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Instituto Politécnico de Tomar Escola Superior de Tecnologia de Tomar

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Instituto Politécnico de Tomar

Escola Superior de Tecnologia de Tomar

DEPARTAMENTO DE ARTE,CONSERVAÇÃO E RESTAURO Licenciatura em Conservação e restauro

Introdução à Conservação e Restauro

Apontamentos sobre, Identificação, Diagnóstico, Exame e Registo

Docente: Ricardo Pereira Triães (Eq. Assistente 1º Triénio)

2007/2008 1º Ano 1º Semestre

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1. Identificação

A identificação de bens culturais não se trata de uma tarefa que tem um início e um fim, ou seja, que podemos adquirir num determinado momento todas as informações relativas a esse mesmo bem. Por outro lado não tem um fim em si mesmo, é um procedimento que pode ser utilizado de diversas formas.

Assim, e dependendo do tipo e necessidade de identificação de um determinado bem cultural, também o tempo e o investimento na sua instigação pode ser totalmente diferente. Por outro lado, o próprio bem cultural reveste-se de uma maior ou menor complexidade o que pode tornar este processo muito heterogéneo, quer nos resultados a obter quer no próprio processo de identificação.

De um modo geral, quando nos referimos a um bem móvel, menos complexo,

composto por um ou dois tipos de materiais o processo de identificação torna-se muito mais simples, quer na definição do tipo de bem, nos materiais e técnicas usados, no tipo de decoração/tema, estilo/período, proveniência ou autoria.

Num bem mais complexo, seja pelas suas dimensões, aplicação ou mistura de materiais, abundância ou escassez de informações (que podem criar contradições), a sua raridade ou importância histórico-cultural, haverá, porventura, a necessidade de o processo de identificação ser mais extenso. Nestes caso será mais correcto proceder ao enquadramento histórico-artístico do bem, para além da referência aos pontos que se indicaram anteriormente.

2. Diagnóstico

O processo de diagnóstico de um bem cultural compreende:

1º - A avaliação da natureza dos materiais e as técnicas usadas na sua produção; 2º - A definição dos fenómenos de alteração existentes e a sua extensão;

3º - A avaliação das causas de degradação.

Após a consideração de todos estes aspectos, de forma mais ou menos sumária, podem-se estabelecer considerações mais precisas sobre o estado de conservação de um determinado bem cultural.

Desta forma, o conhecimento das propriedades dos materiais é essencial para um correcto diagnóstico.

O conhecimento das condições físico-químicas e o tipo de

contexto/utilização/aplicação do bem são importantes para essa avaliação. Estas medidas são consideradas por alguns autores como acções típicas de conservação preventiva ou não interventiva, a par do registo e identificação, uma

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função inerente à actividade de Conservador-Restaurador como vimos no Código de ética profissional da ECCO.

Materiais e técnicas

Assim, a abordagem aos bens culturais deve fazer-se pela observação directa, analisando os aspectos mais característicos (cor, textura, porosidade, etc.) e os materiais de que é composto.

O conhecimento das técnicas de produção é igualmente importante.

Fenómenos de alteração e degradação

A identificação dos fenómenos de alteração e degradação, ou seja, a catalogação dos danos sofridos ao longo do tempo varia em função dos materiais do bem cultural, da qualidade das matérias-primas, das técnicas usadas, da sua idade, do uso, dos factores ambientais envolventes, etc.

Estes e outros factores contribuem decisivamente para o estado de conservação de um determinado bem.

De um modo geral os diferentes fenómenos de alteração e degradação estão

associados ao tipo de material de que o bem é composto e aos factores ambientais e antrópicos a que está ou esteve exposto.

Causas de deterioração e alteração

Uma grande diferença existe quando nos referimos bens móveis ou imóveis, principalmente quanto aos factores que mais contribuem para a sua degradação. Será de esperar determinadas alterações em materiais expostos ao clima exterior e que essas não existam em ambientes mais reservados.

As variações ambientais (como a temperatura, humidade, etc) condicionam bastante a conservação dos materiais, assim como a acção antrópica (uso, intervenções,

vandalismo, etc.), abandono, poluição, etc..

Consoante o/os fenómeno de degradação existentes, devem saber indicar-se quais as causas que contribuíram para a deterioração e alteração dos materiais.

Extensão dos danos

Analisar a extensão dos danos reveste-se de uma grande importância uma vez que a dimensão dos danos pode condicionar/indicar determinados tratamentos.

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Intervenções Anteriores

Os restauros/intervenções anteriores também revelam o nível de intervenções do bem e das fases de intervenção. Por outro lado revela também possíveis interacções entre os materiais originais e os materiais usados no restauro.

3. Exames e análises

O recurso aos exames e análises tem como objectivo aumentar o tipo de informações. Entende-se por exame a observação que é efectuada aos bens culturais.

O exame mais comum e por vezes o único utilizado é vulgarmente designado por exame a olho nu/macroscópico.

Após este primeiro exame podem ser realizados outros, consoante a necessidade. A sua utilidade prende-se com a observação de aspectos da estrutura dos objectos, não vis íveis em condições normais, usando comprimentos de onda fora do espectro visível – Exame de Infra-vermelhos, Ultravioletas, Raios X, Reflectografia de IR – tornando alguns materiais visíveis, ou permitirem uma grande ampliação – Lupa binocular e Microscópio óptico. Qualquer um destes métodos de exame pode ser registado através de processos fotográficos ou através da captação de imagens vídeo. As análises mais usadas têm como objectivo estudar a composição (química e

mineralógica) dos materiais, a textura e algumas características tecnológicas. Podem igualmente realizar-se análises químicas a componentes específicos dos materiais ou até mesmo aos produtos de alteração.

Algumas destas análises são não destrutivas mas outras necessitam de pequenas quantidades de amostra dos objectos.

Algumas das técnicas mais comuns são: - Difracção de raios X;

- Espectrometria de fluorescência de raios X; - Análise de activação de neutrões;

- Espectrometria de absorção atómica;

4. Registo

As informações recolhidas durante os processos de identificação, diagnóstico e exame só são úteis se estiverem disponível para consulta.

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O registo torna-se indispensável, quer para consulta durante o tratamento (e mesmo após este) e como forma de conhecer a evolução do seu estado de conservação, quer seja por razões técnico-científicas, ou como forma de divulgação.

Algumas das informações recolhidas quando a peça chega ao laboratório podem ser rapidamente esquecidas ao fim de algum tempo. Deste modo, a documentação e o trabalho de registo, incidindo principalmente nos aspectos da evolução do tratamento, é um elemento essencial na área da conservação e restauro.

Este procedimento pode ser mais ou menos completo, utilizando mais ou menos recursos, consoante o tipo de colecções a conservar, o seu estado de conservação, a sua dimensão e complexidade, o tipo de materiais empregues, etc.

O conjunto de informações recolhidas pode fazer parte de um livro de notas, de fichas individuais de identificação de uma base de dados informática, etc.

Estas anotações que se vão realizando sobre os bens em tratamento funcionam, na maioria das vezes, também como uma ferramenta de trabalho.

É um meio que o conservador-restaurador tem para confrontar as técnicas usadas num determinado bem e expondo os resultados do seu trabalho, no sentido de aprofundar os conhecimento para futuras intervenções.

Alguns bens podem exigir que o processo de registo seja mais pormenorizado ou mais preciso, como por exemplo, no caso de estes virem a abandonar definitivamente o local onde se encontravam.

Noutros casos, pela raridade dos bens, pelo tipo de técnica a usar, pelo acentuado estado de degradação, entre outros, até os tratamentos mais simples devem ser registados.

Neste sentido podem utilizar-se várias soluções, todas ao mesmo tempo ou apenas parte delas. A saber:

Fichas de registo; Etiquetagem; Registo gráfico; Registo fotográfico; Relatórios técnicos. Fichas

No trabalho de laboratório o mais comum é o preenchimento de fichas de identificação e diagnóstico e fichas de tratamento ou uma solução única que contemple as duas. Nessas fichas devem ser incluídas fotografias e/ou desenhos ou, em alternativa, colocá-las em anexo.

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Resultados dos processos de exame e análises também devem ser anexados a estas fichas.

As fichas devem ser as mais completas possíveis e devem ser concebidas por quem as usa (ou que melhor sirvam a instituição), atendendo à área de trabalho, ao tipo de espólio, etc.

A sua organização pode ser diversificada:

Por número de inventário (ano e número de entrada); Por cronologia/períodos histórico artísticos;

Alfabeticamente;

Por categorias de bens culturais (materiais e/ou formas);

Devem ser funcionais e que não dificultam a sua manipulação a outros.

A informatização destas fichas por intermédio de uma base de dados torna o acesso à informação de forma mais rápida e eficiente, podendo facilmente seleccionar os bens pretendidos.

Este sistema elimina os volumes de fichas, mas por outro lado as fichas em papel são mais práticas para o trabalho de laboratório ou para o trabalho de campo.

Para a elaboração das fichas devem ser contemplados os seguintes pontos:

Processo de identificação: Tipo/Categoria, Matéria, Estilo/Tema, Características tecnológicas ou de fabrico, Dimensões, Proveniência, Autoria, Época, Proprietário, Referências, etc.).

Diagnóstico: Intervenções anteriores, Alterações/Degradação, Extensão dos danos e Causas de degradação.

Processo de intervenção: Referência às técnicas e métodos usados na intervenção, Materiais e produtos usados, Cuidados a ter de futuro e Documentação gráfica e fotográfica.

Em qualquer tipo de ficha deve ser criado um campo para as observações, onde se possam incluir informações que não se registaram em nenhum outro campo, ou para registar algum aspecto que poderá vir a ser útil no futuro.

Etiquetagem

A etiquetagem é um procedimento necessário para a identificação dos bens ou de partes/fragmentos destes.

Também por razões de segurança se deve de efectuar a etiquetagem.

Esta pode ser efectuada com carácter temporário ou permanente (embora sejam sempre reversível), no próprio objecto e/ou numa pequena etiqueta de papel presa ao objecto.

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Esta identificação pode também ser colocada numa bolsa/caixa/contentor onde o bem seja acondicionado.

Quando se realiza a etiquetagem sobre a superfície dos bens, esta deve ser feita sobre uma fina camada de adesivo reversível e incolor, tendo em atenção a durabilidade e estabilidade da tinta a usar.

Este tipo de marcação deve ser realizada de forma não obstrutiva e evitar as zonas instáveis (com destacamentos, fissuras ou fracturas, etc.).

Deve ser de fácil localização e leitura, sem uma grande necessidade de manipulação do bem.

Não existe nenhum lugar em particular para a realização destas marcações, dependendo muito do tipo de bem ou fragmento, das suas dimensões e estado de conservação.

O fundo/base/tardóz dos bens, por ser uma zona menos exposta, é o local mais indicado, pois assim o visitante não se apercebe dessa marcação.

O essencial é que a marcação não perturbe a leitura do bem, tendo sempre presente qual a sua utilidade.

Os materiais usados na etiquetagem devem de ser reversíveis e não provocar danos no objecto. Para os bens que permanecem acondicionados em presença de humidade devem ser usadas etiquetas de material plástico e com tintas resistentes à água.

Registo gráfico

O desenho, não sendo uma forma de representação fiel do bem ou de um pormenor, pode ser vantajoso em diversas situações.

É usado comummente no estudo de tipologias de materiais, nomeadamente, arqueológicos. Pela análise de sucessivos desenhos pode fazer-se a sistematização de um conjunto de peças do mesmo grupo, servindo esta comparação, como base para uma classificação tipológica.

Através do desenho é possível, a partir de uma parte de um bem mutilado, obter a representação gráfica da sua totalidade (perfil, volumetria, área, altura, etc.).

Também a decoração pode ser representada, sobre as mais diversas formas, recuperando apenas um ou outro pormenor, ou a sua totalidade.

A decoração pode ser registada em conjunto com a representação do objecto ou separadamente, podendo esta última forma subverter as distorções visuais provocadas pela forma do próprio bem.

Recorrendo ao desenho pode-se eliminar da representação final os aspectos decorativos, texturais, a cor entre outros e que auxiliam à percepção do que se entende como indispensável.

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A representação gráfica tem as suas limitações, principalmente na reprodução dos aspectos anteriores (cor, textura, etc.).

O desenho funciona quase sempre como uma forma de estilização/simplificação dos vários aspectos dimensionais, superficiais e decorativos dos bens.

O registo gráfico é também utilizado no levantamento de fenómenos de alteração e degradação.

A eliminação dos aspectos cromáticos, mantendo apenas as principais linhas construção do desenho, é ideal para que apenas se identifiquem, por exemplo, os danos sofridos ou as áreas intervencionadas.

Em alguns casos, a representação gráfica é a única que permite elucidar determinadas situações, como as zonas escondidas/interior, colocando de forma sobreposta as duas realidades (interior e exterior) para mostrar intervenções anteriores, por exemplo.

Registo fotográfico

A fotografia funciona, de um modo geral, como um complemento na interpretação da documentação escrita. Não pretende substitui-la, assim como o desenho.

Proporciona um nível de informação, de certa forma imprescindível, ao qual a escrita e o desenho não se conseguem aproximar.

A escolha entre o uso da fotografia a preto e branco, a cores ou diapositivo, depende do tipo de bem, das preferências pessoais de quem elabora o registo e também o preço das fotografias.

A fotografia a preto e branco apresenta algumas vantagens, como a sua maior longevidade e provimento de uma boa informação sobre os danos.

A fotografia a cores é de extrema utilidade quando o objectivo é a representação das cores e da decoração. No entanto, com o tempo, a tendência é para que as cores reais sofram alteração, perdendo parte da sua real eficácia.

Os diapositivos são uma boa ferramenta didáctica. Recorrendo a um projector podem facilmente ilustrar-se diversas situações para um conjunto de pessoas. A definição das cores é também melhor que as fotografias coloridas impressas.

Actualmente com o recurso às câmaras fotográficas digitais, eliminam-se uma série de problemas, sendo processada uma informação digital e que rapidamente se pode transformar numa imagem a preto e branco, partindo de uma imagem a cores, recorrendo a um programa informático de tratamento de imagem.

É um processo mais económico e facilmente se introduz no computador, sendo reajustada como se pretender e colocada na ficha de identificação e impressa posteriormente (já com a foto) ou apenas em suporte digital.

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No entanto, usando um ou outro tipo de fotografia, existem sempre considerações a ter em conta: o tipo de câmara fotográfica, lentes, iluminação, uso de filtros, profundidade de campo, tipo de fundo e enquadramento das peças.

No caso da fotografia digital é necessário conhecer algumas particularidades da máquina, como a capacidade de armazenamento de imagens, a velocidade dos registos, a qualidade das imagens e o formato em que são gravadas e depois a capacidade de cada um em dominar os programas de tratamento de imagem, no sentido de optimizar as imagens realizadas (balanço de cores, iluminação, contraste, etc.).

Na fotografia clássica é necessário perceber as capacidades da câmara, o tipo de lentes, a sensibilidade das películas, o tipo de fotografia e a forma de trabalhar a imagem na impressão.

A colocação de escalas junto ao bem a fotografar é essencial para que as suas dimensões sejam facilmente perceptíveis.

Relatórios técnicos

Dentro do processo de registo, e como corolário dos tratamentos de conservação e restauro, devem de ser elaborados relatórios técnicos onde figurem os seguintes aspectos:

Ficha de identificação e diagnóstico do bem; Proposta de tratamento;

Descrição dos tratamentos efectuados (referindo técnicas e metodologias); Indicação dos materiais, produtos e equipamentos usados;

Apresentação de registos gráficos e/ou fotográficos da intervenção; Anexos (Documentos, esquemas, tabelas, quadros, etc.)

Referências

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