O jardim de Eva:
os estados alterados de consciência
Bárbara Sanches Esteves1
Beatriz Garcia Paço2
Dandara Aryane Martins de Lima e Silva3
Getúlio de Souza Barbosa Silva4
Jader da Cruz Fernandes5
Lucas Costa Vilela Ferreira6
Raíssa Cecília Escobar Gomes7
Resumo: O jardim de Eva é um projeto original e experimental em curta-metragem, que retrata os estados alterados de consciência de forma linear com eventos históricos, relacionados com o nascimento da humanidade como sociedade civilizada, junto com o nascimento dos estados alterados de consciência. O projeto tenta causar sensações que remetem aos estados alterados de consciência, fugindo do padrão de roteiro, argumento e filmagem.
Palavras-chave: semiótica; estados alterados de consciência; sacrifício; multidão; êxtase; sincronismo; Eva.
1. Introdução
1 Bárbara Sanches esteves é aluna do 5º semestre do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie; e-mail: barbara.esteves123@hotmail.com.
2 Beatriz Garcia Paço é aluna do 5º semestre do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie; e-mail: beatrizpaco8@gmail.com.
3 Dandara Aryane Martins de Lima e Silva é aluna do 5º semestre do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie; e-mail: daanslima@gmail.com.
4 Getúlio de Souza Barbosa Silva é aluno do 5º semestre do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie; e-mail: getuliosouza@live.com.
5 Jader da Cruz Fernandes é aluno do 5º semestre do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie; e-mail: jadercfernandes@yahoo.com.br.
6 Lucas Costa Vilela Ferreira é aluno do 5º semestre do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie; e-mail: lucascferreira@gmail.com.
7 Raíssa Cecília Escobar Gomes é aluna do 5º semestre do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie; e-mail: raissaescobar@hotmail.com.
Para a realização deste trabalho foi preciso fugir do padrão de normalidade e tentar vivenciar os estados alterados de consciência, como se o próprio projeto fosse um estado alterado de consciência.
O projeto foi realizado por meio de um curta-metragem “O jardim de Eva”, que mostra o nascimento dos estados alterados de consciência junto com a humanidade começando a viver em sociedade, de forma cronológica, relacionando com tempos históricos marcantes.
O curta apesar da linearidade, pode ser assistido e compreendido em qualquer ordem. É uma ideia original e experimental, portanto, poucas referências e autores, o projeto tenta fugir dos padrões de roteiro, argumento e filmagem, para criar algo original.
São cinco esquetes com quatro temas: sacrifício, multidão, êxtase e sincronismo (pânico foi vivenciado na realização do projeto), retratados em referências históricas, tomando como base os filmes “Gladiador”, “Spartacus”, “O pianista” e “O Iluminado”.
2. O jardim de Eva
O jardim de Eva, através de um curta-metragem, representa o nascimento dos estados alterados de consciência simultaneamente com o nascimento da humanidade, como duas coisas interligadas.
O enquadramento do curta é de tonalidade escura para remeter ao passado, para criar a ideia de algo antigo, como se fosse um filme em preto e branco para trazer a ideia de arquétipo, algo muito antigo mas que ainda está presente na atualidade.
As variações do enquadramento de gerais para subjetivos são para dar a impressão de um momento em que a humanidade se distância para observar os eventos um pouco mais de longe, em que as coisas correm normais e sem interferências, e para perceber que quando chega o ápice, o foco é o indivíduo, alguém que não está combinando com os demais, como nas revoluções e em eventos que inicialmente foram considerados loucura mas depois viraram ideologia (DARNTON, 2010).
O curta foi gravado em uma quadra para trazer a ideia de jogo, onde o nascimento da humanidade ocorre em meio a um jogo com regras estabelecidas, aprovadas e aceitas, e os estados alterados de consciência são as infrações a essas regras, mas esse jogo não é estático, suas regras variam ao passar do tempo.
O réquiem do Mozart foi escolhido como trilha para brincar com a ideia de nascimento e funeral, suas nuances se encaixando durante as esquetes, e ao mesmo tempo fazendo uma alusão ao primeiro fator de criação de cultura da sociedade, o funeral, a primeira tentativa do homem de lidar com a morte, criando rituais, mitos e religiões.
2.1. Primeira representação: Sacrifício - Gladiador e Spartacus
Eva é humana mas está nos anos iniciais da humanidade vivendo em sociedade, ela ainda possui um lado primitivo. Esse lado primitivo se manifesta na violência, mas para viver em sociedade o ser humano precisa controlar esse lado primitivo e violento, o controle vai ser feito por meio de vítimas alternativas para satisfazer os impulsos violentos, essas vítimas são o sacrifício.
O Sacrifício se dará em dois momentos. No primeiro, Eva nasce e é sacrificada por animais que representam os estados alterados de consciência, na sua morte os EAC8 assumem o controle.
Do início da sociedade civilizada para o ambiente do segundo sacrifício, temos o período dos grandes impérios como a Roma de César. Eva está sentada e ordena o sacrifício de um dos animais ao seu redor, fazendo o mesmo sinal de César para os gladiadores, uma alusão ao Coliseu e o espetáculo para as massas de luta e sangue entre homens e animais.
2.2. Segunda representação: Multidão – Chantal Beauchamp
Dos grandes impérios, de uma forma linear, vamos para a Revolução Industrial que é a próxima grande mudança para a sociedade.
Na Revolução Industrial inicia-se a concentração de pessoas, o consumo e a ideia de proletariado. As garrafas em cena representam o consumo, o acumulo de coisas de forma exagerada.
A aglomeração de pessoas e coisas sufoca Eva, a multidão a oprime e ela tenta escapar, mas ela não consegue sua válvula de escape é ceder aos EAC9.
2.3. Terceira representação: Êxtase – O pianista
O êxtase é a terceira representação do Jardim de Eva, ele começa com uma pessoa ou instituição, influenciando outro e depois do outro, nos remetendo ao uso de drogas e a epidemia do uso de remédios controlados.
O próximo evento retratado são as duas grandes guerras mundiais. As cordas representam a aliança entre países que sustenta as guerras, as guerras não acontecem sem alianças, um país se influência pela causa do outro. É a era do capitalismo e das revoluções.
Um país sozinho é seduzido pelo outro país principal que está em estado alterado de consciência, e vai levar os outros países a um EAC coletivo.
2.4. Quarta representação: Sincronismo – O Iluminado e O Fabuloso Destino de Amélie Poulain
A cena de encerramento foi inspirada na cena final do filme “O Iluminado” de Stanley Kubrick (1980) em sua essência e sua estética foi inspirada no filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” de Jean-Pierre Jeunet, é uma fotografia viva que remete ao tempo histórico atual.
Os personagens animalizados da foto estão estáticos, só a Eva, que também está meio animalizada, destoa dos demais ao se movimentar por eles, ela já cedeu aos estados alterados de consciência. Os personagens estáticos representam o passado e os arquétipos, Eva no hoje interage com o passado mas na visão atual.
No fim Eva deixa de estar em conflito com os outros personagens e se enquadra na fotografia, ela voltou a normalidade, ao que é considerado normal hoje, pois, entrar em estado alterado de consciência é ultrapassar o limite do que é considerado normal e depois voltar para o limite.
3. Considerações finais
Estados alterados de consciência são uma das raízes culturais da sociedade que ocorrem quando saímos temporariamente do que é considerado normalidade.
O jardim de Eva retrata os estados alterados de consciência tentando causar sensações que remetem aos EAC10, presentes no nosso cotidiano desde o
início da sociedade civil.
4. Referências Bibliográficas
BEAUCHAMP, Chantal. Revolução Industrial e Crescimento Econômico no
séc XIX. São Paulo: Edições 70, 1998.
DARNTON, Robert. O beijo de Lamourette – mídia, cultura e revolução. São Paulo: Companhia de Bolso, 2010.
JEUNET, Jean-Pierre. O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Lumière. França, 122 minutos, 2001.
KUBRICK, Stanley. O Iluminado. Warner Bross, Estados Unidos, 146 minutos, 1980.
KUBRICK, Stanley; MANN, Anthony. Spartacus. Universal Pictures. Estados Unidos, 183 minutos, 1960.
POLANSKI, Roman. O pianista. Focus Features e Studio Canal. França, Reino Unido, Alemanha e Polônia, 148 minutos, 2002.
SCOTT, Riddley. Gladiador. Columbia Pictures do Brasil. Estados Unidos e Reino Unido, 155 minutos, 2000.