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Crises da Primeira República em Mato Grosso

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Academic year: 2021

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Crises da Primeira República em Mato Grosso

Rafael de Oliveira Costa

Introdução:

Analisaremos os movimentos feitos em Mato Grosso, como se deu o processo de maturação da república, e quais foram os ocupantes do governo do Estado nesse período. Sendo um elevado número deles, nascidos na Capital, em Cuiabá. É importante frisar, que essa lógica de ocupação do governo, pelos cuiabanos, em muito tem a ver, com o aparato político e administrativo agregado a esta cidade, sendo este, fruto da herança do período da Província, pois se torna esta cidade, a capital da ex-Província, no dia 28 de Agosto de 1935. Os dez primeiros anos da experiência republicana, do ponto de vista da consolidação institucional, não cumpriram com o seu papel, a alternância excessiva no cargo de governador, não permitia a nenhum deles, consolidar esse processo, a falta de habilidade para resolver os problemas locais, era forte reflexo desse processo desastroso. Se por um lado, faltava na classe política do estado, a habilidade necessária para resolver seus atritos, em muito o poder central contribuiu para isso, intervindo de forma excessiva e arbitraria, sempre em detrimento a algum grupo político, nunca no sentido de construir unidade política, para que os problemas do estado fossem resolvidos por aqui, e não ganhassem o campo nacional.

1.1- Mato Grosso e sua crise institucional na Primeira República (1889-1909)

Rafael de Oliveira Costa1

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Como já apresentado, a ideia principal do artigo, é discutir a instabilidade política nos primeiros dez anos da Primeira República. E como a falta de unidade, acarretava em problemas que transcendiam as fronteiras do estado, e dificultava a situação de Mato Grosso diante do cenário nacional, não éramos os únicos a enfrentar problemas dessa natureza, outras unidades da federação, passavam por situações semelhantes, mais ao que nos parece, tinham outra forma de encaminhar e equacionar os seus problemas locais. Quanto maior fosse à capacidade de resolução dos problemas, maior era a possibilidade de participação na gestão nacional do novo regime, o que na pratica, os embates altamente rancorosos, não permitiam, nota-se que essa pratica passou a fazer parte da cultura política do estado. Existia em Mato Grosso, um grande despreparo de seus lideres para fazer a condução do novo regime, fica nítido, que o excesso de disputas, era fruto da falta de plano de governo e de estado, não se tinha um eixo central, que pudesse servir como instrumento para construir uma unidade, a perspectiva de unidade dos contrários, estava por terra, apesar de haver problemas, que poderiam ser boas justificativas para essa construção, tais como, o problema de comunicação e a necessidade de aprofundar o processo de colonização do estado, nem assim, a ideia de unidade se concretizava. Os reflexos dessas disputas atravessavam as barreiras do estado, pois na bancada federal, havia resquícios, é perceptível que os congressistas que representavam Mato Grosso no cenário nacional, não conseguiam desenvolver ações em conjunto, como reflexo das disputas internas do estado. Outro problema de grande intensidade no estado, era o jogo partidário, com o advento da República, houve em Mato Grosso, a tentativa de criação de um partido único, agregando políticos da extinta província, porém a ideia naufragou, não se concretizando devido aos tantos interesses em jogo, o mentor dessa proposta, foi o primeiro governador de Mato Grosso, o militar Antonio Maria Coelho, que por hora, idealizava todos no Partido Republicano Nacional, que fora fundado em 30 de Janeiro de 1890.

A insegurança que pairava o estado, e que nada mais era, do que fruto das tantas e intensas disputas que havia, ficou clara no primeiro aniversario do regime Republicano, quando o responsável pelo órgão oficial de comunicação do estado, publica no dia 09 de Dezembro de 1890, um documento, que refletiu esse momento:

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Hei-nos chegados ao primeiro aniversario da republica em Mato Grosso [...] percorremos nós com dignidade e perfeita intuição que nos devíamos e ao nosso futuro, - traçando desde logo o caminho para ele, embora as trevas e as dubiedades do dia seguinte, e avançando – firmes e resolutos, não obstante as mil contrariedades e os perigos da frente2. Fica então com essa fala, a mais absoluta certeza, das dificuldades enfrentadas no novo regime.

Na primeira década da República, destacou-se em Mato Grosso, uma figura política, que passaria a definir os rumos da política do estado, o coronel Generoso Ponce, que em oposição ao primeiro governador de Mato Grosso, Antonio Maria, funda no mesmo dia de criação do partido nacional, o republicano, como forma de instrumentalizar um grupo, para fazer frente ao então Governador, sendo este um dos primeiros jogos partidários criados na Primeira República, o que servirá para muitos outros no futuro, pois os partidos se faziam e se desfaziam com muita facilidade, tudo girando única e exclusivamente em torno dos interesses umbilicais.

Após o impedimento do retorno de Antonio Maria Coelho ao governo, que foi uma ação arquitetada pelo coronel Solon, que em Mato Grosso, era emissário de Floriano Peixoto, Generoso Ponce, passa a operar o jogo da política mato-grossense, o que lhe renderá prestigio suficiente para alçar uma cadeira no Senado da Republica.

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FANAIA. João Edson de Arruda. Elites e Práticas Políticas em Mato Grosso na Primeira República (1889-1930). Editora da Universidade Federal do Estado de Mato Grosso, Cuiabá, 2010.

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As eleições de 1982 originaram dois grupos políticos em Mato Grosso, um capitaneado pela família Murtinho, e outro pelo Generoso Ponce, e como houve choque de interesses entre ambos, a duração da aliança nascida nessa data, finda em 1899, durando apenas oito anos.

Outro problema que assombrava esse período, era a forma como os funcionários eram nomeados e exonerados dos respectivos cargos, sendo esse, mais um problema que impedia a consolidação do regime e do desenvolvimento das próprias instituições, esse processo acontecia à revelia da necessidade de se ter uma continuidade das ações no serviço público.

Alguns fatos marcaram essa primeira experiência republicana em nosso Estado, tais como a renúncia do Governador Antonio Corrêa da Costa, eleito com o apoio de Ponce. Ao justificar sua renuncia, ele relata um problema de trânsito como motivo para a entrega do cargo, o que na pratica, pela analise do todo, percebe-se outros problemas enfrentados nesse período por ele, uma possibilidade apresentada, é justamente a dificuldade em lidar com íntimos interesses que rondavam o palácio o governo, envolvendo o intenso e duro jogo partidário colocado para a época.

Outro fato de que gerou uma verdadeira cisão no quadro político do Estado, foi a defesa de Ponce, de que o novo governador (do estado) retirar, fosse o engenheiro João Felix Peixoto de Azevedo, em detrimento ao candidato lançado pela família Murtinho, José Maria Metelo, elegendo-se para o cargo, o candidato apoiado por Ponce, gerando duras trocas de acusações após as eleições, tendo como consequência, além da ruptura política, a anulação das eleições pela Assembleia Legislativa, gerando naquela ocasião, uma situação sui generis no estado, ninguém dos habilitados na linha sucessória, quis assumir o governo, o que leva o Vereador mais votado da Capital, Pedro Alves de Barros, ao posto de Governador de Mato Grosso, no ano de 1899.

No comparativo das eleições de 1891 para as de 1899, percebe-se uma mudança de postura do poder central, com relação ao processo eleitoral, no primeiro

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momento, havendo uma forte influencia do governo federal, já em 1899, o governo orienta as forças armadas a não tomar lado na eleição, justamente para não obrigar o governo central a se posicionar.

1.2 O quadro econômico de Mato Grosso na Primeira República

A origem da formação das elites em Mato Grosso, tanto um urbana, quanto rural, estão ligadas ao processo de ocupação na região de fronteira, e também ao aparecimento de coronéis, chefes políticos. No inicio do século XX os grupos oligárquicos se estabeleceram tanto ao norte do estado, representados por usineiros de açúcar, como no sul, representados pelos ervateiros e grandes pecuaristas, esse grupos, de ambas a regiões, se articulavam de acordo com o interesse econômico em jogo, esse grupos disputavam a hegemonia do poder político estadual, essas disputas se davam em lutas intra e extrapartidárias, em uma sucessão de “revoluções” que marcaram de forma significativa o cenário político em Mato Grosso.

As lutas políticas ocorridas durante a Primeira Republica, tinham como ferramenta de autoafirmação, a violência, sendo o banditismo uma pratica muito comum nesse período, este era o poder exercido pelos coronéis, e era tamanho os seus poderes, que a Primeira Republica, fora batizada, de “Republica dos Coronéis”, essa relação promíscua do políticos com o Estado, passa a ter sua ordem alterada, somente com o advento do “Estado Novo”, quando, por força das intervenções federais, o poderio dos coronéis entra em declínio no estado. O poder dos coronéis tem em sua base origem, a concentração de terras enquanto uma matriz de sustentação do poder privado, possibilitando assim, a criação de um sistema arcaico e arraigado de mandonismo local. Como consequência da natureza das elites, o coronel, tanto podia ser um grande proprietário rural, como um usineiro ou um comerciante bem-sucedido. O domínio estadual das oligarquias estava embasado de forma direta na relação com o poder privado, naquela ocasião, exercido pelos coronéis. Essa estrutura política possibilitou o aparecimento de familiocracias, que dominou por anos a fio, o cenário político de

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Mato Grosso, se revezando no poder nesse período, os Murtinho, Corrêa da Costa, os Ponce, os Barros entre outros. Que se aliavam se combatiam de acordo com os interesses do momento.

O texto do Professor Domingos Sávio em alguns aspectos, distancia a sua avaliação daquela feita pelo Professor João Edson, Sávio afirma que o advento da República pegou de surpresa os mato-grossenses, ele aponta para a rotina política de Mato Grosso que muito se assemelhava com a do período imperial, onde havia duas forças políticas, a liderada pelo Partido Conservador e outra liderada pelo Partido Liberal, não havendo ainda, grande espaço para o movimento republicano, que só ganhara força mesmo, com o advento da república em Mato Grosso. O período republicano criou condições para que lideranças políticas de Mato Grosso ganhassem espaço no cenário nacional, participando mais efetivamente das decisões nacionais, foram eles, Joaquim Murtinho e Antonio Azeredo. Como (o) retirar já abordado anteriormente, esses primeiros anos da República, foram para Mato Grosso, um período de constantes e duros embates, muitos deles altamente violentos, o que por hora gerava a crise que procuramos avaliar nesse artigo.

Considerações Finais:

Procurei neste artigo identificar e avaliar os fatos mais marcantes da primeira república em Mato Grosso, o que no decorrer do texto percebemos que este Estado foi e ainda é vitima de elite política que trata a coisa pública como pertencentes a eles, nota-se que as relações promíscuas apenas se aperfeiçoaram, e continuam dominando a cena política nacional e estadual.

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Referências Bibliográficas:

FANAIA. João Edson de Arruda. Elites e Práticas Políticas em Mato Grosso na Primeira República (1889-1930). Editora da Universidade Federal do Estado de Mato Grosso, Cuiabá, 2010.

Garcia, Domingos Sávio da Cunha. Política e Negócios: O Oeste no Alvorecer da República in Os Belgas na Fronteira Oeste do Brasil. Brasília: Fundação Alexandre Gusmão. 2009.

MORENO, Gislaine. Terra e Poder em Mato Grosso: política e mecanismos de burla (1892-1992). Cuiabá, MT: Entrelinhas/EdUFMT, 2007 in Primeira República em Mato Grosso: o poder dos coronéis

Site: http://www.mt.gov.br/index2.php?sid=92, acessado em 28 de Maio de 2012, as 14 h.

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