ZOOLOGIA DE VERTEBRADOS
CURSO: Ciências Biológicas
3
º Ano –2º semestre - 2012Professores Responsáveis:
Virgínia Sanches Uieda (Integral) e Wilson Uieda (Noturno) Departamento de Zoologia - IB/UNESP/Botucatu
Mamíferos Especializações
DIVERSIDADE MORFOLÓGICA DOS
MAMÍFEROS
Diversidade de espécies - ca. 4.500 spp. em todo mundo
Representa:
a) Quase metade da de Aves (ca. 9.500 spp.)
b) Bem menor do que a dos répteis Lepidossauros (4800 lagartos + 2900 serpentes + 2 tuataras = 7.702 spp.)
Maior DIVERSIDADE MORFOLÓGICA
reflete um aumento no nível de atividade
TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS DOS SYNAPSIDA
(Não-mamíferos e Mamíferos)
Todas as modificações, de Pelicossauria (não mamíferos) a Mamíferos, refletiam:
aumento da capacidade locomotora aumento da taxa metabólica
Mudanças graduais:
Crânio (>fossa temporal, >masseter, >dentário, heterodontia, difiodontia, modificações na articulação mandibular)
Membros (posição, forma das cinturas, articulações)
Coluna vertebral (perda das costelas lombares, redução da cauda)
Mamífero atual com melhorias:
Taxas de alimentação Taxas de respiração Nível de atividade
Modificações Percebidas:
I – Especializações na Alimentação
II – Especializações na Locomoção
III – Especializações no Tegumento
IV – Especializações nos Órgãos dos Sentidos
V – Especializações na Reprodução
I – Especializações na Alimentação
Obter e processar
alimentos de
modo eficiente
Todos os grupos de
mamíferos mastigam e
engolem seu alimento
Papel dos dentes
e da língua
suprir suas amplas
necessidades de
energia
•Dentes em número definido
•Dentes especializados na forma e função
•Com substituição reduzida (2 dentições)
Estrutura do Dente
Cemento - semelhante a osso, recobre a raiz e a base da coroa Núcleo (pulpa) – oco, preenchido por nervos, vasos e células
Dentina - camada interna, mineralizada, produzida pelas células do
núcleo (tem menos matéria orgânica que o osso)
Esmalte - camada externa, acelular, com cristais de fosfato de
cálcio (tecido mais duro, mais pesado e mais resistente ao atrito que já evoluiu entre os vertebrados).
Tipos de
Dentes
incisivos caninos capturar segurar cortar furar pré-molares molares dilacerar quebrarEspecialização à carnivoria Especialização à insetivoria Especialização à herbivoria Dietas especializadas Insetívoros basais Dietas especializadas
Ouriço com dentição primitiva,
molares triangulares, cúspides pontiagudas para perfurar a
cutícula de insetos
Tamanduá com glândulas
salivares aumentadas, língua longa e pegajosa
Morcego nectarívoro com molares
reduzidos na forma e frágeis, língua longa e com papilas
Insetívoros
especializados
Felidae com aparelho carniceiro desenvolvido
(últimos molares deslizam um sobre o outro, como lâminas de uma tesoura)
Canidae molares posteriores usados
para esmagar ossos
Carnívoros
Série gradual de onívoro a carnívoro - tendência de
redução no nº de dentes posteriores
I - Especializações na Alimentação
Dentes rompem as paredes das células, mas somente enzimas (celulases) podem digerir a celulose.
Nenhum animal sintetiza celulase.
Enzimas produzidas por microorganismos simbiontes.
Fermentadores no intestino
Mamíferos monogástricos = Perissodactyla (ex. cavalo, anta) e Proboscidea (elefante)
Mastigam muito as plantas
Fermentação no ceco (microorganismos
simbiontes)
Digestão e absorção no intestino (vantagem = dentes eficientes na mastigação)
Sobrevivem com alimentos de baixa
qualidade (mais fibroso), mas em grande quantidade
Cavalos selvagens no oeste americano podem sobreviver em terras muito pobres para a criação de gado.
Mamíferos Monogástricos
Fermentadores no estômago
Mamíferos digástricos ruminantes = Artiodactyla (ex. veado, boi, carneiro)
Mastigam pouco as plantas
Fermentação em câmaras (rúmen e
retículo)
Somente absorção no intestino
Sobrevivem com alimentos em menor
quantidade, porém de boa qualidade
Principais herbívoros em regiões de deserto ou muito frias, onde o alimento tem qualidade moderada mas é limitado na quantidade.
Fermentadores no estômago
Mamíferos digástricos ruminantes = Artiodactyla (ex. veado, boi, carneiro)
Fermenta a celulose e proteínas.
A proteína é transformada em amônia, levada ao fígado onde é convertida em uréia.
A uréia é transportada ao rúmen, onde é utilizada pelos microrganismos para
crescimento.
Os microrganismos em excesso são digeridos no abômaso – fonte de
Mamíferos Ruminantes
Incisivos crescem continuamente
ao longo da vida.
Possuem esmalte somente na porção anterior.
Desgaste formando extremidade
cortante.
Apresentam algum grau de
fermentação no trato digestório.
Herbívoros
•Patas situadas abaixo do corpo – melhor sustentação, passos maiores, maior velocidade
•Patas adaptadas para caminhar, correr, trepar, cavar, nadar, voar
•Salto – propiciado pela flexão da coluna vertebral.
•Salto – movimento assimétrico (movimento dos pés traseiros e dianteiros separados no tempo)
II - Especializações na Locomoção
Coluna vertebral com cinco regiões diferenciadas
Perda das costelas lombares
Permitiu locomoção e respiração juntas
•Andar e trote rápido – movimento simétrico •Galope – movimento assimétrico
II - Especializações na Locomoção
Posturas
Ungulígrada Digitígrada Plantígrada
Tipos de postura
Peso do corpo
sustentado pela:
Falange terminal ungulígrada Falanges digitígrada Sola do pé plantígradaUngulígrada
Plantígrada Digitígrada
Tipos de
Postura ungulígrada – especialização cursorial
•casco e pernas longas - maior passo e velocidade •locomoção cursorial dos grandes herbívoros
•1 ou 3 dedos Perissodactyla; 2 ou 4 dedos Artiodactyla
•Comem gramíneas = vivem em habitats abertos, terreno plano
•Necessidades = locomoção eficiente e rápida para fugir de predadores (sem locais para se refugiar) e para longas migrações (procura de pastagens adequadas)
Utilizam o armazenamento de energia
elástica dos tendões da perna para a corrida
Mamífero
Ungulígrado
Postura digitígrada – especialização para a caça
•apoio nos dedos e almofadas - menor atrito e maior passo •locomoção dos caçadores felinos e canídeos
• Perseguidores de longas distâncias = Caça em bandos (hienas, lobos, cães) ou isolados (chitas) – membros
mais longos
• Perseguidores de curtas distâncias = caça em grupos (leões) – membros não tão longos como os cães, por exemplo.
• Predador de emboscada = caça de tocaia (gatos) – membros mais curtos
Cães selvagens - Perseguidores de longa distância em grupo
Cheeta – Perseguidor de longa distância solitário
Leões – perseguidores de curta distância em grupo
Leopardo Africano – Predador de emboscada
Postura plantígrada
•Sola repousa horizontalmente
-bipedalismo
•Membros anteriores utilizados para outras funções
Postura plantígrada e dedão
oponível adaptações ao
hábito arborícola, também
sendo vantajosos no
bipedalismo.
Co-evolução entre Presa (ungulados) e
Predador (carnívoros)?
Pouco provável = Fósseis de ungulados com membros
cursoriais - 20 milhões de anos Fósseis de carnívoros predadores - 5 milhões de anos.
Parece que membros cursoriais surgiram para tornar o movimento lento de trote mais eficiente e estiveram
associados, em todos os continentes, a mudanças nos habitats, de florestas produtivas para campos menos
produtivos, forçando os ungulados a forragear por longas distâncias para achar alimento.
A morfologia cursorial pode tornar a corrida mais rápida, mas não é para isto que ela evoluiu.
A endotermia é um processo custoso - o animal utiliza quase toda a energia presente no alimento ingerido pra manter-se aquecido.
A redução da perda de calor para o ambiente pode ser um fator importante no balanço energético de um
homeotermo endotérmico.
A estrutura do tegumento constitui um mecanismo
anatômico de termorregulação nos mamíferos.
III – Especializações no Tegumento
Pelos
Glândulas
epiderme = camada superficial formada
por células mortas
hipoderme = rica em células de gordura
derme = composta por poucas células
Composição:
•queratina (flexível e rígida) •pigmentos (melanina) •bolhas de ar (lanosos) Características: •Crescimento •Substituição •Mobilidade
Pelos
Origem:
Parecem ter funcionado inicialmente como parte do sistema sensorial (ricamente inervados na base)
Funções: •Isolante térmico •Camuflagem •Interações sociais Vibrissas Percepção tátil
Pelos
Glândulas
Sebáceas: lubrificantes (óleo) abrem-se no folículo Sudoríparas: termorregulação maleabilidade da pele aumentam o atrito sensibilidade de pressão Apócrinas: substâncias voláteis água íons MamáriasGlândulas Apócrinas:
secreção de substâncias voláteis
O cangambá (Carnivora, Mephitidae,
Conepatus chinga) quando acuado,
levanta a cauda e libera substância volátil (almíscar) de glândulas na base
da cauda.
O gambá (Didelphimorphia, Didelphidae, Didelphis
albiventris): quando
perseguido, libera odor fétido de glândulas axilares.
Glândulas Mamária
s
Mamas peitorais Mamas abdominais Mamas axilaresVariam em número
e localização
As
As glândulasglândulas mamáriasmamárias primitivasprimitivas originaramoriginaram--sese aparentemente
aparentemente aa partirpartir dede glândulasglândulas apócrinasapócrinas sudoríparas
sudoríparas cloacaiscloacais dosdos répteisrépteis.. Produzem
Produzem oo leite,leite, umauma secreçãosecreção líquidalíquida queque contém
contém proteínas,proteínas, gorduras,gorduras, açúcares,açúcares, vitaminas
vitaminas ee saissais minerais,minerais, cujacuja finalidadefinalidade éé otimizar oo crescimentocrescimento ee fornecerfornecer energiaenergia aoao recém
recém--nascidonascido..
Glândulas Mamárias
Glândulas Mamárias
OO númeronúmero dede mamasmamas variavaria segundosegundo oo númeronúmero dede filhotesfilhotes..
-- PorcosPorcos,, asas mamasmamas estãoestão distribuidasdistribuidas emem duasduas fileirasfileiras
desde
desde aa axilaaxila atéaté aa regiãoregião inguinal,inguinal, parapara alimentaralimentar atéaté umauma 12
12 filhotes/gestaçãofilhotes/gestação..
-- HumanosHumanos,, 11 parpar dede mamasmamas peitoraispeitorais parapara umum filhotefilhote porpor
gestação gestação
-- RatazanaRatazana ee camundongoscamundongos,, 55 parespares dede mamasmamas ee dede 44 aa 1414
filhotes/gestação filhotes/gestação
Glândulas Mamárias
Glândulas Mamárias
Número
Número dede mamasmamas dede umauma espécieespécie pareceparece estarestar relacionadorelacionado aa sua
sua vulnerabilidadevulnerabilidade àà predaçãopredação –– curtocurto tempotempo dede gestação,gestação, partoparto de
AA composiçãocomposição dodo leiteleite apresentaapresenta variaçõesvariações segundosegundo:: –– AsAs necessidadesnecessidades dede crescimentocrescimento..
–– FatoresFatores ambientaisambientais.. Espécies
Espécies cujocujo desenvolvimentodesenvolvimento éé maismais lentolento::
–– SubstânciasSubstâncias nutritivasnutritivas estãoestão emem concentraçãoconcentração menormenor.. Espécies
Espécies ondeonde oo tempotempo dede desenvolvimentodesenvolvimento devedeve serser menormenor:: –– LeiteLeite éé ricorico emem substânciassubstâncias orgânicasorgânicas comocomo lipídioslipídios ee
proteínas proteínas..
Importância Nutricional do Leite
Importância Nutricional do Leite
Um
Um exemploexemplo dada influênciainfluência dosdos fatoresfatores ambientaisambientais nana composição
composição dodo leiteleite sãosão osos mamíferosmamíferos adaptadosadaptados aa climasclimas extremos
extremos.. Em
Em ursosursos polarespolares ee baleias,baleias, aa porcentagemporcentagem dede lipídioslipídios
no
no leiteleite éé altíssima,altíssima, devidodevido principalmenteprincipalmente aoao fatofato dede serser matéria
matéria primaprima parapara formaçãoformação dede capacapa dede gorduragordura isolanteisolante térmica
térmica ee comocomo armazenadoraarmazenadora dede energiaenergia..
Importância Nutricional do Leite
Importância Nutricional do Leite
Espécie Caseína Proteínas
totais Lactose Gorduras Cinzas
Homem 0.9 1.2 6.3 3.7 0.21 Cavalo 1.3 0.7 6.0 1.3 0.51 Boi 3.8 0.6 4.7 3.7 0.72 Gato 3.8 3.2 4.8 4.8 0.58 Cão 4.8 2.6 3.2 11.6 --- Veado 8.4 1.5 2.8 7.1 1.20
Composição do Leite em Mamíferos (%)
Composição do Leite em Mamíferos (%)
Anexos tegumentares de queratina para: locomoção, defesa,
predação e interações sociais
Garras retráteis
Unhas
Casco
Anexos da pele associados às
falanges terminais
Funções: defesa e exibições
•corno = suportado por osso e recoberto por pele
Corno
girafa e boi
•chifre = substituído anualmente, camada aveludada no
chifre em desenvolvimento
IV – Especializações nos Órgãos dos
Sentidos
Sistema Nervoso Central
e seus componentes
sensoriais
Aumento
progressivo e
incremento na
complexidade
Qual sistema sensorial
teria se aprimorado nos
primeiros mamíferos
para a ocupação do
ambiente terrestre
noturno???
•Pouca luminosidade
•Longas distâncias
•Transmissão no ar
Pouca Luminosidade
Retina dominada por bastonetes (o dobro mais
fotossensível do que os cones) = visão mais
apropriada para o ambiente noturno.
Visão Colorida e Monocromática
Longas Distâncias e Transmissão no ar
Tato é pobre em mamíferos (não resolveria a
percepção a longa distância)
Problema da olfação = transmissão lenta, direção das partículas depende das correntes de ar
Baixa resolução da informação espacial acerca da fonte.
Olfação detecta substâncias transportadas por
correntes de ar (percepção a longa distância, tanto
de dia como de noite)
Manada de Gnus estão sempre atentos a aproximação dos
predadores
Olfação pouco desenvolvida em Primatas e
Cetáceos
(poucos receptores olfativos no epitélio nasal)Audição – vantajosa para percepção a longa
distância, som não é facilmente bloqueado por
obstáculos do ambiente como a luz e é mais
direto e rápido que o odor
Leão marinho – pavilhão reduzido Raposa orelha de morcego
Primatas
antropóides
não
apresentam a
capacidade de
mover as orelhas
para captar
melhor a direção
do som
• ouvido interno – porção mais antiga
• cavidade timpânica e ouvido médio – mais recentes • ouvido externo (pavilhão) – exclusivo dos mamíferos
Ecolocalização: sistema de navegação e
orientação noturna dos cetáceos com dentes e
dos morcegos
Sonar dos Golfinhos Sonar dos morcegos
•Fecundação interna
•Machos com órgão copulador •Vivíparos
•Cuidado à prole mais prolongado
•Ovos sem casca, retidos no útero da fêmea •Poucos filhotes (maior sobrevivência)
•Placenta para nutrição, respiração e excreção do embrião •Cuidado à prole (bem protegidos)
Maior chance de sobrevivência, porém com grande investimento materno
Infraclasse METATHERIA vs. Infraclasse EUTHERIA Nascem pouco desenvolvidos Nascem em estado avançado
Diferenças de
Metatheria e Eutheria
refletem respostas
evolutivas diferentes
às pressões
ambientais.
IV – Especializações na Reprodução
Metatheria ("mamíferos marsupiais“)
•menor investimento da mãe antes do nascimento, podendo rapidamente reciclar seu aparelho reprodutivo para produzir ninhadas subseqüentes •vantajoso em ambientes onde as condições ambientais são apropriadas por um período de tempo curto
Feto no mamilo dentro do marsúpio
Filhote no marsúpio
Eutheria ("mamíferos placentários“)
•jovens com maior potencial de sobrevivência •custo alto e prolongado para a mãe
IV – Especializações na Reprodução
Hamister com prole recém-nascida
Onça parda com 2 filhotes
SÍNTESE VERTEBRADOS ENDOTÉRMICOS
AVES MAMÍFEROS
Tendência evolutiva •uniformidade para o vôo •diversificação de formas
Locomoção •vôo •leveza •variada •sustentação e velocidade Tegumento •penas •só glândula uropígea •pelos •várias glândulas AVES MAMÍFEROS Alimentação •bico
•sist. digestório modificado
•difiodontia •heterodontia Excreção •ácido úrico
•sem bexiga urinária
•uréia
•com bexiga urinária Respiração •pulmões compactos
•sacos aéreos •contra-corrente
•pulmões grandes •diafragma
Termorregulação •penas, sacos aéreos •ofegação
•circulação periférica
•pelos, gordura subcutânea •sudorese, ofegação
AVES MAMÍFEROS
Reprodução •ovíparas
•cuidado à prole
•vivíparos (maioria) •cuidado à prole Diversidade •modos de locomoção
•habitat - formato do pé •dieta – formato do bico
•modos de reprodução •tipos de postura
•dieta – dentição