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PESQUISA QUALITATIVA EM GEOGRAFIA 1

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Academic year: 2021

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PESQUISA QUALITATIVA EM GEOGRAFIA1

Nécio Turra Neto Professor do Departamento de Geografia Programa de Pós-Graduação em Geografia FCT/UNESP – Presidente Prudente necioturra@fct.unesp.br

1 – INTRODUÇÃO

O debate metodológico tem feito parte de nossa trajetória acadêmica, desde o projeto do mestrado, quando definimos a observação participante como metodologia de pesquisa com o movimento punk de Londrina. Esta metodologia continuou sendo progressivamente empregada, seja na pesquisa do doutorado, seja nos trabalhos de orientação de iniciação científica, que passamos a orientar. A ela, outras metodologias de pesquisa qualitativa foram também acionadas. Contudo, no âmbito da geografia brasileira, dificilmente encontrávamos referenciais que pudessem nos orientar nessas pesquisas, de modo que foram a antropologia, a história oral e a sociologia as principais fontes de consulta para o tratamento metodológico dos nossos trabalhos.

Problematizar a carência do debate metodológico, sobretudo, no campo da pesquisa qualitativa na geografia é o foco deste trabalho.

2 – DEFINIÇÃO DE METODOLOGIA:

No campo da Filosofia da Ciência, metodologia é o exame do processo mesmo de produção de conhecimento científico. Avalia e reflete sobre a relação entre teoria e empiria e entre sujeito e objeto no processo. Reflete sobre os procedimentos operacionais da pesquisa, suas potencialidades e limites.

3 – PESQUISA QUALITATIVA – PESQUISA QUANTITATIVA

Não se trata de uma questão valorativa, o que está sendo diferenciado com estes termos é a natureza da informação, que é resultado da pesquisa e matéria prima para elaboração do conhecimento. No caso da pesquisa       

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quantitativa, o material é, basicamente, de natureza numérica e permite tratamento estatístico, como cálculo de porcentagem, de amostra, elaboração de matrizes, bem como representação gráfica. No caso da pesquisa qualitativa, o material é, basicamente, de natureza discursiva – um relato, uma história de vida, uma descrição de um fenômeno, cujo tratamento exige técnicas outras e as formas de representação são, sobretudo, extratos dos próprios discursos, tomados como representativos daquilo que o investigador quer expressar. Nenhuma é melhor ou pior do que a outra e ambas apresentam seus desafios, seus limites e suas potencialidades. Há pesquisas, inclusive, que combinam ambas as metodologias, mas isso requer alguns cuidados, seja para não deixar de cumprir os requisitos de qualidade de cada uma delas, seja para não terminar a pesquisa com a sensação de que se está apto para escrever um tratado de metodologia de pesquisa, mas não para escrever sua tese ou dissertação.

4 – A OPÇÃO METODOLÓGICA

O que define a opção metodológica é, na verdade, a problemática da pesquisa. Ela nos aponta as fontes que deverão ser acionadas e indica quais metodologias devemos empregar para ter acesso às fontes. Nesse sentido, costumo dizer que não existe metodologia perfeita, mas sim aquela que é mais adequada aos objetivos da pesquisa. Antes de fazermos as opções metodológicas, devemos avaliar os prós e contras de cada uma.

5 – METODOLOGIA QUALITATIVA COMO COMPLEMENTO / METODOLOGIA QUALITATIVA COMO CENTRO DA PESQUISA.

No primeiro caso, temos a possibilidade de combinação entre diferentes metodologias, como estudos sobre planejamento urbano, por exemplo, que querem mapear equipamentos de lazer na cidade, aplicam questionários com a população, recorrem a matérias de jornais, analisam planos diretores e fazem mapeamentos da distribuição desses espaços na cidade e, como complemento, entrevistam o secretário municipal de esporte e turismo e o prefeito municipal, para terem a posição da atual administração municipal diante da questão. A metodologia qualitativa da entrevista, neste caso, complementa outras que são mais centrais.

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foco no sujeito, mais do que nos espaços. São pesquisas que se perguntam pelas práticas espaciais, pelas formas de apropriação do espaço, pela territorialização e geograficidade de pessoas e grupos sociais. Isso não significa que pesquisas que focam nos sujeitos não possam optar por metodologias de cunho quantitativo, mas sim que pesquisas que optam por metodologias de cunho qualitativo, como seu eixo estruturador, são pesquisas que, necessariamente, tem foco nos sujeitos sociais.

Tal é o caso, por exemplo, das minhas pesquisas, que se perguntam sobre a territorialidade de culturas juvenis na cidade. O território é um conceito que se popularizou na geografia brasileira ao longo das duas últimas décadas – processo que tem desdobramentos ainda hoje em dia –, justamente num período em que proliferaram, na geografia, estudos focados em sujeitos sociais. Costumo dizer que, quando perguntamos sobre território, nosso ponto de partida não é o espaço concreto, mas sim os sujeitos sociais, pois território, enquanto relação de poder projetada no espaço, não aparece inscrito claramente na paisagem, mas é resultado da ação e negociação dos sujeitos. Por isso que, é pelo estudo da sua espacialidade que chegamos aos territórios que eles constituem.

Claro que podemos falar de sujeitos de territorialização os mais diversos, como por exemplo, a territorialização da agroindústria da cana e da soja, no Brasil. Neste caso, os sujeitos requerem um tipo de tratamento que não é necessariamente qualitativo, ainda que procedimentos qualitativos possam ser empregados.

Mas, no meu caso, por exemplo, como poderia empregar outra metodologia, para ter acesso à territorialização dos jovens que aderem a culturas juvenis, que não fosse, primeiro, pela observação participante, acompanhando seu cotidiano na cidade, sobretudo, aos finais de semana e, depois, pela entrevista em profundidade?

É esse tipo de pesquisa que tenho em mente, quando digo pesquisa qualitativa em geografia. Pesquisas cuja principal fonte de informação são os depoimentos orais, as práticas espaciais cotidianas, as histórias de vida e visões de mundo das pessoas e que definem como forma de acesso à estas fontes, metodologias como observação participante, entrevista em profundidade, grupo focal.

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Tenho por hábito não usar o termo “coleta de dados”, para me referir ao processo de pesquisa. Prefiro falar em “produção de informação”. Isso porque, as referências que tenho apontam para o fato de que só podemos coletar dados secundários (como os do IBGE, aqueles dos sítios do Ministério do Trabalho, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, ou do das Cidades), ou seja, informações que já foram produzidas e se encontram disponíveis para consulta. Neste caso, só neste caso, coletamos dados e o nome – DADOS – justifica-se.

No caso de dados primários, nas nossas pesquisas, sejam elas qualitativas, sejam elas quantitativas, estamos envolvidos não em coleta, mas na sua produção. Na pesquisa qualitativa, nesta produção da informação, está em jogo processos de interação humana, com todos os seus humores, temores, enfim, com toda intromissão da subjetividade de sujeitos em interação. Ou seja, um tipo de relação dialógica entre investigador/investigados, que não é sem importância para os resultados que a pesquisa pode produzir.

Como a definem Bogdan e Biklen (1994), pesquisa qualitativa é um termo genérico, que se refere às pesquisas que acionam estratégias (como observação participante, entrevista em profundidade, história oral e grupo de diálogo) que produzem dados chamados qualitativos, o que significa que são informações ricas em pormenores descritivos, relativamente a pessoas, lugares, acontecimentos, registros orais de depoimentos, histórias de vida etc. e que oferecem complexo tratamento – de difícil sistematização. Informações que não são próprias para um tratamento estatístico, por exemplo, em que vale mais a imaginação, a habilidade e destreza interpretativa do pesquisador.

7 – ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA

- geralmente são estudos reduzidos a pequenas amostras, nos quais a preocupação é o estudo em profundidade de casos específicos e não estudos que procuram abarcar uma ampla variedade ou uma ampla escala de fenômenos;

- a principal fonte de informação é o próprio contexto que

está sendo investigado, sendo a experiência que o investigador tem dele (o diálogo que consegue estabelecer com os sujeitos de pesquisa), o principal instrumento de

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- ela é descritiva, no sentido de que a descrição é uma estratégia de não deixar escapar nenhum detalhe, pois algo que pode parecer insignificante num determinado momento torna-se relevante, quando soma-se a outras informações, produzidas em outros momentos;

- a análise é tendencialmente indutiva. O esforço intelectual é para fazer uma “descrição densa” (GEERTZ, 1978): que procura atingir teorizações a partir da interpretação do infinitamente pequeno. Por isso, a teorização não se afasta muito do caso. Trata-se do esforço de interpretar uma especificidade complexa;

o As teorias oferecem um vocabulário por meio do qual as interpretações podem ser expressas... um repertório de conceitos que se entrelaçam na descrição densa. Trata-se de um confronto, na verdade, entre a teoria acumulada e a realidade que coloca novos desafios para ser compreendida. E é esse confronto que faz da descrição densa muito mais que uma descrição gratuita e que permite com que o trabalho possa passar pela avaliação crítica dos pares.

8 – CONCEPÇÃO DE CIÊNCIA A QUE A PERSPECTIVA QUALITATIVA REMETE.

- Ciência Dialógica – em dois sentidos: 1. Reconhecimento do sujeito investigador como portador de subjetividade e de um corpo, que entram diálogo com os sujeitos do campo; 2. Reconhecimento de suas limitações abre espaço para o diálogo com o leitor. Um reconhecimento de que os discursos que a pesquisa constrói sobre a realidade são os discursos possíveis e seus limites são dados pelas formas de conduzir a pesquisa. Se os “caminhos investigativos” forem conscientemente construídos e claramente explicitados no texto, o leitor e a leitora poderão fazer seu próprio julgamento e concordar ou não com o que foi escrito.

- Ciência Modesta – ao aceitar as limitações da pesquisa, abre mão da autoridade científica, que poderia investir o texto de certo poder de verdade.

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9 – REFLEXÃO METODOLÓGICA NA GEOGRAFIA

Até o momento, não consegui identificar uma tradição de reflexão metodológica na geografia brasileira, de modo que nossas pesquisas, ou precisem recorrer as metodologias desenvolvidas em outros campos disciplinares, como Sociologia, História, Educação e Antropologia, por exemplo, ou fazer-se de maneira pouco reflexiva, ou autoreflexiva. No segundo caso, algumas confusões são mais comuns do que gostaríamos que fossem, como aquela que ocorre entre questionário e entrevistas.

E esta é uma questão preocupante, pois, como tenho argumentado, nossas conclusões de pesquisa são tão somente aquelas que ganharam condições de emergência no percurso da pesquisa. São mais contingentes e parciais do que pensava certa concepção de ciência, que buscava a objetividade científica.

Portanto, a forma como a pesquisa de campo foi realizada indica e influencia os dados disponíveis e a forma da escrita. Então, o que se tem como resultado de uma pesquisa é fruto de um processo contingente e contextualizado de investigação, no qual são determinantes as opções do/a pesquisador/a. Os resultados seriam outros, se outras fossem as opções e os caminhos metodológicos percorridos.

Um texto do antropólogo James Clifford, recentemente, chamou-me muito a atenção, pois problematizava o que era o campo e o que era o trabalho de campo para os antropólogos. Questionava o fato de que a delimitação do campo ao contexto da aldeia produzia uma forma de olhar a cultura, que ao mesmo tempo a circunscrevia num lugar. Tratava-se de uma estratégia espacial de situar o sujeito de pesquisa num contexto em que ele pudesse ser observado in natura, que apagava as zonas de fronteira, as conexões, contatos e a atuação de forças exteriores.

Uma certa concepção de cultura, como algo homogêneo internamente e como vinculada ao lugar onde ela acontece, foi um dos desdobramentos dessa estratégia de pesquisa. A crítica a esta metodologia a esta forma de se colocar no campo, de delimitar o campo e de situar os sujeitos de pesquisa conduziu a um repensar do próprio conceito de cultura. O autor propõe que a cultura seja entendida como uma trajetória histórica, cujas “viagens” remetem a conexões em diversas escalas. Conexões que a constituem internamente. E que o encontro que se realiza no trabalho campo é o encontro com um momento dessa trajetória. Daí que

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circunscrever a cultura à aldeia e seu estudo ao campo delimitado é perder de vista estas conexões espaciais e sua temporalidade.

Fiquei pensando em como seria possível transpor estas reflexões para a geografia.

Mais ou menos na mesma época em que a antropologia chegava a estas conclusões, a geografia crítica já falava da impossibilidade de entendermos os lugares como espaços isolados, sem conexões externas. E se lermos os clássicos da geografia neles mesmos, vamos ver que esta não é uma ideia muito nova.

De qualquer forma, creio que ainda não foram colocadas, pelo menos não com a frequencia que poderia levar a alguma visibilidade, questões sobre: o que é o campo para os geógrafos, como o delimitamos, o que deixamos de lado? Percebam que a ideia de campo e de trabalho de campo na geografia é bastante vaga... será que não situamos e engessamos nossos sujeitos no campo, pois afinal, só os encontramos lá e esquecemos que eles podem ser tão móveis como nós? Uma mobilidade que os constitui como sujeitos muito mais complexos, do que nosso olhar geográfico os consegue abarcar?

Em que consiste estar no campo? Que instrumentos teóricos e metodológicos medeiam nossa relação em campo? Como equacionamos as teorias com a realidade empírica? E que concepção de sujeito, de realidade e de sua dinâmica que orientam a condução dos nossos trabalhos de campo e as interações que ali realizamos?

Pela história que conheço, de me contarem, de ler sobre, mas pouco de ter vivenciado, dado o horizonte temporal de efetivo exercício desta ciência, tenho que, entre nós, houve uma tendência de considerar a geografia, em certo momento, como um ponto de vista, ou seja, o que a diferenciava das outras ciências era uma questão de método. A geografia era a ciência que via todos os fenômenos em interação, cuja combinação formava a especificidade das regiões e lugares. Mas falta-me conhecimento em história do pensamento geográfico para saber, até que ponto esta tendência traduziu-se numa preocupação metodológica.

A geografia quantitativa surgiu com forte preocupação metodológica, com uma proposta de estabelecer objetivamente as combinações entre as variáveis, através de uma matriz matemática – como forma de produzir regionalizações. Mas aí, o foco dificilmente recai sobre o sujeito. A preocupação é em construir uma ciência do espaço.

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A geografia crítica parece ter deslocado a preocupação para o objeto e para o método. Mas, a tradução disso em metodologias de pesquisa não foi uma preocupação desenvolvida. Nesse sentido, as pesquisas na geografia parecem marcadas, historicamente, por certo espontaneismo. E, mesmo a mais recente centralidade dos sujeitos sociais, não parece ter conduzido a um acúmulo de reflexão metodológica na nossa disciplina. O que não significa que não se saiba fazer pesquisa em geografia, mas tão somente que não se reflete criticamente sobre o processo de pesquisar, não se avalia criticamente como o novo conhecimento está sendo produzido na nossa ciência.

Não parece haver espaço privilegiado nos nossos trabalhos para expormos ao leitor/a os caminhos pelos quais produzimos as informações primárias, que embasam nossas conclusões. E quando isso existe, é mais resultado de esforços isolados, que não chegam a formar um arcabouço metodológico da disciplina.

Do meu ponto de vista, isto é um problema bastante grave, pois não oferece aos iniciantes referências desta natureza, pelas quais eles pudessem orientar-se em suas pesquisas, alargando o debate metodológico a partir de suas próprias experiências. Ao mesmo tempo, corremos o risco de reforçar uma concepção de que:

- os dados estavam no campo, bastou o pesquisador ir lá coletá-los; - os dados coletados são expressão verdadeira da realidade;

- as conclusões da pesquisa mostram, portanto, a realidade tal como ela é. Esta falta de reflexividade nas pesquisas compromete o debate crítico com a teoria, pois não se assume e se reconhece os riscos – e a inevitabilidade - da parcialidade, da subjetividade, que envolveriam uma preocupação com a validade da pesquisa qualitativa. Reforça-se uma prática científica que vai a campo confirmar teorias.

Se a geografia crítica deu um passo importante ao reconhecer que não há ciência e teoria neutras, é preciso avançar e reconhecer que as metodologias de pesquisa também não o são. Como já foi dito, na interação, que é também negociação, empatia, antipatia, em campo, as opções metodológicas que empregamos fazem emergir certas informações, mas escondem outras, portanto, estamos longe de uma visão total daquela micrototalidade em que ancoramos nossos sujeitos de pesquisa.

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É possível irmos mais longe e problematizarmos também, como fazem os estudos de gênero e os estudos pós-coloniais, a situacionalidade do sujeito pesquisador em campo, de modo que aquilo que o pesquisador é e a leitura que fazem dele seus sujeitos de pesquisa conduzem a certas aberturas ou resistências, levam ao estabelecimento de certas relações pelas quais algumas informações nunca chegarão a aparecer.

Temo que se não realizarmos esforços coletivos de problematizarmos e refletirmos sobre os modos como construímos nossos campos de pesquisa, como interagimos com os sujeitos em campo; se não refletirmos continuamente sobre nossas opções metodológicas, explicitando esta reflexão no texto; se não assumirmos os limites do nosso próprio fazer e colocarmo-nos numa posição mais modesta, corremos o risco de, tal como os positivistas, confundir a realidade com aquilo que escrevemos sobre ela e, pior, de não sermos levados a sério pelo conjunto das outras ciências sociais.

O que estou propondo é que pensemos o conhecimento geográfico, na perspectiva da pesquisa qualitativa, como um conhecimento mais dialógico, aquele que sabendo que tem em mãos uma interpretação parcial da realidade, eivada de um contato e interação subjetivos e situacionais, possa aceitar fazer parte do jogo de deciframento da realidade.

Lembro aqui de um texto de Lucrécia Ferrara que diz que:

À ciência tradicional que buscava a explicação, a ciência contemporânea contrapõe interpretações e representações falíveis, em que a incerteza é assumida como forma de encarar o desafio de uma realidade que nos aparece como cada vez mais complexa. Os que aceitam participar desse jogo, engajam-se no diálogo, no qual a realidade empírica é assumida como paradigma e como critério último de validação do conhecimento. Um jogo em que as facilidades dedutivas são rejeitadas, em que se assume a dúvida e a experimentação, mas que não se recusa à elaboração teórica e ao esforço de produzir alguma generalização, como garantia mesma da possibilidade de interlocução acadêmica.

Também lembro de um texto do M. L. de Souza, em que analisa a genealogia de certa limitação epistemológica na Geografia, que ele chama de “visão de sobrevôo” – uma dificuldade em considerar as relações sociais além de certo limite, privilegiando as estruturas ao invés dos agentes, a economia ao invés da imaginação. Defende uma pesquisa em profundidade que, sem perder a dimensão

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abrangente, possa adentrar no mundo da vida. Para isso, o autor vislumbra como possibilidade o recurso à observação participante.

E é com estas duas lembranças que encerro minha fala e me coloca a disposição para dialogarmos, no tempo que nos resta e para continuarmos dialogando ao longo da disciplina, para aqueles que vão cursa-la.

REFERÊNCIAS:

BOGDAN, R. O.; BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. [Porto]: Editora Porto, 1994.

CLIFFORD, J. Culturas viajantes. In: ARANTES. A. A. (org.). O espaço da diferença. Campinas: Papirus, 2000. p. 50 – 79.

ESTRELA, M. T. O lugar do sujeito na investigação qualitativa: algumas notas. In: TRINDADE, V.; FAZENDA, I.; LINHARES, C. (org.). Os lugares do sujeito na pesquisa educacional. Campo Grande: Ed. UFMS, 2001. p. 223 – 243.

FERRARA, L. D. Lugar na cidade: conhecimento e diálogo. In: SOUZA, M. A. de (org.). Território brasileiro: usos e abusos. Campinas: Edições Territorial, 2003. p. 118 129.

FRANCO, M. L. P. B. Questões metodológicas e o papel do sujeito-pesquisador. In: TRINDADE, V.; FAZENDA, I.; LINHARES, C. (org.). Os lugares do sujeito na pesquisa educacional. Campo Grande: Ed. UFMS, 2001. p. 207 – 221.

GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

GÓMEZ, G. O. La investigación en comunicación desde La perspectiva cualitativa. [La Plata]: Faculdad de Periodismo y Comunicación Social Universidad de La Plata/Instituto Mexicano para El Desarrollo Comunitário, A.C. [sd].

RICHARDSON, R. J. e colaboradores. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2010.

SOUZA, M. L. de. Da “diferenciação de áreas” à “diferenciação socioespacial”: a “visão (apenas) de sobrevôo” como uma tradição epistemológica e metodológica limitante. Cidades, Presidente Prudente, v. 4, n. 6, p. 101 – 114, jan/dez, 2007.

TURRA NETO, N. Metodologias de pesquisa para o estudo geográfico da sociabilidade juvenil. RA’EGA, Curitiba, v. 23, p. 340-375, 2011.

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