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FILOSOFIA A Platão PROPOSTA DE GABARITO. Aula 03 e 04

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Academic year: 2021

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Platão

PROPOSTA DE GABARITO Aula 03 e 04

Obs.: os gabaritos apresentam a idéia básica da questão, mas há inúmeras possibilidades de redação e certamente o aluno pode ampliar o que está expresso aqui. Portanto, sugerimos ao aluno que não considere esse modelo uma fórmula completa em si. Procure, antes, ter nos gabaritos um ponto de partida, uma coleção de argumentos a serem considerados para uma resposta mais bem acabada.

01. Para Platão, a obra de Homero somente é uma ameaça para aquelas pessoas que não possuem o “antídoto” contra ela. O “antídoto” é o conhecimento da natureza dessa obra, algo que Platão procura expressar na análise feita no livro X. A massa inculta, uma vez que não compreende o que está por trás do palavrório todo da poesia imitativa, se deixa influenciar pelas emoções e pelos desejos que são despertados pelos espetáculos. Sem o “antídoto”, ou seja, sem a capacidade crítica de avaliar os conteúdos que lhe chegam, acabam sendo influenciados e manipulados negativamente.

02. Como toda criança grega, Platão foi educado com base nos textos de Homero. Há sinais claros disso na própria República, sobretudo no livro III, onde Platão cita trechos de Homero e os analisa. De outro lado, Platão é o filósofo das idéias, o que imediatamente o coloca numa categoria distante da poesia de Homero, um gênero literário que, segundo o próprio Platão, tem uma longa história de “peleja” contra a filosofia.

2. Platão, assim como a maioria das crianças atenienses, teve sua formação educacional a partir das obras de Homero.

03. Esse trecho é uma referência à reputação dos poetas como educadores. O sujeito da frase pode ser tanto Homero como os poetas de um modo geral. O sentido da frase é destacar que aqueles que possuem visão deficiente, os poetas, são considerados os que enxergam bem, isto é, são considerados

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2. O sujeito a quem Platão está se referindo pode ser tanto os poetas em geral como o próprio Homero. Platão denuncia que os poetas, aqueles que têm visão deficiente, não possuem o verdadeiro conhecimento, isto é, o conhecimento filosófico. Os poetas, graças a sua retórica e ao efeito emocional que provocam nas platéias, aparentam possuir um grande conhecimento, vêem antes que os de visão mais aguda.

04. Antes de tudo, Platão considera que há dois tipos básicos de saber. Há o saber filosófico, que estuda as essências, e há o saber específico, como o do artesão, do marceneiro e do construtor. A classe que domina a competência do primeiro de conhecimento, segundo Platão, é chamada de “classe dos filósofos”. Para o segundo tipo de conhecimento Platão nomeia artesão, técnico ou simplesmente o nome que acompanha a atividade, como o médico para a medicina e o agricultor para agricultura. Nota-se aí que, nos dois casos, o conhecimento depende de um indivíduo que domina as exigências desse tipo de técnica. Nos dias atuais a ciência tem o mesmo procedimento. Em todas as áreas há um grupo de pessoas que se dedica a conhecer as propriedades, características, leis ou simplesmente o conteúdo daquela área. Desde o tempo de Platão até hoje o conhecimento é uma relação entre um corpo de saberes e um sujeito ou uma classe de sujeitos que conhece esse corpo de saberes. Tais sujeitos ou classes são então reconhecidos por sua competência da área, isto é, pelo fato que conhecem profissionalmente aquela determinada área. Embora a ciência tenha se especializado bastante, permanece em sua prática essa divisão do saber em classes. Ao criticar os poetas, o argumento usado por Platão geralmente se vale dessa idéia da competência.

05. Neste trecho temos a teoria das idéias introduzida pela primeira vez no texto do livro X. Platão diz no texto que uma idéia é um nome comum de um conjunto de coisas. Por exemplo, o vermelho é o nome comum de todas as cores vermelhas existentes, a cama é o nome comum de todos os objetos que possuem quatro pés de apoio e servem para as pessoas dormirem e assim por diante. Essa tese de Platão lhe permitirá fundamentar a crítica à arte, pois, a partir desse aspecto do nome comum, da essência, Platão vai afirmar que o conhecimento daí decorrente é de uma busca racional pelas essências das coisas, algo que os poetas não fazem, uma vez que estão presos ao aspecto emocional de sua obra.

2. A teoria das Ideias de Platão se caracteriza pela busca racional das essências, ou seja, pela busca daquilo que é comum a um grupo de coisas e sem a qual essas coisas não seriam as coisas que são. Assim, por exemplo, a cama é o nome comum que se dá a todos os artefatos cuja finalidade é servirem para as pessoas dormirem e o vermelho é o nome comum de todas as coisas vermelhas existente.

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06. A referência ao espelho é uma ironia para exagerar a idéia de que os poetas são imitadores. Sócrates sugere a Glaucon, em tom de brincadeira, que, conforme o critério dos poetas, isto é, o critério da reprodução de tudo apenas com o toque da imaginação, o sujeito que tivesse um espelho pudesse simplesmente criar tudo por meio do reflexo nesse espelho. Sócrates diz “Muito rapidamente criarás o sol, o que está no céu, rapidamente a terra, rapidamente a ti mesmo, rapidamente os outros seres vivos, móveis, plantas e de tudo que se falava há pouco”.

2. Platão utiliza o exemplo do espelho para explicar que o poeta, assim como o espelho, apenas mostra o reflexo da realidade, mas não a realidade mesma, a Ideia.

07.

A. Platão apresenta uma teoria filosófica que propõe modelos naturais e perfeitos para as coisas existentes na natureza. O moveleiro que constrói a cama não cria esses modelos, mas se inspira neles para construir seus objetos. Embora difícil de entender no início, provavelmente o que Platão está dizendo de fato é que os modelos são essências eternas. O construtor cria camas, mas não a idéia de cama. De outro lado, o poeta nem cria as idéias e nem cria os objetos a partir das idéias. O que ele produz é uma imagem dos objetos criados a partir das idéias. Com essa crítica, Platão irá colocar o poeta numa categoria que não é nem a profissional (construtores, artesãos) e nem a filosófica (sábios). O poeta está na categoria dos produtores de espetáculos para as emoções da massa.

A 2. Segundo Platão, as Ideias são entidades perfeitas e eternas criadas pela divindade. O construtor, através de seu pensamento, reconhece a Ideia de um móvel e se põe construí-lo. Platão que mostrar que o construtor apenas faz uma cópia da Ideia, assim como o artista faz uma cópia de uma cópia, isto é, sua arte é uma cópia de objetos sensíveis que, por sua vez, são cópias das Ideias.

B. Para Platão o moveleiro não cria a Ideia de cama ─ o que a cama é. Ele cria a cama que se apresenta aos sentidos, aquela que é tal qual o que é, tal qual aquilo que se apresenta aos sentidos, mas que não é a cama mesma, isto é, não é a Ideia de cama.

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08. A cama real é uma referência à sua teoria das Idéias. A palavra “real” indica uma dignidade que Platão está atribuindo ao primeiro nível de realidade, de acordo com os a teoria dos graus de realidade exposta no texto. Pode-se explicar esse exemplo da cama real de vários modos, mas o mais adequado é descrever essa dignidade das idéias como a qualidade de perfeição que elas apresentam em relação aos modelos materiais que são construídos a partir de sua inspiração. Um exemplo é a idéia de justiça. Nas sociedades em geral, a noção daquilo que é justo se modifica com o tempo e em diferentes situações, assim como também se altera a concepção do que é justo na vida particular de cada um. A essência da justiça, entretanto, não sofre, nenhuma forma de corrupção. Ela é sempre perfeita e igual a si mesma. Está sempre pronta para ser “olhada” pelo pensamento racional e orientar as ações dos homens em busca da perfeição e da vida em harmonia. Essa noção de “olhar para a idéia” representa muito bem o que Platão entende por mundo das idéias. Para ele não trata-se de um lugar geográfico, mas uma coleção de modelos perfeitos que devem guiar a vida do indivíduo e da sociedade.

2. A “cama real” é a expressão utilizada por Platão para se referir a essência da qual todas as camas participam e, por isso, são conhecidas como camas. Ela é real por que nunca muda e é sempre igual a si mesma, sendo, portanto, a verdadeira e perfeita cama. Platão entende que o real está na perfeição e na imutabilidade.

09. Platão considera improvável que alguém conheça todos os ofícios em função de sua teoria do conhecimento que divide os saberes em dois níveis: há o conhecimento das essências, reservado aos filósofos, e há o conhecimento técnico, como a matemática, a náutica, a marcenaria, etc. Dominar “todos os conhecimentos” é uma tarefa impossível, pois mesmo o filósofo, que conhece a essência do próprio conhecimento, não tem o conhecimento que o moveleiro tem. Então os poetas e todos os que se atribuem um conhecimento geral, na verdade, não possuem conhecimento algum. Platão diz que eles são “ingênuos” ao acreditarem que alguém pode deter todos os saberes.

2. Porque para alguém conhecer todos os ofícios seria necessário o conhecimento de todas as técnicas de manufaturas e o conhecimento de todas as essências de todas as coisas, façanha improvável para um mortal em sua curta vida.

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10. A intenção é desqualificar o poeta como um representante de qualquer referência na cidade, seja referência moral, política ou jurídica. O poeta fala de todos esses assuntos em suas obras, mas não detém o conhecimento de nenhum. Outro aspecto a ser considerado é o fato de Platão destacar que os homens detentores de conhecimento jurídico são reconhecidos como competentes nessa área e chamados a formular leis nas cidades, como Sólon e Licurgo. Homero, no entanto, não foi chamado em nenhuma cidade para legislar, o que leva Platão a concluir que ele não entende nada de leis. Esse argumento faz sentido no texto, uma vez que Platão está questionando o saber do poeta, incluindo aí o saber sobre o sistema jurídico da cidade, já que o poeta se apresenta em sua obra como alguém que aparenta possui esse saber.

11. O argumento platônico está sendo fundado na noção de que o detentor de um conhecimento verdadeiro apresenta muitos discípulos. Assim, quem possui um saber que merece lugar de destaque na sociedade, costuma ter certo número de seguidores. Isso vale para filósofos como Pitágoras, Sócrates e o próprio Platão, como depois se verificou na história posterior da academia. No entanto, não se verificam seguidores de Homero. Logo, pode-se afirmar que, seguindo o argumento platônico, por não ter discípulos, Homero não detinha um saber verdadeiro e confiável.

2. O argumento de Platão visa desqualificar Homero da condição de educador. Para tanto, ele parte do reconhecimento de que os educadores verdadeiros fizeram discípulos que continuaram sua obra. Homero, por sua vez, não teria deixado discípulos e não seria, portanto, um verdadeiro educador.

12. De acordo com a filosofia platônica, a virtude é um conceito que envolve os valores da vida prática, como o controle sobre os desejos e as emoções, assim como também a consciência clara do lugar que cada um ocupa na sociedade. O fundamento dessa noção de virtude está, portanto, na psicologia de Platão, onde a razão deve dominar os desejos. Ao dizer que o poeta é imitador de imagem de virtude Platão está mostrando que o poeta desconhece a essência da virtude e do comportamento virtuoso e age como se detivesse noções corretas dos valores.

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FILOSOFIA A Platão

PROPOSTA DE GABARITO Aula 05 e 06

Obs.: os gabaritos apresentam a idéia básica da questão, mas há inúmeras possibilidades de redação e certamente o aluno pode ampliar o que está expresso aqui. Portanto, sugerimos ao aluno que não considere esse modelo uma fórmula completa em si. Procure, antes, ter nos gabaritos um ponto de partida, uma coleção de argumentos a serem considerados para uma resposta mais bem acabada.

01. Nesse trecho, Platão demonstra que o conhecimento do artesão é maior que o do artista imitador, uma vez que o artesão pode trocar informações com o usuário de seu produto de maneira a fazer um objeto cada vez mais perfeito e condizente com o interesse de quem o utiliza. O artista, por sua vez, não tem como trocar conhecimentos com sua platéia. Uma vez que a obra esteja pronta ela vai ser apresentada da maneira como foi feita, não é possível mudá-la ou adaptá-la aos gostos dos usuários.

2. O argumento utilizado por Platão se caracteriza por desqualificar o poeta da condição de conhecer sua obra. Para isso ele explica que o fabricante troca informações com o usuário até chegar ao objeto necessário. O poeta não discute seu trabalho com sua platéia, ou seja, não tem o conhecimento de quem experimenta sua obra, como é o caso do fabricante.

02. A medida é um instrumento da razão que deverá ser utilizado para avaliar os conteúdos contraditórios apresentados pela arte.

2. Para Platão, a medida é o instrumento de comparação que deverá ser utilizado pela razão para avaliar as relatividades apresentadas pela arte.

03. A parte da alma visada pelos espetáculos da arte é a passional ou emotiva. Essa parte da alma se caracteriza pelas emoções que produz e as sensações que recebe dos órgãos dos sentidos como visão e audição, por exemplo. Como está baseada nos sentidos e nas emoções e, os sentidos e as emoções não fornecem informações confiáveis, a parte passional fornece apenas opiniões e não o verdadeiro conhecimento, que somente é possível pela parte racional.

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passional se caracteriza pela percepção das emoções e das sensações dos órgãos dos sentidos. Desta forma, a parte passional não mostra o mundo como ele é, essência, mas, como ele aparece aos sentidos, aparência.

04. Platão procura mostrar que a maneira como as pessoas enfrentam suas dores pessoais não é como aquela apresentada pelas obras artísticas. Diante de pessoas estranhas, nossa razão tende a reprimir nossas manifestações de choro e tristeza para não expor os sentimentos. Fazemos isso apenas quando estamos juntos das pessoas mais íntimas. As obras artísticas, no entanto, apresentam atores que choram e expõe suas emoções diante das platéias, coisa que não fazemos em nossa vida pessoal.

2. Para Platão existe uma grande diferença entre o espetáculo e a vida real. No espetáculo, o artista demonstra suas emoções diante os estranhos da platéia. Na vida real é diferente. As emoções são contidas ou reveladas somente para os amigos mais íntimos. Com essa análise Platão que destacar que a arte não mostra as coisas como elas são, mas, como aparentam ser.

05. Platão procura demonstrar nesse trecho que a razão deve estar sempre no controle das emoções. Assim, ele denuncia a farsa apresentada pelos artistas na qual se chora e manifesta-se desespero diante da platéia, coisa que, na prática, raramente acontece, uma vez que tendemos a controlar nossas emoções diante de pessoas estranhas. Assim, Platão procura contextualizar sua crítica aos artistas fundado na realidade de nossos sentimentos, que, em princípios, não são expressados na frente de pessoas estranhas, uma vez que a razão exerce forte controle sobre as emoções.

06. Por que, para os poetas, a experiência da razão “trata de imitação de uma experiência que lhes é estranha”, uma vez que os poetas utilizam apenas a parte passional e não a racional.

2. A parte sábia e serena da alma é a parte racional. A razão, segundo Platão, é uma experiência que os poetas têm dificuldade de imitar por que lhes é uma experiência estranha, uma vez que seu trabalho está voltado para o emocional e não o racional.

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08. Segundo Platão, a poesia poderia se defender argumentando, isso é, utilizando elementos racionais para provar sua importância. Isso, no entanto, seria algo difícil de acontecer, uma vez que, ao longo do livro X, Platão demonstrou que os poetas trabalham apenas com a parte emotiva da alma e não desenvolvem o aspecto racional do pensamento.

2. Para Platão a única forma de a poesia garantir sua presença na cidade seria provando por argumentos racionais a sua importância. Platão, no entanto, acha difícil que isso ocorra, uma vez que a poesia está fundada no emocional e não no racional.

09. Uma vez que Platão demonstrou, ao longo do livro X, os malefícios que a poesia pode trazer ao cidadão que não apresenta a razão como antídoto, fica evidente que deve-se abandoná-la para evitar tais prejuízos, da mesma forma como se deve abandonar um amor prejudicial em função dos males que ele pode trazer.

10. A leitura do texto platônico demonstra sua grande habilidade de escrever, o que denota, assim, um certo pendor poético semelhante ao de Homero. Conhecendo bem a arte da escrita, Platão sabe muito bem de suas artimanhas e segredos e põem, todo esse conhecimento, a serviço da escrita de sua crítica à poesia.

03.11. A poesia imita provoca uma hipertrofia das emoções em detrimento de uma atrofia da parte racional. Dessa forma, a poesia imitativa enfraquece a capacidade racional das pessoas fazendo com que sejam facilmente enganados por discursos políticos mal intencionados na política ateniense.

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Platão

PROPOSTA DE GABARITO Aula 07 e 08

Obs.: os gabaritos apresentam a idéia básica da questão, mas há inúmeras possibilidades de redação e certamente o aluno pode ampliar o que está expresso aqui. Portanto, sugerimos ao aluno que não considere esse modelo uma fórmula completa em si. Procure, antes, ter nos gabaritos um ponto de partida, uma coleção de argumentos a serem considerados para uma resposta mais bem acabada.

01. Quando passa a tratar da imortalidade da alma, Platão defende a tese de que a alma é uma entidade cuja natureza é distinta do corpo. A alma, sendo imaterial, não morre porque a morte é processo que afeta apenas coisas materiais como. No texto acima vemos Platão desenvolvendo isso ao sugerir que sejam refutadas as opiniões que afirmam que doenças ou quaisquer males ao atingir o corpo atinjam também a alma.

02. A idéia básica do argumento da imortalidade é mostrar que os males atingem determinados corpos devido à sua natureza específica. Por exemplo. A doença atinge o corpo porque o corpo tem uma constituição semelhante aos microorganismos que o afetam, como bactérias e vírus. Mas, para que tais coisas atinjam a alma seria necessário que ela também fosse semelhante, e isso não acontece. O argumento de Platão se baseia nessa idéia: como a morte é um mal físico que atinge o corpo e o corpo tem uma estrutura adequada a perecer e sofrer doenças, para que a morte possa atingir a alma seria necessário encontrarmos nela algo de paralelo aos corpos invasores. Como não há nada desse tipo ─ a alma é imaterial ─ Platão argumenta que a morte atinge apenas o corpo.

03. A idéia é que a alma, por natureza, é pura, mas a vida humana cotidiana faz com que o homem adquira uma série de vícios e hábitos equivocados. Platão faz com isso uma relação com a sua crítica à arte imitativa, uma vez

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04. O anel de Giges foi um exemplo usado por Glaucon no livro II para argumentar, contra Sócrates, que na verdade a justiça não é apreciada por si mesma, isto é, ela não é buscada por aquilo que ela vale, mas sim porque as pessoas temem exagerar na injustiça e sofrer as conseqüências disso. O anel, que tem o poder de tornar qualquer um invisível, está sendo destacado com uma possibilidade: aquele que tem o anel não busca a justiça, pois estará com um poder ilimitado para fazer o mal e com a certeza de sair impune.

05. Por que os infortúnios do homem justo serão recompensados pelos deuses em função da boa obra que está associada a esse sofrimento. Com esse argumento, Platão procura convencer o homem comum das vantagens de se levar uma vida baseada na justiça.

06. Em toda a República Platão argumento uma teoria racional com base na estruturação da sociedade em valores e hierarquias e, surpreendentemente, no final da obra, temos um argumento religiosos sobre penas, castigos e recompensas. Uma das hipóteses para explicar essa mudança é que Platão não quer deixar a seus leitores apenas os argumentos racionais, mas também fazer apelo à consciência religiosa do homem comum, argumentando a partir dessa consciência que este homem pode estar certo da recompensa da justiça nesta vida e de seus status de homem justo perante os deuses.

07. A idéia básica na analogia com a corrida é mostrar que os injustos são como os corredores apressados que, na corrida da existência, disparam à frente, passando todos os demais com o objetivo de ganhar logo o prêmio. Apesar da tática funcionar no início, no final o corredor perde o fôlego e acaba perdendo a corrida. Na vida, segundo Platão, acontece o mesmo. Os injustos logo procuram passar à frente dos demais, tanto no aspecto de aproveitar todas as oportunidades quanto no aspecto de usar táticas desonestas para tirar vantagem. Mas, no fim, eles não manifestam a mesma coragem e o mesmo espírito de vitória, pois passaram a vida na injustiça e agora vivem segundo as conseqüências disso. Segundo a imagem da corrida, é nesse ponto que eles perdem a corrida da existência e se tornam infelizes. Logo, a vida do homem justo vale mais a pena que a vida do injusto.

Comentário preliminar para as questões 08, 09 e 10

Para encaminhar uma resposta para estas questões, é importante considerar como Platão concebe a alma humana e sua estrutura tripartida: desejo, emoção e razão (ou medida). Assim, as opiniões que temos sobre as coisas

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opiniões não são produções da alma racional, mas sim, produções da parte emotiva que está fortemente ligada aos sentidos. A ilusão de ótica, por exemplo, não é uma falha da razão, mas sim, uma ilusão criada pela visão que não consegue compreender o que está por trás daquilo que vê. Olhamos para a Lua e a vemos bem pequena no céu (ilusão). Nossa razão, no entanto, no informa que ela é muito maior que os olhos mostram.

É na parte emotiva da alma, portanto, onde nascem todas as nossas opiniões (doxa). Segundo a classificação platônica da alma, essa parte não oferece conhecimentos “seguros” sobre a realidade, pois pode facilmente confundir a pessoas despreparadas racionalmente.

Platão afirma: a razão como medida. As palavras peso, medida e cálculo estão todas dando sentido ao conceito de razão.

08. A primazia no julgamento dos objetos cabe a arte que visa ao uso.

Aquele que usa o objeto conhece sua essência e sabe como dar as devidas orientações para que o fabricante faça o objeto da forma o mais perfeito possível.

09. Segundo o texto apresentado, o sujeito que observa pode ser caracterizado por sua percepção sensorial, que lhe oferece conhecimentos relativos e inseguros, e por sua capacidade racional, que dá crédito à medida e ao cálculo e lhe apresenta o objeto como ele realmente é.

10. Um dos fundamentos da afirmação platônica de uma das partes ser melhor do que outra pode ser encontrada na expressão: “Não afirmamos que a mesma parte [da alma] não pode ter, ao mesmo tempo, opiniões contrárias sobre as mesmas coisas?” Assim, a parte emotiva da alma pode achar um mesmo objeto grande ou pequeno, enquanto que a parte racional, através da medida e do cálculo, tem a noção exata do tamanho deste mesmo objeto.

Referências

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