHEIRO, GIAMBIAGI e GOSTKORZEWICZ, 1999). Segundo os autores, no mesmo período, em conseqüência da variação da taxa de juros, o nível de atividade medido pelo índice de produção industrial apresentou acentuadas oscilações: queda de 13% após a crise do México, 7% após a crise asiática e 6% após a crise russa, sendo caracterizada uma perda de dinamismo do setor produtivo, expressa pela redução da média de crescimento da economia de 5,4% a.a., no biênio 1993–1994, para 3,6% a.a. em 1995–1997 e para 0,2% em 1998.

Em dezembro de 1999 observa-se uma recuperação dos índices da produção industrial de 8,8%, comparativamente ao mesmo mês do ano de 1998, quando foi apurado o pior desempenho no período de janeiro de 1997 a dezembro de 1999. No entanto, no decorrer do ano de 1999 identifica-se queda acumulada de 0,7% da produção industrial, apesar dos níveis gerais próximos ao de outubro de 1997, o mais alto da série 1997–1999 (IPEA, 2000). Em resumo, caracterizando o período referente à década de 90, identificam-se: crescimento econômico moderado e decrescente, com a conseqüente elevação do nível de desemprego; elevados patamares do déficit público; crescimento do endividamento público; e altos níveis dos déficits em conta corrente.

MODELO BASE DE REFERÊNCIA

Tomando por referência as fundamentações teóricas apresentadas anteriormente e as hipóteses propostas, é proposto um modelo de estudo o qual é composto pelas dimensões, respectivas categorias e expressões abordadas a seguir, sendo considerados os aspectos relacionados ao desempenho da organização e seu relacionamento com o tamanho das empresas, o nível de diversificação das empresas, a eficiência na gestão de recursos e a participação de mercado mantidas pelas organizações em estudo.

A mensuração das variáveis foi realizada conforme descrito a seguir:

a) Tamanho da empresa. Transformação logarítmica do ativo total apurado pelas empresas ao final do período fiscal = lnAtivo, utilizado por Mendes-da-Silva e Pontual (2005).

b) Nível de diversificação. Índice Herfindahl-Hirschman de concentração das vendas nos três principais produtos, conforme equação (1), utilizado por Rogers, Mendes-da-Silva e Paula (2005). NDIV = 2 3 1 100

=      i i x p p Equação (1)

c) Eficiência na gestão de recursos. Constructo composto pelas variáveis INT_VEND (intensidade de vendas – relação entre despesas – gerais, administrativas e com vendas – e vendas líquidas), EFICIENC (eficiência – relação entre custo do produto vendido e vendas líquidas) e GASTOS_K (gastos de capital – relação entre gastos líquidos com capital e vendas líquidas), desenvolvidas por Hambrick (1983) e utilizadas por Berman et al. (1999) e Dias e Gonçalves (2005) – equação (2).

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EFADMR=β0+ β 1INT_VEND+ β 2EFICIENC+ β 3GASTOS_K + ε Equação (2)

d) Desempenho. Mensurado utilizando-se as variáveis ROA (rentabilidade do ativo) e RENT_PA (rentabilidade do patrimônio) – equação (3).

DESEMP= β 0+ β 1ROA+ β 2RENT_PA + ε Equação (3)

e) Participação de mercado. Mensurada por meio do percentual das vendas da empresa em relação às vendas do setor como um todo.

Conforme as hipóteses formuladas, temos as seguintes equações:

Hipótese 1: há uma relação positiva e estatisticamente significativa entre o tamanho das empresas e o desempenho financeiro – equação (4):

DESEMPt= β 0+ β 1TAMANHOt-1 + ε Equação (4)

Hipótese 2: há uma relação positiva e estatisticamente significativa entre o nível de diversificação das empresas e o desempenho financeiro – equação (5):

DESEMPt= β 0+ β 2NDIVt + ε Equação (5)

Hipótese 3: há uma relação positiva e estatisticamente significativa entre a eficiência na gestão de recursos e o desempenho financeiro – equação (6):

DESEMPt= β 0+ β 3 EFADMRt-1 + ε Equação (6)

Hipótese 4: há uma relação positiva e estatisticamente significativa entre participação de mercado e o desempenho financeiro – equação (7):

DESEMPt= β 0+ β 4 MKTSHAREt-1 + ε Equação (7)

Hipótese Geral: há uma relação positiva e estatisticamente significativa entre tamanho, nível de diversificação, eficiência na gestão de recursos, participação de mercado e o desempenho financeiro – equação (8).

DESEMPt= β 0+ β 1TAMANHOt-1+β 2NDIVt-1+β 3EFADMRt-1+β 4MKTSHAREt-1+ ε Equação (8),

que expressa o desempenho da organização em função das demais dimensões abordadas, apuradas para o período anterior ao de apuração do desempenho, excetuando-se o nível de diversificação.

METODOLOGIA

Tendo como objetivo a mensuração multivariada das relações entre as dimensões apresentadas na seção anterior, foram utilizados dados secundários de várias fontes, tais como Economática®, IBGE e IPEA, os quais foram trabalhados de forma a permitir a operacionalização dos indicadores (variáveis observadas) e, conseqüentemente, a mensuração dos constructos (variáveis latentes) que compõem o modelo proposto.

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Tendo em vista as características formativas dos constructos abordados, o tamanho da amostra e o objetivo da pesquisa - busca do entendimento das relações e influências entre constructos -, utilizou-se para estimação dos parâmetros do modelo proposto, o método PLS – Partial Least Squares, que é caracterizado como uma técnica preditiva, adequada à análise de relações entre mais de uma variável dependente e um conjunto de variáveis independentes. A despeito da verificação de multicolinearidade entre as últimas, é indicada como uma técnica de predição, podendo ser utilizada para análise exploratória como antecedente a técnicas interpretativas, tais como regressão linear múltipla e modelagem de equações estruturais (GARSON, 2004).

De acordo com Lohmöller (1988), no método PLS as variáveis latentes são estimadas como agregados lineares ou componentes, encampando, por exemplo, os métodos de componentes principais e de correlação canônica, não havendo restrições quanto às características de distribuição dos dados. Devido às suas semelhanças com a análise de componentes principais, são evitados os problemas inerentes à estimação de variância negativa.

Chin (1997) reforça tal assertiva ao afirmar que, em função da técnica iterativa de estimação de parâmetros utilizada pelo método PLS, cujo algoritmo é composto por uma série de análises de mínimos quadrados ordinários – Ordinary Least Squares (OLS), não ocorrem erros de identificação do modelo, nem são estabelecidos pressupostos em relação à distribuição das variáveis observadas. O autor também destaca que o método PLS, ao estimar as variáveis latentes, considera-as como combinações lineares das variáveis observadas, evitando a ocorrência de não-determinação dos modelos e possibilitando a definição exata dos escores dos componentes.

Quando da estimação dos parâmetros do modelo proposto nesta pesquisa, foi utilizado o software LVPLS, desenvolvido por Lohmöller (1984), para análise de relações entre variáveis latentes – Latent Variable Path, que adota o PLS como método de estimação dos parâmetros, adotando-se o método centroid weighting scheme de estimação dos pesos, que, segundo Lohmöller (1984), leva em conta a quais outras variáveis latentes uma determinada variável está diretamente ligada. O autor ressalta que quando as relações entre variáveis observadas e variáveis latentes forem formativas, caso desta pesquisa, esses parâmetros são identificados pelos coeficientes de peso (weights). Quando as variáveis tratadas estiverem na forma padronizadas (média 0 e variância 1), não é estimado o parâmetro β 0.

Para verificação da significância dos parâmetros estimados, foi utilizado o método não-paramétrico Jackknife que, segundo Lohmöller (1984), estima os parâmetros do modelo quantas vezes forem os casos da amostra em análise, excluindo uma observação por vez. O conjunto de estimativas dos parâmetros é utilizado para calcular a média e o desvio-padrão desses, e a significância dos parâmetros é verificada por meio do estabelecimento de intervalos de confiança nos quais deverão se localizar os parâmetros originalmente estimados. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Os dados coletados são referentes a empresas brasileiras de capital aberto, classificadas nos setores Indústria de produtos de metal – NAICS 332 e Siderurgia e indústria básica de outros metais – NAICS 331, atuantes no período entre os anos 1998 e 2004, inclusive, que apuraram lucro nos períodos analisados, constituindo amostra de 9 empresas e 45 casos, após a identificação, avaliação e tratamento de dados discrepantes, identificados por meio da análise dos valores da estatística Leverage, ao nível de significância de 0,05, e a exclusão dos casos com dados ausentes e de empresas com menos de três períodos para análise.

Os parâmetros do modelo proposto foram estimados adotando-se o método path weighting scheme de estimação dos pesos das variáveis mensuradas e das relações entre os

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constructos. Tendo em vista a natureza formativa dos constructos analisados, as relações entre eles são identificadas pelos coeficientes de peso, segundo Lohmöller (1984).

Ao analisarmos o ajuste do modelo estrutural, devemos levar em consideração a parcela da variância dos constructos explicada pelo mesmo. Conforme apurado quando da estimação dos parâmetros, a variância explicada para o constructo desempenho situou-se em 45,73%, indicando a aplicabilidade do modelo ao entendimento das relações entre as variáveis constitutivas do mesmo.

Tomando-se por referência as informações apresentadas na TAB. 1, verifica-se uma relação negativa e de média intensidade (-0,6350) entre os constructos tamanho e desempenho, levando à não aceitação da hipótese 1.

Quanto às relações entre o nível de diversificação e o desempenho das organizações em estudo, objeto da hipótese 2, apresentaram-se positivas e de pequena intensidade (0,1870), permitindo a aceitação da referida hipótese.

A hipótese 3 também não foi aceita, em função da relação negativa e de pequena intensidade (- 0,3360) apurada para a interação entre a eficiência na gestão de recursos e o desempenho financeiro.

Quanto à hipótese 4, a qual propõe uma relação positiva entre participação de mercado e desempenho, também foi aceita, tendo em vista a apuração de uma relação positiva entre os constructos (0,2920).

Tendo em vista que a hipótese geral considera uma relação positiva entre os constructos preditores do modelo e o desempenho das organizações, tem-se sua não aceitação, em virtude da não aceitação das hipóteses 1 e 3.

Tabela 1 – Análise de resultados - Jack-Knifing para coeficientes de caminhos Coeficiente de caminho Estimado por Jack-Knifing Intervalo de confiança a 5%* Constructos Estimado pelo PLS

Média Desvio-padrão inferior Limite superior Limite

EFADMRt-1 DESEMPt -0,3360 ** -0,3280 0,0572 -0,3393 -0,3167 MKTSHAREt-1 DESEMPt 0,2920 ** 0,2822 0,1073 0,2609 0,3035 NDIVt DESEMPt 0,1870 ** 0,1820 0,0587 0,1704 0,1936 TAMANHOt-1 DESEMPt -0,6350 ** -0,6153 0,0999 -0,6351 -0,5955 * Teste bicaudal ** Significante a 5% Fonte: dados da pesquisa

Como síntese da análise, temos as seguintes equações resultantes:

DESEMPt= - 0,6350TAMANHOt-1 + ε Equação (9)

DESEMPt= 0,1870NDIVt-1 + ε Equação (10)

DESEMPt= - 0,3360EFADMRt-1 + ε Equação (11)

DESEMPt= 0,2920MKTSHAREt-1 + ε Equação (12)

DESEMPt= - 0,635TAMANHOt-1+ 0,187NDIVt-1 - 0,336EFADMRt-1 +0,292MKTSHAREt-1 + ε

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

As relações analisadas revelam uma relação significativa e positiva entre a diversificação de fontes de recursos, oriundos do mix de produtos da empresa e o desempenho financeiro e deste com a participação de mercado das empresas analisadas. Tais relações indicam uma maior preponderância de fatores ligados à estratégia de enfrentamento da concorrência por meio da expansão do mix de produtos, compensados pelo tamanho da empresa, ou seja, as empresas maiores tendem a ter um desempenho melhor com um mix reduzido de produtos.

A geração de retornos com base na gestão de recursos também mostra relação com o tamanho das empresas, indicando uma maior dependência das organizações de maior porte em relação à capacidade de gestão dos administradores.

Quanto às limitações da pesquisa, indicamos o fato da amostra ser composta somente por empresas de capital aberto, recomendando-se a replicação da pesquisa a empresas atuantes em outros setores e de capital fechado, fato que enriqueceria o conhecimento acerca do tema abordado, o reduzido período analisado e as limitações da metodologia utilizada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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