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Não existe democracia sem liberdade. E não existe liberdade sem igualdade!

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Academic year: 2021

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1 Senhor Presidente da Assembleia

Senhores Deputados, Caras Cabo-verdianas

E Caros cabo-verdianos, no País e na Diáspora

Hoje, dia 22 de Julho, 2 dias passados do Dia dos Heróis Nacionais – aqueles que protagonizaram a gesta libertadora e escreveram com suor e sangue as páginas mais belas da nossa história – o PAICV está cá, neste Púlpito, para fazer uma Declaração Política.

Hoje, 9 dias depois de termos assinalado o Dia da Liberdade e da Democracia, e 2 dias depois de termos assinalado o Dia dos Heróis Nacionais, com fortes apelos de todos, inclusivamente do Senhor Presidente da Republica, para recordarmos as motivações que levaram os nossos Heróis Nacionais a assumirem a luta pela libertação do nosso povo - para a assunção do nosso próprio destino, nas nossas mãos - e com forte incitação, de todos, para continuarmos a trabalhar por um País mais justo e mais livre, onde a igualdade impere, estamos cá para dizer, em alto e bom som, que a liberdade não se propala, sente-se e que a democracia, mais do que uma palavra, deve ser uma prática quotidiana, de todos e para todos.

Não existe democracia sem liberdade. E não existe liberdade sem igualdade! Senhor Presidente Senhores Deputados,

Nos termos do art.2º da nossa Lei-Mãe, a Constituição da República de Cabo Verde, somos um Estado de Direito Democrático que se rege por leis e por normas, aplicáveis a todos, de forma igual (art. 24º), reconhecendo a inviolabilidade dos direitos e liberdades nela consignados (art. 15º).

A Assembleia Nacional é um Órgão de Soberania (art. 119º) e, em princípio, representa, por força da Constituição, todos os cidadãos cabo-verdianos.

Os Deputados são os representantes de todo o povo e não unicamente dos círculos eleitorais por que foram eleitos.

A nossa Constituição estabelece, no seu art. 170º, sob a epígrafe “Imunidades”, que “Pelos votos e opiniões que emitirem no exercício das suas funções, os Deputados não respondem civil, criminal ou disciplinarmente”, regulando a Lei os casos em que o mandato do Deputado pode ser suspenso, e as situações em que pode ser detido ou preso. Senhor Presidente Senhores Deputados,

Amílcar Cabral, o fundador da nossa nacionalidade que se quer, por alguns, arredado da história, dizia que “a política só faz sentido se for para servir o Povo!”

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2 É essa dimensão da Política que, hoje - talvez mais do que nunca - tenhamos de recordar, para que o País não perca o Norte, sob a governação da atual Maioria.

Com efeito, e nos últimos tempos, temos sido confrontados com atos e praticas, com atitudes e posturas, que nos fazem antever uma tentativa de judicialização da política ou de politização da justiça.

Façamos, pois, o enquadramento dessa afirmação, para que todos possam perceber!

Esta Casa Parlamentar tem uma história e um percurso.

Esta Magna Casa sempre se regeu por normas e regras, por princípios e tradições, desde a sua criação, e, para o caso em análise, particularmente desde 1991, momento em que se iniciou formalmente a II Republica, após um período em que, sabendo interpretar os sentimentos e as expetativas da sociedade, o PAICV desempenhou um papel exemplar na condução do processo político-institucional, que culminou com a vitória do MpD, nas eleições pluripartidárias de 1991.

De essa data a esta parte se passaram 27 anos, aproximadamente. 27 anos!

Nesses 27 anos, foram múltiplos os pedidos de levantamento de imunidades por pronunciamentos, situações, actos, atitudes e acções envolvendo Deputados da Nação.

Nalguns casos, essas solicitações tinham origem em queixas feitas por cidadãos que, estando fora da política, queriam lavar a sua honra; noutros casos, por políticos que, não temendo (porque não deviam!) gostariam que os “acusadores” provassem em Tribunal, as calúnias e injurias que proferiam!

Mas, nesses 27 anos, cabe perguntar quantas vezes este Parlamento decidiu levantar a Imunidade Parlamentar a um Deputado!

Podemos responder:

Apenas por duas vezes este Parlamento decidiu levantar a Imunidade Parlamentar dos seus Deputados. Apenas 2 vezes!

E nos dois casos - os dois únicos casos - foram sempre contra Deputados do PAICV:

 Primeiramente, o Deputado Júlio Correia, do PAICV, na década de 90, para responder como réu num processo político, ligado ao exercício da sua liberdade de expressão;

 Mais recentemente, o Deputado José Maria Gomes da Veiga, do PAICV, para responder como TESTEMUNHA, num outro processo.

Nestes dois casos excecionais – os dois únicos casos em que esta Magna Assembleia decidiu levantar a Imunidade Parlamentar dos seus Deputados – tínhamos uma mesma Maioria: a Maioria do MpD – seja na década de 90, seja agora!

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3 Uma Maioria circunstancial que, no entanto, já habituou o País à sua forma de actuar (musculada), sempre pela força da Maioria, e nunca pela força da razão e da coerência.

Esta Maioria - do Mpd - que levantou a Imunidade Parlamentar ao Deputado Júlio Correia, na década de 90, e que, agora, levanta a Imunidade Parlamentar ao Deputado José Maria Gomes da Veiga, teve várias oportunidades para, também, levantar a Imunidade Parlamentar de vários outros Deputados – muitos dos quais do MpD – em muitas outras ocasiões.

Com efeito, e no mandato passado – quando o PAICV estava no Poder – foi solicitado o levantamento da Imunidade Parlamentar de Deputado, designadamente, do MpD, no âmbito das investigações sobre o Banco Insular – um processo que fez correr muita tinta, assumindo uma projeção internacional, e que levou muita gente à prisão.

Mas, nessa altura, o MPD não se mostrou nada interessado em colaborar com a justiça e desconhecia, por completo, o termo “transparência”.

Por isso, não foi favorável ao levantamento da Imunidade Parlamentar do seu Deputado.

Neste mandato, iniciado em Abril de 2016, também ocorreram duas solicitações:

Num caso, foi feito o pedido de levantamento da Imunidade parlamentar de um Deputado do MpD, que deveria ser ouvido, como Arguido, num processo de Violência Baseada no Género. Também nesse caso, o MPD não se solidarizou nem com a suposta vítima da violência violência supostamente praticamente pelo seu Deputado nem em colaborar com a Justiça, não demonstrando disponibilidade para colaborar na investigação. Por isso, também nesse caso, decidiu pelo não levantamento da Imunidade Parlamentar do seu Deputado.

Num outro caso, e perante a solicitação que a Assembleia recebeu, para que um seu Deputado – um Alto Dirigente do MPD - fosse ouvido no âmbito das investigações de um crime contra honra/ofensa, o MPD optou por, mais uma vez, não se solidarizar com o cidadão queixoso e supostamente ofendido, e não se mostrou, nem um pouco, interessado em colaborar com a justiça no esclarecimento da verdade.

Por isso, também nesse caso, tratando-se de um Deputado seu, decidiu pelo não levantamento da Imunidade Parlamentar.

Há, pois, e em matéria de levantamento da Imunidade Parlamentar, uma prática que já se está a transformar num costume nesta Casa Parlamentar, quando o MPD é poder:

 Quando a Imunidade Parlamentar abrange um Deputado do PAICV, mesmo que

ele seja apenas Testemunha, ela pode ser levantada;

 Quando a Imunidade Parlamentar abrange um Deputado do MPD, ela não

pode, em nenhuma situação, mesmo quando o Deputado é Arguido, ser levantada.

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Ou seja: Quando o MPD está a governar, a Casa do Povo tem uma vergonhosa e despudorada dualidade de critérios, para situações iguais, e uma incoerência que faz inveja mesmo às malfadadas práticas dos anos 90.

Tudo isso, agravado pelo facto de esta prática ser protagonizada pelo Partido que se assume como sendo da democracia e da liberdade!

Os Senhores são, pois, os defensores da democracia e da liberdade...

Democracia de boca! E liberdade de papel! E papel de má qualidade que, rapidamente, rasga, fazendo ver os vossos verdadeiros laivos de ditadura!

Senhores Deputados

Caras Cabo-Verdianas e Caros Cabo-Verdianos,

O PAICV é, e sempre foi, pela transparência! Mas, com igualdade!

O PAICV é, e sempre foi, pela Justiça! Mas, com verdade!

Por isso mesmo, nem o PAICV, nem eu, como Presidente e Líder Parlamentar do PAICV, nem nenhum Deputado do PAICV, receamos o levantamento da nossa Imunidade Parlamentar!

Por essa razão, o Deputado do PAICV, José Maria Gomes da Veiga já comunicou à PGR a disponibilidade para abdicar da imunidade e prestar todas as declarações necessárias, como Testemunha, para ajudar a esclarecer todos e quaisquer factos. Simplesmente, porque como ele próprio assumiu, “QUEM NÃO DEVE, NÃO TEME!”

Caras Cabo-verdianas e Caros Cabo-verdianos,

O Povo deve estar atento às manobras da actual maioria!

O Povo deve estar atento às reais motivações do MPD, e indagar a razão de ser de cada acto que praticou desde que assumiu o poder, em Abril de 2016.

Já não restam dúvidas que as acções do MPD e da sua maioria fazem parte de uma estratégia mais ampla de, por um lado, perseguir, condicionar e limitar a actuação da Oposição, para poder campear solto nos seus desmandos e nos negócios, envolvendo bens e recursos do estado, numa prática que pode tomar contornos de negociata e, por outro lado, camuflar a falta de resultados destes dois anos de governação.

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E é isso mesmo que o MPD está a tentar fazer, sem nenhuma inovação, pois que quem viveu os anos 90, sabe que foi exatamente isso que o MPD fez nessa altura.

Essa estratégia nem sequer é nova, porque tem as suas raízes nos anos 90 e é reeditada agora com maior requinte.

Como diria um célebre dirigente ventoinha, muda-se a pele do lobo! Mas, não se muda o lobo que está por debaixo da pele!

Senhores Deputados, Caros Cabo-verdianos,

Quem quer justiça – e o PAICV é e sempre será pela justiça – deve atuar em toda a linha!

Por isso mesmo, o PAICV desafia todos os actuais Deputados do MPD e todos os antigos Deputados do MPD, cujo levantamento da Imunidade Parlamentar foi solicitado, a seguir as pisadas do Deputado José Maria Gomes da Veiga e a se apresentarem, imediatamente, na PGR, para responderem perante a justiça, seja a que título for.

O próprio Parlamento deve voltar atrás nas suas decisões anteriores, de proteger os Deputados do MPD, e demonstrar que não utiliza dois pesos e duas medidas no tratamento dos Deputados da Nação.

Pela Igualdade! Pela transparência! Pela verdade! Em toda a linha! E Por Cabo Verde! Sempre!

Referências

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