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BIOMETRIA E PUBERDADE FEMININA

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Academic year: 2021

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BIOMETRIA E PUBERDADE FEMININA

RAYMOND VICTOR HEGG 1

ROBERTO HEGG 2

Disciplina de Biometria Humana da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo. Apresentado na 29.a reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (São Paulo, 1977).

1 Professor Titular de Biometria Humana.

2 Médico Assistente da Clínica Ginecológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Aceito para publicação em 10 de dezembro de 1979.

RESUMO

Um grupo de 543 escolares femininas de 8 a 16 anos, brancas, brasileiras, clinica-mente sadias, alunas de um colégio religioso de São Paulo, é analisado em termos de crescimento e desenvolvimento relacionado com a puberdade, através das seguintes me-didas: peso, estatura, comprimento tronco-cefálico, comprimento dos membros inferio-res, comprimento do membro superior, seg-mento superior, segseg-mento inferior, diâme-tros biacromial e bicrista ilíaca, dobras cutâneas tricipital, subescapular e

supracris-ta ilíaca. O desenvolvimento pubertário é visto em números absolutos e em função da idade através do desenvolvimento mamário, desenvolvimento piloso pubiano e axilar e menarca, sendo este último evento adotado como critério para definir puberdade, classi-ficando-se as alunas em púberes e não púberes. Nas idades de 8, 9 e 10 anos todas as alunas são impúberes; aos 16 anos todas são púberes; nas idades intermediárias há os dois grupos, e os valores médios das 12 medidas apresentam-se mais elevados nas meninas púberes que nas não púberes. A significância ao nível de 5% através de teste t é analisada.

Inúmeras são as modificações de ordem morfofísio e psicológicas que se processam no organismo humano durante crescimento e desenvolvimento e diretamente ligadas ao surto pubertário. Neste estudo transversal analisamos apenas o comportamento e a va-riação de algumas medidas biométricas num grupo de escolares femininas de 8 a 16 anos, faixa etária dentro da qual se processa habi-tualmente a puberdade.

Material e métodos

Durante o ano letivo de 1974 medimos 543 alunas do Colégio Pio XII na cidade de São Paulo, todas caucasóides, brasileiras, perten-centes à classe sócio-econômica média alta e clinicamente sadias segundo os padrões habi-tuais. Deixamos de incluir no total citado 24 escolares pelo fato de 22 estarem sob trata-mento medicatrata-mentoso para correção de ex-cesso de peso, 1 por apresentar acentuada escolióse e 1 por seqüela de paralisia infantil afetando o aparelho locomotor.

Todas as 543 alunas foram medidas e avaliadas no seu desenvolvimento pelo mes-mo examinador (R.V.H.) apresentando-se as

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mesmas em trajes sumários; os dados foram colhidos no período da manhã para as alunas das 5.as às 8.as séries do 1.° grau, e à tarde

para as alunas das 3.as e 4.as séries do mesmo

grau, contando-se com a colaboração, em cada período, de uma mãe de aluna para as devi-das anotações.

O crescimento foi avaliado através das seguintes medidas: peso, estatura, compri-mento tronco-cefálico, compricompri-mento dos mem-bros inferiores (diferença entre estatura e comprimento tronco-cefálico), segmento infe-rior (distância púbis-solo), segmento supeinfe-rior (diferença entre estatura e segmento infe-rior), comprimento do membro superior, diâ-metro biacromial e bicrista ilíaca, espessura das dobras cutâneas tricipital, subescapular e supracrista ilíaca. O surto pubertário foi ana-lisado através de desenvolvimento mamario, desenvolvimento piloso pubiano e axilar se-gundo padrões dados por Tanner6. As alunas

foram distribuídas em dois subgrupos, não púberes e púberes, admitindo-se como con-ceito de puberdade o fato da aluna já ter tido sua menarca.

Parte do instrumental utilizado foi igual ao usado na pesquisa de Marcondes & cols.3;

o segmento inferior e o membro superior foram medidos com antropômetros metálicos segmentares referidos por Hegg & Luongo1;

o comprimento do membro superior e as três dobras cutâneas foram obtidos sobre o lado esquerdo do corpo, sendo as três últimas to-madas com o Harpenden skinfold caliper obe-decendo à técnica descrita por Tanner7; os

grupos etários foram constituídos segundo a data do nascimento com variação de mais ou menos 6 meses e em função da data da medida.

Resultados

As medidas tomadas, analisadas em ter-mos de média aritmética, desvio-padrão e am-plitude de variação, assim como as variações condicionadas pela puberdade, são apresenta-das nas tabelas 1 a 17. O desenvolvimento pubertário, em freqüência absoluta e relacio-nado com a idade, é apresentado na tabela 18.

Discussão

Há, de maneira geral e em função da ida-de, aumento dos valores médios das medidas sendo mais elevados no subgrupo das alunas púberes do que nas não púberes.

O peso, por razões técnicas, só foi deter-minado em 468 escolares (tabela 1) sendo mais elevado nas púberes que nas não púbe-res, com significancia ao nível de 5% nas idades de 11, 12, 13 e 14 anos.

Para um aumento estatural de 30,71cm (tabela 2) dos 8 aos 16 anos corresponde um aumento de 14,17cm no comprimento do membro superior, o qual, em termos de por-centagem da estatura, apresenta variações pequenas havendo, contudo, entre as idades extremas, um maior aumento relativo do membro superior; por outro lado os maiores aumentos médios das duas medidas situam-se nas faixas etárias 9/10, 10/11, 11/12 e 12/13, coincidindo com o surto pubertário que no sexo feminino tem início geralmente em torno dos 9/10 anos. O pico da velocidade de crescimento estatural (PHV) situa-se, na maio-ria dos casos, na vizinhança da idade de aparecimento da menarca, precedendo-a po-rém conforme assinalam Onat & Erten 5,

Tan-ner6 e Marshall & Tanner4.

Os valores médios da estatura (tabela 3) e do comprimento do membro superior (tabe-la 4) são mais elevados nas púberes com sig-nificancia ao nível de 5% aos 11 e 12 anos. Aos 15 anos ainda há uma aluna não púbere, porém, com elevada estatura, pois a mesma ultrapassa 3,80cm a estatura média das púbe-res de mesma idade.

Os valores médios do comprimento tron-co-cefálico, em porcentagem da estatura (ta-belas 5, 6 e 7), diminuem gradativamente dos 8 até os 13 anos aumentando em seguida, acontecendo o inverso com o comprimento do membro inferior, de acordo com o padrão de crescimento estatural. O mesmo se verifica com relação aos segmentos superior e infe-rior (tabelas 8, 9 e 10); convém frisar que em nenhuma idade os valores médios se apresen-tam iguais predominando ligeiramente, em porcentagem da estatura, o segmento inferior, quer seja em todo o grupo, quer seja nos dois subgrupos.

O diâmetro biacromial aumenta 6,45cm dos 8 aos 16 anos (tabela 11) porém, em porcentagem da estatura, ele apresenta pe-quena variabilidade; os valores médios nas alunas púberes (tabela 12) são mais elevados que nas não púberes com significancia ao nível de 5% aos 11, 12, 13 e 14 anos.

O diâmetro bicrista ilíaca apresenta um aumento de 6,69cm entre as idades extremas (tabela 11) sendo que o aumento anual é gra-dativamente progressivo em porcentagem da

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estatura; os valores médios nas alunas púbe-res (tabela 13) são mais elevados que nas não púberes com significancia ao nível de 5% aos 11, 12, 13 e 14 anos.

O aumento progressivo do índice acrô-mio-ilíaco em função da idade (tabela 11) mostra de maneira clara o alargamento da pelve feminina em decorrência do surto pu-bertário, fato que constitui uma das caracte-rísticas de diferenciação sexual.

Os valores médios das medidas das três dobras cutâneas (tabela 14) apresentam varia-ção irregular nas diversas idades sendo maio-res nas púbemaio-res com significancia ao nível de 5% aos 13 e 14 anos (tabelas 15, 16 e 17).

O desenvolvimento pubertário (tabela 18) apresenta-se, de maneira geral, dentro dos

padrões definidos por diversos autores, entre eles Marshall & Tanner4, Lee & cois.2 e Onat

& Erten 5. Na faixa etária de 8 anos há uma

aluna com desenvolvimento mamario no está-gio 2; uma aluna não púbere de 11 anos apre-senta apenas pilosidade axilar no estágio 2; a única aluna não púbere com 15 anos, apesar de sua elevada estatura, tem ambos os desen-volvimentos mamario e piloso pubiano no es-tágio 3 e ausência de pêlos axilares. As 26 alunas púberes de 16 anos têm ambas as pilo-sidades e o desenvolvimento mamario dis-tribuído pelos estágios 4 (2 alunas) e 5 (24 alunas). Convém assinalar que nas alunas pú-beres de mais idade torna-se difícil, às vezes, a identificação dos diversos estágios das pi-losidades axilar e pubiana pelo fato das jo-vens recorrerem à depilação.

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SUMMARY

A group of 543 white female studentes from 8 to 16 years, brazilian, clinically healthy, from a São Paulo religious school, is analised concerning growth and develop-ment relating to puberty throuth the follow-ing measures: weight, height, sittfollow-ing-height, length of inferior limbs, length of superior limb, superior segment, interior segment, bi-acromial and supra-iliac skinfolds. The puberal development is seen in absolute figures and in function of age through mamal

development, pubic and axilar hair develop-ment, and menarche, being this last event adopted as criterion to define puberty, the students being classified as pubescent and non pubescent. At the ages of 8, 9 and 10 years, all students are non pubescent; at 16 years all are pubescent; at the inter-mediate ages there are both the groups, and the medium values of the 12 measu-res studied are higher in the pubescent students than in the non pubescent The significance at the level of 5% through t test is analised.

REFERÊNCIAS

1. HEGG, R. & LUONGO, J. — Elementos de Biometria Humana. São Paulo, Livraria Nobel, 1971.

2. LEE, M. M. C., CHANG, K. S. e CHAN, M. C. — Sexual maturation of chínese girls in Hong Kong. Pediatrics 37:389, 1963.

3. MARCONDES, E.; BERQUÓ, E. S.; YUNES, J.; LUONGO, J.; MARTINS, J. S.; ZACCHI, M. A. S.; LEVY, M. S. F. & HEGG, R. — Estudo antropométrico de crianças brasileiras de zero a doze anos de idade.

Anais Nestle n.° 84, 1971.

4. MARSHALL, W. A. & TANNER, J. M. — Variations in the pattern of pubertal changes in girls. Arch. Dis. Child., 44:291, 1969.

5. ONAT, T. & ERTEN, B. — Adolescent female height velocity: relationships to body measurements,sexual and skeletal maturity. Human Biol. 46:199, 1974.

6. TANNER, J. M. — Growth at adolescence. Oxford, Blackwell, 1962.

7. TANNER, J. M. — The measurement of body fat in man. Brit. Nutr. Soc. 78:148, 1959.

Endereço para correspondência: Rua Abílio Soares, 1.437 São Paulo — SP — CEP = 04005 Brasil

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