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AS PESSOAS COM LIMITAÇÕES E A EVACUAÇÃO DE CENTROS COMERCIAIS EM CASO DE INCÊNDIO

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AS PESSOAS COM LIMITAÇÕES E A EVACUAÇÃO DE CENTROS

COMERCIAIS EM CASO DE INCÊNDIO

Susana Neves36

Mestre em Seg. aos Incêndios Urbanos Univ. de Coimbra Portugal A. Leça Coelho Investigador Laboratório Nacional de Engenharia Civil Portugal João P. Rodrigues Professor Univ. de Coimbra Portugal RESUMO

Neste artigo apresentam-se os resultados dum estudo sobre avaliação das principais dificuldades das pessoas com limitações motoras, visuais e auditivas, na evacuação de centros comerciais, em caso de incêndio. Os resultados do estudo resultam de inquéritos e simulacros realizados com pessoas com limitações, em Portugal. Como resultado são propostas diversas oportunidades de melhoria, que permitirão uma optimização de tempo e recursos na evacuação destes edifícios.

Palavras-chave: evacuação; limitação; centro comercial; incêndio.

36 Autor correspondente - Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Rua Luís Reis Santos. Polo II da Universidade. 3030-788 Coimbra. PORTUGAL. Telef.: +351 239 797237 Fax: +351 239 797242. e-mail: jpaulocr@dec.uc.pt

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1. INTRODUÇÃO

A maioria das pessoas irá em algum momento da sua vida ter uma incapacidade, quer seja temporária ou permanente, que vai limitar sua capacidade de se movimentar dentro ou fora de um edifício e a fácil utilização do ambiente construído. Por incapacidade entende-se uma limitação ou falta de capacidade para realizar actividades que são consideradas normais para um indivíduo particular.

As incapacidades podem ser de cinco tipos diferentes: mobilidade condicionada, incapacidades visuais, auditivas, verbais e ao nível cognitivo. Estas incapacidades manifestam-se de diferentes formas e como tal podem ter implicações funcionais diferentes durante uma evacuação de emergência.

É importante que os planos de evacuação de edifícios prevejam a actuação em caso de evacuação de pessoas com diferentes tipos de incapacidades. Durante uma emergência as pessoas com incapacidades físicas estão expostas a maiores riscos, uma vez que a sua capacidade de interpretação do ambiente que as rodeia pode estar condicionada pelas suas limitações [1].

As pessoas com incapacidades auditivas são bastante vulneráveis a situações como incêndios. A questão mais premente na segurança destas pessoas está no eventual atraso no conhecimento do alerta, o qual pode comprometer a sua segurança. A solução passa por uma detecção precoce e um alarme perceptível [2].

Os alarmes de incêndio e evacuação são tipicamente baseados em som. No entanto, estes dispositivos de alarme são de pouca utilidade para um indivíduo surdo. Observaram-se progressos realizados, na área da segurança contra incêndios, no entanto, ainda há muito a ser feito, para que as pessoas com deficiência auditivas ou surdos possam beneficiar desses avanços [3].

No caso dos indivíduos que vivem com uma deficiência de mobilidade há vários anos são, na sua maior parte, extremamente bem adaptados aos seus ambientes. Aqueles cuja incapacidade é recente ou estão temporariamente incapacitados, podem ter mais dificuldades para se adaptar. Esta inexperiência pode reduzir as possibilidades de conseguir sair em segurança de um local com um incêndio activo. Esta limitação requer adaptações às instalações de forma a poder avançar com segurança para dentro, através e para fora de um edifício. Mesmo em circunstâncias normais, a movimentação pode ser lenta. Os elevadores e as rampas suprimem alguns dos problemas relacionados com as acessibilidades aos edifícios. No entanto, em caso de incêndio, o uso de elevadores não é recomendado. Deste modo, os incêndios revelam a necessidade de meios alternativos para a evacuação de pessoas com mobilidade condicionada [4].

Para um cego ou uma pessoa com deficiência visual, o primeiro sinal de um incêndio em geral será o cheiro do fumo e o calor proveniente do fogo. Como não conseguem identificar exactamente a origem do incêndio, o indivíduo com deficiência visual tem menor probabilidade de conseguir extinguir um incêndio, mesmo de pequena dimensão, podendo este rapidamente tornar-se numa séria ameaça [5].

Igualmente perigoso é o impacto que a perda da visão tem sobre a capacidade de escapar a um incêndio. Baseando-se fortemente em informações auditivas, as pessoas com deficiência visual devem ser capazes de reagir a um alarme de incêndio. Se o indivíduo conhecer bem o

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edifício em que se encontra, a probabilidade de sobreviver a um incêndio é maior. As complicações surgem porém quando estas pessoas se encontram em ambientes estranhos, tais como centros comerciais. Nem sempre estão disponíveis marcas ou indicações da localização de saídas de emergência, o que incapacita uma pessoa com deficiência visual de sair rapidamente, de forma autónoma e segura.

2. LEGISLAÇÃO SOBRE A EVACUAÇÃO DE PESSOAS COM LIMITAÇÕES

Após a análise dos requisitos legais e normativos de Portugal [6] [7] [8], Espanha [9] [10] [11] [12], Reino Unido [13], Alemanha [14] [15] e Brasil [16], claramente se conclui que o País em que a questão da emergência e evacuação de pessoas com limitações está mais desenvolvida é o Brasil. Os restantes Países também definem obrigatoriedades legais nesta área, mas com um nível inferior de abrangência, especificidade e exigência.

Como pontos comuns abordados na generalidade dos Países estudados destacam-se:

ƒ A necessidade de existirem caminhos acessíveis no edifício e nas imediações do mesmo;

ƒ A necessidade de existir sinalização de segurança em formatos acessíveis a todas as

pessoas.

É de destacar também que dos três tipos de incapacidades estudadas (motora, visual e auditiva), a incapacidade que está menos legislada é a auditiva, sendo por isso a área que carece de maior desenvolvimento.

3. INQUÉRITOS

No âmbito do estudo foram realizados inquéritos a pessoas com incapacidades visuais (20 pessoas), motoras (42 pessoas) e auditivas (1 pessoa). Todos os inquiridos tinham mais de 18 anos e apenas apresentavam um tipo de incapacidade. Todos os inquiridos são portugueses, maioritariamente da zona da Grande Lisboa. Os resultados da população com limitação auditiva não serão apresentados por não serem considerados representativos.

Os inquéritos decorreram no período de Maio a Junho de 2010, obedecendo a metodologias diferentes, consoante o tipo de limitação. Na população com incapacidade visual e auditiva, os inquéritos foram realizados através de entrevistas. Já no caso da população com mobilidade condicionada, os inquéritos foram enviados para diversas instituições que depois se encarregaram de os divulgar para os endereços de correio electrónico dos vários associados.

3.1. Resultados obtidos com a população com incapacidade visual

ƒ 75% dos inquiridos tinha entre 45 e 64 anos;

ƒ A percentagem de pessoas com incapacidade inata e adquirida era de 55% e 45%, respectivamente;

ƒ 80% dos inquiridos nunca receberam formação sobre segurança contra incêndios.

ƒ Quando questionados sobre a frequência com que visitam edifícios que recebem público:

o 35% dos participantes responderam que todas as semanas vão a estes edifícios;

o 25% dos participantes vão pelo menos uma vez por mês;

o 40% dos participantes responderam que vão poucas vezes.

ƒ Quando visitam este tipo de edifícios, vão geralmente acompanhados por pessoas sem incapacidades (54,2%).

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E le m e nto s d e v e ria m fa ze r p a rte d a info rma ç ã o fo rne c id a 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% Localização das saí das

de emergência Número do posto de segurança Localização do ponto de encontro no exterior Caminhos de evacuação Localização dos meios de combate a incêndios Localização das áreas de refúgio Outra

ƒ Apenas 3 pessoas já participaram em simulacros. Estas sentiram dificuldades em encontrar a saída de emergência e em percorrer o caminho até à saída de emergência.

ƒ Também 15% dos participantes já viveram situações reais de incêndio. Nesta situação um

dos inquiridos foi informado da necessidade de evacuação através de uma mensagem de voz. Os outros dois inquiridos não foram informados, tendo-se apercebido de que se tratava de um incêndio através do fumo.

ƒ No que respeita ao apoio por parte da organização de segurança do edifício, apenas uma

pessoa foi levada até um local seguro. Os restantes dois inquiridos não tiveram qualquer apoio.

ƒ A maior dificuldade sentida durante o incêndio foi percorrer o caminho até à saída de emergência, tal como nos simulacros.

ƒ Foi também realçada a influência que factores como o ruído podem ter na capacidade de

orientação dos invisuais.

ƒ 80% responderam que seria muito importante a existência de informação em Braille, nomeadamente: localização das saídas de emergência, número de contacto da central de segurança do edifício e caminhos de evacuação.

ƒ No que concerne ao tipo de alarme, as opções mais votadas foram alarme sonoro e combinação de vários alarmes.

ƒ 85% dos inquiridos responderam que gostariam que existissem áreas de refúgio no edifício.

Figura 1: Elementos que devem fazer parte da informação fornecida 3.2. Resultados obtidos com a população com mobilidade condicionada

ƒ A maior fracção da população está entre os 18 e os 34 anos.

ƒ A percentagem de pessoas com incapacidade inata e adquirida é de 52,4% e 47,6%, respectivamente.

ƒ 73,8% dos inquiridos nunca receberam formação sobre segurança contra incêndios.

ƒ 47,6% dos inquiridos visitam edifícios que recebem público todas as semanas, geralmente

acompanhados por pessoas sem incapacidades (60,5%) ou sozinhos (34,9%).

ƒ Apenas 7 dos inquiridos já participaram em simulacros. As maiores dificuldades sentidas

foram ao percorrer o caminho até à saída de emergência e ao sair porque as saídas de emergência não estavam adaptadas para pessoas com mobilidade condicionada.

ƒ Dos 42 inquiridos, 7 já viveram situações de incêndio. Destas 7 pessoas, 4 foram informadas que era necessário evacuar o edifício através de outros ocupantes do edifício, 2 pessoas foram informados por funcionários/vigilantes do edifício, 1 pessoa foi informada através de mensagem de voz e outra pessoa através de um alarme sonoro.

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ƒ No que respeita ao apoio por parte da organização de segurança do edifício:

o Duas pessoas foram encaminhadas para um local seguro;

o Uma pessoa foi informada acerca das saídas de emergência;

o Quatro pessoas não receberam qualquer apoio.

ƒ As maiores dificuldades sentidas foram muito semelhantes às dificuldades sentidas durante os simulacros, o que reforça a importância destes exercícios.

ƒ No que respeita aos elementos que deveriam fazer parte da informação fornecida, as opções mais votadas foram localização das saídas de emergência, caminhos de evacuação e localização de áreas de refúgio.

ƒ No que respeita ao tipo de alarme, este deveria ser sonoro ou uma combinação de vários

tipos de alarme.

ƒ 88% dos inquiridos responderam que gostariam que existissem áreas de refúgio no edifício.

3.3. Simulacros

Com o intuito de testar as dificuldades que as pessoas com diversas limitações enfrentam durante uma situação de emergência em centros comerciais, foram realizados vários simulacros. Não foi possível realizar simulacros com pessoas com incapacidade visual.

Os simulacros foram realizados em centros comerciais em Portugal, Itália e no Brasil. Todos estes centros possuem uma equipa de segurança que se encarrega do apoio à evacuação. Os simulacros realizados permitiram identificar algumas fragilidades, sendo a principal a questão da acessibilidade dos caminhos de evacuação, até ao ponto de encontro. Alguns dos edifícios onde foram realizados os simulacros são anteriores à legislação em vigor [6] sobre acessibilidades. Isto faz com que alguns factores importantes desta legislação não tenham sido considerados em fase de projecto, tornando agora mais difícil a adaptação dos edifícios. Situações típicas são os caminhos de emergência com obstáculos que dificultam ou impendem a saída. Esta fragilidade foi também identificada nos inquéritos.

Outra das fragilidades identificada está relacionada com o número insuficiente de elementos da equipa de segurança, caso estejam presentes várias pessoas com limitações físicas no edifício. O nível de apoio que estas pessoas requerem reduz o número de elementos da segurança, que se encarregam da evacuação.

Por fim, foi também identificada a falta de formação dos vigilantes sobre o procedimento a seguir em caso de necessidade de apoiar a evacuação de pessoas com limitações físicas, nomeadamente no que respeita à interacção com a pessoa e método de evacuação.

4. PROPOSTAS PARA MELHORIA DA EVACUAÇÃO EM CENTROS COMERCIAIS

Pretende-se que este estudo dê alguns contributos para a melhoria das condições de segurança e de evacuação de pessoas com limitações motoras, visuais e auditivas em caso de emergência, em particular em centros comerciais. Estas sugestões são uma compilação de referências legais de vários Países, tendo sido essencialmente usadas referências do Decreto-Lei 163/2006 [6] de Portugal, da Norma Brasileira ABNT NBR 9050 [16] e da British Standard BS 8300:2009 [13]. Foram também considerados os resultados obtidos nos inquéritos e nos simulacros realizados.

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As propostas de melhoria estão organizadas em cinco temas principais: infra-estrutura e equipamentos, sinalização e comunicação, alarme, organização de segurança e sistemas de orientação.

4.1. Infra-estrutura e equipamentos a) Corredores

x Os percursos pedonais devem ter em todo o seu desenvolvimento até à saída (incluindo saídas de emergência), um canal de circulação contínuo e desimpedido de obstruções com uma largura não inferior a 1,2 m, medida ao nível do pavimento. Se nestes percursos forem necessárias mudanças de direcção de uma pessoa em cadeira de rodas sem deslocamento, as zonas de manobra devem ter dimensões que permitam rotações até 360º (área circular com um diâmetro de 1,5m).

x As mudanças de nível abruptas devem ser evitadas.

x Se existirem mudanças de nível, devem ter um tratamento adequado à sua altura:

1) Com uma altura não superior a 0,005 m, podem ser verticais e sem tratamento do bordo;

2) Com uma altura não superior a 0,02 m, podem ser verticais com o bordo boleado ou chanfrado com uma inclinação não superior a 50%;

3) Com uma altura superior a 0,02 m, devem ser vencidas por uma rampa ou por um dispositivo mecânico de elevação.

b) Pavimentos

x Deverá ser instalado piso táctil de alerta sempre que for necessário sinalizar situações que

envolvem risco de segurança. Este deve ser instalado perpendicularmente ao sentido de deslocamento.

x Deverá existir sinalização táctil direccional no piso, indicando o caminho desde a entrada no edifício até à saída de emergência e às áreas de refúgio.

x A inclinação dos pisos e dos seus revestimentos deve ser:

1) Inferior a 5% na direcção do percurso, com excepção das rampas; 2) Não superior a 2% na direcção transversal ao percurso.

c) Escadas

x A largura dos lanços, patins e patamares das escadas não deve ser inferior a 1,2 m.

x Os degraus das escadas devem ter:

1) Uma profundidade (cobertor) não inferior a 0,28 m; 2) Uma altura (espelho) não superior a 0,18 m;

3) Faixas antiderrapantes e de sinalização visual com uma largura não inferior a 0,04 m e encastradas junto aos degraus.

x Os elementos que constituem as escadas não devem apresentar arestas vivas ou extremidades projectadas perigosas.

x As escadas que vencerem desníveis superiores a 0,4 m devem possuir corrimãos de ambos os lados.

x Junto às escadas devem existir cadeiras de evacuação e as respectivas instruções de utilização.

e) Portas

x Os vãos de porta devem possuir uma largura útil não inferior a 0,77 m, medida entre a face

da folha da porta quando aberta e o batente ou guarnição do lado oposto.

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x Os puxadores, as fechaduras e outros dispositivos de operação das portas devem oferecer uma resistência mínima e ter uma forma fácil de agarrar com uma mão que não requeira uma preensão firme ou rodar o pulso. Os puxadores em forma de maçaneta não devem ser utilizados.

x Os dispositivos de operação das portas devem estar a uma altura do piso compreendida entre 0,8 m e 1,1 m.

x A força necessária para operar as portas interiores não deve ser superior a 22N, excepto no caso de portas de segurança contra incêndio, em que pode ser necessária uma força superior.

f) Áreas de refúgio

x Deve ser prevista uma área de refúgio no piso superior do edifício, sempre que não existam elevadores para uso dos bombeiros. Ficam excluídos deste requisito todos os pisos com acesso directo ao exterior do edifício.

x As áreas de refúgio devem cumprir com o disposto no Decreto-Lei 220/2008 [7] e na Portaria nº 1532/2008 [8].

g) Elevadores

x Os ascensores devem:

1) Possuir cabinas com dimensões interiores não inferiores a 1,1 m de largura por 1,4 m de profundidade;

4) Ter pelo menos uma barra de apoio colocada numa parede livre do interior das cabinas situada a uma altura do piso compreendida entre 0,875 m e 0,925 m.

x As portas dos ascensores devem possuir uma largura útil não inferior a 0,8 m.

x Sempre que não existam áreas de refúgio, devem existir ascensores que permitam a evacuação de pessoas com limitações. Estes ascensores devem cumprir com os requisitos previstos na Portaria nº 1532/2008 [8].

h) Telefones

x Deve ser instalado pelo menos um telefone por piso que transmita mensagens de texto.

4.2. Sinalização e Comunicação a) Formas de comunicação e sinalização

x A sinalização pode ser permanente, direccional, temporária ou de emergência. Por sinalização de emergência entende-se a sinalização utilizada para indicar os caminhos de evacuação e saídas de emergência dos edifícios ou para alertar quanto a um perigo iminente.

x A sinalização de emergência deve ser comunicada de forma visual, táctil e sonora.

x A sinalização internacional de acesso deve ser afixada num local visível ao público, sendo

utilizada para indicar a acessibilidade dos espaços, nomeadamente junto a: 1) entradas/saídas e percursos acessíveis, incluindo saídas de emergência; 2) áreas de assistência para resgate, áreas de refúgio, saídas de emergência.

x Os símbolos internacionais de pessoas com deficiência visual ou auditiva devem indicar a existência de equipamentos, mobiliário e serviços para pessoas com deficiência visual ou auditiva, respectivamente.

b) Sinalização de emergência

x Os caminhos de evacuação e as saídas de emergência devem ser sinalizadas com informações visuais, sonoras e tácteis (no piso).

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x Nas escadas de emergência que interligam os diversos pisos, junto às portas corta-fogo, deve haver sinalização táctil e visual informando o número do piso. A mesma sinalização deve ser instalada nos corrimãos.

x Devem ser disponibilizadas plantas de emergência com seguinte a informação em Braille:

1) Localização das saídas de emergência; 2) Caminhos de evacuação;

3) Localização das áreas de refúgio; 4) Contactos em caso de emergência. 4.3. Alarme

x Os dispositivos de accionamento manual do alarme devem ser instalados nos caminhos horizontais de evacuação, sempre que possível junto às saídas dos pisos e a locais sujeitos a riscos especiais, a cerca de 1,5 m do pavimento.

x Em edifícios comerciais, o alarme deve ser feito através de uma mensagem de voz. Para evitar situações de pânico, a mensagem não deve referir ao tipo de emergência de que se trata, focando-se apenas na necessidade de evacuar o edifício.

x Deve assegurar-se que a mensagem de voz é também transmitida em formatos acessíveis

a pessoas com incapacidade auditiva. 4.4. Organização de segurança

x De acordo com a Portaria nº 1532/2008 [8], para um edifício da Utilização-tipo VIII “Comerciais e gares de transportes”, o número mínimo de elementos da equipa de segurança varia entre 1, para a 1ª categoria de risco e 8, para a 4ª categoria de risco.

x Na definição do número mínimo de elementos da equipa de segurança devem também ser

ponderadas as condições de acessibilidade e evacuação do edifício. Assim, se um edifício não permite a evacuação autónoma de pessoas com mobilidade condicionada ou outras limitações, o número de elementos da equipa de segurança terá que ser maior, uma vez que cada pessoa com necessidades especiais irá necessitar do apoio de pelo menos um elemento desta equipa.

x Os elementos que possuem atribuições especiais de actuação em caso de emergência, devem receber formação nas seguintes áreas:

o Identificação de pessoas com limitações motoras, visuais e auditivas;

o Procedimentos a seguir junto destas pessoas em caso de evacuação;

o Forma de abordagem a pessoas com mobilidade condicionada, incapacidade visual e incapacidade auditiva.

x Com base no número de elementos da equipa de segurança e nas condições de evacuação do edifício, deve ser calculado o efectivo máximo de pessoas com necessidades especiais que um edifício suporta.

x Em edifícios da Utilização-tipo VIII da 4ª categoria de risco devem realizar simulacros anuais, com a participação de pessoas com limitações visuais, auditivas ou motoras. 4.5. Sistema de orientação táctil e electrónico

Os actuais sistemas de orientação devem ser optimizados com o desenvolvimento de um software que fizesse o cruzamento do sistema de orientação espacial com um software de propagação de incêndio. Com base na informação fornecida pela Central de Detecção de Incêndios, sobre quais os detectores de incêndio accionados, seria possível determinar a localização e dimensão do incêndio. Cruzando esta informação com as características do

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edifício, previamente introduzidas, o software seria capaz de definir o caminho até à saída de emergência ou área de refúgio mais próxima, e orientar o utilizador para lá.

5. CONCLUSÃO

As implicações das pessoas com limitações na segurança contra incêndio foram estudadas a partir da análise crítica dos estudos conhecidos sobre a matéria, da legislação existente em vários Países, de inquéritos e simulacros.

Enquanto que em alguns Países como o Brasil, a temática da segurança contra incêndios adaptada a pessoas com limitações já é alvo de um grande desenvolvimento legal, em Portugal e noutros países da Europa, ainda são poucas as referências legais e normativas sobre este tema. Na análise da legislação foi possível aferir que a limitação que está menos legislada é a auditiva.

Através dos inquéritos realizados foi também possível concluir que é necessário apostar mais na formação das pessoas com limitações sobre os comportamentos a ter numa situação de incêndio e disponibilizar mais material de informação sobre segurança contra incêndios em formatos acessíveis.

É também necessário que as organizações, desenvolvam e adaptem os seus planos de emergência considerando as características dos edifícios e as necessidades especiais das pessoas com limitações em caso de incêndio.

Os simulacros são uma boa ferramenta para testar a resposta das organizações a uma situação de incêndio. Estes devem ter uma periodicidade anual, para mecanizar os processos. Neste artigo foram também apontadas algumas sugestões de melhoria, com base nos resultados obtidos na análise legal, nos inquéritos e simulacros. É importante a realização de estudos complementares que permitam avaliar com maior rigor as medidas agora propostas e a sua possível integração nos textos legais.

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer à Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), à Associação Salvador, à Associação Portuguesa de Deficientes, à Fundação LIGA e à Associação Promotora do Ensino dos Cegos pelo apoio na divulgação dos inquéritos pelos seus associados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] National Fire Protection Association, (2007). “Emergency Evacuation Planning Guide for People with Disabilities”. NFPA. EUA.

[2] Shields, T J. (1993). “Fire and disabled people in buildings”. Fire Research Centre, University of Ulster. Ulster.

[3] FEMA (1999). “Fire Risks for the Deaf or Hard of Hearing”, FEMA. Washington, D.C. [4] FEMA (1999). “Fire Risks for Mobility Impairments”, FEMA. Washington, D.C.

[5] FEMA (1999). “Fire Risks for the Blind or Visually Impaired”, FEMA. Washington, D.C.

[6] Decreto-Lei n.º 163/2006. D.R. n.º 152, Série I de 2006-08-08. Portugal. [7] Decreto-Lei n.º 220/2008. D.R. n.º 220, Série I de 2008-11-12. Portugal.

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[8] Portaria nº 1532/2008. D.R. n.º 250, Série I de 2008-12-29. Portugal.

[9] Asociación Española de Normalización y Certificación (AENOR), (2007). “UNE 170001 – Acessibilidad universal”. AENOR, Madrid.

[10] Decreto nº 13/2007. B.O.C.M. Núm. 96. Espanha.

[11] Documento Básico SI “Seguridad en caso de incendio”, (2009), Instituto de Ciencias de la Construcción Eduardo Torroja, Espanha.

[12] Real Decreto 505/2007. BOE 11/05/2007. Espanha.

[13] BSI British Standards (2009). “BS 8300:2009 - Design of buildings and their approaches to meet the needs of disabled people – Code of practice”. 2ª edição, BSI, Londres.

[14] Arbeitsstättenverordnung vom 12. August 2004 (BGBl. I S. 2179). Alemanha. [15] DIN18024 Barrierefreies Bauen. Alemanha.

[16] Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), (2004). “NBR 9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos”. ABNT, Rio de Janeiro.

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