PORTUGAL
2020
Estratégia
Presidente
do
conselho
de
administração
da IFD explica
os
próximos
passos
Banco
de
fomento quer financiar
mais
de
€1000
milhões
até
2019
Textos JOANA NUNES MATEUS Foto PAULO DUARTE
A
Instituição
Financeira
deDesenvolvimento
(IFD)
tem
hoje potencial para financiar a
economia em mais de
€2
mil
milhões e pretende fazer
che-gar pelo menos metade desse
dinheiro aos empresários
por-tugueses até ao final de 2019. Em causa estão mais de
1000
milhões de euros, uma
meta
ambiciosa que implica mais do
que
triplicar
todo odinheiro
que a
IFD já
conseguiu injetarna economia portuguesa desde que abriu portas em 2015.
"Hoje temos ascondições que
permitem
acelerar
a presen-ça daIFD
na economiaportu-guesa", garante ao Expresso o
novo
presidente
do conselhode administração do banco de
fomento,
Nuno
de SousaPe-reira.
Se oanterior
conselhode administração liderado por Alberto Castro teve por missão erguer do zero a
IFD,
a novaadministração aposta agora na divulgação do crescente núme-ro de soluções de financiamento que oferece às empresas
portu-guesas através dos bancos, dos fundos de capital de risco oudos
chamados business angels (ver texto abaixo).
Na
suaprimeira
entrevista
como presidente da adminis-tração da
IFD,
Nuno de SousaPereira
explica que aceitou oconvite do
Ministério
daEco-nomia para liderar o polémico
banco de
fomento
porter
"aperceção clara de que esta
ins-tituição pode vir ater um gran-de impacto na economia
portu-guesa". Em causa está o poder que a
IFD
tem para multiplicaros fundos europeus e
corrigir
as diversas falhas de mercado
que têm impedido oacesso dos
empresários ao financiamento necessário
para investirem
eexpandirem a sua atividade. Este poder de alavancagem do
investimento empresarial nas-ceu com o Portugal
2020,
maspromete ganhar protagonismo com o Portugal
2030,
podendo até compensar o cortejá
anun-ciado no futuro pacote de fun-dos comunitários. "AIFD
será um instrumento de captação de recursos de instituiçõesfinan-ceiras como oBanco Europeu de
Investimento, mas também um veículo privilegiado daquilo que serão as novas regras e
instru-mentos financeiros do próximo
quadro comunitário", diz.
Onde
está
o
dinheiro?
Os empresários podem aceder aos empréstimos egarantias financiados pela IFD através do seu próprio banco, caso
setrate do Abanca, Bankinter,
BBVA, BCP, BPI,Carregosa, CGD, Caixa Leasing eFactoring, Caixa de Crédito Agrícola de Leiria, Caixa Económica da Misericórdia de Angra
do Heroísmo, Crédito Agrícola, Eurobic, Invest, Montepio, Novo Banco, Novo Banco dos Açores eSantander
Totta ou ainda através das
sociedades de garantia mútua
Norgarante, Garval, Lisgarante
eAgrogarante. Também
podem aceder às novas
soluções de capital através dos
fundos de capital derisco Beta Capital, Blue Crow, Bright Ventures, Capital Criativo, EDP Ventures, Grande Enseada,
Growth Partners, HCapital,
LCVentures, Novabase Capital, Oxy Capital, Phyxius, Portugal Ventures, Quadrantis, Vesalius Biocapital ou
da PME Investimentos que gere
o fundo 200 M.A IFDtrabalha
ainda com dezenas de business angels cuja lista está em www.ifd.pt.
Milagre
da multiplicaçãoO futuro é fazer mais com
me-nos e,de facto, os instrumentos
financeiros desenhados pela
IFD
gastam uma
ínfima parte
dos fundos comunitários consumi-dos pelos populares incentivosàs empresas do Portugal 2020. Dototal de €285 milhões que a
IFD já
injetou nas empresas por-tuguesas atéaofinal deagosto de2018, apenas €4 milhões vieram
do Orçamento doEstado e€20,6 milhões do Portugal
2020.
Os restantes€260,4
milhões vieramdos bancos, fundos de capital de risco ebusiness angels que estão
coinves-tir
no capital das empresaspor-tuguesas em parceria com a
IFD.
E este efeito de alavancagem que permite àIFD
ter hoje po-tencial para colocar mais de €2 mil milhões na economia portu-guesa. Isto quando nem sequer dispõe de€500
milhões seso-madas todas assuas dotações em fundos comunitários doPortugal
2020 (€349
milhões),financia-mento público nacional
(€35
milhões) ecapital social (€lOO
milhões).
De facto, a
IFD
está aconse-guir multiplicar os seus fundos
por quatro através da banca e
dos investidores privados. Mas
Nuno de Sousa Pereira garan-te que o impacto da
IFD
não seresume aestes milhões. É que a resolução das falhas demercado
que costumam bloquear oacesso das empresas ao financiamento
tem um efeito tão positivo que acaba por se propagar à
econo-mia como um todo.
Um exemplo
é ainiciativa
"Restart
and Modernise" queterá
umimpacto
económicomuito
superior aos€300
o investimento das empresas
economicamente
viáveis que tenham sido bem-sucedidas nosseus processos de
reestrutura-ção. Em causa estão empresas que, apesar de terem consegui-do resolver o passado com os
credores, costumam ter ofuturo
comprometido por não
conse-guirem aceder a financiamento. Ao resolver esta falha de
merca-do, a
IFD
não está só a injetar€300
milhões na economia, mas aaumentar aprobabilidade de sucesso dos processos derees-truturação ea evitar que estes
ativos produtivos se percam.
Outro exemplo são as linhas de crédito da
IFD
que incenti-vam os bancos a concederemmais longas. Se a banca
costu-ma ter relutância em fazer em-préstimos a mais de sete anos, a resolução desta falha de
mer-cado vai
facilitar
o acesso das empresas portuguesas ao finan-ciamento necessário para fazer investimentos de longo prazo.Aposta na comunicação
Para
dar a conhecer aos em-presários as vantagens destassoluções de
financiamento,
aIFD
arrancou na última semana com uma série de sessões de divulgação pelo país.O objetivo é
fazer
chegar amensagem às associações em-presariais edemais ordens
pro-fissionais que trabalham dire-tamente com os empresários,
desde contabilistas certificados, revisores oficiais de contas ou consultores. "Finance for
Grow-th" é o nome da parceria
já
es-tabelecida
com aAssociação Empresarial de Portugal (AEP)e a Associação
Industrial
Por-tuguesa (AIP) para aumentar aprocura dos produtos
IFD.
economia@expresso.impresa.pt
Desconto
na
consultoria
A IFDeo Banco Europeu
de Investimento (BEI) vão assinar um protocolo a18
de outubro para incentivarem
asempresas portuguesas a
tirarem partido da Plataforma
Europeia de Aconselhamento ao Investimento. Esta
plataforma também conhecida como "Advisory Hub" foi criada
no âmbito do Plano Juncker
para elevar aqualidade dos
projetos de investimento na União Europeia. A IFD será aporta de entrada para os
empresários portugueses acederem aequipas
especializadas de consultores, internos ou externos ao BEI,
que poderão fazer aavaliação
preliminar da ideia de projeto
ou dar aconselhamento técnico, legal efinanceiro ou
formação. Podem ainda apoiar ao nível da implementação dos investimentos em domínios tão variados como investigação
einovação, energia, transportes, cidades, informação ecomunicação,
ambiente, capital humano,
cultura ou saúde. Às PME
sóserá cobrado um terço do
custo dos serviços prestados.
Financiamento
"Capitalizar
Mid
Caps"
e
"Restart
and
Modernise"
são
os
novos
instrumentos
Nova
linha
de
€500
milhões
chega
aos
bancos
ainda
este
ano
A
linha de crédito "Capitalizar MidCaps" —que conta com€500
milhões para emprestar a em-presas até
3000
trabalhadores—será disponibilizada pela banca
até ao fim do corrente ano. E a
linha "Restart and Modernise"
—que conta com
€300
milhões para financiar as empresasbem--sucedidas nos seus processos de
reestruturação —chegará no
pri-meiro trimestre de 2019. Estas são algumas das
novi-dades deixadas ao Expresso por Henrique Cruz, onovo presidente da comissão executiva da
Insti-tuição Financeira de
Desenvol-vimento
(IFD)
eúnico membroque resta daanterior comissão executiva deste banco defomento
que desenha novas soluções de
financiamento para as
empre-sas portuguesas, tirando partido
dos fundos europeus do Portugal
2020, do Banco Europeu de
In-vestimento (BEI) ou do Banco de Desenvolvimento doConselho da Europa (CEB).
Semagências nem balcões aber-tos ao público, Henrique Cruz
lembra que a
IFD
éuma entidade grossista— uma "banca de segun-do piso" —quefazchegar dinheiroàs empresas através deentidades parceiras como bancos, fundos de capital derisco ou business angels.
Desde os balcões dos bancos mais famosos aos investidores menos conhecidos do grande pú-blico, a verdade éque os
empresá-rios portugueses têm centenas de portas de entrada para acederem
ao financiamento daIFD.
A
lista está nesta página eno sitedaIFD.Resta saber a qual delas bater.
Linhas de crédito
Um instrumento que jáestá aser
comercializado aos balcões de 14
bancos em Portugal éa linha de crédito com garantia mútua
"Ca-pitalizar Mais". Esta conta com
uma dotação de
€1000
milhõespara financiar empréstimos de mais longo prazo a micro,
peque-nas ou médias empresas (PME). Ao garantir 80% do valor em-prestado, esta linha está a incen-tivar osbancos a fazerem algo que não costumam fazer: conceder empréstimos àsPMEaté 12anos,
com carência de capital até três
anos, para financiar tanto
inves-timentos como fundo de maneio, inclusive a aquisição de imóveis afetos àatividade empresarial.
"Esta linha está ater um
cresci-mento muito grande, com uma
média de
€40
milhões por mês", diz Henrique Cruzaocontabilizar 722 operações de financiamentojá
realizadas.Outra linha de crédito que
es-tará
operacional até ao fim do ano é a"Capitalizar Mid Caps". Esta contará com uma dotação de€500
milhões para, tanto asPME,como asempresas até
3000
trabalhadores ("mid caps"), ace-derem aempréstimos até 12anosdematuridade equatro anos de carência de capital junto da banca
Metade deste montante foi
ob-tido pela
IFD
junto doBEI
em condições muito vantajosas: "AIFD
consegue obter condições de financiamento até abaixo daRepública Portuguesa porque
financiadores como o BEI ou o
CEB têm como mandato de po-lítica europeia pública tratar os
Estados todos da mesma manei-ra. Emprestam a todos aomesmo preço ea
IFD
beneficia disso", explica Henrique Cruz.Graças aoutros empréstimos
junto
doBEI
e do CEB, aIFD
reuniu mais €150 milhões para
duplicar
junto
de investidoresprivados, como bancos, capitais
de risco ou fundos de dívida. O
ob-jetivo élançar uma nova linha de crédito de
€300
milhões, duran-te o primeiro trimestre de 2019. Chama-se "Restart andModerni-se"e vai acudir às empresas que,
apesar de bem-sucedidas nos seus processos de reestruturação, não
encontram quem asajude a
reto-mar asua atividade, quando pre-cisam de comprar matérias-pri-mas oumodernizar as máquinas.
"Este instrumento vaitrazer di-nheiro dos privados eofacto deo privado seinteressar por uma em-presa nesta situação é omaior
si-nal de que a empresa éviável", diz Henrique Cruz, sublinhando que
a
IFD
não irá refinanciar dívidas nem comprar crédito malparado, como chegou a ser noticiado. "O que aIFD
vai fazer épôrdinhei-ro novo —"new money" — nas empresas que járesolveram com
sucesso a reestruturação das suas
dívidas".
Enquanto entidade gestora do recém-criado Fundo de Fundos
para
aInternacionalização,
aIFD
está ainda atrabalhar, emarticulação
com oMinistério
dos Negócios Estrangeiros, num
novo instrumento financeiro, a lançar em 2019, para apoiar as
empresas a darem osalto para o estrangeiro.
Capital derisco
Henrique Cruz chama ainda a atenção para osinvestimentos no
capital das empresas portuguesas
que a
IFD
pode fazer emparceria com 15fundos de capital derisco e63 entidades debusiness angels.A linha de
€204
milhões dos fundos de capital derisco jáapli-cou €21 milhões em 16 empresas ea linha de €70 milhões dos
bu-siness angels
já
aplicou €14mi-lhões em mais de uma centena de empresas.
Para atrair investidores estran-geiros a apostarem nas startups nacionais, foi também lançado
em
www.2oom.pt
o fundo decoinvestimento 2OOM que é