• Nenhum resultado encontrado

Cópia da sentença do Tribunal de Comércio de Lisboa, proferida no processo de registo da marca internacional n

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Cópia da sentença do Tribunal de Comércio de Lisboa, proferida no processo de registo da marca internacional n"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

Cópia da sentença do Tribunal de Comércio de Lisboa, proferi- da no processo de registo da marca internacional n.° 723 567. 1 - Relatório. - Arte G. E. 1. E., com sede em 2A, Rue de la Fonderie, F-67080 Strasbourg Cedex, em França, veio, ao abrigo do disposto nos artigos 38.° e seguintes do Código da Propriedade Industrial, interpor recurso do des- pacho do director do Serviço de Marcas do Instituto Na- cional da Propriedade Industrial, por subdelegação de com- petências do conselho de administração do Instituto Nacional da Propriedade Industrial, que recusou o registo da marca internacional n.° 723 567, ARTE.

Alega, em síntese, que das marcas consideradas obs- tativas, a marca internacional n.° 649 387, ARTE, foi trans- mitida para a recorrente em 14 de Abril de 2000, a marca internacional n.° 696 281, ART'E, está protegida em Por- tugal desde data posterior à reivindicação de prioridade do sinal registando e não é susceptível de fácil confu- são, a marca nacional n.° 318 943, ARTE, é graficamente distinta e a sua utilização no sinal em causa é um ele- mento descritivo cujo exclusivo não pode ser reivindica- do pelo titular, sendo ainda distintos os serviços assina- lados e a marca nacional n.° 333 025 não é confundível, integrando também um elemento genérico e sendo os serviços assinalados distintos.

Nega a possibilidade de concorrência desleal. Pede a revogação do despacho recorrido.

Juntou documentos - de fl. 24 a fl. 64 e de fl. 105 a fl. 110 dos autos.

Cumprido o disposto no artigo 40.° do Código da Pro- priedade Industrial, o Instituto Nacional da Propriedade In- dustrial limitou-se a remeter o processo administrativo.

Notificadas as partes contrárias, Societá Internazionale di Arte e Cultura SPA, EXPOSALÃO - Centro de Exposi- ções, L.da, e Saul David Gonçalves Neves, nos termos do disposto no artigo 41.°, n.° 3, do Código da Propriedade Industrial, apenas EXPOSALÃO - Centro de Exposições, S. A., veio responder, pedindo a manutenção do despacho recorrido e alegando, em síntese, que «arte» não é um ele- mento descritivo nem se apresenta como tal na composi- ção do sinal de sua titularidade, por não ter por função identificar qualquer género de produtos ou serviços, que «arte» é o elemento prevalente de ambos os sinais, sendo que as semelhanças existentes induzem facilmente o con- sumidor em erro ou confusão, havendo possibilidade de ocorrência de concorrência desleal.

Juntou documentos - de fl. 86 a fl. 96 dos autos. 2 - Saneamento. - O Tribunal é competente em razão da nacionalidade, da matéria e da hierarquia.

Não existem nulidades que invalidem todo o processado. As partes têm personalidade e capacidade judiciárias e são legítimas.

Não há outras excepções ou questões prévias que cum- pra conhecer e que impeçam o conhecimento do mérito.

(2)

3 - Fundamentos:

A) De facto. - Face à prova documental junta, encon- tram-se assentes, com interesse para a decisão do recurso, os seguintes factos:

1 - Por despacho de 30 de Novembro de 2001, publi- cado no Boletim da Propriedade Industrial, n.° 3/2002, de 28 de Março, o director do Serviço de Marcas do Insti- tuto Nacional da Propriedade Industrial, por subdelegação de competências do conselho de administração do Institu- to Nacional da Propriedade Industrial, recusou o registo de marca internacional n.° 723 567, ARTE, pedida em 12 de Outubro de 1999, indicando como prioridade ao abrigo da Convenção de Paris, 13 de Abril de 1999.

2 - Tal marca destina-se a assinalar os seguintes pro- dutos e serviços:

Na classe 9.ª: «Supports de sons, images et ou don- nées pré-enregistrés mécaniques, magnétiques, magnéto-optiques, optiques et eléctroniques; car- tes téléphoniques codées, cartes d'identification codées; programmes de jeux pour ordinateurs; pro- tecteurs d'écrans; tapis de souris; lunettes et lu- nettes de soleil ainsi que boites à lunettes; pro- grammes de banques de données; logiciels, logiciels de réseau; logiciels micro-programmés»; Na classe 35.ª: «Services de publicité et de marketing;

exploitation de banques de données»;

Na classe 38.ª: «Diffusion, distribuition et transmissi- on de signaux de télévision, de radio, de télécom- munication et d'information par le biais de réseaux numériques et analogiques non câblés et ou câ- blés comportant des fonctions de services en lig- ne et en différé et par ordinateurs; organisation et exploitation de services de supports électroniques interactifs; recueil et mise à disposition de nouve- Iles»;

Na classe 41.ª: «Divertissements par le biais de Ia transmission d'émissions radiophoniques et télé- visées; production audio, production de films, de vidéos et prodution télévisée; representations mu- sicales; publication et édition d'informations sous forme de textes, graphiques, images et sons visu- alisables électroniquement et accessibles par le biais de réseaux de données; publication et diffu- sion d'imprimés; organisation de concerts, repre- sentations théâtrales et spectacles de variétés; or- ganisation de conférences, réunions, séminaires, sessions de formation, colloques, expositions et conférences culturelles; organisation de compéti- tions sportives»;

Na classe 42.ª: «Développement et création de su- pports de sons et images numériques; mise à dis- position et location de temps d'accès à des ban- ques de données; services d'hébergement et de restauration; mise à disposition de services d'hébergement et de restauration dans des hôtels et restaurants; photographie; conception de pro- grammes informatiques et d'éléments graphiques». 3 - A marca em causa é composta pelo vocábulo «arte», impresso em letras minúsculas de imprensa a cheio cortadas na base, não tendo reivindicado cores.

4 - A recorrente é titular do registo de marca internaci- onal n.° 649 387, ARTE, protegido em Portugal desde 21 de Junho de 1999 e pedido em 14 de Setembro de 1995.

5 - Tal marca destina-se a assinalar serviços e produ- tos das classes 6.ª, 14.ª, 16.ª, 18.ª, 21.ª, 25.ª, 38.ª e 41.ª

6 - É composta pelo vocábulo «arte», impresso em le- tras minúsculas de imprensa a cheio cortadas na base e não reivindicou cores.

7 - Societá Intemazionale di Arte e Cultura SPA é titu- lar do registo de marca internacional n.° 696 281, ART'E', protegido em Portugal desde 22 de Maio de 2000, pedido em 24 de Abril de 1998, indicando como prioridade, ao abrigo da Convenção de Paris, 17 de Fevereiro de 1998.

8 - Tal marca destina-se a assinalar os seguintes pro- dutos e serviços:

Na classe 6.ª: «Sculptures, bas-reliefs en métaux non précieux»;

Na classe 9.ª: «Supports informatiques, à savoir dis- ques optiques, lisques magnétiques, disquettes souples, bandes magnétiques»;

Na classe 14 ª: «Sculptures, bas-reliefs en métaux pré- cieux»;

Na classe 16ª «Produits de l'imprimerie, lithographi- es, gravures, tableaux (peintures) encadrés ou non; publications, revues, manuels, périodiques artisti- ques et culturels; papier, carton, photographies, articles de bureau et matériel pour artistes»; Na classe 20.ª: «Sculptures, bas-reliefs en bois, ca-

dres en bois pour peintures, cadres non en mé- taux précieux pour peintures, cadres en métaux précieux pour peintures»;

Na classe 35.ª: «Relations publiques, publication de textes publicitaires, vente aux enchères; organisa- tion d'expositions à buts commerciaux ou de pu- blicité»;

Na classe 39.ª: «Informations en matière de voyage, organisation de voyages, de visites et d'excursions touristiques»;

Na classe 41.ª: «Organisation d'activités culturelles et éducatives, organisation de colloques et de con- cours; éducation didactique au moyen de supports en papier et de supports magnétiques dans le domaine artistique, culturel et de l'edition; publi- cation de livres; exposition d'oeuvres d'art; activi- té d'edition artistique au moyen de supports en papier et de supports magnétiques; organisation d'expositions a buts culturels ou éducatifs»; Na classe 42.ª: «Activités de dessin industriel, étu-

des et projets aristiques; gérance de droits d'auteurs; gestion de lieux d'expositions». 9 - É composta pelo vocábulo «arte» impresso em le- tras de imprensa negras maiúsculas longas, contendo um apóstrofo a vermelho antes do «e» e outro igual após o mesmo, tudo inserido num quadrado branco com extremos negros, que preenche por completo, com um traço verme- lho por baixo da palavra.

10 - EXPOSALÃO - Centro de Exposições, L.da, é ti- tular do registo de marca nacional n.° 318 943, ARTE, pedi- do em 26 de Agosto de 1996 e concedido por despacho de 11 d e Junho de 1997.

11 - Tal marca assinala os seguintes serviços da clas- se 35.ª: «Organização de feiras, certames e exposições com carácter comercial e de publicidade.»

12 - É composta pela imagem de uma cómoda e ban- queta antigas, com espelho sobre a expressão «Arte», ca- ligrafada, por sua vez sobre os dizeres «Feira de Arte e

(3)

Antiguidades Salão Internacional de Artesanato», em le- tras de imprensa de menores dimensões, não tendo reivin- dicado cores.

13 - Saul David Gonçalves Neves é titular do registo de marca nacional n.° 333 025, ARTE, pedido em 19 de Outubro de 1998 e concedido por despacho de 4 de Se- tembro de 2001.

14 - Tal marca assinala os seguintes serviços da clas- se 41.ª: «Marca que se destina à divulgação de uma base de dados sobre autores portugueses, que terá como prin- cipal meio a Internet (informação cultural).»

15 - É composta pelo vocábulo «arte», em letras de im- prensa minúsculas entre parêntesis, não tendo reivindica- do cores.

16-Tal registo foi declarado caduco por falta de pa- gamento de taxa em 31 de Dezembro de 2002, publicado no Boletim da Propriedade Industrial. n.° 3/2003, de 3 1 de Março.

B) De direito. - Marca é, em termos genéricos, «o si- nal distintivo que serve para identificar o produto ou o serviço proposto ao consumidor» (Carlos Olavo, in Pro- priedade Industrial, p. 37) - artigos 165.° e 167.° do Códi- go da Propriedade Industrial ou, e na definição ainda ac- tual de Oliveira Ascensão (in Direito Comercial, vol. II, «Propriedade Industrial», p. 139), «um sinal distintivo na concorrência de produtos e serviços».

A função essencial da marca é a sua função distintiva, ou seja, a marca distingue e garante que os produtos ou serviços se reportam a uma pessoa que assume pelos mesmos o ónus de uso não enganoso, nessa medida cum- prindo uma função de garantia de qualidade dos produtos e serviços, por referência a uma origem não enganosa e podendo, ainda, contribuir por si só para a promoção dos produtos ou serviços que assinala - cf. Luís Couto Gon- çalves, in Direito de Marcas, de p. 17 a p. 30.

É integralmente aplicável aos autos, não obstante a entrada em vigor em 1 de Julho de 2003 do novo Código da Propriedade Industrial, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 36/ 2003, de 5 de Março, o Código da Propriedade Industrial de 1995 (designado infra apenas por Código da Proprieda- de Industrial), atento o disposto no artigo 10.° do já citado Decreto-Lei n.° 36/2003, de 5 de Março.

Os artigos 188.° e 189.° do Código da Propriedade In- dustrial assinalam fundamentos de recusa de registo que consubstanciam proibições ao registo de marca e restrin- gem a sua composição, que é em princípio livre.

No caso concreto dos autos face aos argumentos ex- pendidos pela recorrente e pelo Instituto Nacional da Pro- priedade Industrial na decisão sob recurso, há que aquila- tar se a marca da recorrente constitui imitação da marca considerada obstativa.

Estabelece o artigo 189.° n.° 1, alínea m), do Código da Propriedade Industrial:

«Será recusado o registo das marcas [...] que, em to- dos ou alguns dos seus elementos, contenham:

m) Reprodução ou imitação, no todo ou em parte, de marca anteriormente registada por outrem, para o mesmo produto ou serviço, ou produto ou servi- ço similar ou semelhante, que possa induzir em erro ou confusão o consumidor.»

A usurpação pode revestir duas espécies, a contrafac- ção- reprodução total de marca anterior - e a imitação-

reprodução aproximada de marca anterior.

Se a contrafacção não reveste dificuldades de maior na sua determinação e subsunção à disposição supratranscri- ta, já a imitação oferece maior complexidade.

O nosso Código da Propriedade Industrial optou por fornecer um conceito de imitação, previsto no artigo 193.° n.° 1. Nos termos deste preceito, existe imitação ou usur- pação no todo ou em parte quando, cumulativamente:

1° A marca imitada tiver prioridade;

2.° Exista identidade ou afinidade manifesta dos pro- dutos ou serviços assinalados; e

3.° Tenham tal semelhança gráfica, figurativa ou fo- nética que induza facilmente o consumidor em erro ou confusão ou que compreenda um risco de as- sociação com a marca anteriormente registada, de forma que o consumidor não possa distinguir as duas marcas senão de depois de exame atento ou confronto.

No que toca ao registo de marca internacional n.° 649 387 há que considerar que a recorrente é a titular da marca que também fundamentou o despacho de recusa.

Ora, o objectivo das limitações introduzidas pelo legis- lador é a protecção de marcas anteriormente registadas por «outrem» [artigo 189.°, n.° 1, alínea m), do Código da Pro- priedade Industrial] de modo que não possam ocorrer si- tuações de violação de direitos privativos de terceiros ou de concorrência desleal. É, assim, pressuposto da recusa que a marca prioritária seja pertença de pessoa diversa da que pede o registo posterior.

Nos presentes autos a recorrente demonstrou ser a ti- tular da aludida marca com prioridade de registo. Por con- seguinte, deixa de se verificar este pressuposto do indefe- rimento que é a protecção da marca de outrem.

Assim, face à referida titularidade, não há que apreciar se as marcas são ou não confundíveis, ficando tal ques- tão prejudicada pela consequente admissibilidade de registo e uso da marca objecto do despacho recorrido.

Verifica-se ainda, quanto à marca nacional n.° 333 025, ARTE, que este registo foi declarado caduco, decisão essa já objecto de publicação.

Assim, tendo deixado de subsistir, por caducidade, esta marca, também considerada obstativa, não há sequer que averiguar a verificação dos requisitos do artigo 189.°, n.° 1, alínea m), do Código da Propriedade Industrial.

Quanto às demais marcas julgadas obstativas, ou seja, a marca internacional n.° 696 281, ART'E', e a marca nacio- nal n.° 318 943. ARTE:

O primeiro requisito afere-se pela data em que foi con- cedido o registo.

Quanto à marca nacional n.° 318 943, o pedido foi for- mulado e concedido antes do pedido do sinal sub judice e da respectiva reivindicação de prioridade.

Quanto à marca internacional n.° 696 281, ART'E, o res- pectivo pedido e a respectiva reivindicação de prioridade é muito anterior aos do sinal registando, sendo que a rei- vindicação de prioridade que a recorrente refere para a marca internacional n.° 649 387 seria, quanto muito, relevan- te para a apreciação e concessão da marca internacional n.° 696 281, que aqui não está em causa. Tal pedido foi apreciado, deferido e publicitado, tendo sido concedido o respectivo registo em processo próprio que ora não pode, nesta sede, ser posto em causa.

(4)

A prioridade relevante no caso dos autos estabelece-se entre o sinal registando e a marca considerada obstativa e, quanto a esta, não subsistem quaisquer dúvidas: o regis- to de marca internacional n.° 696 281, ART'E', é prioritário.

Quanto ao segundo requisito, a afinidade manifesta de produtos ou serviços, não basta a integração daqueles na mesma classe.

O uso de conceitos indeterminados pelo legislador tem obrigado ao apurar de alguns critérios, como sendo para apurar se existe afinidade entre produtos e serviços há que averiguar se são concorrentes no mercado, se têm a mes- ma utilidade ou fim ou se existe entre eles uma relação tal que aumente a afinidade, como sendo substituição (quan- do o resultado alcançado por um pode ser razoavelmente substituído pelo outro), complementaridade (quando inte- grados no mesmo processo de fabrico ou cujas utilidades possam complementar-se), acessoriedade (quando os bens só em ligação a outros bens sejam economicamente úteis) ou derivação (bens derivados da mesma origem, como o leite e produtos lácteos), complementando com o critério da natureza dos produtos ou serviços os circuitos e hábi- tos de distribuição e os locais de fabrico ou venda.

Couto Gonçalves (loc. cit., p. 136) levanta mesmo a possibilidade da existência de afinidade entre produtos e serviços e não só entre produtos e serviços, face à enu- meração de circunstâncias potenciadoras da afinidade.

Toda a actividade de discernimento da afinidade tem de ser levada a cabo sem que se perca de vista que se pro- cura afinidade entre produtos e serviços marcados, ou seja, os critérios em causa valerão quando possam indicar razo- avelmente uma mesma origem dos produtos e serviços confrontados - cf. Couto Gonçalves, loc. cit., p. 133.

Temos, quanto ao registo internacional 696 281, ART'E', manifesta afinidade e até identidade nos seguintes produ- tos e serviços:

Na classe 9.ª: «Supports de sons, images et ou don- nées pré-enregistrés mécaniques, magnétiques, magnéto-optiques, optiques et eléctroniques» (si- nal registando) e «Supports informatiques, à sa- voir disques optiques, lisques magnétiques, disquet- tes souples, bandes magnétiques» - MI 696 281; Na classe 35 ª: «Services de publicité et de marketing» (sinal registando) e «Relations publiques, publica- tion de textes publicitaires, vente aux enchères; organisation d'expositions à buts commerciaux ou de publicité» - MI 696 281;

Na classe 41.ª: «Representations musicales; publica- tion et édition d'informations sous forme de tex- tes, graphiques, images et sons visualisables élec- troniquement et accessibles par le biais de réseaux de données; publication et diffusion d'imprimés; organisation de concerts, representations théâtra- les et spectacles de variétés; organisation de con- férences, réunions, séminaires, sessions de forma- tion, colloques, expositions et conférences culturelles» (sinal registando) e «Organisation d'activités culturelles et éducatives, organisation de colloques et de concours; éducation didactique au moyen de supports en papier et de supports magnétiques dans le domaine artistique, culturel et de 1'edition; publication de livres; exposition d'oeuvres d'art; activité d'edition artistique au moyen de supports en papier et de supports mag- nétiques; organisation d'expositions a buts cultu- reis ou éducatifs» - MI 696 281.

Quanto à marca nacional n.° 318 943 existe manifesta afi- nidade entre «organização de feiras, certames e exposições com carácter comercial e de publicidade», que aquela assi- nala na classe 35.ª e «organisation d'expositions» assina- lado pelo sinal registando na classe 41ª.

Ou seja, no que toca aos demais produtos/serviços as- sinalados pelo sinal registando nas classes 9.ª, 35.ª, 38.ª, 41.ª e 42.ª (não mencionados acima), não discernimos qual- quer identidade ou manifesta afinidade.

O terceiro requisito é aquele que suscita maiores difi- culdades e necessita do exame mais atento.

Da formulação legal resulta desde logo que existe imita- ção quando, postas em confronto, as marcas se confun- dem. Mas não só.

Como escreve lapidarmente Ferrer Correia, in Lições de Direito Comercial, Reprint, p. 188, «a imitação de uma marca por outra existirá, obviamente, quando, postas em confronto, elas se confundam. Mas existirá ainda, convém sublinhá-lo, quando, tendo-se à vista apenas a marca a constituir, se deva concluir que ela é susceptível de ser tomada por outra de que se tenha conhecimento [...] Com efeito, o consumidor, quando compra determinado produ- to marcado com um sinal semelhante a outro que já co- nhecia, não tem à vista (em regra) as duas marcas, para fazer delas um exame comparativo. Compra o produto por se ter convencido que a marca que o assinala é aquela que retinha na memória.»

Passo seguinte, dir-se-á que, em casos de imitação (por contraposição a usurpação), existem necessariamente ele- mentos diferentes nas marcas em confronto, a par de ele- mentos semelhantes. O que importa é que a marca possua a necessária capacidade ou eficácia distintiva. Como escre- veu Justino Cruz em anotação ao Código da Propriedade Industrial de 1940: «Podem os seus vários elementos ser diferentes e no entanto, considerados em conjunto, indu- zirem em erro ou confusão; podem até ser iguais - mas reunidas de maneira a formarem uma marca perfeitamente distinta. Pode haver apenas um elemento comum entre duas marcas - mas ser de tal forma predominante que dê lugar a confusão.»

É, assim, à semelhança do conjunto, e não à natureza ou grau das diferenças que deve atender-se para aferir da existência ou não de imitação. Na exemplar síntese de Be- darride (citado por Pupo Correia, in Direito Comercial, 6.ª ed., p. 340), «a questão da imitação deve ser apreciada pela semelhança que resulta dos elementos que constitu- em a marca e não pelas dissemelhanças que poderiam oferecer os diversos pormenores considerados isolada e separadamente». (Itálico nosso.)

Finalmente, o juízo a emitir deve ter em atenção o con- sumidor médio, uma vez que a escolha do produto ou ser- viço vai ser efectuada por ele, sem perder de vista os pro- dutos ou serviços em questão, relativizando aspectos como a natureza, características e preço dos produtos ou servi- ços sinalizados pela marcas em confronto.

F. Nóvoa, citado por Couto Gonçalves (loc. cit., p. 142), propõe, de acordo com estes aspectos, a figura do consu- midor profissional e especializado, no caso de os produ- tos e serviços serem normalmente adquiridos por profis- sionais ou peritos, o perfil de um consumidor mais atento, no caso de produtos ou serviços com preços mais eleva- dos, e o perfil de um consumidor médio menos diligente, no caso de produtos ou serviços de baixo preço e largo consumo.

(5)

Nas palavras sintetizadoras de Ferrer Correia (loc. cit.) , «No exame comparativo das marcas [...] deve considerar- -se decisivo o juízo que emitiria o consumidor médio do produto ou produtos em questão».

Passando à análise dos casos concretos, encontramos em todos os sinais, registando e considerados obstativos a palavra «arte», sendo esse o elemento comum a todas.

Todas são marcas mistas com uma forte componente figurativa - o sinal registando mostra uma palavra corta- da, com uma configuração gráfica muito eficiente e capaz de ser recordada pelo consumidor.

A marca internacional n.° 696 281, embora também com- posta essencialmente do mesmo vocábulo, apresenta tam- bém ela uma configuração muito original, com as letras alongadas e enquadradas, também ela com capacidade de ser recordada pelo consumidor.

Em qualquer destas duas a configuração gráfica marca tanto como o elemento nominativo, não podendo deixar de se considerar como prevalentes os sinais globalmente.

Quanto à marca nacional n.° 3 18 943, ela tem elemen- tos figurativos muito diversos - aqui a palavra «arte» apenas se distingue por ser caligrafada - optou-se por apor um outro elemento também ele forte e que passa em muito a função de simples realce do elemento nomi- nativo.

Não poderemos, em qualquer dos sinais e vistos os serviços/produtos assinalados, considerar genérico o ele- mento «Arte», quer no sinal registando quer nos sinais julgados obstativos.

Tendo em conta as diferenças gráficas e o carácter que essa configuração assume em todos os sinais, afigura-se muito difícil a confusão por parte do consumidor, mesmo desatento.

Resta, pois, analisar a possibilidade de ocorrência de concorrência desleal.

Nos termos do disposto no artigo 25.°, n.° 1, alínea d), do Código da Propriedade Industrial, é fundamento de re- cusa do registo o reconhecimento de que o requerente pretende fazer concorrência desleal ou que esta é possível independentemente da sua intenção.

Concorrência desleal traduz-se na possibilidade de, atra- vés da prática de determinados actos, causar prejuízo a outrem ou alcançar para si ou para terceiro um benefício ilegítimo (artigo 260.° do Código da Propriedade Industrial). Carlos Olavo define o acto de concorrência desleal como «aquele acto susceptível de, no desenvolvimento de uma dada actividade económica, prejudicar um outro agente económico que, por sua vez, exerce também uma activida- de económica determinada, prejuízo esse que se consubs- tancia num desvio de clientela própria em benefício de um concorrente.» (in Propriedade Industrial, Almedina, 1997, pp. 145 e 146).

A concorrência existe quando o consumidor é levado a atribuir os produtos à mesma fonte produtiva (estabe- lecimento ou sociedade) ou a pensar que existem relações comerciais, económicas ou de organização entre as em- presas que produzem ou comercializam os produtos. Neste último caso, o consumidor atribui a origem dos produtos ou serviços a um denominador comum, pensando tratar- -se da mesma organização, entendida esta em sentido lato, pelo que ainda assim se pode dizer que atribui os produ- tos à mesma origem (neste sentido Américo da Silva Car- valho, in Marca Comunitária, Coimbra Editora, pp. 82 e segs.).

Atendendo às conclusões supra-enunciadas e à noção de concorrência desleal, não se nos afigura lícita a conclu- são de que o uso da marca registanda possa levar à prá- tica de actos da concorrência desleal.

Como já se referiu, a diferença entre as marcas é nítida, não sendo possível que o consumidor médio deste tipo de produtos/serviços caia no erro grosseiro de as associar. Não se vislumbra também possível a associação entre as marcas de modo a poder pensar-se tratar-se da mesma fon- te produtiva nem se podendo concluir que o consumidor médio irá pensar desse modo.

Inexistindo qualquer risco de confusão ou associação, não há possibilidade de o uso da marca recorrida causar prejuízo à recorrida EXPOSALÃO, consubstanciado num desvio de clientela. Nem há qualquer fundamento válido para concluir que o consumidor vai associar os produtos da titular da marca recorrida à recorrente, causando-lhe assim um prejuízo.

Pelo exposto, a única conclusão possível é a de que não há concorrência desleal, mesmo que não intencional.

Não se mostram, assim, preenchidos os requisitos do conceito de imitação, e sendo os requisitos enumerados no artigo 193.° do Código da Propriedade Industrial cumulati- vos, e uma vez que se concluiu pela inexistência de total identidade ou manifesta afinidade dos produtos ou servi- ços assinalados e pela inexistência de confusão e de pos- sibilidade de concorrência desleal, o despacho recorrido deve ser revogado.

4 - Decisão. - Pelo exposto, dando provimento ao re- curso, revoga-se o despacho recorrido que recusou o re- gisto da marca internacional n.° 723 567, ARTE, concedendo- -se assim protecção jurídica nacional à referida marca em Portugal.

Fixo ao recurso o valor tributário de 80 UC - artigo 6.°, alíneas a) e q), do Código das Custas Judiciais.

Custas pela recorrida E X P O S A L Ã O - artigos 446.°, n.°S 1 e 2, do Código de Processo Civil e 14.°, alínea j), do Código das Custas Judiciais -, sendo a taxa de justiça reduzida a metade.

Registe e notifique.

Após trânsito, devolva o processo apenso ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial, remetendo cópia da sen- tença - artigo 44.° do Código da Propriedade Industrial.

13 de Janeiro de 2004. -O Juiz de Direito, (Assinatura ilegível.)

Referências

Documentos relacionados

Uma frequência de 26,61 Hz da viga, referente ao primeiro modo de vibrar, foi selecionada e um neutralizador dinâmico de vibrações (NDV), dispositivo massa-mola

O presente trabalho pretende avaliar a qualidade psicométrica desta versão específica do instrumento, no que se refere à sua estrutura fatorial, consistência

Analisando as correlações entre as subescalas da SSPS e SPIN para as amostras de casos de TAS, observa-se que, diferente do anterior- mente descrito, as correlações mais

Nossos parâmetros de rating levam em consideração o potencial de valorização da ação, do mercado, aqui refletido pelo Índice Bovespa, e um prêmio, adotado neste caso como a taxa

O objetivo desta pesquisa consistiu em avaliar a eficiência do manejo sítio específico na melhoria dos atributos físicos de um Latossolo e no incremento do

Também cabe ao pesquisador identificar novas tecnologias que podem ser aplicadas ao CCMA a fim de torná-lo mais enriquecedor aos alunos, que, por sua vez, terão maior

De acordo com Girotto e Ponzio (2015) cabe ao orientador socioeducativo da instituição realizar a inclusão do adolescente e suas famílias nos programas de assistência

Neste trabalho é proposta uma abordagem multi-nível usando Algoritmos Genéticos para construir um ensemble de Máquinas de Vetor de Suporte por Mínimos Quadrados ou LS-SVM,