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AVALIAÇÃO DO IMPACTO SOBRE O TURISMO

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Academic year: 2021

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AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

PARA O PROJECTO DA SASOL NO

ÂMBITO DO APP E PROJECTO DE GPL

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

SOBRE O TURISMO

Relatório de Especialista Nº 14

AIA REALIZADA PELA GOLDER ASSOCIADOS MOÇAMBIQUE LDA

COM ORIENTAÇÃO TÉCNICA POR MARK WOOD, CO

ORDE

NADOR DA AIA, DA MARK WOOD CO

NSULTANTS

ELABORADO POR:

PJ Massyn

Submetido a:

SASOL Petroleum Mozambique Limitada & Sasol Petroleum Temane Limitada Número do Relatório: 1302793 - 10712 - 22 (Port)

(2)
(3)

Resumo Não Técnico

O presente estudo incide na significância dos potenciais conflitos entre as indústrias petrolíferas e do turismo a leste da estrada de terra batida entre Vilanculos e Inhassoro, em consequência da proposta de construção e operação de novos poços de petróleo no campo de Inhassoro.

A área afectada pelo projecto de petróleo – embora em grande parte inexplorada – tem atracções turísticas significativas na forma de praias de areias brancas, vistas panorâmicas elevadas e águas calmas e

cristalinas.

O desenvolvimento do turismo nesta área encontra-se, contudo, numa fase inicial. A maioria dos empreendimentos turísticos concentra-se perto de Inhassoro e de Vilanculos, num corredor estreito ao longo da costa. O desenvolvimento tem ocorrido numa forma ad hoc e em grande parte não planificado, encontrando-se presentemente dominado por pequenos investidores pioneiros, a funcionar em condições geralmente adversas. Apesar disso, o potencial turístico da área é amplamente reconhecido e há altas expectativas em termos do seu desempenho futuro. Várias iniciativas têm tentado estimular um

desenvolvimento de maior escala, especialmente um programa conjunto entre o Governo e a Corporação Internacional de Finanças (IFC) que resultou na reserva duma parte significativa da área de estudo para o desenvolvimento futuro de estilo estância turística.

O potencial conflito entre o projecto e a indústria do turismo está, em grande medida, limitado ao corredor costeiro e o local de investimento Âncora e é mitigado, em geral, pela área reduzida ocupada pelos poços propostos, o seu aspecto discreto e os requisitos de manutenção limitados. Os poços não terão qualquer impacto estético no Arquipélago de Bazaruto e provavelmente serão invisíveis a partir dos locais de turismo nas ilhas. Desde que os poços actuais e futuros fiquem fora do corredor costeiro de alto valor e não

representem uma ameaça de poluição significativa às terras húmidas costeiras altamente valorizadas, a expansão proposta do campo de Inhassoro não representa uma ameaça significativa ao desenvolvimento do turismo actual e futuro na área.

Excepções possíveis a esta conclusão são os dois poços situados numa área definida como ‘Habitat Crítico’, segundo os padrões de desempenho da IFC, perto do riacho costeiro de Nhangonzo. Se as decisões sobre a protecção futura desta área resultarem na sua incorporação no Local Âncora, então a localização actual destes poços poderá ter um impacto significante no local. Do ponto de vista do turismo, poderá assim ser preferível deslocar os poços. Contudo, o autor reconhece que poderá haver uma série de factores que poderão influenciar a viabilidade da deslocação de poços e linhas de fluxo. Não são tomados em consideração factores que se encontram fora do âmbito deste estudo e as recomendações baseiam-se meramente na conveniência da mudança do ponto de vista do turismo. Outros factores que possivelmente devem ser considerados antes de tomar uma decisão final sobre a localização dos poços e linhas de fluxo devem ser avaliados no EIA.

Se as recomendações apresentadas no presente estudo forem implementadas, as duas indústrias poderão coexistir produtivamente dentro da área afectada pelo projecto de petróleo.

(4)

ÍNDICE

1.0 INTRODUÇÃO ... 1 1.1 Antecedentes ... 1 1.2 Âmbito do Estudo ... 2 1.3 Dados do Autor ... 2 2.0 QUADRO LEGAL ... 3 2.1 Zonas Administrativas ... 3

2.2 Uso da Terra e Ordenamento Territorial ... 4

2.3 Turismo ... 6

2.4 Outra Legislação... 7

3.0 METODOLOGIA E LIMITAÇÕES DO ESTUDO ... 7

4.0 DESCRIÇÃO DO PROJECTO ... 8

4.1 Poços ... 8

4.2 Linhas de fluxo ... 8

5.0 O AMBIENTE DE REFERÊNCIA ... 9

6.0 IMPACTOS NA FASE DA CONSTRUÇÃO ... 15

7.0 IMPACTOS NA FASE OPERACIONAL ... 15

7.1 Impacto sobre o Turismo nas Ilhas (visibilidade) ... 15

7.2 Impacto sobre o Turismo no Continente ... 18

7.2.1 Definição da Área de Influência Directa ... 18

7.3 Impactos Discerníveis na Área de Influência Directa ... 18

7.4 Impactos para além da AID ... 21

8.0 RECOMENDAÇÕES ... 22

8.1 Localização das Infra-estruturas Propostas para o Projecto ... 22

8.2 Comunicação e Coordenação ... 22

9.0 CONCLUSÕES ... 24

(5)

FIGURAS

Figura 1-1: Mapa do projecto proposto da Planta de Líquidos e no âmbito do APP e projecto de GPL ... 3

Figura 5-1:Vista aérea da linha costeira na área de estudo (IFC et al, 2013). ... 9

Figura 5-2: Plano Conceitual para o Local Âncora elaborado pelo MATIP (IFC et al, 2013) ... 11

Figura 5-3: Mapa de localização a ilustrar o Local Âncora de Inhassoro em relação ao campo de petróleo de Inhassoro ... 12

Figura 5-4: Zoneamento Proposto para o Local Âncora ... 13

Figura 7-1: Panorama teórica de seis poços a leste da estrada de terra batida de Inhassoro a Vilanculos ... 16

Figura 7-2: Efeito das árvores na visibilidade das áreas de poços a partir das ilhas ... 17

Figura 7-3:O Local Âncora em relação à área definida dos Habitats Críticos ... 20

Figura 8-1:Zonas de exclusão para a indústria petrolífera recomendadas no estudo em relação aos impactos no turismo ... 23

FOTOGRAFIAS Fotografia 7-1: Área de poços existente em I-4. A área de poços é invisível a curta distância da vedação ... 17 Fotografia 7 2: Área de poços existente em I-12. A área de poços é invisível a curta distância da

vedação...Error! Bookmark not defined.

ANEXOS ANEXO A

Mapa usado no Decreto No 75/2010 para definir a delimitação da Zona de Interesse Turístico de Mapanzene e Chipongo ANEXO B

Curricula Vitae ANEXO C

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LISTA DE ACRÓNIMOS

ACTF Área de Conservação Transfronteiriça

AIA Avaliação de Impacto Ambiental

AID Área de Influência Directa

AII Área de Influência Indirecta

APIT Área Prioritária para o Investimento em Turismo

APP Acordo de Partilha de Produção

CMV Conselho Municipal de Vilanculos

CPF Central Processing Facility (Unidade Central de Processamento)

CPI Centro de Promoção de Investimento

DUAT Direito de Uso e Aproveitamento da Terra

GdM Governo de Moçambique

GIZC Gestão Integrada da Zona Costeira

IFC Internacional Finance Corporation (Corporação Internacional de Finanças)

INATUR Instituto Nacional do Turismo

MATIP Mozambique Anchor Tourism Investment Program (Programa Âncora de Investimento em

Turismo em Moçambique)

MICOA Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental MITUR Ministério do Turismo

PPP Parceria Público-Privada

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1.0 INTRODUÇÃO

1.1 Antecedentes

A Sasol Petroleum Moçambique (SPM) tem um Acordo de Partilha de Produção (APP) com o Governo de Moçambique e a ENH (Empresa Nacional de Hidrocarbonetos). Por sua vez, foi assinado um Contrato de Produção de Petróleo (CPP) entre a Sasol Petroleum Temane (SPT) e as suas parceiras (a Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos (CMH) e a Internacional Finance Corporation (IFC) e o Governo de Moçambique, englobando os campos actualmente em produção nas áreas de Temane e Pande. As licenças para o CPP e o APP sobrepõem-se em grande medida, tanto na área de Pande como de Temane. A licença para o CPP aplica-se as formações específicas nestas áreas que contêm

hidrocarbonetos. A licença para o APP abrange todas as outras formações nas áreas geográficas de Temane e Pande que estão actualmente a ser consideradas para fins de desenvolvimento, e também inclui outros campos e possíveis depósitos petrolíferos onde foram perfurados poços de exploração e de

avaliação, mas que ainda não foram declarados como sendo comercialmente viáveis.

A fábrica de processamento de gás da Sasol, designada por Unidade Central de Processamento (Central

Processing Facility - CPF), está situada a 40 km a noroeste de Vilanculos. Presentemente, toda a produção

da Sasol é exportada a partir da CPF, tanto na forma de gás canalizado por gasoduto, em grande parte destinado à África do Sul, como na forma de condensado que é transportado em camiões-tanque para Beira para posterior despacho por via marítima. Uma proporção crescente do gás é usada em Moçambique, tanto para fins industriais como para a produção de energia eléctrica. Na Província de Inhambane, o gás é fornecido à Central Eléctrica da EDM, que fornece a electricidade presentemente fornecida às áreas de Inhassoro, Vilanculos, Govuro, Funhalouro e Mabote, no norte da Província de Inhambane, bem como a uma parte do vizinho Distrito de Machanga, na Província de Sofala. O gás fornecido à EDM também é comercializado localmente no continente, e é canalizado para o Arquipélago de Bazaruto, onde é usado para aquecimento.

Desde que o projecto foi inicialmente estabelecido em 2002, a Sasol expandiu a CPF e introduziu poços adicionais de produção de gás nos campos de gás de Temane e de Pande. No momento actual a CPF compreende quatro trens de processamento de gás, que recebem o gás fornecido por vinte e quatro poços terrestres de produção, doze dos quais se situam no campo de Temane e doze no campo de Pande. O Projecto de Desenvolvimento no Âmbito do APP e Projecto de Produção de GPL (aqui referido como ‘o projecto’) envolve a expansão da CPF com vista a processar gás, condensado e petróleo leve adicionais da área definida no Acordo de Partilha de Produção (APP) com o Governo de Moçambique. O projecto irá aumentar, de forma significativa, a capacidade da Sasol de processar gás e líquidos, e pode incluir instalações para produzir Gás de Petróleo Liquefeito (GPL), que pode vir a substituir grande parte das 15.000 a 20.000 toneladas por ano que presentemente são importadas a um custo significativo para

Moçambique.

O projecto é constituído por duas componentes principais, que podem ser implementados simultaneamente ou em sequência:

ƒ

A Fase 1 do Projecto de Produção de Gás no âmbito do APP (o ‘projecto do gás’), que envolve seis poços de produção no Campo de Temane e um trem adicional de processamento de gás (5o) na CPF,

concebido para processar o gás e condensado adicional dos poços e situados dentro dos limites da planta existente;

ƒ

A Fase 1 do Projecto de Produção de Líquidos no âmbito do APP (o ‘projecto de líquidos’), que envolve doze poços de produção de petróleo e um poço de recolha de dados no campo de Inhassoro, e uma nova Planta de Processamento de Líquidos e uma Planta de Produção de Gás de Petróleo Liquefeito (GPL), situada adjacente ao lado nordeste da CPF. Prevê-se que esta planta venha a produzir 15.000 barris de crude por dia e 20.000 toneladas de GPL por ano. Como alternativa, a planta de GPL pode ser estabelecida como uma planta autónoma enquadrada na área de delimitação da CPF, juntamente com o Projecto de Gás no âmbito do APP.

(8)

Todos os poços de gás e de petróleo serão ligados à CPF através de condutas enterradas, designadas por ‘linhas de fluxo’, semelhantes em termos de desenho às que fornecem actualmente a planta com gás. As novas linhas de fluxo devem, tanto quanto possível, seguir as linhas de acesso existentes, e na secção que atravessa o Rio Govuro serão ligadas às condutas já existentes que se encontram colocadas no leito do canal do rio desde a altura do projecto de construção em 2002, a fim de evitar qualquer perturbação causada por travessias adicionais.

1.2

Âmbito do Estudo

O presente estudo especializado incide na significância dos potenciais conflitos entre o projecto e o desenvolvimento do turismo a leste da estrada de terra batida entre Vilanculos e Inhassoro. Assim, a área de estudo limita-se à faixa costeira a leste da estrada de terra batida afectada pelas áreas de poços propostos e pelas linhas de fluxo associadas do projecto de produção de líquidos de Inhassoro (consultar a Figura 1-1). O projecto de gás no campo de Temane e a adição de instalações novas adjacentes à CPF não irão influenciar o potencial turístico da região de maneira significativa e assim ficam fora do âmbito do estudo.

O risco e a mitigação dos impactos decorrentes de um grande derrame de petróleo, devido à ‘erupção’ de um poço ou uma falha numa linha de fluxo, são tratados algures no presente relatório. Não obstante, o relatório salienta a possibilidade de uma degradação severa dos recursos turísticos no caso de um derrame catastrófico, e apresenta algumas recomendações a este respeito.

Os objectivos do estudo são:

ƒ

Rever o quadro legal que rege os direitos de uso de terra para o desenvolvimento do turismo ao longo da linha costeira de Inhassoro.

ƒ

Rever a literatura principal e entrevistar as partes interessadas no sector de turismo a fim de definir de uma forma melhor as questões no âmbito do turismo relacionadas com as actividades da indústria petrolífera nas imediações da linha costeira de Inhassoro.

ƒ

Examinar e documentar a situação das iniciativas de planeamento do turismo e as ‘zonas de interesse turístico’ legisladas na área de estudo (incluindo o ‘local âncora’ do INATUR/IFC e outras iniciativas).

ƒ

Avaliar o potencial efeito das áreas de poços e das linhas de fluxo na área de estudo no

desenvolvimento futuro do turismo, tomando em conta toda a informação disponível.

ƒ

Determinar se existem alternativas razoáveis para as áreas de poços e linhas de fluxo que

possivelmente entrem em conflito com o desenvolvimento futuro do turismo.

ƒ

Recomendar uma estrutura de comunicação permanente entre as várias partes interessadas na indústria que possivelmente tenham interesses contraditórios no uso da zona costeira.

1.3

Dados do Autor

Peter John Massyn obteve um Mestrado na Universidade de Witwatersrand e está no presente momento a fazer o Doutoramento na Universidade de Joanesburgo. Realizou trabalhos de investigação, avaliações e estudos de viabilidade de turismo na África do Sul, Botswana, Namíbia, Zimbabué, Zâmbia, Lesoto, Suazilândia, Madagáscar, Quénia, Uganda, Burundi, Libéria, Senegal e Tanzânia. Tem vasta bibliografia publicada sobre temas nas áreas de planeamento turístico, reforma agrária, economia, património mundial e parcerias público-privadas. Foi co-autor de um livro sobre concessões em áreas protegidas, que será lançado no Congresso Mundial de Parques na Austrália posteriormente este ano.

Presentemente, desempenha as funções de Director Executivo da African Safari Foundation, uma iniciativa sem fins lucrativos fundada para melhorar as ligações entre a indústria do turismo e as economias locais, e é especialista em turismo com funções consultivas junto da Corporação Internacional de Finanças e do Banco Mundial nos seus programas na África Austral e Central. Nesta função, trabalhou no Programa Âncora de Investimento em Turismo em Moçambique que, entre outras coisas, identificou e promoveu o Local Âncora de Inhassoro, situado na área de estudo.

(9)

Figura 1-1: Mapa do projecto proposto da Planta de Líquidos e no âmbito do APP e projecto de GPL

2.0 QUADRO

LEGAL

2.1 Zonas

Administrativas

O corredor costeiro entre Vilanculos e Inhassoro inclui três zonas administrativas distintas, cada uma com processos específicos e às vezes divergentes em relação à aquisição de direitos de uso e aproveitamento da terra:

ƒ

A área sob controlo do Conselho Municipal de Vilanculos (CMV), que se estende até aproximadamente oito quilómetros a norte da Cidade de Vilanculos e na qual se aplica o regulamento sobre o solo urbano;

ƒ

As áreas sob jurisdição das Administrações Distritais de Vilanculos e de Inhassoro, representando a maior parte da área de estudo e que estão sujeitas ao regulamento sobre o solo rural; e

ƒ

Uma área com uma extensão de aproximadamente 2.750ha, muitas vezes designada por Local Âncora de Inhassoro, que em Dezembro de 2010 foi reservada como a Zona de Interesse Turístico (ou ZIT) de Mapanzene e Chipongo. Ao abrigo da Declaração das ZIT, este local deve ser desenvolvido de acordo com um plano de uso da terra baseado no turismo e administrado pelo INATUR. Há, contudo, algumas dúvidas sobre a situação actual da ZIT, devido à incerteza sobre a conclusão atempada do plano de uso da terra exigido (ver mais detalhes abaixo).

(10)

Devido à extensão limitada do CMV no corredor, este relatório incide na legislação e regulamentos que regem os direitos de uso e aproveitamento da terra nas áreas das Administrações Distritais e da ZIT. A secção trata da legislação relevante para o sector de turismo. A legislação específica para a indústria petrolífera é tratada numa outra parte (consulte Golder Associates, 2014).

2.2

Uso da Terra e Ordenamento Territorial

ƒ

A Constituição de Moçambique (2004) subscreve o princípio geral que “O Estado promove iniciativas para garantir o equilíbrio ecológico e a conservação e preservação do ambiente visando a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos” (Artigo 117). Um dos princípios fundamentais da Constituição é que os recursos naturais são parte do domínio público do Estado. Especificamente, a terra pertence ao Estado e os direitos de uso (ou licenças especiais) podem apenas ser concedidos a privados pelo Estado.

ƒ

A Política de Terras (Resolução n° 10/95), a Lei de Terras (Lei n° 19/97), e o Regulamento da Lei de Terras (Decreto n° 66/98) constituem a base para a definição dos direitos de uso da terra,

estipulando os procedimentos para a aquisição de títulos pelas comunidades e por pessoas singulares na forma dum Direito de Uso e Aproveitamento da Terra ou DUAT. A lei reconhece três formas de obtenção dum DUAT:

ƒ

Normas e práticas consuetudinárias, que envolvem a ocupação por indivíduos e comunidades

locais na base de normas e práticas consuetudinárias. Isto significa que os indivíduos e as

comunidades locais podem obter um DUAT por ocupação baseada nas tradições locais, como uma herança dos seus antepassados.

ƒ

Ocupação de boa-fé, que envolve a ocupação por indivíduos que têm estado a usar a terra em

boa-fé durante por um período mínimo de dez anos. Este tipo de ocupação apenas se aplica a cidadãos nacionais.

ƒ

Autorização dum pedido apresentado ao Estado de acordo com a legislação de terras. Esta

constitui a única forma de obtenção dum DUAT aplicável a pessoas singulares e colectivas estrangeiras.

ƒ

A entidade responsável por autorizar os DUAT nas áreas rurais depende do tamanho da terra requerida:

ƒ

o Governo Provincial para áreas inferiores a 1.000 hectares;

ƒ

o Ministro da Agricultura para áreas entre 1.000 e 10.000 hectares; e

ƒ

o Conselho de Ministros para áreas superiores a 10.000 hectares.

ƒ

Um DUAT, concedido para fins de desenvolvimento territorial para actividades económicas, é válido por um período até 50 anos, e é renovável por um período igual.

ƒ

A Lei de Terras especifica contudo, que não pode ser obtido o DUAT nas zonas de protecção total e parcial, que são consideradas domínio público. Em vez disso, estabelece disposições para a emissão de ‘licenças especiais’ para actividades específicas em tais áreas.

ƒ

As zonas de protecção total incluem as áreas destinadas à conservação e defesa da natureza. O Ministério do Turismo (MITUR) emite licenças especiais nestas zonas.

ƒ

As zonas de protecção parcial incluem, entre outras, o leito de cursos de água do interior, de águas territoriais e da zona económica exclusiva, a plataforma continental bem como as ilhas, baías, estuários e a linha costeira até 100 metros da linha de máxima preia-mar. Também podem ser estabelecidas zonas de protecção parcial para prevenir conflitos sobre o uso da terra em redor de indústrias estratégicas (incluindo a CPF). A autorização de licenças especiais nas zonas de protecção parcial compete ao Governador Provincial.

(11)

ƒ

Contudo, o procedimento para a obtenção duma licença especial não está claramente definido. Como resultado, este processo tem constituído muitas vezes um aspecto controverso do desenvolvimento do turismo. Há também numerosos casos ao longo da linha costeira moçambicana onde foi concedido o DUAT – em vez de licenças especiais – dentro da faixa de 100 metros da zona costeira, numa clara violação da lei.

ƒ

Os estrangeiros devem registar um projecto de investimento junto do Centro de Promoção de Investimento (CPI) antes da obtenção dum DUAT ou licença especial. Consideram-se ‘estrangeiros’ tanto as pessoas singulares cuja nacionalidade não seja moçambicana, como as sociedades ou instituições constituídas nos termos da legislação moçambicana ou estrangeira, com o capital social detido em pelo menos 50% por cidadãos, sociedades ou instituições estrangeiras. Os projectos de investimento carecem de aprovação por autoridades diferentes, dependendo do volume de investimento:

ƒ

do Governador Provincial para projectos de investimento nacional num valor não superior a um bilião e quinhentos milhões de Meticais (USD 48,4 milhões);

ƒ

do Director-Geral do CPI para projectos de investimento nacional ou estrangeiro num valor não superior a dois biliões e quinhentos milhões de Meticais (USD 80,6 milhões);

ƒ

do Ministro da Planificação e Desenvolvimento para projectos de investimento nacional e estrangeiro num valor não superior a treze biliões e quinhentos milhões de Meticais (USD 435 milhões);

ƒ

do Conselho de Ministros para (i) projectos de investimento num valor superior a treze biliões e quinhentos milhões de Meticais; (ii) projectos que requeiram um DUAT com áreas superiores a 10.000 hectares; (iii) projectos que requeiram concessões florestais em áreas que excedem os cem mil hectares; e (iv) qualquer outro projecto com implicações políticas, económicas, sociais,

financeiras e ambientais, cuja ponderação seja remetida ao Conselho de Ministros sob proposta do Ministro da Planificação e Desenvolvimento.

ƒ

O Director-Geral do Gabinete das Zonas Económicas de Desenvolvimento Acelerado (GAZEDA) para projectos em regime de Zona Económica Especial (ZEE) e de Zona Franca Industrial (ZFI).

A Lei do Ambiente (Lei n° 20/97 e o Regulamento relativo ao Processo de Avaliação do Impacto Ambiental (Decreto n° 45/2004 e a sua actualização pelo Decreto n° 42/2008) definem os princípios e conceitos fundamentais para a gestão ambiental em Moçambique. Estes dois instrumentos estabelecem o quadro institucional básico para a protecção ambiental; estabelecem as normas da protecção do ambiente; estabelecem um conjunto de instrumentos de gestão ambiental (a licença ambiental, o processo de

avaliação do impacto ambiental e a auditoria ambiental); e descrevem o sistema de fiscalização, infracções e penalizações em caso de incumprimento. A Lei exige que o licenciamento e registo das actividades que, dada a sua natureza, localização ou dimensão sejam susceptíveis de provocar impactos significativos sobre o ambiente, estão sujeitos a legislação específica. A emissão da licença ambiental é baseada numa

avaliação do impacto ambiental (AIA) ou, em alguns casos, uma avaliação ambiental simplificada, que deve anteceder a concessão de quaisquer outras licenças exigidas por lei para cada caso (Golder Associates, 2014).

A legislação marítima e ambiental exige que qualquer desenvolvimento costeiro deve ser sujeito à definição do âmbito ambiental e em alguns casos a uma AIA completa. Em certos casos e locais

específicos, a legislação de terras e a legislação marítima são interpretadas como significando que não é permissível a construção de infra-estruturas a uma distância mínima de 100 metros da linha máxima de preia-mar. Contudo, por vezes é possível obter-se uma licença especial para realizar desenvolvimentos nesta zona, através do processo de avaliação ambiental.

A Lei de Florestas e Fauna Bravia (Lei n° 10/99) identifica os princípios da participação das comunidades locais na gestão sustentável dos recursos naturais dentro e fora das áreas protegidas. Esta Lei apoia a Lei de Terras na medida em que é exigida uma licença especial para o desenvolvimento de actividades

(12)

económicas dentro das áreas protegidas. A Lei sublinha que no quadro da descentralização, a conservação e o uso sustentável dos recursos devem ser compatibilizados com os das autoridades locais.

A Lei do Ordenamento do Território (Lei n° 19/2007) e a Política de Ordenamento do Território

(Resolução n° 18/2007) apresentam o quadro para o uso coordenado da terra nas áreas urbanas e rurais. O ordenamento do território para as áreas rurais engloba os planos regionais, provinciais e distritais, que são elaborados através de um processo consultivo seguido da sua publicação no Boletim da República, que legaliza os instrumentos. O Plano Distrital do Uso da Terra é aprovado pelo Administrador Distrital e depois submetido ao Governador Provincial para ratificação, antes da sua publicação no Boletim da

República. O ordenamento do território especificamente toma em conta os direitos de ocupação das

comunidades locais e oferece oportunidades para comentários, reclamações e discussões. O coordenador nacional do processo de elaboração é responsável pela harmonização do instrumento de planeamento com os objectivos das políticas e leis sectoriais pertinentes, bem como com as partes interessadas a nível local. Os ocupantes legais anteriores numa área planeada para o interesse, necessidade ou uso público, serão – mas apenas se for necessário – retirados e razoavelmente compensados pela perda de activos corpóreos e incorpóreos, a pelo enfraquecimento da coesão social, e a perda dos seus activos produtivos (Coastal & Environmental Services & SAL CDS, 2010a).

Ao contrário de muitos países com linhas costeiras extensas (incluindo a vizinha África do Sul a nível regional), Moçambique não tem legislação específica dedicada à gestão integrada da zona costeira (GIZC). Conforme definido pelo Banco Mundial, o objectivo da GIZC é de “maximizar os benefícios oferecidos pela zona costeira e minimizar os conflitos e efeitos adversos das actividades mútuas e recíprocas, nos recursos e no ambiente. A GIZC deve assegurar que o processo de definição dos

objectivos, planeamento e implementação envolva um leque de grupos de interesse o mais amplo possível, que se alcance o melhor compromisso possível entre os diferentes interesses envolvidos e que se alcance um equilíbrio no uso global das zonas costeiras do país” (Banco Mundial, 1996). Embora a lei moçambicana não reconheça a costa como uma zona de gestão distinta, os princípios do uso equilibrado, gestão

integrada do sistema e sustentabilidade ambiental, que sustentam a GIZC, são evidentes na legislação existente do país, que visa estipular os procedimentos, instituições e planos de ordenamento territorial para o uso coordenado e sustentável de todos os recursos terrestres e marinhos.

2.3 Turismo

A Lei do Turismo (Lei n° 4/2004) preconiza os princípios de que o desenvolvimento social e económico deve respeitar o património florestal, faunístico, mineral, arqueológico e artístico, e preservar os valores e a biodiversidade e ecossistemas marinhos e terrestres. A Lei considera o turismo como contribuindo para o crescimento económico, a criação de emprego e o alívio da pobreza. Também prevê o melhoramento específico do nível de vida das comunidades locais como resultado da sua participação activa nas actividades do turismo. A participação do sector privado na promoção e desenvolvimento dos recursos turísticos e o estabelecimento de mecanismos de comunicação e participação interinstitucional são responsabilidades-chave do sector.

A política Nacional e Estratégia de Turismo (Resolução nº 14/2003) prevêem Áreas Prioritárias para Investimento no Turismo (APITs), que são áreas com alto potencial onde o turismo é considerado como a principal força motriz do crescimento económico.

O Decreto n° 77/2009 cria as Zonas de Interesse Turístico (ou ZITs) a fim de reservar terra com valor estratégico para o desenvolvimento do turismo sem necessidade de um DUAT. O decreto estipula que ‘qualquer região ou área do território nacional, livre ou ocupada, pode ser declarada uma zona de interesse

turístico, se possuir características relevantes, nomeadamente, recursos naturais, históricos ou culturais capazes de originar correntes de turistas nacionais, regionais e internacionais e cuja dinâmica económica assenta, efectiva ou potencialmente, no desenvolvimento da actividade turística como actividade principal. A

declaração deve ser proposta pelo INATUR e avaliada por uma comissão de avaliação multissectorial, antes da sua apresentação ao Conselho de Ministros através do Ministro do Turismo. A declaração duma ZIT deve tomar em conta direitos anteriores mas, uma vez declarada, tem o efeito de congelar os direitos de uso da terra, licenças especiais e planos territoriais existentes, até à aprovação de um plano novo (‘Plano

(13)

em cada declaração individual – apenas o INATUR pode pedir um título de terra na área declarada. Embora não claramente regulamentado, é provável que a compensação pela perda de direitos numa ZIT venha a seguir as regras da legislação sobre o ordenamento territorial indicadas acima. Uma vez aprovado, o novo plano torna-se o instrumento de ordenamento territorial com força legal na ZIT, e a concessão de todas os direitos de terra e outras licenças na área ficam sujeitas à aprovação nos termos deste instrumento.

2.4 Outra

Legislação

A Lei de Minas (Lei n° 14/2002, de 26 de Junho) e o Regulamento da Lei de Terras definem que ‘o uso da terra para operações mineiras’ tem prioridade sobre outras formas de uso da terra quando o benefício económico e social relacionado com estas operações seja superior’ (Lei de Minas, Artigo 43, número 2). Assim, os direitos do uso de terra existentes, incluindo os direitos ao abrigo do estatuto de ZIT, podem ser anulados e reemitidos a favor de concessões mineiras qualificadas, mas esta acção deve seguir o devido procedimento e está sujeita a uma vasta e detalhada consulta, avaliação e compensação.

Outra legislação e políticas – incluindo mas não se limitando à exploração florestal, o uso da água,

património cultural, parcerias público-privadas e projectos de grande dimensão – podem afectar o direito do uso da terra na área de estudo para fins turísticos, mas não são analisadas no presente estudo.

3.0 METODOLOGIA

E

LIMITAÇÕES DO ESTUDO

O estudo incluiu as seguintes actividades:

ƒ

Análise do Relatório d e Definição do Âmbito Ambiental para o projecto, seguida de reuniões de introdução com o cliente para definir e clarificar o âmbito do estudo;

ƒ

Análise dos documentos de referência, incluindo as leis e políticas relevantes, s planos turísticos e distritais, relatórios de investimento, estudos de caso, avaliações ambientais e sociais, mapas, e outra literatura relevante;

ƒ

Entrevistas em Maputo, Vilanculos e Inhassoro com informadores principais da IFC, INATUR, MITUR, Administrações Distritais e da Associação Provincial de Turismo;

ƒ

Um estudo de campo que envolveu visitas a várias áreas de poços existentes e propostos; às comunidades de Mapanzene, Chipongo e aldeias de pescadores na vizinhança; ao Local Âncora de Inhassoro; e a vários estabelecimentos de turismo nas cidades de Vilanculos e Inhassoro e arredores;

ƒ

A aplicação da metodologia acordada para a avaliação do impacto e a elaboração de um relatório

preliminar.

O estudo foi limitado pelos curtos prazos disponíveis mas conseguiu fazer uso de uma literatura vasta, tirar partido da experiência prévia do autor na área, e utilizar informações facultadas por uma grande diversidade de informadores. A única lacuna significante de informações que ficou até ao momento de redacção deste relatório é a incerteza com relação à elaboração e aprovação de um plano territorial para a Zona de Interesse Turístico no centro da área de estudo (como exigido pelo Decreto n° 75/2010, artigo 2 – ver mais detalhes abaixo). Contudo, o autor teve a oportunidade de analisar um relatório anterior e fazer uma avaliação do zoneamento relativo ao local, que se julga constituir a base para as actividades do INATUR nesta área.

(14)

4.0

DESCRIÇÃO DO PROJECTO

O relatório faz uma apresentação dos potenciais impactos das infra-estruturas propostas pelo projecto no campo de Inhassoro, que são constituídas por sete poços novos de produção, dois poços existentes e um poço não produtivo, juntamente com as suas linhas de fluxo associadas.

4.1 Poços

Os poços propostos para o campo de Inhassoro serão semelhantes aos poços existentes em Temane e Pande, com a infra-estrutura de superfície limitada à cabeça de poço (ou ‘árvore de natal’) centrada num bloco do poço constituído por uma área vedada e desmatada de aproximadamente 100m x 100m (1ha). Não haverá qualquer descarga de fluidos ou gás para a atmosfera nas cabeças de poço durante as operações normais. Todos os fluidos extraídos serão transferidos por linhas de fluxo para a CPF para processamento. As posições dos poços propostos foram determinadas na base de estudos de engenharia preliminares e podem ser sujeitas a algumas mudanças durante a investigação detalhada do desenho (Figura 1-1). Os locais de três dos poços de produção a serem situados no campo de Inhassoro ainda não foram determinados e estes não se encontram indicados na Figura.

4.2

Linhas de fluxo

Os fluidos dos poços serão transportados para a CPF por linhas de fluxo novas, enterradas a

aproximadamente 1m abaixo da superfície do solo, e na sua maioria seguirão as linhas de corte, estradas e outras linhas de fluxo existentes. A vala para a colocação da linha de fluxo será tipicamente escavada usando grandes tractores com pá montada na traseira ou ocasionalmente veículos com lagartas onde as condições sejam muito difíceis. Será construída uma estrada de acesso de terra batida, transitável sob todas as condições climatéricas, para permitir o acesso para manutenção ao longo das linhas de fluxo em locais onde ainda não exista acesso por estrada. A largura total da servidão de passagem permanente, incluindo a estrada de acesso de terra batida contígua, será de 15 a 25 m. As linhas de fluxo são enterradas e a servidão de passagem não é vedada, permitindo o acesso sem restrições. O uso é apenas constrangido em relação ao plantio de árvores com raízes profundas e a construção de infra-estruturas ou de edifícios. As actividades normais da agricultura podem continuar por cima das linhas de fluxo.

As linhas de fluxo exigem pouca manutenção diária. A servidão de passagem é monitorada regularmente para verificar quaisquer sinais de actividade humana (como escavações) que poderão criar riscos, e para detectar quaisquer fugas. Contudo, as fugas são muito raras, o que é evidenciado pelo facto de não ter havido registo de qualquer fuga das linhas de fluxo de Temane e Pande da Sasol durante todo o período de operações. Uma vez satisfeitas as obrigações do empreiteiro, as responsabilidades para a manutenção de reabilitação ao longo das linhas de fluxo passam para a Sasol Petroleum Temane (SPT).A reabilitação é verificada anualmente e, onde necessário, são tomadas medidas para controlar o crescimento do capim as ervas, controlar os canais de combate à erosão ou remover espécies invasoras. As estradas de acesso de terra batida são também controladas em termos de erosão e são mantidas em boas condições.

(15)

5.0

O AMBIENTE DE REFERÊNCIA

A aglomeração Vilanculos/Inhassoro/Bazaruto constitui presentemente o destino de lazer mais desenvolvido de Moçambique, com atracções turísticas significativas na forma de ilhas virgens, um parque nacional marinho, o mergulho e snorkeling de alta qualidade, praias vasta, e águas calmas e cristalinas. A linha costeira da área de estudo – embora em grande parte não desenvolvida – é particularmente atraente, com praias de areias brancas e vistas panorâmicas elevadas sobre a zona sujeita a marés até às ilhas do arquipélago de Bazaruto.

Figura 5-1:Vista aérea da linha costeira na área de estudo (IFC et al, 2013).

Segundo dados providenciados pelo MITUR Inhambane atraiu 18.510 visitantes internacionais durante 2010, ocupando o segundo lugar, depois da Cidade de Maputo. A taxa de ocupação média na Província é contudo muito baixa, com níveis avaliados em cerca de 10% nos últimos anos. Entre as questões negativas mencionadas pelos operadores contam-se a crise económica internacional, custos operacionais elevados, baixos padrões de prestação de serviços, burocracia, corrupção, infra-estruturas não adequadas, e o ressurgimento de insegurança no interior (EcoAfrica, 2009; Tourism Strategy Company et al, 2012; Usto, comunicação pessoal, 2014).

Os estabelecimentos de luxo, visando o segmento superior do mercado, concentram-se fora da área de estudo, nas ilhas de Bazaruto, na Cidade de Vilanculos e na península próxima de São Sebastião. Estas áreas – especialmente as ilhas – têm-se vindo a estabelecer solidamente como destino turístico de primeira qualidade para nichos de mercado regionais e internacionais. Em contrapartida, o cenário de referência em Inhassoro e na própria área de estudo continua em grande parte como descrito em vários relatórios

anteriores. As expectativas dos benefícios económicos do turismo são elevadas. Foram concedidos muitos títulos de uso da terra ao longo da costa, levando a conflitos sobre o uso com os pescadores locais que se confrontam com uma crescente usurpação e restrição relacionadas com o turismo e a conservação.

Presentemente, o desenvolvimento do turismo estende-se para dentro da área de estudo ao longo da costa sul de Inhassoro e a norte de Vilanculos, mas a sua densidade diminui com o aumento da distância das vilas, de modo que a secção central mais remota não tem quaisquer desenvolvimentos formais. De um modo geral, o investimento é de pequena escala, vindo principalmente da África do Sul e do Zimbabué; o alojamento é de um nível básico e muitas vezes sem refeições incluídas (tipo self-catering); e a maioria dos turistas são regionais (sul-africanos e zimbabueanos), com um mercado doméstico, internacional e de negócios bastante limitado, este último em grande parte ligado às actividades do Governo, doadores e a Sasol. (Visser, 2003; SNV, 2007; EcoAfrica, 2009; Tourism Strategy Company et al, 2012.)

(16)

Um levantamento rápido dos operadores turísticos em Vilanculos e Inhassoro (incluindo uma entrevista com o presidente da Associação de Hotelaria e Turismo da Província de Inhambane) não indicou quaisquer preocupações significativas em relação às operações actuais da Sasol ou às expansões propostas na área de estudo. Estas fontes não consideram que o projecto seja uma ameaça ao desempenho do turismo actual ou ao investimento iminente. De facto, alguns operadores mencionaram a presença do pessoal da Sasol como uma forma significativa de turismo de negócios, que foi particularmente importante, tendo em vista a situação crítica da procura no mercado de lazer.

Apesar do seu desempenho histórico insuficiente, o turismo na área de estudo assumiu uma importância estratégica como forma prioritária de uso da terra. Há várias intervenções que reconheceram o seu

potencial latente e que se esforçaram para colocar a área para uma via de desenvolvimento de maior valor:

ƒ

O Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo em Moçambique (2004-2013) classifica as ilhas

de Bazaruto e a costa continental (incluindo a área de estudo) como Área Prioritária Tipo A para Investimento no Turismo.

ƒ

A inclusão do Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto na Área de Conservação Transfronteiriça do Grande Limpopo confere um peso adicional ao estatuto de prioridade atribuído à região.

ƒ

O Plano Director de Turismo para o Distrito de Vilanculos, elaborado em 2009 mas não oficialmente adoptado, apresenta uma visão duma economia optimizada de turismo, recorrendo principalmente a um conjunto de atracções costeiras de alta qualidade (EcoAfrica, 2009).

ƒ

A Estratégia de Turismo de Inhambane, elaborada em 2012 mas igualmente ainda não adoptada, também visa o desenvolvimento de um produto de turismo de classe mundial com base nas atracções principais – essencialmente costeiras – da Província (Tourism Strategy Company, 2012).

ƒ

O Plano de Desenvolvimento da Província de Inhambane para 2011-2020 recorre às estratégias nacionais e define como objectivo geral a redução da pobreza de 57,9% (2009) para 45,0% em 2014 e 40,0% até 2020. O turismo é definido como “a maior riqueza para o desenvolvimento da economia da província” (GPE, 2010).

Contudo, a intervenção recente mais significativa veio do Programa Âncora de Investimento em Turismo em Moçambique (MATIP). Esta iniciativa conjunta do GdM e da IFC identificou 2.750ha, aproximadamente a meio caminho ao longo da costa entre Inhassoro e Vilanculos, como ‘local âncora de investimento’ e elaborou um plano ambicioso para uma estância turística de grande escala, incluindo hotéis, residências, campos de golfe e instalações de lazer (IFC et al, 2013).

(17)

Figura 5-2: Plano Conceitual para o Local Âncora elaborado pelo MATIP (IFC et al, 2013)

O local âncora de investimento enquadra-se directamente na área de estudo, estendendo-se ao longo da costa por uma distância de cinco quilómetros e meio entre a Ponta Nhangonzo a norte e a Ponta Chuambo no sul, e para o interior até à estrada de terra batida norte-sul construída pela SASOL a oeste. A vila de Mapanzene, partes de Chipongo e várias aldeias de pescadores ficam situadas neste enquadramento. Também existem nesta área dois poços de pesquisa existentes (I-3 e I-10) no norte e um poço de petróleo proposto (I-G6PX-4) no sul. Um outro poço proposto (I-G6PX-1) situa-se imediatamente a norte do local, ao longo do riacho costeiro de Ponta Nhangonzo.

(18)

Figura 5-3: Mapa de localização a ilustrar o Local Âncora de Inhassoro em relação ao campo de petróleo de Inhassoro

Dada a escala da estância proposta, o Programa Âncora encomendou um estudo “para dar informações de referência e fazer uma análise estratégica dos riscos e oportunidades associados com o (proposto)

desenvolvimento do turismo e para inventariar os procedimentos para as avaliações formais do impacto ambiental” (IFC et al, 2013). O relatório subsequente contém uma análise dos factores ambientais, institucionais e sociais que afectam o local, e termina num conjunto de recomendações incluindo os parâmetros para a AIA e uma proposta de plano de zoneamento (Coastal and Environmental Services & SAL CDS, 2010b).

(19)

Figura 5-4: Zoneamento Proposto para o Local Âncora

O Decreto n° 75/2010 (de 31 de Dezembro) atribui o estatuto de Zona de Interesse Turístico (ZIT) ao Local Âncora de Inhassoro (designado como a zona de ‘Mapanzene e Chipongo’ – consultar o Anexo 1 para o mapa usado no Decreto). Os Artigos 2 e 3 do Decreto estipulam que todos os futuros direitos de terra e actividades económicas dentro da ZIT estão sujeitas ao novo plano de desenvolvimento (“Plano de

Ordenamento e Desenvolvimento”) a ser aprovado no prazo de seis meses, contados a partir da data da

entrada em vigor do Decreto. No momento da redacção deste relatório, ainda não está claro se o plano exigido foi de facto elaborado e devidamente aprovado no prazo de seis meses (que desde há muito findou). O zoneamento proposto no estudo do Programa Âncora e apresentado na Figura é o único plano

“Desde o início, o Programa Âncora procurou fornecer instrumentos práticos para o investimento em turismo nas APITs (Área Prioritária para o Investimento em Turismo) do país. As APITs foram introduzidas na estratégia nacional do turismo em Moçambique, visando concentrar os recursos disponíveis para o crescimento e desenvolvimento do turismo em 18 zonas seleccionadas. Contudo, não houve instrumentos legais para reservar terra para o desenvolvimento do turismo nestas zonas. Inicialmente, o Programa procurou assegurar terra dentro das APITs … através de pedidos de DUAT regulares, mas não tendo conseguido obter DUATs permanentes, o Programa apercebeu-se que eram necessários mecanismos operacionais mais sólidos. A aprovação do Decreto n°77/2009 para a declaração de Zonas de Interesse Turístico pelo Conselho de Ministros cria agora um mecanismo deste tipo. Agora o Ministério do Turismo pode, através do INATUR, procurar reservar terras

especificamente para o desenvolvimento do turismo nas APITs e em outras zonas estratégicas.” (IFC et al., 2013)

(20)

territorial facultado ao autor e não está claro se este foi usado como base para um plano devidamente aprovado em conformidade com o exigido pelo Decreto n°75/2010.

Embora exista limitada informação a este respeito, sabe-se que a Administração Distrital de Inhassoro emitiu DUAT para o desenvolvimento do turismo antes da Declaração de ZIT na área de estudo (incluindo o local reservado ao abrigo da Declaração de ZIT). Por exemplo, sabe-se que, no final de 2010, tinha sido concedido um DUAT para 153ha imediatamente a sul de Ponta Nhangonzo e um DUAT para 43ha nas proximidades da Ponta Chuambo. Ambos os pedidos tinham em vista estâncias costeiras de média dimensão. Contudo, estas concessões foram suspensas ao abrigo da Declaração de ZIT e não levaram a qualquer desenvolvimento.

O Programa Âncora (até à sua dissolução) e o INATUR (mais recentemente) têm comercializado o local de Inhassoro a potenciais investidores, mas até agora não foram feitas quaisquer concessões. Segundo o Representante Distrital para o Desenvolvimento Económico em Vilanculos (Sr. Duarte), o Vereador para o Turismo (Sr. Hermínio Nhanomve) e os Representantes da Ministério para a Urbanização (Sr. Nélio e Sr. Noel), não houve nenhuma autorização para o desenvolvimento do turismo na área da ZIT. O Sr. Jeremias Manussa do INATUR também confirmou que presentemente não há qualquer interesse por investidores credíveis na área.

Em resumo, a imagem de referência na área de estudo é de um destino turístico numa fase inicial do ciclo de desenvolvimento típico, expandindo linearmente ao longo da costa numa forma ad hoc e em grande parte não planificada, encontrando-se presentemente dominada por pequenos investidores pioneiros operando em condições geralmente adversas. Não obstante, o potencial turístico da linha costeira de Inhassoro/Vilanculos é amplamente reconhecido e existem altas expectativas para o seu desempenho futuro. Várias iniciativas têm tentado activar o potencial latente, resultando especialmente na reserva duma parte significativa da área de estudo para o desenvolvimento futuro do turismo ao abrigo duma Declaração de ZIT (embora, se o plano territorial exigido para a ZIT não foi devidamente aprovado, a continuação da sua validade pode ser duvidosa).

(21)

6.0

IMPACTOS NA FASE DA CONSTRUÇÃO

Presentemente, não há desenvolvimentos do turismo no continente que poderão ser afectados pela construção dos poços e linhas de fluxo propostas a este do Rio Govuro. A possibilidade dum impacto estético, causado pelas áreas de poços desmatadas, é tratada na Secção 7, impactos na fase operacional, e seria semelhante para a fase da construção. A significância do impacto será insignificante. O único factor que é aplicável à construção e que não estará presente na fase operacional é o uso de holofotes durante as obras nocturnas da perfuração dos poços. Os holofotes podem ser visíveis a grandes distâncias mas serão na maioria dos casos ocultados pela floresta circundante. Os empreiteiros deverão ser instruídos para usar iluminação dirigida e blindada em mastros baixos para minimizar a visibilidade da iluminação nocturna no local. Sujeito à conformidade com este requisito, os impactos da iluminação nas instalações turísticas distantes serão insignificantes.

7.0

IMPACTOS NA FASE OPERACIONAL

O estudo incide na possibilidade de surgirem conflitos entre as infra-estruturas do projecto proposto e o desenvolvimento actual e futuro do turismo na área de estudo. Os impactos da construção não são

considerados significativos e assim a ênfase é nos impactos da localização e operação dos blocos de poços e linhas de fluxo propostas a leste da estrada de terra batida de Inhassoro a Vilanculos.

Os possíveis impactos no turismo podem ser divididos em duas grandes áreas de preocupação:

ƒ

O impacto sobre o turismo nas ilhas devido à visibilidade das áreas e infra-estruturas dos poços a partir das ilhas do Arquipélago de Bazaruto; e

ƒ

O impacto sobre o turismo no continente devido ao conflito do uso de terra com desenvolvimentos do turismo existentes e futuros. Este conflito poderá estar relacionado com a visibilidade dos poços e estradas de acesso, o acesso facilitado à área causado pelas infra-estruturas petrolíferas (potencialmente bom e mau para o turismo), o risco de derrames de petróleo e o efeito que a percepção de risco que a indústria poderá constituir para a confiança dos investidores.

7.1

Impacto sobre o Turismo nas Ilhas (visibilidade)

Embora alguns dos locais de poços propostos no continente se encontrem directamente em frente da Ilha de Bazaruto, espera-se que o seu impacto estético neste destino turístico internacionalmente famoso seja insignificante. Esta conclusão é sustentada por uma série de razões:

ƒ

As áreas de poços são pequenas e não dão nas vistas (100 x 100 m), com a cabeça do poço no centro da área do poço, com uma altura típica de 4 metros, e a outra infra-estrutura consistindo num mastro curto para os paneis solares, uma pequena casa de guarda para ter sombra, um quarto de banho e uma vedação. Enquanto algumas das áreas de poços propostas ficam dentro linha de vista teórica1 da

ilha, (Figura 7-1) a distância média entre elas é em volta de 17-20 km (poços G6PX-1, G6PX-2, I-G6PX-4, I-G6PX-5,I-G6-PX-6 e I-9z). A esta distância perde-se todo o detalhe visual e as áreas de poços teoricamente expostas à vista seriam vistas como uma fita minúscula duma cor mais clara2

contra o fundo mais escuro do mosaico de miombo. Porque não haverá estruturas de qualquer tamanho nas áreas de poços, a margem do mato circundante iria provavelmente ocultar mesmo a vista mais pequena (Figura 7-2 e Fotografias 7-1 e 7-2).

ƒ

Os poços de pesquisa existentes estão situados em locais semelhantes aos dos poços novos, teoricamente dentro da linha de vista das ilhas, e são por isso indicativos da visibilidade destes poços. A Figura 7-1 mostra a localização dos poços existentes I-10, I-6, I-4, I-3, I-9z e I-12. As Fotografias 7-1 e 7-2 dão uma indicação típica do mato guarda-luz por volta destes poços. Nenhum destes poços é visível a partir dos destinos nas ilhas – a maioria não pode ser vista para além de 50-100 metros da vedação.

1A análise da linha de vista nas Figuras 7-1 a 7-6 baseia-se apenas no terreno, e não toma em conta a vegetação. 2A esta escala e distância, as simulações visuais não darão qualquer vista significativa e por isso não foram realizadas.

(22)

ƒ

Os poços não irão produzir quaisquer ruídos significantes.

ƒ

Não haverá ventilação ou queima de gás ou fluídos nos poços ou na Central de Colectores em Inhassoro, excepto em ocasiões raras durante a manutenção.

ƒ

As áreas de poços não serão iluminadas durante a operação.

(23)

Figura 7-2: Efeito das árvores na visibilidade das áreas de poços a partir das ilhas

Fotografia 7-1: Área de poços existente em I-4. A área de poços é invisível a curta distância da vedação

(24)

7.2

Impacto sobre o Turismo no Continente

7.2.1

Definição da Área de Influência Directa

A linha costeira representa a maior atracção turística na área de estudo (como de facto na Província de Inhambane como um todo). O desenvolvimento do turismo estende-se tipicamente num sentido linear numa faixa estreita ao longo da costa. As estâncias encontram-se de frente para o mar com infra-estruturas de alojamento e serviços estendendo-se por poucas centenas de metros para o interior, no caso de operações de pequena escala, e até um quilómetro no caso de empreendimentos maiores. É neste corredor costeiro relativamente estreito que ocorrem tipicamente conflitos entre a indústria do turismo e outros utilizadores, e onde é imprescindível um ordenamento territorial integrado baseado no uso equilibrado e sensato.

Devido à sua escala, a mega-estância proposta pelo Programa Âncora fica um tanto aquém do padrão típico. O local reservado contém cerca de cinco quilómetros e meio de fachada costeira e estende-se por

cerca de cinco quilómetros para o interior, o que o torna muito maior que quaisquer estâncias existentes na

área. O conceito de investimento e zoneamento associado, elaborado pelo Programa Âncora, incide num desenvolvimento não apenas ao longo da costa mas também ao longo dos curses de água nas

extremidades norte e sul do local: um hotel de cinco estrelas na Zona D imediatamente a sul da foz do rio na Ponta Nhangonzo e ‘chalés de frente para o rio’ na Zona C ao longo das margens do Chuambo (consulte a Figura). A integridade destas massas de água, particularmente a foz do rio na Ponta Nhangonzo no norte, é por isso de grande importância para o conceito geral de desenvolvimento.

Dado o padrão típico descrito acima e reconhecendo a necessidade de manter a integridade da ZIT, reservada como local para um investimento futuro no turismo de grande escala, o estudo considera as seguintes Áreas de Influência Directa (AID), nas quais poderá haver conflitos entre o projecto e o (essencialmente futuro) desenvolvimento do turismo:

ƒ

Um corredor costeiro, estendendo-se por aproximadamente um quilómetro para o interior (com uma área de maior valor mais próxima da costa e um valor decrescente para além da marca dos 500m); e

ƒ

O local do investimento âncora como zoneado pelo Programa Âncora (consulte a Figura), incluindo a

área declarada de ZIT e uma zona tampão ao longo da margem norte do riacho costeiro de Nhangonzo.

7.3

Impactos Discerníveis na Área de Influência Directa

Como indicado no Capítulo 7.1, a dimensão dos blocos de poços propostos na área de estudo é limitada (1ha), com cabeças de poço relativamente pequenas e discretas. Em geral, a área desmatada e as infra-estruturas na superfície não são visíveis para além duma pequena zona tampão de aproximadamente 50m, porque os blocos estão rodeados de bosques que ajudam na absorção na paisagem circundante.

Por isso, o impacto da visibilidade dos poços propostos é insignificante além duma área vizinha de

aproximadamente 2,25ha (150m x 150m) em torno de cada poço, sujeito à manutenção do mato natural. As servidões de passagem e estradas de terra batida ao longo das linhas de fluxo não restringem a circulação, são objecto de reabilitação e manutenção pela Sasol, e são usadas apenas ocasionalmente pelo pessoal da Sasol durante as actividades pouco frequentes de manutenção.

Propõe-se a seguinte infra-estrutura do projecto dentro da AID:

ƒ

O I-G6PX-6 situa-se a aproximadamente 690m da costa com um alinhamento da linha de fluxo que primeiro segue uma linha de corte antiga e depois, pelos últimos 100 m aproximadamente, sem alinhamento linear existente. Assim, o I-G6PX-6 irá implicar o desmatamento de um hectare na zona costeira de um quilómetro de extensão e a abertura de uma via de acesso muito próximo da costa. Presentemente, não existem planos para um desenvolvimento de turismo numa escala significativa ao longo da costa adjacente. A localização proposta do poço e da estrada de acesso poderá ter um impacto negativo local e menor nas possibilidades de desenvolvimento futuro de estâncias de maior escala na área costeira imediatamente adjacente ao local do poço.

(25)

ƒ

O I-G6PX-1 situa-se dentro de 100m das terras húmidas costeiras e linhas de drenagem de Ponta Nhangonzo, imediatamente a norte da ZIT declarada ZIT, mas dentro da zona tampão do local âncora, com um alinhamento da linha de fluxo que segue uma linha de corte coberta de vegetação antes de abrir uma nova rota nos cerca de últimos 100 m. O local do poço encontra-se suficientemente distante do local âncora para não ter qualquer impacto visual no desenvolvimento do turismo neste local. A linha de fluxo e a estrada aproximam-se do local do lado oeste e, como tal, também não terão qualquer influência discernível na AID. O risco para o turismo associado com o local está ligado à possibilidade de poluição e degradação do curso de água, do estuário e das comunidades de mangais associadas, que são consideradas como parte integrante da atracção turística numa parte do local âncora zoneado para um hotel de luxo (Área D na Figura). O risco de poluição é avaliado algures neste estudo, mas para fins do presente estudo considera-se como sendo improvável o risco de uma ocorrência significante de poluição, que poderá causar a degradação severa do riacho costeiro de Ponta Nhangonzo, mas com consequências negativas potencialmente severas para a integridade do potencial turístico da área.

ƒ

Além disso, se as decisões de gestão sobre o riacho costeiro e linha de drenagem de Nhangonzo resultarem na sua incorporação no Local Âncora devido ao seu alto valor de conservação, então a localização do poço I-G6PX-1 poderá ter um impacto consideravelmente maior sobre o ecoturismo futuro. O Estudo Especializado 9, Diversidade Botânica e Habitats, mostrou que o riacho costeiro de Nhangonzo tem valor de conservação extremamente alto, satisfazendo os requisitos para um ‘Habitat Crítico’ de acordo com os critérios da IFC. O Habitat Crítico, que inclui a bacia hidrográfica do riacho, coincide parcialmente com o Local Âncora (Figura 7-3). Entre outras opções para a conservação futura deste local que são recomendadas para consideração pelo EIA são a sua incorporação no Local Âncora, uma vez que isto seria provavelmente a forma mais eficaz de protegê-lo.

(26)

Figura 7-3:O Local Âncora em relação à área definida dos Habitats Críticos

ƒ

O I-G6PX-4 situa-se dentro dos limites da declarada ZIT perto da aldeia de Chipongo. A linha de fluxo associada para o local do poço segue o alinhamento de uma linha de corte existente coberta por vegetação. Embora dentro do local âncora, a proposta localização do I-G6PX-4 é numa área onde já há cultivo e assentamentos, e que não está zoneada para o desenvolvimento do turismo no projecto do local âncora (Áreas G e B na Figura). A área G já é significativamente impactada pelo cultivo e a maior parte da floresta de miombo referida no mapa é matagal secundário. Da mesma forma, a linha de fluxo e a estrada atravessam áreas zoneadas para actividades comunitárias e expansão futura (Áreas B e F na Figura). Como tal, as infra-estruturas propostas para o I-G6PX-4 poderão facilmente ser integradas na proposta do projecto da estância de turismo, com apenas um impacto insignificante no seu potencial turístico.

ƒ

A localização de três dos poços de produção que irão ficar situados no campo de Inhassoro ainda não foi definida e poderá haver um impacto na AID (dependendo dos seus locais definitivos).

Além disso, já existem dois poços de avaliação (I-3 e I-10) dentro dos limites da ZIT declarada. As infra-estruturas existentes não fazem parte deste estudo, mas julga-se que estes dois poços não irão representar qualquer ameaça significativa à integridade do local âncora como atracção turística, porque estão situados

(27)

numa área que não foi zoneada para o desenvolvimento do turismo mas para assentamentos comunitários e actividades associadas (Zona B na Figura).

7.4

Impactos para além da AID

ƒ

A localização e operações diárias dos poços e linhas de fluxo propostas no resto da área de estudo enquadram-se em zonas com pouco valor turístico e não representam qualquer ameaça directa significativa ao desenvolvimento do turismo actual ou futuro.

ƒ

A ameaça maior de um evento catastrófico vir a causar uma poluição severa dos cursos de água e das terras húmidas da zona costeira entre Inhassoro e Vilanculos, é avaliada numa outra parte. Dada a forte dependência do turismo nestes recursos, a ameaça de ocorrência de um evento desta natureza, embora improvável, é potencialmente severa e deve ser considerada como um factor que exige uma abordagem de precaução quando se determina a localização dos poços e das linhas de fluxo perto de linhas de drenagem e de terras húmidas.

(28)

8.0 RECOMENDAÇÕES

8.1

Localização das Infra-estruturas Propostas para o Projecto

As recomendações apresentadas aqui em relação à localização das infra-estruturas propostas para o projecto limitam-se aos poços e linhas de fluxo que afectam a AID, e em geral corroboram as contidas no Estudo Especializado 9, Diversidade Botânica e Habitats. As recomendações referem tanto aos poços propostos como quaisquer poços futuros que serão perfurados entre Inhassoro e Vilanculos.

ƒ

Nenhum poço deve ser localizado dentro de 500 m da costa. Isto irá providenciar um tampão que separa as infra-estruturas petrolíferas da maior parte dos desenvolvimentos futuros do turismo.

ƒ

Na zona entre 500 m e 1000 m da costa, os poços devem ser perfurados apenas se não houver uma

alternativa razoável. Em tal caso, a localização do poço deve ser minuciosamente investigada em relação às iniciativas do turismo que existem na altura.

ƒ

Se possível, o bloco do poço I-G6PX-6 deve ser mudado para oeste (possivelmente no bloco do poço em I-6 existente), de modo a ficar fora da zona tampão na costa que tem uma extensão de um quilómetro. Esta medida irá evitar potenciais conflitos futuros entre o desenvolvimento de estâncias costeiras e a extracção de petróleo.

ƒ

O bloco do poço I-G6PX-1 deve ser recuado ao longo do alinhamento proposto para a linha de fluxo por uma distância suficiente que possibilite mitigar as consequências improváveis mas potencialmente graves de a poluição degradar o riacho costeiro de Ponta Nhangonzo. O Estudo Especializado 7 recomenda pelo menos 250 m, sujeito à conclusão de estudos mais detalhados relacionados com o risco, durante a actualização do Plano de Resposta às Emergências. Dependendo do resultado das discussões sobre o ‘Habitat Crítico’, o poço poderia ficar situado ainda mais para o oeste.

ƒ

A localização e alinhamento da linha de fluxo do bloco do poço I-G6PX-4 podem permanecer inalterados e integrados no zoneamento proposto para a ZIT de Mapanzene e Chipongo.

ƒ

Quaisquer áreas de poços futuros propostos dentro da AID (incluindo os três poços propostos cuja localização ainda não está definida) na zona entre 500 m e 1.000 m da costa devem ser objecto dum estudo especial sobre o turismo antes da aprovação final de quaisquer localizações. As áreas de poços futuros situados dentro da área de estudo mas fora da AID (mais que 1.000 m da linha costeira) não devem carecer de qualquer avaliação e aprovação deste género.

8.2

Comunicação e Coordenação

ƒ

A longo prazo, é aconselhável que Moçambique adopte uma abordagem de gestão costeira integrada para garantir um resultado coordenado e equilibrado para as várias partes interessadas com

operações na zona costeira do país. Contudo, a melhor via de alcançar tal coordenação a curto prazo é em conformidade com os quadros institucionais e de planeamento existentes.

ƒ

Na área de estudo, excluindo a ZIT, isso significa trabalhar regularmente com a Administração Distrital para garantir que os interesses do sector petrolífero e do turismo permaneçam alinhados nos planos distritais e concessões de uso da terra futuros. Isso também exige uma participação activa, como parte interessada, em qualquer avaliação de impacto ambiental para o desenvolvimento do turismo de maior dimensão na zona costeira do campo de Inhassoro.

ƒ

No que se relaciona com o local âncora, recomenda-se que a posição actual da Declaração de ZIT seja esclarecida através de uma aproximação de alto nível junto do INATUR e, se necessário, através de um parecer legal formal sobre esta questão.

ƒ

Independentemente da situação legal, está claro que o INATUR funciona de facto como a agência promotora do investimento no turismo na área (dentro do quadro geral elaborado pelo Programa Âncora). Como tal, o INATUR deve ser envolvido para garantir que as infra-estruturas petrolíferas sejam integradas com os planos de turismo para o local.

(29)

ƒ

Desde que as recomendações deste estudo sejam implementadas, deve ser possível alcançar a integração entre os interesses do sector petrolífero e do turismo na AID, dentro dos quadros espaciais existentes (incluindo a Declaração de ZIT) e sem necessidade de invocar a prioridade disponível ao abrigo da legislação referente aos recursos minerais e petrolíferos (consultar a Secção 2.4).

(30)

9.0 CONCLUSÕES

O potencial conflito entre o projecto e a indústria do turismo limita-se, em grande medida, ao corredor costeiro e ao local âncora de investimento, e é mitigado, em geral, pela reduzida área ocupada dos poços propostos, o seu aspecto discreto e os requisitos de manutenção limitados. Os poços não terão qualquer impacto estético no Arquipélago de Bazaruto e provavelmente serão invisíveis a partir dos locais de turismo nas ilhas. Desde que os poços actuais e futuros fiquem fora do corredor costeiro de alto valor e não

representem uma ameaça de poluição significativa às terras húmidas costeiras altamente valorizadas, as expansões propostas no campo de Inhassoro não representam uma ameaça significativa ao

desenvolvimento do turismo actual e futuro na área.

Excepções possíveis a esta conclusão são os dois poços situados dentro duma área definida como ‘Habitat Crítico’ perto do riacho costeiro de Nhangonzo. Se as decisões sobre a protecção futura desta área

resultarem na sua incorporação no Local Âncora, então a localização actual destes poços poderá ter um impacto significante no local. Do ponto de vista do turismo, poderá assim ser preferível deslocar os poços. Contudo, o autor reconhece que poderá haver uma série de factores que poderão influenciar a viabilidade da deslocação de poços e linhas de fluxo. Não são tomados em consideração factores que se encontram fora do âmbito deste estudo e as recomendações baseiam-se meramente na conveniência da mudança do ponto de vista do turismo. Outros factores que possivelmente devem ser considerados antes de tomar uma decisão final sobre a localização dos poços e linhas de fluxo devem ser avaliados no EIA.

Se as recomendações do presente estudo forem implementadas, as duas indústrias poderão coexistir produtivamente dentro da área afectada pelo projecto de petróleo.

(31)

10.0 REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

COASTAL & ENVIRONMENTAL SERVICES & SAL CDS, 2010a: Strategic Environmental and Social Overview: Inhassoro Anchor Site. Appendix 1E – Planning and Legal Situation Analysis. Prepared for the INATUR and MITUR, Maputo.

COASTAL & ENVIRONMENTAL SERVICES & SAL CDS, 2010b: Strategic Environmental and Social Overview: The Anchor Tourism Investment Programme. Inhassoro Anchor Tourism Project. Prepared for the International Finance Corporation, Maputo.

DE CASTRO, T. & GROBLER, R., 2014. Environmental Impact Assessment for the Sasol PSA and LPG Project: Botanical Biodiversity and Terrestrial & Wetland Habitat.

INTERNATIONAL FINANCE CORPORATION, THE MULTILATERAL INVESTMENT GUARANTEE AGENCY & THE WORLD BANK, 2013: Facilitating Large-Scale Tourism Resorts in Mozambique – the

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Peter John Massyn

GOLDER ASSOCIADOS MOҪAMBIQUE

Reg. No. 2002/007104/07

Directores: R Hounsome, G Michau, RGM Heath

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ANEXO A

Mapa usado no Decreto N

o

75/2010 para definir a delimitação

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ANEXO B

Referências

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