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ARTIGOS. Análises numéricas de pisos mistos de baixa altura. Fabio Martin Rocha, Jorge Munaiar Neto, Silvana de Nardin

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Revista da Estrutura de Aço | Revista da Estrutura de Aço | Volume 1 | Número 1

Centro Brasileiro da Construção em Aço

CBCA

Volume 2 | Número 1

Abril de 2013

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Revista da Estrutura de Aço | Volume 2 | Número 1

ARTIGOS

Análises numéricas de pisos mistos de baixa altura

Fabio Martin Rocha, Jorge Munaiar Neto, Silvana de Nardin

Forças Normais e Momentos Fletores Críticos

de Perfis Formados a Frio

Igor Pierin, Valdir Pignatta Silva, Henriette Lebre La Rovere

Uma nova forma de cálculo aproximado de tensões de

cisalhamento causadas por força cortante em barras

de aço de seção circular maciça

Pedro Wellington G. N. Teixeira¹*, Renan Vieira Dias²

Sobre o comportamento de pilares tubulares

preenchidos com concreto em temperatura elevada

Roberval J. Pimenta, Gustavo M. Chodraui, Emerson A. Bolandim, Alexander G. Martins

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    *autor correspondente   

 

 

Análises numéricas de pisos mistos de baixa altura 

Fabio Martin Rocha1; Jorge Munaiar Neto² e Silvana de Nardin³      1  Departamento de Engenharia de Estruturas, EESC/USP, fabio.rocha@usp.br   2  Departamento de Engenharia de Estruturas, EESC/USP, jmunaiar@sc.usp.br   ³ Departamento de Engenharia Civil, UfSCar, snardin@ufscar.br 

About the consideration of the fire in numerical analysis of composite 

slim floor beams 

  Resumo  De modo a avaliar o desempenho térmico e estrutural dos pavimentos mistos de baixa altura,  foram  desenvolvidos  modelos  numéricos  das  vigas  parcialmente  revestidas  presentes  neste  sistema  estrutural  em  duas  etapas  distintas:  Na  primeira  é  realizada  a  análise  térmica  bidimensional no pacote computacional DIANA com a finalidade de obter os campos térmicos  nas seções transversais das vigas em questão e, a partir daí, considerá‐los em um processador  de cálculo de momentos plásticos resistentes em todo o intervalo de tempo analisado, sendo  então  possível  avaliar  a  perda  da  capacidade  portante  da  seção  em  função  do  tempo  de  exposição  ao  fogo.  A  segunda  etapa  consiste  na  criação  de  um  modelo  numérico  tridimensional  em  elementos  finitos  no  pacote  computacional  DIANA,  com  o  qual  é  possível  obter o comportamento estrutural da viga mista de aço e concreto quando exposta ao fogo.  Palavras‐chave: Pisos mistos de aço e concreto. Vigas parcialmente revestidas. Incêndio.   

Abstract   

In  order  to  evaluate  the  thermal  and  structural  behavior  of  the  slim  floor  system,  numeric  models considering partially encased beams were developed in two steps: On the first one, a  two‐dimensional finite element thermal analysis was made using the software DIANA, in order  to  obtain  the  temperature  distribution  through  time  on  the  beam’s  cross  section,  and  after  that, consider them on a processor which calculates the bending resistance of that section in  fire,  being  possible  to  analyze  the  loss  of  the  loading  capacity  during  a  fire  exposition.  The  second  step  consists  on  the  development  of  a  three‐dimensional  finite  element  model  on  DIANA,  and  obtain  the  structural  behavior  of  the  slim  floor  beams  when  exposed  to  the  ISO  834 standard fire.    Keywords: Slim Floor. Partially encased beams. Fire      Volume 2. Número 1 (abril/2013). p. 1‐20        ISSN 2238‐9377 

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1 Introdução 

No  que  diz  respeito  às  estruturas  metálicas,  sabe‐se  que  o  aço  sem  revestimento,  quando  exposto  a  altas  temperaturas,  tem  suas  propriedades  mecânicas  reduzidas  rapidamente. Dessa forma, é difícil conseguir um bom desempenho para esse tipo de  construção  em  situação  de  incêndio  quando  não  é  aplicado  nenhum  tipo  de  revestimento contra fogo. 

Em meados do século XIX, os elementos estruturais formados a partir da associação do  aço e do concreto começaram a ser utilizados com a finalidade de proteção ao fogo e à  corrosão  que  o  concreto  conferia  ao  aço  (Ramos,  2010).  Hoje,  sabe‐se  que  a  as  vantagens  na  associação  do  concreto  ao  aço  vão  muito  além  da  proteção  ao  fogo  e  corrosão,  e  hoje  têm  grande  importância  e  reconhecimento,  pois  é  o  sistema  estrutural  misto  de  aço  e  concreto  consegue  aproveitar  as  vantagens  de  ambos  os  materiais de maneira eficiente. 

  Figura 1 ‐ Sistema de pisos mistos de baixa altura, RAMOS (2010) 

Nesse  contexto,  destacam‐se  os  pisos  mistos  de  aço  e  concreto  de  baixa  altura,  também  conhecidos  como  slim  floor,  conforme  ilustra  a  figura  1.  Essa  solução  construtiva  consiste  na incorporação  de  parte do  perfil  metálico  na  laje  de  concreto,  diminuindo a altura da viga e aumentando a altura útil do pavimento. A incorporação  parcial do perfil na laje garante revestimento à viga metálica, tornando o sistema Slim 

Floor  uma  boa  solução  também  no  que  diz  respeito  ao  projeto  de  estruturas  em 

situação de incêndio, dispensando em alguns casos revestimentos adicionais contra o  fogo. 

Para  a  análise  mais  apurada  desses  casos,  além  de  ensaios  em  fornos,  são  utilizados  modelos  avançados  de  cálculo  que  consistem  em  análises  numéricas  que  levam  em  conta o elemento estrutural completo, com todos os seus parâmetros de interesse e  

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que  possibilitam  uma  análise  mais  detalhada  dos  elementos  estruturais,  no  que  diz  respeito a tensões, deformações e temperaturas simulando, de maneira mais real, as  condições de uma estrutura em situação de incêndio. 

Como grande parte da seção é constituída de concreto optou‐se por utilizar o pacote  computacional DIANA, que é mais utilizado na modelagem de estruturas de concreto  armado,  em  razão  de  seus  complexos  modelos  constitutivos  para  o  concreto  e  de  propagação  de  fissuras.  O  trabalho  também  visou  avaliar  o  comportamento  desses  modelos constitutivos em situações de temperatura elevada. 

2 Metodologia 

Tendo  em  vista  o  entendimento  do  comportamento  estrutural  das  vigas  mistas  pertencentes  ao  sistema  Slim  Floor,  o  presente  trabalho  contempla  um  estudo  essencialmente numérico sobre o tema, sendo as análises realizadas pelo método dos  elementos  finitos  no  pacote  computacional  DIANA  e  em  um  processador  de  cálculo  adicional feito em linguagem de programação FORTRAN. 

Em  uma  análise  termoestrutural  no  DIANA,  o  modelo  numérico  é  composto  basicamente  de  dois  domínios:  um  deles  para  a  análise  do  fluxo  térmico  (no  pacote  computacional chamado de fluxo de potencial) e outro para a análise estrutural (que  pode  ser  não  linear  levando  em  conta  os  efeitos  da  variação  de  temperatura).  Esses  dois  domínios  são  sobrepostos,  sendo  os  resultados  provenientes  da  análise  térmica   transferidos  como  dados  para  a  estrutural.  O  inverso  também  pode  ser  feito  se  necessário. 

O  estudo  numérico  foi  dividido  em  duas  etapas,  sendo  a  primeira  a  análise  bidimensional  da  seção  transversal  em  temperatura  elevada  via  método  dos  momentos  plásticos,  numa  abordagem  que  utilizava  os  campos  térmicos,  obtidos  na  análise  térmica  no  DIANA,  como  dados  para  um  processador  capaz  de  calcular  os  momentos plásticos resistentes da seção em função dos fatores de redução do aço e  do  concreto.  Dessa  forma,  era  possível  obter  a  perda  da  capacidade  resistente  da  seção  em  função  do  tempo  de  exposição  ao  incêndio  padrão.  O  processador  de  momentos  plásticos,  a  partir  dos  campos  térmicos  do  DIANA,  foi  desenvolvido  em  linguagem  de  programação  FORTRAN  e  tem  o  seu  método  de  cálculo,  assim  como 

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exemplos de aplicação explicados detalhadamente em Rocha et al. (2011). Na segunda  etapa,  a  análise  termoestrutural  é  realizada  de  forma  completa  com  o  modelo  tridimensional  em  elementos  finitos  sólidos,  desenvolvido  no  pacote  computacional  DIANA, podendo então ser analisadas tensões e deformações. 

A  seguir  é  apresentada  toda  a  estratégia  de  modelagem  numérica  e  considerações  necessárias  para  o  desenvolvimento  do  modelo  tridimensional  completo  em  elementos  finitos  para  análises  térmicas  e  termoestruturais.  É  importante  lembrar  que, para a análise via momentos plásticos, a obtenção dos campos térmicos utilizados  no processador são obtidos via análise térmica no DIANA, e também segue as mesmas  considerações que serão apresentadas a seguir, excetuando‐se daquelas relacionadas  aos parâmetros termoestruturais.  2.1 Considerações iniciais da modelagem  Para o desenvolvimento da estratégia de modelagem, foi utilizado o modelo numérico  estrutural  de  uma  viga  pertencente  ao  sistema  Slim  Floor  desenvolvido  em  Ramos  (2010)  e  esquematizado  na  figura  2,  que  também  foi  desenvolvido  no  pacote  computacional  DIANA.  No  modelo  foi  utilizado  o  elemento  finito  sólido  CHX60,  que  possui  20  nós  e  interpolação  quadrática  para  deslocamento,  com  três  graus  de  liberdade  por  nó.  Já  para  a  compatibilização  dos  esforços  e  deslocamentos  entre  o  perfil metálico e o concreto foi utilizado o elemento de interface CQ48I, com 16 nós,  próprio para a utilização em dois planos em um modelo tridimensional. Esse elemento  também possui interpolação quadrática para deslocamentos. 

  Figura 2 ‐ Modelo Numérico proposto em Ramos (2010) 

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Na análise térmica são utilizados os elementos finitos térmicos mostrados na figura 3,  sendo compatíveis com os elementos finitos estruturais utilizados em Ramos (2010. O  elemento sólido HX8HT foi utilizado para representar o aço e o concreto e simular os  efeitos  de  condução  de  calor  através  dos  elementos.  Já  os  elementos  térmicos  de  interface são utilizados para a consideração da resistência térmica de interface, citada  em trabalhos como Newman (1995) e com valores apresentados nas seções seguintes.  Por  fim,  foram  utilizados  elementos  finitos  de  superfície,  para  a  modelagem  dos  efeitos  de  transferência  de  calor  do  meio  para  a  estrutura  utilizando  convenientemente os parâmetros de radiação e convecção. O elemento utilizado foi o  BQ4HT que possui quatro nós e interpolação linear.    Figura 3 ‐ Elementos finitos utilizados na análise térmica; a) HX8HT, b) BQ4HT, c) IQ8HT  Para o desenvolvimento do modelo tridimensional completo no DIANA, a validação da  estratégia de modelagem foi dividida em três etapas: Primeiro foi abordada a análise  exclusivamente  térmica,  com  modelos  em  duas  e  três  dimensões.  Na  segunda  foi  reproduzido e aperfeiçoado o modelo estrutural apresentado em Ramos (2010) e, por  fim, realizado o acoplamento do modelo térmico ao estrutural. 

Na  fase  de  validação  do  modelo  térmico,  foi  avaliado  o  desempenho  dos  elementos  finitos  com  interpolação  quadrática  e  linear  bem  como  diferentes  graus  de  refinamento da malha de elementos finitos, para os casos apresentados em Regobello  (2007), Dong & Prasad (2009) e Lawson et al. (1997).  

No modelo estrutural foi avaliada a influência dos modelos constitutivos dos materiais  e  a  utilização  de  apoios  rígidos  para  a  solução  do  problema  de  concentração  de  tensões. O conhecimento dos modelos constitutivos presentes no DIANA é importante  devido à incompatibilidade de alguns deles com a análise termoestrutural, sendo que  alguns  só  podem  ser  usados  em  análises  à  temperatura  ambiente.  O  modelo  termoestrutural  foi  validado  a  partir  dos  resultados  experimentais  apresentados  em  Lawson et al. (1997). 

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2.2 Modelagem dos materiais 

Uma  das  dificuldades  na  execução  do  trabalho  foi  a  de  representar  os  modelos  constitutivos  de  materiais  utilizados  em  Ramos  (2010)  em  temperatura  elevada,  devido às funções disponíveis no DIANA para a análise termoestrutural. Sendo assim,  são discutidos alguns pontos importantes na consideração das propriedades térmicas e  mecânicas  dos  materiais  de  interesse,  no  que  diz  respeito  à  análise  termoestrutural  acoplada, tendo por base os modelos escolhidos em Ramos (2010). 

2.2.1 Considerações para a modelagem do aço 

Seguindo  como  referência  o  modelo  numérico  proposto  e  apresentado  em  Ramos  (2010),  o  aço  foi  considerado  com  o  critério  de  plastificação  de  von  Mises  sendo  o  modelo constitutivo elastoplástico linear, com patamar de escoamento em 410 MPa.  Porém, o EUROCODE 4 Part 1.2 apresenta um modelo próprio para a relação tensão x  deformação do aço em altas temperaturas, conforme apresentado na figura 4, sendo  esse, à princípio, o caso escolhido para a representação do aço no DIANA. 

Nos  pacotes  computacionais  como  ANSYS  e  ABAQUS,  a  solução  encontrada  para  representar o modelo constitutivo do EUROCODE é a adoção de uma relação tensão x  deformação  multilinear,  definida  pela  discretização  de  diversos  pontos  da  curva  do  EUROCODE  4  Part  1.2.  No  iDIANA,  devido  a  impossibilidade  de  criar  um  modelo  constitutivo multilinear dependente da temperatura, tanto para o aço quanto para o  concreto,  partiu‐se  para  técnicas  e  modelos  alternativos  para  a  representação  dos  materiais em temperatura elevada. 

  Figura 4 ‐ Modelo constitutivo do aço, EN 1994‐1‐2:2005 

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Em relação ao aço, foram testadas duas soluções para o problema. A primeira consistiu  em  usar  o  modelo  elastoplástico  perfeito  em  função  da  temperatura,  adotando  os  fatores  de  redução  do  módulo  de  elasticidade  (kE,θ)  e  da  resistência  ao  escoamento 

(ky,θ) apresentados no EUROCODE 4 Part 1.2. Já a segunda solução consistiu da adoção 

de  um  modelo  constitutivo  com  encruamento,  no  qual  era  possível  especificar  a  tensão no material relativa a cada nível de deformação plástica, também em função da  temperatura.  Nos  dois  casos  foi  escolhido  o  critério  de  plastificação  de  von  Mises,  e  ambos foram testados para verificar qual se adequava melhor ao caso das vigas mistas.   A entrada de dados do modelo elastoplástico é bastante simples, de forma que só são  especificados  os  valores  para  os  módulos  de  elasticidade  e  da  resistência  ao  escoamento  nos  níveis  de  temperatura  desejados.  Já  em  relação  ao  modelo  com  encruamento,  a  entrada  de  dados  se  dá  a  partir  das  deformações  plásticas  equivalentes  representadas  pelo  parâmetro  κ,  obtido  como  mostram  as  Figuras  5a  e  5b, bem como pela Equação (1). 

 

(1) Onde, κ,θ é a deformação plástica, ε,θ a deformação total, σ,θ a tensão do material e Ea,θ 

o módulo de elasticidade do aço na temperatura θ. 

  Figura 5 ‐ Obtenção das deformações plásticas equivalentes a partir de um diagrama 

tensão x deformação, DIANA (2005) 

2.2.2 Considerações para a modelagem do concreto 

Para  a  representação  do  material  concreto  no  DIANA,  o  modelo  apresentado  em  RAMOS  (2010)  utilizou  o  modelo  total  strain  com  fissuras  fixas,  adotando  o  comportamento  parabólico  para  esforços  de  compressão  e  o  exponencial  para 

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esforços de tração. A partir daí, foram buscadas as melhores condições que pudessem  representar esse mesmo comportamento, só que em temperatura elevada. 

O EUROCODE 4 part 1.2 também possui considerações próprias no que diz respeito aos  modelos constitutivos, para o concreto comprimido e tracionado e, da mesma forma  como  identificado  no  caso  do  aço,  há  a  impossibilidade  de  criar  um  modelo  constitutivo multilinear em função da temperatura para a sua representação. 

Sendo assim, optou‐se por utilizar os mesmos modelos constitutivos apresentados em  Ramos  (2010),  mas  também  em  função  da  temperatura,  adotando  os  fatores  de  redução  das  resistências  à  tração  e  à  compressão  conforme  EUROCODE  4  Part  1.2.  Partindo dessa escolha, ainda foram necessárias algumas considerações adicionais em  função das limitações desses modelos quando associados à elevação de temperatura.  Para o caso do concreto tracionado não houve problemas na representação, de forma  que  o  modelo  exponencial,  mostrado  na  figura  6a,  se  mostrou  compatível  com  as  propriedades  dependentes  da  temperatura.  Também  foi  testado  o  modelo  elastoplástico perfeito, apresentado na figura 6b.    Figura 6 ‐ Modelos constitutivos adotados para o concreto tracionado, DIANA (2005)  Para descrever o comportamento do concreto à compressão, dentro dos modelos total  strain, o DIANA também disponibiliza diversas relações constitutivas como é mostrado  figura 7.  Como no modelo à temperatura ambiente foi utilizada a relação constitutiva  parabólica  (figura  7g),  é  desejavél  que  o  modelo  em  temperatura  elevada  também  fosse desenvolvido com o mesmo modelo. Porém, a entrada de dados do DIANA não  possibilita  que  a  energia  de  fraturamento  à  compressão,  parâmetro  importante  na  definição da curva tensão x deformação, seja dada em função da temperatura, sendo  adotado um valor constante, o mesmo utilizado à temperatura ambiente. A princípio,  essa consideração não resultaria numa representação totalmente correta do concreto 

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9 comprimido em situação de incêndio, de forma que a energia de fratura também varia  em função da temperatura.  Além da relação constitutiva parabólica com energia de fraturamento constante (Gc),  foram testadas mais duas representações: o modelo de Thorenfeldt e o elastoplástico  perfeito, mostrados nas figuras 7c e 7b, respectivamente.    O modelo de Thorenfeldt foi escolhido pois, na sua entrada de dados, não é necessário  especificar a energia de fraturamento à compressão, sendo todo o comportamento da  curva  dependente  apenas  da  resistência  à  compressão  e  do  módulo  de  elasticidade.  Analisando a formulação do método, foi observado que, devido às baixas resistências à  compressão do concreto quando em temperaturas acima de 900°C, obtidas em função  dos fatores de redução inferiores a 0,08, a região do softening do material se tornava  bastante disforme atingindo uma configuração não representativa. Sendo assim, para  as temperaturas acima de 900°C o fator de redução foi adotado igual a 0,15, ou seja, o  valor para a temperatura de 800°C.     Figura 7 ‐ Modelos constitutivos para o concreto comprimido, DIANA (2005)  O  último  modelo  considerado  na  análise  termoestrutural  do  concreto  foi  o  elastoplástico perfeito, escolhido por apresentar uma formulação mais simples e, por  sua  vez,  com  menor  custo  computacional  e  avaliar  se  essa  escolha  causaria  perdas  significativas de precisão em termos de resultados. 

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2.2.3 Sobre a interface entre o aço e o concreto 

Apesar de não ser exatamente uma propriedade do material, a resistência térmica da  interface  também  é  tratada  pelo  DIANA  como  uma.  Em  relação  ao  modelo  térmico,  segundo apresentado em Newman (1995) e em Makeläinen & Ma (2000), é adotada a  resistência térmica igual a 50 W/m²K para a região de contato entre o aço e concreto.  Já para as propriedades mecânicas, foram escolhidos os módulos de rigidez normal e  transversal  da  interface  (D11  e  D22)  iguais  a  0,1  e  0,01  N/mm²,  respectivamente,  os 

mesmos  utilizados  na  análise  estrutural  apresentada  em  Ramos  (2010)  eescolhidos  após uma série de testes abrangendo valores de 10‐10 a 1010. 

2.3 Condições de contorno e carregamentos 

Para o modelo térmico, as condições de contorno são definidas como regiões nas quais  pode  haver  troca  de  calor  com  o  meio  externo,  de  forma  que,  nas  superfícies  sem  nenhuma condição do contorno térmica, a mesma é definida como adiabática.  

No  caso  de  interesse,  a  face  inferior  da  viga  parcialmente  revestida  está  em  contato  com os gases aquecidos por uma fonte de calor, enquanto que sua face superior está  em contato com o meio “sem” chamas que possui temperatura constante e igual a 20°.  Dessa forma, é adotado que a face exposta ao fogo troca calor com o meio por efeitos  de radiação e convecção, enquanto que na face não exposta só serão considerados os  efeitos de convecção, com valores modificados.  Do mesmo modo que as propriedades da interface foram consideradas como um tipo  de material pelo DIANA, as superfícies em contato com o fogo e com o meio também  serão  tratadas  da  mesma  forma.  Para  a  região  exposta  ao  fogo  foi  considerado  o  coeficiente  de  transferência  de  calor  por  convecção  (αc)  igual  a  25  W/m°C  e 

emissividade  igual  a  0,5.  Já  na  outra  superfície  é  adotado  somente  o  coeficiente  αc, 

igual  a  9  W/m°C.  Apesar  do  EUROCODE  4  part  1.2  sugerir  o  valor  de  0,7  para  a  emissividade,  foi  visto  que  esse  valor  leva  a  resultados  muito  a  favor  da  segurança,  como  pode  ser  observado  em  Rocha  et  al.  (2012),  sendo  que  alguns  autores    usam  valores inferiores, tais como 0,6 para o perfil metálico e 0,4 para a laje, relativa a chapa  metálica zincada da laje mista, que está efetivamente em contato com o fogo. 

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Em relação à elevação de temperatura do meio em chamas, foi considerado o incêndio  padrão  da  ISO  834:1999,  enquanto  que  no  meio  sem  contato  com  o  fogo  foi  considerada temperatura constante de 20°C. 

Já para o modelo estrutural, as condições de contorno adotadas são as que resultam  em  uma  viga  isostática  simplesmente  apoiada,  com  um  apoio  fixo  e  outro  móvel.  A  representação  dos  apoios  é  feita  a  partir  da  restrição  dos  deslocamentos,  na  face  inferior da extremidade do perfil metálico, nas direções X, Y e Z para o apoio fixo e nas  direções X, Y para o apoio móvel, sendo Z o eixo longitudinal da viga. 

3 RESULTADOS 

3.1 Modelo térmico 

Com  a  estratégia  de  modelagem  concluída,  a  sua  validação  foi  feita  por  meio  de  diversos  trabalhos  de  caráter  numérico  e  experimental.  Na  fase  da  análise  térmica  para  a  obtenção  dos  campos  térmicos,  foram  utilizados  basicamente  os  trabalhos  apresentados em Regobello (2007), Lawson et al. (1997) e Dong & Prasad (2009), que  possuíam desde casos simples de vigas metálicas com a ação do fogo em todas as faces  até  os  casos  de  interesse  no  trabalho,  de  vigas  mistas  com  a  consideração  da  resistência  de  interface  resultando  em  campos  térmicos  não  uniformes.  Esses  resultados  também  foram  utilizados  como  dados  para  o  processador  de  cálculo  de  momentos plásticos resistentes. Maiores detalhes no processo de validação do modelo  térmico são apresentados em Rocha (2012). 

3.2 Modelo estrutural 

Estando  o  modelo  térmico  devidamente  validado,  partiu‐se  para  a  reprodução  dos  modelos  em  temperatura  ambiente  proposto  em  Ramos  (2010),  mas  dessa  vez  já  considerando  os  outros  modelos  constitutivos  para  o  aço  e  para  o  concreto,  comentados na seção anterior, resultando nas três combinações descritas na tabela 1. 

Tabela 1 ‐ Combinação dos modelos constitutivos nos casos analisados 

  Concreto Comprimido  Concreto Tracionado  Aço 

Caso 1  Elastoplástico perfeito  Elastoplástico perfeito  Elastoplástico perfeito 

Caso 2  Parabólico  Exponencial  Elastoplástico perfeito 

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12   Na figura 8 são mostradas as curvas de momento por deslocamento no meio do  vão para os três casos analisados.     Figura 8 ‐ Comportamento estrutural para diferentes combinações de modelos  constitutivos  Pode‐se observar que o comportamento na fase elástica é bem semelhante para todos  os  casos,  sendo  o  caso  1  com  rigidez  um  pouco  mais  acentuada.  Após  o  trecho  de  comportamento  linear,  os  casos  2  e  3  seguem  a  mesma  tendência,  de  forma  que  a  análise com o modelo parabólico conseguiu atingir um nível maior de carregamento,  chegando  mais  próximo  dos  resultados  apresentados  em  Ramos  (2010),  como  pode  ser visto na tabela 2. A análise com o modelo elastoplástico perfeito não apresentou  problemas  de  convergência,  sendo  os  resultados  para  a  flecha  aqui  apresentados  limitados a 150 mm, limite esse obtido nos trabalhos experimentais. 

Na tabela 2 é mostrado o resumo dos resultados obtidos nessa etapa em comparação  com  os  resultados  obtidos  em  Ramos  (2010),  Paes  (2003)  e  Lawson  et  al.  (1997)  nos  pacotes  computacionais  DIANA,  ANSYS  e  por  meio  de  ensaios.  Pode‐se  notar  que,  mesmo  com  o  uso  do  modelo  parabólico  para  o  concreto  (caso  2)  que  é  o  mesmo  utilizado  em  Ramos  (2010),  não  foi  obtido  o  mesmo  resultado  relativo  aos  150  mm  esperados.  

Tabela 2 ‐ Comparação dos resultados obtidos nessa etapa 

  Caso 1  Caso 2  Caso 3  Ramos  (2010)  Paes  (2003)  Lawson et al.  (1997)  Flecha (mm)  150  146,3  123,2  150  150  150  Momento Máximo (kN.m)  831,3  753,1  742,4  720  784  790  0 200 400 600 800 1000 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100110120130140150 Momento  no  meio   do  vão  (kN.m) Flecha no meio do vão (mm) Elastoplástico ‐ Caso 1 Parabólico ‐ Caso 2 Thorenfeldt ‐ Caso 3

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3.3 Modelo termoestrutural 

Com  a  estratégia  de  modelagem  para  análise  térmica  validada  e  os  parâmetros  estruturais  definidos,  prossegue‐se  com  a  análise  termoestrutural  das  vigas  mistas  parcialmente revestidas. Nessa etapa serão utilizados, para a validação do modelo, os  resultados  de  dois  ensaios  em  temperatura  elevada  apresentados  em  Lawson  et  al.  (1997),  ensaios  esses  que  possuem  geometria  da  seção  bem  parecida  daquela  analisada em Ramos (2010), mas com vão menor de 4,5m. 

São  realizados  ensaios  de  flexão  em  duas  vigas  biapoiadas  formadas  com  protótipos  dos perfis laminados assimétricos 280 ASB 100 e 300 ASB 153. No primeiro ensaio, foi  utilizada  fôrma  metálica  incorporada  para  a  laje  com  altura  igual  a  210  mm  e,  no  segundo caso, foi utilizada fôrma metálica com 225 mm de altura. Em ambos os casos  foi usado o aço S355 com resistência ao escoamento igual a 355 MPa e concreto C30  com  resistência  à  compressão  igual  a  30  MPa.  Nas  figuras  9a  e  9b  são  mostradas  as  configurações do carregamento estrutural e do vão analisado.  

  Figura 9 ‐ Ensaios em temperatura elevada realizados para os perfis: (a) 280 ASB 100 e 

(b) 300 ASB 153, Lawson et al. (1997) 

O  ensaio  foi  executado  considerando  a  ação  térmica  como  transiente,  efetuando  primeiro o carregamento mecânico da viga e, em seguida, o aumento de temperatura.  O  aquecimento  se  desenvolveu  até  que  fossem  alcançados  os  critérios  de  parada  especificados  da  BS476:  Part  20.  No  primeiro  ensaio,  o  aquecimento  parou  após  107  minutos quando foi atingido o deslocamento limite da viga igual a 225 mm, no caso,  vão/20. O segundo ensaio prosseguiu até os 75 minutos, quando foi atingida a taxa de 

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deslocamento limite, que não é especificada em Lawson et al. (1997), mas estima‐se  ser da ordem de 15 mm/min. 

Os modelos numéricos foram construídos para os três casos apresentados na tabela 1,  de  forma  a  procurar  qual  deles  se  adequava  melhor  aos  resultados  experimentais.  A  única alteração em relação ao que foi apresentado na tabela 1, é que nos casos 2 e 3 o  modelo constitutivo utilizado para o aço em temperatura elevada segue a proposta do  EUROCODE  4  Part  1.2.  Por  fim,  é  ressaltado  que  todos  os  modelos  utilizaram  elementos de interface para simular a interação parcial entre o aço e o concreto.  Na etapa de análise térmica, os campos térmicos foram calculados a cada 10s para os  primeiros  10  minutos  de  exposição  e,  em  seguida,  a  cada  minuto  até  completar  2  horas  de  exposição.  Aqui  foi  utilizada  a  tolerância  de  10‐4  para  a  convergência  dos  resultados. Na etapa de análise estrutural, foi realizado o carregamento mecânico até  o nível de carga especificado na figura 9 e, por fim, o carregamento térmico é aplicado  em todos os intervalos de tempo considerados na análise térmica até a obtenção de  deformações  excessivas,  acusado  pelo  DIANA,  ou  até  a  aplicação  do  último  campo  térmico calculado. Nessas duas etapas foi utilizada a norma em energia com tolerância  de 2%. 

Feitas  todas  as  considerações  necessárias,  os  dois  ensaios  foram  reproduzidos  numericamente  e  comparados  com  os  valores  de  referência.  Na  figura  10  são  apresentadas  as  curvas  referentes  aos  resultados  numéricos  e  experimentais  de  deslocamento no meio do vão pelo tempo de exposição ao fogo, para os ensaios com  as  seções  280  ASB  100  e  300  ASB  153,  sendo  esse  deslocamento  referente  apenas  a  etapa da análise termoestrutural. 

Analisando os três casos de combinações dos modelos constitutivos analisados, pode‐ se observar que o modelo parabólico e o de Thorenfeldt conseguiram representar bem  o  comportamento  estrutural  da  viga  frente  ao  fogo,  apresentando  deslocamentos  levemente maiores que os resultados experimentais, estando a favor da segurança. Já  o modelo elastoplástico perfeito representou bem o comportamento no trecho inicial  até  próximo  dos  30  minutos  de  exposição  e,  a  partir  daí,  se  distanciou  dos  outros  resultados. 

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Figura 10 ‐ Comparação dos deslocamentos no meio do vão para os 3 casos analisados  do ensaio com a viga 280 ASB 100 e 300 ASB 153 

Nos  casos  2  e  3  a  análise  prosseguiu  até  os  103  minutos,  quando  foi  acusada  deformação  no  aço  superior  aos  limites  estabelecidos  nos  modelos  constitutivos,  apresentando  deslocamento  no  meio  do  vão  igual  a  200  mm  nos  dois  casos,  12%  menor que o resultado experimental. Já no caso 1, não houve problemas na análise,  que  prosseguiu  até  os  107  minutos  (tempo  de  parada  do  ensaio),  apresentando  deslocamento de 121 mm, bem inferior ao valor experimental esperado. 

Na figura 11 é apresentada a configuração deformada da viga para o caso 2 após 103  minutos  de  exposição,  em  que  se  pode  notar  que,  apesar  do  deslocamento  considerado para o fim do experimento tenha sido o da viga metálica, as extremidades  da laje de concreto são as regiões que apresentam maiores deslocamentos no modelo.  

 

Figura 11 ‐ Configuração deformada da viga 280 ASB 100 após os 103 minutos de  exposição ao fogo 

Já  na  figura  10b  pode‐se  constatar  também  uma  boa  aproximação  dos  resultados  experimentais  para  os  modelos  numéricos  das  vigas  com  o  perfil  300  ASB  153.  Da  mesma  forma  que  no  ensaio  anterior,  os  casos  2  e  3  foram  os  que  representaram  melhor os resultados experimentais, obtendo flecha no meio do vão, após 75 minutos  0 40 80 120 160 200 240 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90100110 Flecha  no  meio  do  vão   (mm) Tempo de exposição (min) EXPERIMENTAL 280 ASB ‐ Caso 1 280 ASB ‐ Caso 2 280 ASB ‐ Caso 3 0 50 100 150 200 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Flecha  no  meio  do  vão   (mm) Tempo de Exposição (min) 300 ASB ‐ Caso 1 300 ASB ‐ Caso 2 300 ASB ‐ Caso 3 EXPERIMENTAL

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de exposição, iguais a 163 mm e 177 mm, respectivamente, resultando 9% maior que o  resultado experimental. 

Esse  ensaio foi  interrompido  devido  à  taxa  de  deslocamento  excessivo  alcançada, no  caso, da ordem de 15 mm/min. Nos modelos numéricos para os casos 2 e 3 também  foram  obtidas  taxas  de  deslocamento  superiores  ao  valor  especificado  no  ensaio.  Já  para  o  caso  1,  com  o  modelo  elastoplástico,  foi  obtido  comportamento  similar  aos  demais, sendo que após os 30 minutos de exposição suas trajetórias se distanciaram,  resultando em um deslocamento aos 75 minutos de exposição igual a 102 mm, menor  que o valor experimental esperado. 

De forma geral, pode‐se concluir que os modelos numéricos se aproximaram de forma  satisfatória  dos  resultados  experimentais  para  os  dois  ensaios  apresentados  em  Lawson  et  al.  (1997),  principalmente  para  o  caso  2,  em  que  se  utiliza  o  modelo  parabólico  para  o  concreto  comprimido  e  com  o  parâmetro  de  energia  de  fratura  à  compressão constante em função da temperatura.  

Referente  ao  comportamento  estrutural  em  situação  de  incêndio  dessa  solução  construtiva  pode‐se  ressaltar  que  durante  o  aquecimento,  o  aço  e  o  concreto  vão  perdendo  as  suas  resistências  iniciais,  resultando  na  redistribuição  dos  esforços.  No  caso do perfil metálico à temperatura ambiente, a maior parte do esforço aplicado é  resistida  pela  sua  mesa  inferior,  mas,  conforme  se  desenvolve  o  aquecimento,  essa  região perde resistência mais rapidamente, sendo os esforços lá aplicados distribuídos  gradativamente  para  a  alma  do  perfil,  a  qual  não  possui  temperatura  tão  elevada  devido ao revestimento de concreto. 

3.4 Comparação do Método dos momentos plásticos resistentes com o Método  dos elementos finitos 

O  cálculo  segundo  o  método  dos  momentos  plásticos  resistentes  possui  um  baixo  custo computacional, sendo possível fazer o estudo de diversas seções em tempo de  processamento  bastante  reduzido,  porém  só  são  levados  em  conta  os  fatores  de  redução  da resistência do  aço  e  do  concreto,  desconsiderando  a  redução  do  módulo  de  elasticidade  devido  ao  aumento  de  temperatura  e  os  efeitos  do  alongamento  térmico. 

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Para avaliar se o método dos momentos plásticos resistentes consegue representar de  forma  eficiente  a  perda  da  capacidade  resistente  das  vigas  de  pavimentos  mistos  de  pequena  altura,  foram  criados  diversos  modelos  tridimensionais  no  DIANA  com  diferentes níveis do carregamento estrutural. 

Os  modelos  foram  desenvolvidos  tomando  como  base  a  geometria  estudada  em  Ramos (2010) e Paes (2003), com vigas de 7,5 metros e perfil metálico assimétrico 280  ASB 100. Nos modelos  foi utilizada a estratégia de modelagem descrita acima com o  modelo  constitutivo  parabólico  para  o  concreto  comprimido.  Dessa  forma,  foram  criados  9  modelos,  nos  quais  foram  aplicadas  parcelas  de  10  a  90%  da  carga  total  resistida pela viga e, em seguida, aquecidos até que se atingisse o colapso.  Tabela 3 – Resultados obtidos via modelo tridimensional em elementos finitos  Fator de  Carga  Momento no meio  do vão [kN.m]  Tempo de  Colapso  0,1  72,5 150+ 0,2  145,7 150+ 0,3  221,1 106 0,4  300,6 65 0,5  370,4 51 0,7  523,3 34 0,8  568,7 28 0,9  637,8 13

Sobre  a  tabela  3,  é  importante  comentar  que  no  caso  dos  modelos  com  fatores  de  carga de 0,1 e 0,2 não foram atingidos valores limites do critério até os 150 minutos de  exposição, sendo esse o tempo máximo da análise. A partir desses dados é construída  a  curva  do  fator  de  carga  (momento  aplicado/momento  resistente  à  temperatura  ambiente)  pelo  tempo  de  colapso,  a  qual  é  comparada  com  a  curva  da  perda  da  capacidade  resistente  da  seção  pelo  tempo  de  exposição,  obtido  pelo  método  dos  momentos plásticos resistentes (MMP). Essas curvas são apresentadas na figura 12. 

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Figura 12 ‐ Comparação dos modelos baseados no método dos elementos finitos e dos  momentos plásticos resistentes em termos de fator de carga 

A  partir  desse  gráfico  passa  a  ser  possível  fazer  algumas  considerações  sobre  a  diferença nos métodos analisados. No trecho inicial, até o tempo de 40 minutos, nota‐ se uma discrepância significativa nos resultados obtidos, de forma que para o MMP a  seção mantinha sua capacidade resistente inicial até aproximadamente 25 minutos de  exposição ao incêndio‐padrão, enquanto que no MEF, para fatores de carga elevados,  a falha da estrutura já ocorria antes dos 25 minutos. 

Essa  diferença  se  dá  basicamente  pelo  fato  de  o  MMP  considerar  apenas  o  fator  de  redução  da  resistência  do  aço  e  do  concreto,  diferentemente  do  MEF  que  considera  também  a  redução  do  módulo  de  elasticidade  e  os  efeitos  do  alongamento  térmico.  Sendo assim, o aço só começa a perder resistência após os 400°C, mantendo assim a  curva  constante  nesse  trecho  inicial,  enquanto  que  no  modelo  tridimensional  já  são  computados,  além  do  deslocamento  inicial  pela  aplicação  do  carregamento,  os  deslocamentos  relativos  à  expansão  térmica  e  também  o  recálculo  desses  deslocamentos  de  acordo  com  as  reduções  do  módulo  de  elasticidade  que,  por  sua  vez,  começa  a  reduzir  a  partir  dos  100°C.  Após  40  minutos  de  exposição  ao  fogo  o  comportamento passa a ser igual para os dois métodos analisados. 

Comparando os resultados em termos do valor absoluto do momento resistente, nota‐ se que os resultados obtidos pelo  MMP se apresentam um pouco acima dos obtidos  pelo  MEF,  resultando  assim  contra  a  segurança.  Essa  diferença  se  dá  pelas  considerações  diferentes  feitas  nos  dois  casos.  No  caso  do  MMP  é  considerada  interação total entre o aço e o concreto em todas as superfícies de contato, enquanto  que  no  caso  dos  modelos  tridimensionais  há  superfícies  com  graus  de  interação 

0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00 1,10 0 15 30 45 60 75 90 105120135150 Fator  de  Carga Tempo (min) Modelos MEF  3D 0 200 400 600 800 1000 0 15 30 45 60 75 90105120135150 Momento  Resistente   (kN.m) Tempo (min) Modelos MEF  3D

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diferentes,  de  forma  que  é  impossível  realizar  o  cálculo  a  partir  do  MMP  com  esses  diferentes graus de interação nas interfaces. 

Também se observa que o momento resistente obtido pela teoria plástica é bastante  semelhante  se  comparado  ao  momento  obtido  no  modelo  tridimensional  com  interação  total  e  modelo  constitutivo  elastoplástico  linear,  como  pode  ser  visto  na  tabela 2. 

4 Conclusões 

A  partir  dos  modelos  desenvolvidos  pode‐se  concluir  que  o  DIANA,  apesar  das  considerações feitas no âmbito dos modelos constitutivos, conseguiu representar bem  o  comportamento  das  vigas  mistas  de  aço  e  concreto  pertencentes  aos  sistemas  de  pisos  de  baixa  altura  em  situação  de  incêndio.  De  forma  que,  mesmo  considerando  parâmetros  constantes  em  função  da  temperatura,  como  a  energia  de  fratura  do  concreto  na  compressão,  o  modelo  se  mostrou  compatível  com  o  esperado.  Além  disso, foi possível considerar situações de interação parcial entre o aço e o concreto,  captando deslocamentos relativos na interface dos materiais.  

Desse  modo,  foi  constatada  que  essa  solução  construtiva  possui  uma  inerente  boa  resistência  às  ações  do  fogo,  suportando  até  107  minutos  as  ações  do  fogo  para  um  fator de carga igual a 0,36 aplicado no perfil 280 ASB; e suportou 75 minutos com fator  de carga de 0,43, para o perfil 300 ASB. 

Já em relação à comparação entre os resultados com o método dos elementos finitos e  dos  momentos  plásticos  pode‐se  concluir  que  possuem  resultados  semelhantes  na  maior parte do tempo de exposição, mas deve‐se atentar para o grau de interação nas  superfícies  de  contato  entre  aço  e  concreto,  pois  em  termos  de  fator  de  carga  os  resultados são parecidos, porém, há diferenças quando se analisa o valor absoluto do  momento resistente. Mas são necessários outros casos para verificar com mais certeza  tais considerações. 

5 Agradecimentos 

Ao  Conselho  Nacional  de  Desenvolvimento  Científico  e  Tecnológico  –  CNPq,  Departamento de Engenharia de Estruturas – SET/EESC/USP. 

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6 Referências bibliográficas 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14323: Dimensionamento de estruturas  de aço de edifícios em situação de incêndio – Procedimento. Rio de Janeiro, 2002. 46 p. 

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RAMOS,  A.L.  Análise  numérica  de  pisos  mistos  aço‐concreto  de  pequena  altura.  120p.  Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São  Carlos, 2010.  REGOBELLO, R. Análise numérica de seções transversais e de elementos estruturais de aço e  mistos de aço e concreto em situação de incêndio. 254p. São Carlos. Dissertação (Mestrado) –  Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2007.  ROCHA, F.M, MUNAIAR NETO, J., DE NARDIN, S. Modelos numéricos de vigas mistas de aço e  concreto  em  pisos  mistos  de  baixa  altura  em  situação  de  incêndio.  In:  XXXII  CILAMCE  ‐ 

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ROCHA, F.M. Modelos numéricos de vigas mistas de aço e concreto pertencentes a sistemas 

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(Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2012. 

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WANG,  Y.  C.  Steel  and  Composite  Structures  ‐  Behaviour  and  Design  for  Fire  Safety.  Spon  Press, London, UK, 2002. 

(23)

    *autor correspondente   21   

 

Forças Normais e Momentos Fletores Críticos de 

Perfis Formados a Frio 

Igor Pierin1, Valdir Pignatta Silva2*, Henriette Lebre La Rovere3 

  1  Doutor em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,  igorpierin@usp.br  2  Professor Doutor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Av. Prof.  Almeida Prado, trav2, n271 ‐ 05508‐900 ‐ São Paulo , valpigss@usp.br  3  Professora Associada, Universidade Federal de Santa Catarina, Caixa Postal 476 –  88040‐970 – Florianópolis, henriettelarovere@gmail.com   

Critical forces and bending moments of cold‐formed steel 

  Resumo 

O  projeto  de  perfis  de  aço  formados  a  frio  geralmente  é  condicionado  aos  fenômenos  de  instabilidade  local,  distorcional  e  global.  No  Brasil,  o  dimensionamento  desses  elementos  estruturais é normatizado pela ABNT NBR 14762:2010. A norma brasileira requer o cálculo das  forças  e  momentos  fletores  críticos  nos  perfis  decorrentes  dos  fenômenos  de  flambagem,  porém não fornece qualquer procedimento prático para a determinação dos esforços críticos  devido  à  flambagem  distorcional.  O  objetivo  deste  artigo  é  apresentar  os  esforços  críticos  devido  à  flambagem  local  e  à  distorcional  de  perfis  formados  a  frio  de  série  comercial,  indicados  pela  ABNT  NBR  6355:2003.  Os  resultados  são  obtidos  usando‐se  um  programa  computacional denominado INSTAB, desenvolvido pelos autores.   Palavras‐chave: perfis formados a frio, flambagem local, flambagem distorcional, estabilidade,  INSTAB.    Abstract    The design of cold‐formed steel profiles is usually conditioned to local, distortional and global  buckling.  In  Brazil,  the  design  of  cold‐formed  steel  is standardized  by  the  ABNT  NBR  14762:2010.  The  Brazilian  standard  requires  the  calculation  of  critical  normal  forces  and  bending moments in the profiles, however it doesn´t provide any practical procedure for their  determination. The objective of this paper is to present the critical moments and forces due to  local and distortional buckling of the cold formed steel profiles of commercial series, indicated  by  the  ABNT  NBR  6355:2003  Code.  The  results  are  obtained  by  using  the  software  INSTAB,  developed by the authors.    Keywords: cold‐formed, local buckling, distortional buckling, stability, INSTAB.        Volume 2. Número 1 (abril/2013). p. 21‐40        ISSN 2238‐9377 

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22   

1 Introdução

Os perfis estruturais de aço formados a frio são, geralmente, constituídos de chapas de  aço  de  pequena  espessura  e  possuem  seção  transversal  aberta.  Essas  duas  características  são  favoráveis  à  ocorrência  de  fenômenos  de  instabilidades  locais,  distorcionais e globais que devem ser verificados no projeto dessas estruturas. 

A  instabilidade  local  de  um  perfil  é  caracterizada  pela  flexão  da  chapa  mais  esbelta,  sendo que as chapas restantes acompanham as deformações, de modo que as linhas  de  dobra  (linhas  que  unem  duas  chapas  adjacentes)  permaneçam  retas.  Nos  perfis  com  seções  enrijecidas,  tais  como  Ue,  Z90,  Z45  e  cartolas,  ocorre  também  a  instabilidade  distorcional  onde  são  envolvidos  deslocamentos  de  flexão  e  de  membrana e inclui deslocamentos nas linhas de dobra provocando distorção na seção  transversal (ver Figura 1).   Instabilidade local Instabilidade distorcional   Figura 1 – Instabilidade local e distorcional (Adaptada de Silva e Silva, 2008).   Na instabilidade global, as seções transversais sofrem deslocamento de corpo rígido e  podem ser por flexão, por torção ou por flexotorção.  A ABNT NBR 14762:2010 determina os procedimentos de dimensionamento de perfis  formados a frio submetidos à compressão e à flexão. Por exemplo, o valor de cálculo  da força normal resistente deve ser calculado por meio da equação (1)   

N

c,Rd

= χA f /

ef y

.   (1) 

Na  equação  (1), 

χ

  é  o  fator  de  redução  da  força  axial  de  compressão  resistente,  considerando‐se imperfeições geométricas iniciais, tensões residuais, propriedades do  material,  geometria  do  perfil  etc.,  Aef  é  a  área  efetiva  da  seção  transversal  da  barra, 

(25)

23   

considerando‐se o fenômeno da instabilidade local, fy é a resistência característica do 

aço e  é o coeficiente de ponderação das resistências.  

Para  efeito  de  dimensionamento,  portanto,  há  um  desacoplamento  entre  os  fenômenos  de  instabilidade  global  ( χ )  e  local  (Aef).  Procedimento  similar  é 

apresentado na flexão, em que para a determinação do momento fletor resistente se  usam os redutores  χFLT, para considerar a instabilidade lateral com torção (global) e,  para a instabilidade local, o módulo resistente efetivo, Wef. 

A área efetiva e o módulo resistente efetivo são determinados por meio do método da  largura  efetiva  (MLE),  do  método  da  seção  efetiva  (MSE)  ou  pelo  método  de  determinação direta do esforço resistente (MRD1). 

O  método  da  largura  efetiva  é  um  procedimento  clássico  utilizado  para  o  dimensionamento  de  perfis  formados  a  frio,  em  que  cada  elemento  constituinte  do  perfil  é  analisado  separadamente  com  base  no  conceito  das  larguras  efetivas  desenvolvido  originalmente  por  von  Karman  et  al  (1932)  e  posteriormente  calibrado  com base em resultados experimentais por Winter (1968).  

O método da seção efetiva, desenvolvido por Batista (2010) com base no MRD, utiliza  diretamente  as  propriedades  geométricas  da  seção  efetiva  para  o  dimensionamento  dos perfis formados a frio submetidos à compressão e à flexão. Novamente usando a  compressão centrada como exemplo, nesse método, a área efetiva é determinada por  meio da equação (2),   

ef 0,8 0,8 p p

0,15

1

A = A 1 ‐

A

λ

λ

    (2)  onde A é a área da seção transversal e λ  é o índice de esbeltez reduzido expresso pela p equação (3).     

0,5 y p

χAf

λ =

N

  (3)         

1  A  ABNT  NBR  14762:2010  designa  o  MRD  por  método  da  resistência  direta.  Segundo  a  ABNT  NBR  8681:2003, “resistência” é a aptidão da matéria de suportar tensões.  As  demais  normas  brasileiras  seguem essa definição. Portanto, o termo “resistência” deve ser associado ao material e não a seções ou  barras.  Dessa  forma,  os  autores  optaram  por  designar  o  método  MRD,  de  forma  coerente  às  demais  normas brasileiras. 

(26)

24   

 

A Nℓ é a força axial de flambagem2 local elástica é fornecida pela equação (4), 

         (4)    onde bw e t são a largura da alma e a espessura do perfil, respectivamente, E e  são o  modulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson do aço e kℓ é o valor do coeficiente  de flambagem local para a seção completa.  De forma similar determina‐se o módulo resistente efetivo a partir do momento fletor  (Mℓ) de flambagem local equação (5)           .   (5)   

Na  equação  (5),  W  é  o  módulo  de  resistência  elástico  em  relação  à  fibra  mais  comprimida,  A,  bw  e  t  são  a  área,  a  largura  da  alma  e  a  espessura  do  perfil, 

respectivamente, Nℓ é a força axial de flambagem local elástica, E e  são o modulo de  elasticidade  e  o  coeficiente  de  Poisson  do  aço  e  kℓ  é  o  valor  do  coeficiente  de 

flambagem local para a seção completa. 

O coeficiente de flambagem kℓ depende da geometria e do tipo de solicitação do perfil. 

A  ABNT  NBR  14762:2010  fornece  o  coeficiente  de  flambagem  local  (kℓ)  para  vários 

tipos  de  seções  submetidas  à  compressão  ou  à  flexão.  kℓ  também  pode  ser 

determinado  via  análise  elástica  de  estabilidade.  A  partir  desse  coeficiente,  a  força  normal (Nℓ) e o momento fletor (Mℓ) de flambagem local de um perfil de aço formado 

a frio podem ser determinados. 

O método de determinação direta do esforço resistente, MRD, proposto por Schafer e  Peköz (1998), é uma alternativa ao MLE e MSE onde o dimensionamento é realizado a  partir  da  força  de  flambagem  elástica  do  perfil  aplicadas  a  equações  ajustadas  experimentalmente. 

       

2  No  Brasil,  o  termo  flambagem  denota  a  ocorrência  de  ponto  de  bifurcação  no  diagrama  esforço‐ deslocamento transversal. Essa definição é aceita pela maioria das normas brasileiras.  Trata‐se de um  fenômeno  que  só  pode  ocorrer  em  barras  ou  chapas  sem  imperfeição  geométrica  ou  do  material,  ou  seja,  estruturas  ideais.  Nas  estruturas  reais  esse  fenômeno  não  acontece.  Neste  artigo,  o  termo  “flambagem”  será  empregado  quando  se  referir  ao  fenômeno  como  aqui  definido,  geralmente  são  grandezas auxiliares, tais como coeficiente de flambagem ou força crítica de flambagem. O fenômeno da  ocorrência, em estruturas reais, de deformações transversais aos esforços aplicados, será denominado  genericamente de instabilidade.  

2 2 2 w

π E

N = k

A

12(1 ‐

) b t

ℓ ℓ

2 2 2 w

π E

M = k

W

12(1 ‐

) b

t

ℓ ℓ

(27)

25   

Além das instabilidades locais e globais deve‐se levar em conta também a instabilidade  distorcional. O valor de cálculo do esforço resistente, considerando‐se esse fenômeno,  é  fornecido  pela  ABNT  NBR  14762:2010  e  depende  da  força  crítica  de  flambagem  distorcional (ou momento crítico, no caso de flexão) que, entretanto, não é fornecida  pela Norma. 

Para a utilização do MRD torna‐se necessário a obtenção da força e do momento fletor  crítico  de  flambagem,  que  podem  ser  obtidos  por  meio  de  análises  elásticas  de  estabilidade  de  elementos  estruturais  ideais,  isto  é,  elementos  sem  imperfeições  geométricas ou de material. 

As  análises  elásticas  de  estabilidade  de  elementos  ideais,  também  conhecidas  por  análises  lineares  de  estabilidade,  fornecem  o  esforço  critico  e  o  respectivo  modo  de  flambagem.  Para  as  barras  curtas,  os  modos  de  flambagem  podem  ser  locais  ou  distorcionais. 

A ABNT NBR 14762:2010 não fornece qualquer procedimento prático para o cálculo da  força  normal  (Ndist)  ou  momento  fletor  elástico  (Mdist)  críticos  devido  à  flambagem  distorcional. Segundo a Norma, para a obtenção desses valores é necessário recorrer à  análise  de  estabilidade  elástica,  a  qual  deve  ser  efetuada  com  o  auxilio  de  métodos  numéricos, tais como o método dos elementos finitos ou o método das faixas finitas  cujos  procedimentos  não  fazem  parte  do  cotidiano  dos  escritórios  de  projeto  de  estruturas. 

O objetivo deste artigo é fornecer os valores da força normal (Nℓ e Ndist) e do momento  fletor  elástico  (Mℓ  e  Mdist)  críticos  devido  à  flambagem  local  e  distorcional  para  os  perfis  com  seções  enrijecidas  das  séries  comerciais  apresentadas  pela  ABNT  NBR  6355:2003, determinados por meio de análise elástica de estabilidade.  

2 Análise Linear de Estabilidade 

A  análise  linear  de  estabilidade  permite  obter  a  força  normal  e  o  momento  fletor  críticos de flambagem e os respectivos modos de flambagem, ou seja, o menor valor  do  esforço  que  provoca  a  flambagem  da  barra  ideal  e  a  forma  da  configuração  deformada. 

(28)

26   

Essa  análise  requer  a  utilização  de  programas  computacionais,  tais  como  o  ANSYS,  CUFSM  (Ádány  e  Schafer,  2006)  e  GBTUL  (Bebiano  et  al,  2008).  Neste  artigo  será  utilizado  o  programa  INSTAB  (Pierin,  2011),  o  qual  utiliza  o  método  das  faixas  finitas  para esse fim. 

Por  meio  do  programa  INSTAB  é  possível  verificar  a  variação  do  coeficiente  de  flambagem  kℓ e  a  natureza  do  modo  de  flambagem  em  função  do  comprimento  do 

perfil. A título de exemplo, a Figura 2 mostra a variação do coeficiente de flambagem  em função do parâmetro geométrico L/bw (relação entre o comprimento do perfil e a 

largura  da  alma)  de  um  perfil  de  seção  Ue  100x50x17x3,35  submetido à  compressão  centrada e simplesmente apoiado.  0 2 4 6 8 10 12 14 0.1 1 10 100 co e fic ie n te  de  flam b age m  lo ca l L/bw Figura 2 ‐ Variação do coeficiente de flambagem kℓ em função da relação entre o  comprimento do perfil e a largura da alma.   

Observa‐se  que  a  curva  que  representa  a  variação  do  coeficiente  de  flambagem  em  função do comprimento do perfil apresenta dois pontos de mínimos locais. O primeiro  está associado ao valor da força crítica que provoca a flambagem local (modo local de  chapa  –  MLC)  e  o  segundo  ponto  de  mínimo  está  associado  ao  valor  da  força  crítica  que provoca a flambagem distorcional (MD) no perfil (Prola, 2001).  

O ramo descendente da curva, que ocorre para comprimentos maiores, está associado  ao  modo  global  de  flambagem  que  pode  ser  por  flexão  (MGF),  por  torção  (MGT)  ou 

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27   

flexotorção (MGFT). A natureza do modo de flambagem global depende da geometria  da seção transversal e do comprimento do perfil. 

A capacidade resistente dos perfis de aço formados a frio pode ser melhorada com a  utilização  de  seções  transversais  enrijecidas,  porém,  o  comportamento  estrutural  do  perfil  é  alterado.  Em  perfis  com  seção  transversal  sem  enrijecedores  de  borda  os  modos de flambagem se resumem ao local e ao global. Perfis com seções enrijecidas  podem  apresentar  o  modo  distorcional.  Dependendo  da  geometria  da  seção  transversal  o  modo  distorcional  pode  governar  o  dimensionamento  do  perfil  de  aço  formado a frio, pois a força crítica associada ao modo distorcional pode ser inferior à  força critica que provoca a flambagem local. 

A avaliação se o enrijecedor de borda é suficiente longo para impedir a distorção  da  seção  transversal  pode  ser  realizada  por  meio  da  análise  linear  de  estabilidade.  Essa  observação  pode  ser  verificada  na  Figura  3,  onde  é  apresentada  a  variação  do  coeficiente de flambagem em função do parâmetro geométrico L/bw para cinco perfis  com seção Ue submetidos à compressão. Os perfis possuem bw=50 mm, bf=25 mm, t  =1 mm e com comprimentos de enrijecedor iguais a D=2‐5‐10‐15‐20 mm.  0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 0.5 5 co e fic ie n te  de  flam b age m  lo ca l L/bw D=2 mm D=5 mm D=10 mm D=15 mm D=20 mm   Figura 3 ‐ Influência da largura do enrijecedor nos modos de flambagem.    Observa‐se que para enrijecedores pequenos (D≤5 mm) há a ocorrência de flambagem  distorcional,  ou  seja,  o  enrijecedor  não  impede  a  distorção  da  seção  transversal.  No  caso  do  enrijecedor  com  D=2  mm,  não  há  a  ocorrência  de  um  ponto  de  mínimo 

(30)

28   

correspondente ao modo local de chapa, ou seja, o modo local de chapa ocorre para  perfis  com  comprimento  muito  pequeno  e  sem  interesse  prático.  No  caso  do  enrijecedor com D=5 mm, os coeficientes de flambagem correspondentes aos modos  local  de  chapa  e  distorcional  são  semelhantes  e  pode  haver  uma  interação  entre  os  modos.  Para  enrijecedores  maiores  (D>10  mm)  o  modo  local  de  chapa  passa  a  ser  o  modo  de  instabilidade  critico.  Ressalta‐se  que,  para  esse  perfil,  a  ABNT  NBR  14762:2010  isenta  a  verificação  da  flambagem  distorcional  para  enrijecedores  com  D>5,5 mm. 

Verifica‐se  ainda  que  a  curva  de  variação  do  coeficiente  de  flambagem  para  o  perfil  com  D=20  mm  não  apresenta  um  ponto  de  mínimo  correspondente  ao  modo  distorcional,  pois  o  enrijecedor  é  suficiente  largo  para  evitar  a  distorção  da  seção  transversal, ou seja, a seção apresenta somente flambagem local de chapa. 

Nos  itens  seguintes  são  apresentados  as  forças  normais  e  os  momentos  fletores  críticos decorrentes das flambagens locais e distorcionais dos perfis de seções U, Ue,  Z90, Z45 e cartolas das séries comerciais apresentados pela ABNT NBR 6355:2003. Os  perfis foram considerados simplesmente apoiados e com E=200 GPa. 

3 Seções U 

A  geometria  da  seção  U  está  apresentadaa  na  Figura  4.  Como  essas  seções  não  possuem  enrijecedores  de  borda,  as  mesmas  não  apresentam  modo  de  flambagem  distorcional.  Na  modelagem,  foi  observado  que  a  consideração  dos  cantos  retos  nos  perfis é ligeiramente a favor da segurança quando comparados aos resultados obtidos  considerando  os  cantos  arredondados,  como  mostra  a  Figura  5.  Em  todos  os  perfis  analisados neste artigo os cantos foram considerados retos.  

(31)

29    0 1 2 3 4 5 6 7 8 0.1 1 10 100 coef ic ient e  de  fl amb age m  lo ca l L/bw Cantos Retos Cantos Arredondados   Figura 5 – Variação do coeficiente de flambagem local em função da modelagem.     Os valores das forças normais e dos momentos fletores críticos devido à flambagem  local de chapa são os mesmos para as seções U e Z e estão apresentados na Tabela 1.  Tabela 1 ‐ Forças normais e momentos fletores críticos para perfis U. 

U  Nℓ kN  Mℓ,x kNm  Mℓ,y kNm U  Nℓ kN  Mℓ,x kNm  Mℓ,y kNm 

50 x 25 x 1,20  36,36  0,76  0,70 100 x 50 x 3,00 283,07 11,82  10,95 50 x 25 x 1,50  70,77  1,48  1,37 100 x 50 x 3,35 394,16 16,42  15,22 50 x 25 x 2,00  167,75  3,48  3,22 100 x 50 x 3,75 552,88 23,03  21,32 50 x 25 x 2,25  238,02  4,95  4,57 100 x 50 x 4,25 802,05 33,43  30,88 50 x 25 x 2,65  387,52  8,06  7,43 100 x 50 x 4,75 1119,74 46,54  42,97 50 x 25 x 3,00  560,29  11,63  10,69 100 x 50 x 6,30 2594,42 107,37  98,64 75 x 40 x 1,20  22,81  0,70  0,76 100 x 75 x 2,65 126,15 5,19  12,44 75 x 40 x 1,50  44,55  1,38  1,49 100 x 75 x 3,35 254,84 10,48  25,03 75 x 40 x 2,00  105,60  3,25  3,52 100 x 75 x 3,75 357,46 14,69  35,05 75 x 40 x 2,25  149,78  4,63  5,00 100 x 75 x 4,25 520,36 21,26  50,85 75 x 40 x 2,65  244,71  7,54  8,14 100 x 75 x 4,75 721,63 29,68  70,87 75 x 40 x 3,00  355,05  10,94  11,77 100 x 75 x 6,30 1683,66 68,84  163,33 75 x 40 x 3,35  494,37  15,19  16,34 100 x 75 x 8,00 3447,49 139,26  328,48 75 x 40 x 3,75  690,82  21,24  22,81 125 x 50 x 1,20 16,87 0,99  0,54 75 x 40 x 4,25  1005,63  30,82  33,04 125 x 50 x 1,50 32,94 1,92  1,05 75 x 40 x 4,75  1398,62  42,89  45,74 125 x 50 x 2,00 78,09 4,56  2,49 100 x 40 x 1,20  21,08  0,99  0,54 125 x 50 x 2,25 110,89 6,49  3,54 100 x 40 x 1,50  41,18  1,92  1,05 125 x 50 x 2,65 181,17 10,59  5,78 100 x 40 x 2,00  97,35  4,55  2,49 125 x 50 x 3,00 262,85 15,36  8,38 100 x 40 x 2,25  138,61  6,48  3,53 125 x 50 x 3,35 365,02 21,35  11,65 100 x 40 x 2,65  225,85  10,57  5,77 125 x 50 x 3,75 512,00 29,90  16,29 100 x 40 x 3,00  327,68  15,31  8,34 125 x 50 x 4,25 743,33 43,44  23,64 100 x 40 x 3,35  455,05  21,32  11,57 125 x 50 x 4,75 1034,96 60,54  32,90 100 x 40 x 3,75  636,57  29,79  16,19 125 x 50 x 6,30 2388,68 140,23  75,69 100 x 40 x 4,25  921,66  43,29  23,46 125 x 75 x 2,65 130,25 6,63  9,46 100 x 40 x 4,75  1283,24  60,21  32,54 125 x 75 x 3,00 188,98 9,63  13,72 100 x 40 x 6,30  2937,03  138,69  74,25 125 x 75 x 3,35 263,13 13,40  19,08 100 x 50 x 1,20  18,18  0,76  0,71 125 x 75 x 3,75 369,09 18,73  26,72 100 x 50 x 1,50  35,51  1,48  1,38 125 x 75 x 4,25 537,29 27,26  38,83 100 x 50 x 2,00  84,16  3,51  3,26 125 x 75 x 4,75 750,11 38,06  54,12 100 x 50 x 2,25  119,83  5,00  4,64 125 x 75 x 6,30 1742,15 88,10  124,99 100 x 50 x 2,65  195,11  8,15  7,57 125 x 75 x 8,00 3567,25 179,68  252,94

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