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VÍNCULO E INSTITUIÇÃO: DESENVOLVIMENTOS TEÓRICOS NO CAMPO DA PSICANÁLISE

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VÍNCULO E INSTITUIÇÃO: DESENVOLVIMENTOS TEÓRICOS NO

CAMPO DA PSICANÁLISE

Débora Ortolan Fernandes de Oliveira

Faculdades de Psicologia

Centro de Ciências da Vida deby_ortolan@yahoo.com.br

Antonios Terzis

Psicanálise e Grupalidade Centro de Ciências da Vida

aterzis@uol.com.br

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo

ampliar o conceito teórico de vínculo no contexto institucional, através do enfoque psicanalítico. Especificamente, procura desenvolver uma nova idéia no campo da psicologia dos grupos através do diálogo com alguns autores (Pichon-Rivière[1], Bleger[2], Kaës[3]), a partir de suas obras psicológicas sobre o vínculo e a instituição. Apresenta uma vasta revisão bibliográfica a respeito do vínculo na clínica tradicional, mas principalmente, nos dispositivos plurais (instituição, grupo, família, casal). O trabalho pretende tornar possível o conhecimento de uma parte importante da realidade psíquica do inconsciente, colocando em perspectiva os conhecimentos psicanalíticos a cerca dos fenômenos coletivos e explicitando a função transicional da instituição na formação da psique hu-mana.

Palavras-chave: vínculo, instituição, psicanálise. Área do Conhecimento: Ciências Humanas –

Psicologia – CNPq.

1. INTRODUÇÃO

Este é um estudo que tem por objetivo a elaboração de uma pesquisa bibliográfica que articula o desenvolvimento do vínculo nas instituições com os movimentos humanos e as condutas anômalas da vida institucional, vistos a luz do enfoque psicanalítico. Levando em consideração o aumento da demanda das intervenções psicológicas, torna-se evidente a necessidade do desenvolvimento de técnicas grupoterápicas, visto que o grupo possui uma realidade psíquica própria, não sendo redutível à soma das realidades psíquicas individuais. Assim, esse trabalho torna-se interessante àqueles que se preocupam com a psicologia de grupos institucionais e o comportamento do homem como ser social.

1.1. Sobre o Vínculo

Nos primórdios da psicanálise, Freud [4] já considerava que o grupo, a massa e a coletividade têm existência anterior ao indivíduo. Apesar de não

ter desenvolvido técnicas interventivas específicas da grupalidade, inclinou-se ao estudo das origens da sociedade humana, dos ritos e das religiões, da atividade artística criadora e, ainda, do comportamento agressivo e autodestrutivo da civilização moderna.

Freud [4] diz que a identificação é conhecida pela psicanálise como a mais remota expressão de um laço emocional com outra pessoa e é ambivalente desde o início, pois pode tornar-se expressão de ternura com tanta facilidade quanto se tornar desejo de afastamento de alguém. Além desse laço emocional inicial na vida do sujeito, podem surgir outros laços com qualquer nova percepção de uma qualidade comum partilhada com outra pessoa. Quanto mais importante a qualidade comum é, mais bem-sucedida pode tornar-se essa identificação parcial, podendo representar assim o início de um novo laço.

Freud [4] pôde perceber que o laço mútuo existente entre os membros de um grupo é da natureza de uma identificação desse tipo, baseada numa importante qualidade emocional comum, e pode-se, portanto, suspeitar que essa qualidade comum reside na natureza do laço com o líder. Freud explicitou, portanto, o que faz com que alguns grupos se mantenham e outros não, visto que os grupos dependem da identificação entre os membros e, principalmente, com o líder. O autor discute, ainda, que é possível observar nos grupos a dependência, que sugere uma regressão da atividade mental a um estágio anterior do desenvolvimento, sendo uma característica essencial dos grupos .

Apesar da riqueza da psicanálise clássica, passaram a ficar evidentes as limitações e necessidades de inovações na própria técnica. Assim, enquadres multipessoais passam a serem experimentados por profissionais de reconhecido saber, em conseqüência do confronto com situações em que a compreensão possível no atendimento individual parecia insuficiente para dar conta de dificuldades vividas pelo paciente quando inserido em experiências diversas de interação com outras

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pessoas, outros egos. Dessa forma, autores passaram a se debruçar ao estudo dos acontecimentos nestes contextos (Folkes & Anthony [5]; Bion [6]; Pontalis [7]; Anzieu [8]; Kaes [3]; Pichon-Rivière [9]; Bleger [10]; Terzis [11]).

Considerando o caráter coletivo do desenvolvimento humano, Pichon-Rivière [1] considera o vínculo como uma estrutura complexa que inclui um sujeito e um objeto em interação, com estruturas psicológicas internas e externas que interferem entre si, estando em constante movimento. Pichon ampliou, portanto, o conceito de relação de objeto, propondo uma estrutura mais complexa, pois o vínculo é uma relação particular do objeto que inclui a conduta, ou seja, manifestações não verbais, como o interjogo de olhares, que revelam afetos. Além disso, o vínculo está relacionado com a noção de papel, de status e de comunicação, pois, por meio da relação com outra pessoa, repete uma história de vínculos determinados em um tempo e em um espaço, de forma que as pessoas se relacionam a partir de modelos de vínculos [12].

Pichon-Rivière [1] também salienta que existe mais de um tipo de vínculo e, ainda, que as relações que o sujeito estabelece são mistas, na medida em que emprega, simultaneamente, estruturas vinculares diversas. O vínculo considerado normal é aquele no qual o sujeito e o objeto se diferenciamsem atingir a máxima diferenciação, pois, como diz o próprio Pichon, uma máxima diferenciação conduziria à indiferença, à ausência de vínculo; ao contrário, no vínculo patológico, não há diferenciação. Pelosi [13] também afirma que todos os vínculos devem conter as formas boa e má que, unidas, compõem o vínculo normal, sendo que, quando há uma adesão extre-mada a uma das formas, deve-se suspeitar de alianças patológicas.

Assim, não existem relações impessoais, pois além do vínculo depender de um outro, esse também depende de outros vínculos considerados historicamente no sujeito. O acúmulo dessas experiências vinculares constitui para Pichon-Rivière [1] o inconsciente, que é, portanto, constituído por uma série de condutas acumuladas em relação a vínculos e papéis que o sujeito desempenha frente a determinados sujeitos. Com isso, ao longo do tempo os vínculos sofrem transformações, passando a ter novas configurações a partir das introjeções do que foi vivido [13].

Do ponto de vista dinâmico, o vínculo sustenta-se por uma série de estipulações inconscientes tais como acordos, pactos e regras de qualidade afetiva. Desse modo, pode-se dizer que há vínculo a partir do

momento em que existe uma mútua representação interna, ou seja, quando a existência de uma outra pessoa deixou de ser indiferente e passou a ter significado e despertar sentimentos, incluindo o sentimento de pertinência [14].

Levando em consideração a importância do estudo das relações vinculares, a partir de 1988, Psicanálise das Configurações Vinculares (PCV) foi o nome utilizado pelos estudiosos da Argentina para organizar conhecimentos existentes e abrir campo de estudo com uma visão mais ampla a respeito da psi-canálise, principalmente no âmbito dos grupos, famílias, casais e instituições. A idéia foi articular as diversas configurações vinculares com o conceito básico psicanalítico: o inconsciente [1, 15, 16, 17]. A primeira grande contribuição da Escola de Psicanálise das Configurações Vinculares foi consi-derar que casal, família, grupo e instituição são diferentes configurações das manifestações interindividuais que passam, então, a ser chamadas de configurações vinculares. Para essa Escola Argentina o vínculo institui as modificações que não param de ocorrer nos três níveis (intra, inter e transubjetivo) durante toda a vida do sujeito [1, 15, 16, 17].

1.2. Sobre a Instituição

A relação entre a psicanálise e instituição foi, historicamente, determinada pelas transformações da instituição psiquiátrica, pela conceitualização de doença mental e pela emergência das psicoterapias, particularmente, as de grupo. A corrente psicanalítica inspirou as práticas e pensamentos a propósito da instituição no contexto de duas correntes: da “psicoterapia institucional” e das aplicações da psicanálise às instituições assistenciais psiquiátricas. A partir de 1968, as pesquisas psicanalíticas se estenderam a outros tipos de instituições, porém atuando de maneira a trazer uma presença consultiva ou no contexto de uma supervisão e análise das relações de equipe [18]. Apesar disso, avanços metodológicos, clínicos e teóricos possibilitam a aproximação psicanalítica dos grupos, além da extensão do campo da prática institucional fora do ambiente psiquiátrico. Algumas das formulações que contribuíram para esse avanço serão apontadas a seguir.

Segundo Osorio [19], o homem tem uma tendência inata a agrupar-se para assegurar a sua sobrevivência e também para instrumentalizar seu domínio e seu poder. A instituição, seja ela a família, um clube, uma associação empresarial, é o

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arcabouço e o esqueleto do corpo comunitário, ou seja, é o que sustenta e possibilita o exercício das funções sociais que dão sentido ao périplo existencial de todos os indivíduos.

Bleger [10] define instituição como uma organização permanente de algum aspecto da vida coletiva, regulada por normas, costumes, ritos e leis. Kaës [20] aponta que ela segue as suas leis próprias, o que comprova a complexidade da instituição, considerando que cada uma tem o seu funcionamento próprio. Segundo o autor, sem as instituições o mundo se constituiria apenas de relações de força e nenhuma civilização seria possível. Assim, o trabalho coletivo do pensar realiza uma das funções capitais das instituições que é fornecer representações comuns e matrizes identificatórias aos seus membros. Além disso, o homem encontra nas instituições suporte e apoio, segurança, identidade e inserção social.

Dessa forma, a instituição é uma formação da sociedade e da cultura, segue a sua lógica própria se opondo, portanto, àquilo que é estabelecido pela natureza. À medida que a instituição é um conjunto das formas e das estruturas sociais instituídas pela lei e pelo costume, ela regula as relações humanas, preexiste e se impõe aos homens [20]. Assim, o estudo do vínculo nas instituições se faz necessário. Além dessas, articulam-se, nos últimos anos, diversas construções teóricas de psicanalistas fran-ceses assim como latino-americanos em torno da questão das instituições, incluindo os grupos e os vínculos. Procura-se legitimar cada vez mais este novo enfoque teórico-clínico sobre o espaço do grupo na psicanálise contemporânea.

Sigal [21] discute a relação entre a psicanálise e a instituição é extremamente delicada, visto que, freqüentemente, a psicanálise penetra na instituição como uma nova sofisticada nosografia, interna à ordem médica. Ela institui-se desta forma como uma nova variante do saber, cujo uso contribui para a manutenção do poder exatamente onde sempre esteve. Portanto, corre-se o risco de que a psicanálise, ao invés de contribuir para o acesso à verdade do sujeito, venha a se converter em pedagogia obscurantista, a serviço de uma adaptação mais eficiente do sujeito a seu meio e contrariando qualquer possibilidade de ques-tionamento.

Dessa maneira, a autora enfatiza que o objetivo da psicanálise não é dar conta dos múltiplos conflitos institucionais, pois isso a conduziria ao reducionismo, mas sim procurar compreender os fenômenos plurais. Apesar disso, muitas são as dificuldades

quando se pretende sair das malhas do que já é conhecido. A psicanálise “extramuros” (fora do setting tradicional do consultório), sua inserção institucional, seu vínculo com os trabalhos em grupo são algumas dessas dificuldades, que para encontrarem soluções precisam ser investidas e pesquisadas. É importante pensar o que a psicanálise pode trazer para as instituições, porém é ainda mais importante pensar o que as instituições, como campo possível da experiência clínica, podem contribuir para o futuro da psicanálise.

2. MÉTODO

Pode-se descrever essa pesquisa a partir do prisma metodológico, no qual insere-se em uma investigação crítico-analítica teórica delimitativa de uma parcela de textos que fazem incursões significativas de estudiosos do vínculo nas instituições, principalmente das escolas francesa e latino-americana. Os textos teóricos utilizados constituíram instrumentos de estudo, que nos deteve em contato com uma produção recente.

Revisando as composições que determinam a literatura especializada em tal área do saber, pudemos analisar, discutir e desenvolver conceitos e idéias que compõem a Psicologia das Instituições e seus estudos. Porém, é evidente que esta pesquisa faz parte de uma etapa de uma investigação que deveria se ampliar no sentido de elaboração de novos conceitos que poderão ser desenvolvidos para compreender a vivência institucional e suas peculiaridades.

Essa revisão teórica se preocupou em vincular-se às reflexões analíticas qualitativas do material abordado, sendo que o presente estudo efetuou um levantamento de livros e textos que enfocam questões do vínculo, da grupalidade e da instituição. A outra etapa do estudo configura-se na análise dos conceitos levantados, através da qual refletiu-se e descreveu-se, a partir da teoria pesquisada, os fenômenos institucionais.

3. DESENVOLVIMENTO

É possível perceber que a psicanálise freudiana foi extremamente ampliada até alcançar os paradigmas atuais. Essa ampliação é uma tentativa de romper com a psicanálise hegemônica e é, ainda, uma tentativa de buscar a multiplicidade e a diversidade. Para isso é necessário o diálogo com outros conhecimentos e com outros contextos (que não o

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setting tradicional), de forma que se torne possível ampliá-la sem deixar de se configurar como psicanálise.

Esse desenvolvimento da psicanálise permitiu aplicá-la aos grupos e às instituições. Porém, Hur [22] compreende que a psicanálise de grupos e instituições não é meramente uma psicanálise aplicada aos grupos ou ao social, pois ao refletir e intervir nessas realidades, acaba por gerar novas reflexões que contribuem e alteram esse campo do conhecimento.

A importância dos conceitos psicanalíticos específicos para processos mentais que se dão coletivamente reside não só no fato de se referirem às representações, fantasias e ansiedades, mas principalmente no fato de enfatizarem e procurarem compreender a produção coletiva dessas. Não parece possível, hoje, avançar no conhecimento do homem, da sociedade e da instituição, enquanto a construção teórica da ponte indivíduo-sociedade não for investida de grandes e renovados esforços. Assim, o trabalho nas instituições tem se mostrado um desafio por ser um objeto de estudo recente dentro do enfoque psicanalítico. Considerando também que cada instituição produz o seu próprio saber, de acordo com seus objetivos e com a realidade sócio-histórica das pessoas que atende, o trabalho desenvolvido se torna ainda mais complexo. Esse trabalho deve ser uma construção singular que possibilite o encontro e a emergência dos sujeitos envolvidos na instituição e a emergência de uma lógica discursiva que aponte para a alteridade. Sustentar que essa lógica que permite a diversidade e a diferença é possível, é tarefa primordial do olhar psicanalítico dentro das instituições.

Pichon-Rivière [1] ampliou o conceito de relação de objeto, propondo uma estrutura mais complexa, que inclui o sujeito e o objeto em interação, com estruturas psicológicas internas e externas que interferem entre si, estando em constante movimento. Dessa forma, ele propõe que tanto o sujeito quanto o objeto se influenciem mutuamente, sendo que essa influência pode se estender ao longo da vida, visto que as pessoas se relacionam a partir de modelos de vínculos já experienciados anteriormente. Compreender os vínculos estabelecidos dentro de uma instituição torna-se extremamente importante para que exista a possibilidade de se desenvolver vínculos mais saudáveis.

O vínculo é estabelecido a partir de uma espécie de contrato inconsciente, mediante acordos e pactos também inconscientes. Esses pactos resultam de aspectos não compartilháveis de cada um, o que implica concessões para satisfazer o desejo do outro.

A tolerância aos aspectos indesejáveis do outro pode causar inúmeras dificuldades comunicativas, principalmente mal-entendidos, pois, no fundo, cada um continua com a própria idéia como padrão de conduta a ser seguida, não havendo, de fato, aceitação e respeito com relação à divergência [12]. Os pactos inconscientes desempenham, então, um papel significativo nas dificuldades comunicativas dentro de uma instituição, visto que representam acordos que exigem tolerância. Os membros das instituições, que têm consciência dos principais aspectos individuais e grupais, podem apresentar menos contratos inconscientes e, portanto, menos dificuldades na comunicação, isso porque a vida e a capacidade comunicativa tornam-se extremamente diferentes, quando se considera ou não o outro real externo.

Além disso, foi possível estabelecer um paralelo, através das leituras, entre os conceitos dos diferentes autores. Enquanto para Pichon [1] o vínculo tem a sua maneira própria de funcionamento, sendo que é considerado patológico quando não há diferenciação entre o sujeito e o objeto, Bleger [2] descreve o conceito de sociabilidade sincrética, que é uma não individuação, uma não relação que se impõe como estrutura básica. É um tipo de relação que se baseia na imobilização das partes não diferenciadas do psiquismo. Apesar disso, o autor considera necessário um certo nível de sociabilidade sincrética para que ocorra uma integração entre os membros de um grupo.

Bleger [2] divide em dois os níveis de identidade grupal, sendo o primeiro um tipo de relação na qual há uma tendência à integração ou interação dos indivíduos, e o segundo a identidade grupal sincréti-ca, na qual não há limite entre as identidades, sendo que a identidade dos integrantes reside no seu pertencimento ao grupo.

Kaës [19] faz um paralelo entre a sociabilidade sincrética de Bleger e a relação isomórfica, conceito utilizado por ele para descrever o estado do vínculo como aquele que sustenta a relação entre o sujeito e o grupo. Isomórfica é a conseqüência da indiferenciação entre o corpo e o espaço, entre o eu e o outro. O autor acredita que tais estados tornam indiscerníveis os limites do sujeito e da instituição, e o que sofre nessa vinculação é a tentativa de fazer emergir os limites. O sofrimento nasce, portanto, do esforço para se libertar do indiferenciado e das angústias de dissolução.

Pode-se verificar a relação entre os conceitos de vínculo patológico, sociabilidade sincrética e relação isomórfica, que se baseia na indiferenciação entre o sujeito e o objeto. Porém, apesar de patológico é

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essencial que haja um certo nível de indiferenciação para que o sujeito possa se envolver com o grupo, ou seja, o que diferencia o vínculo saudável do vínculo patológico é o grau de diferenciação estabelecido entre o sujeito e o objeto.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em 1930, Freud [23] ressalta no seu trabalho “O mal-estar na civilização” que o futuro da humanidade depende de como os homens enfrentam as perturbações coletivas. O acelerado avanço da ciência e da tecnologia têm representado um isolamento da sociedade pós-moderna, além de uma crescente desvalorização da experiência no sentido coletivo. Terzis [24] alerta para o fato de que sem experiência social o sujeito corta, progressivamente, os laços de identificação com o outro, o que significa um prejuízo no seu desenvolvimento, visto a importância dos vínculos.

Além disso, como cada instituição apresenta suas próprias normas e leis de funcionamento torna-se extremamente complexo o estudo dos vínculos institucionais, ainda que sejam mais vastos os estu-dos sobre os vínculos e as instituições, separadamente. Além disso, é essencial que o intuito da elaboração dos trabalhos seja constituir uma Psicologia comprometida com as demandas da realidade brasileira.

Considera-se que todos os conceitos psicanalíticos estudados nesse trabalho tornam possível o conhecimento de uma parte importante da realidade psíquica do inconsciente e das subjetividades nas instituições, que mal seriam acessíveis de outra for-ma. Ainda, esses conceitos e outros podem gerar novos campos de pesquisa, colocando em perspectiva a função transicional da instituição na formação da psique humana. Esse foi, portanto, apenas uma breve exposição que deve ser amplamente aprofundada, sendo necessário que pesquisas de campo e revisões bibliográficas ampliem esses conhecimentos a fim de compreender todos esses conflitos vinculares.

REFERÊNCIAS

[1] Pichon-Rivière, E.(1988) , Teoria do Vínculo, 3ª ed., Martins Fontes, São Paulo, SP.

[2] Bleger, J. (1995), Temas de Psicologia:

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[3] Kaës, R. (1997), O grupo e o inconsciente do

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[4] Freud, S. (1921). Psicologia de grupo e análise

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[6] Bion, W. R.(1975) Experiências com grupos. Imago, Rio de Janeiro, RJ.

[7] Pontalis, J. B. (1963). Le petit groupe comme objet. Lês Temps Modernes, 211, 1057-1069. [8] Anzieu, D. (1993) O grupo e o inconsciente do

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[9] Pichon-Rivière, E. (2000) O processo grupal. Martins Fontes, São Paulo, SP.

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Terzis (Org.), Psicanálise, grupalidade e cultura, 2ª ed., Magister-Baron, Campinas, SP.

[23] Freud, S. (1930). O mal-estar na civilização. Edição Standard Brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Imago, Rio de Janeiro, RJ.

[24] Terzis, A (1998). O espaço psíquico institucional: início e término. XIII Congresso Latino-americano

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