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Mulheres no estúdio, homens na rua: uma análise da cobertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro-2016

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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 15º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo

ECA/USP – São Paulo – Novembro de 2017

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Mulheres no estúdio, homens na rua: uma análise da cobertura

dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro-2016

Mariana Corsetti Oselame1

Mariela Moraes Kessler2

Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo mapear a presença da mulher na reportagem do

pro-grama Globo Esporte, da Rede Globo, durante a cobertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janei-ro-2016. O estudo parte da hipótese de que as mulheres ocupam uma posição de aparente desta-que no jornalismo esportivo, geralmente dentro do estúdio, quando desempenham o papel de apresentadoras. No entanto, quando se trata de produzir conteúdo para os programas esportivos, saindo a campo (ou “indo para a rua”, no jargão jornalístico), os protagonistas são na maioria os repórteres do sexo masculino. A metodologia aplicada nesta pesquisa é a análise de conteúdo (BARDIN, 1977). Na fundamentação teórica foram utilizados os conceitos de Abreu (2006), Coelho (2014), Rangel (2009), Habib (2005), Righi (2006) e Ramos (2010).

Palavras-chave: Jornalismo Esportivo; Mulher; Globo Esporte; Rio-2016.

1. Introdução

No Brasil as mulheres começaram a ter espaço no mercado de trabalho somente após o crescimento urbano e industrial, no século XIX. Já o acesso à educação superior só foi permitido a partir de 1879. A educação das mulheres era mal vista pela sociedade da época, que julgava desnecessária a carreira profissional feminina. As mulheres, pensava-se, deveriam ficar em casa, cuidando dos filhos e dos afazeres domésticos.

No jornalismo, a inserção feminina passou a ser “aceita” a partir dos anos 70 (RIGHI, 2006) e se deu devido à crescente formação acadêmica das mulheres. Elas estudavam e se formavam em jornalismo; os homens, por sua vez, se profissionalizavam na prática. Ramos (2010) se formou em jornalismo em 1952 – anos

1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUCRS e professora de Jorna-lismo no Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter).

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2 antes da inserção massiva das mulheres na profissão – e conta que, à época, existiam apenas cerca de 30 mulheres jornalistas em toda a imprensa paulista. Elas ocupavam espaços bem delimitados nas redações: as seções de moda, receitas culinárias, educação infantil, comportamento familiar ou crônicas relacionadas ao universo feminino, o que confirmava o “papel de mulher” conforme era compreendido à época. Os assuntos considerados “sérios”, portanto, eram escritos por jornalistas do sexo masculino.

Com o tempo, no entanto, o público feminino mudou os seus hábitos e passou a consumir mais os tais assuntos considerados “sérios”, como política e economia. Isso fez com que as jornalistas também acabassem mudando de funções dentro das redações.

O que aconteceu nas últimas décadas, paralelamente à entrada das mulheres nas redações, foi que o público leitor também mudou. As páginas de política, de assuntos internacionais, de economia e de esportes em geral não eram lidas pelas mulheres. Quando liam os jornais, elas se interessavam pelas páginas femininas, pelos folhetins, receitas, conselhos, moda. Hoje o público feminino se interessa por todos os temas, e as mulheres são assíduas leitoras das páginas de política e economia. (ABREU, 2006, p. 11)

Segundo Righi (2006), foi durante os anos 80 e 90 que as mulheres começaram a ter liberdade para escrever e se informar sobre qualquer assunto, tornando o jornalismo cada vez mais uma profissão feminina. Nesse mesmo período, segundo dados do Ministério do Trabalho (apud Souza, 2009), houve um crescimento significativo no número de mulheres jornalistas com carteira assinada, conforme a tabela seguinte. Tabela 1 – Jornalistas com carteira assinada (1986-1999)

1986 1999 Crescimento

Homens 11.352 11.251 0,33%

Mulheres 6.176 8.693 40,75%

Total 17.528 19.944 13,78%

Fonte: Ministério do Trabalho (apud Souza, 2009)

No ano 2000, o Brasil contava com 40 mil jornalistas, e se estimava que metade deles fosse do sexo feminino. A pesquisa também apurou que o número de mulheres com curso superior era maior do que o de homens: 73,19% contra 53,1%. Além disso, o estudo identificou que 40,3% das mulheres atuavam na imprensa escrita e 39,2% em assessorias de comunicação. Rádio e televisão eram, à época da medição, as mídias que menos contratavam mulheres.

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3 Gráfico 1 – Áreas de atuação feminina no jornalismo em 2000

40% 39%

21%

Imprensa Escrita Assessorias de Comunicação

Rádio e Televisão

Fonte: Ministério do Trabalho (apud Souza, 2009)

Em 2012, na pesquisa Quem é o jornalista brasileiro?, realizada pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em convênio com a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), se constatou que as mulheres já representavam 64% do universo de profissionais brasileiros.

Gráfico 2 – Quem é o jornalista brasileiro? (UFSC, 2012)

Habib (2005, p. 13) afirma que “as mulheres compõem quase metade de todas as redações de jornais, emissoras de rádio e televisão”. Contudo, segundo ela, os homens ainda dominam os cargos de comando – e o salário das mulheres é mais baixo. A pesquisa da UFSC (2012) mostra que 46% dos homens ganham mais de cinco salários mínimos – 65,5% das mulheres ganham menos do que esse valor.

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2. A mulher na editoria de esportes

Se a inserção das mulheres nas redações foi um processo difícil, ainda mais com-plicada foi a aceitação de profissionais do sexo feminino na cobertura esportiva, forte-mente marcada pela presença masculina. O pioneirismo foi dos Estados Unidos, nas décadas de 70 e 80, quando as mulheres já atuavam como apresentadoras, repórteres e comentaristas de golfe, tênis e basquete (SIQUEIRA, 2005). Mas o preconceito existia:

Em meados de 1984, a então repórter esportiva Claire Smith foi expulsa do vestiário de um time de beisebol profissional durante o Campeonato da Liga Nacional. (...) atualmente, a entrada de mulheres jornalistas nas dependências de estádios de beisebol, basquete e futebol americano é totalmente liberada nos Estados Unidos. (SIQUEIRA, 2005, p. 41)

Já no Brasil “era quase impossível ver mulheres no esporte até o início dos anos 1970” (COELHO, 2014, p. 34). O preconceito sempre andou lado a lado com as jorna-listas esportivas, que nem sempre tiveram as mesmas oportunidades que os homens. De acordo com Coelho (2014), as mulheres costumam ser direcionadas para a cobertura de esportes olímpicos: “É mais fácil demonstrar conhecimento sobre vôlei, basquete e tênis do que sobre futebol e automobilismo. Território onde o machismo ainda impera” (CO-ELHO, 2014, p. 35). O autor destaca que as redações de esporte do Brasil ainda apre-sentam um número maior de homens do que mulheres. “Se em estádio de futebol, autó-dromo ou ginásio há mais homens do que mulheres, é normal que haja também um ín-dice diferente de homens e mulheres nas redações” (COELHO, 2014, p. 34).

Mesmo com todos os obstáculos, as oportunidades surgiam para as jornalistas es-portivas. De acordo Ramos (2010), Maria Helena Rangel pode ser considerada a primei-ra jornalista esportiva do país. Em 1947, aos 21 anos, Maria Helena foi convidada paprimei-ra escrever na Gazeta Esportiva, cobrindo campeonatos de voleibol e basquete. Em seu livro, Coelho (2014) cita o nome de outras mulheres que tiveram cargos importantes na área esportiva. Pouco antes da Copa do Mundo de 1998 até 2001, Isabel Tanese coman-dou o caderno de esportes da Folha de São Paulo. Sônia Francine atuou como apresen-tadora e comentarista da ESPN Brasil entre 1999 e 2004 e Kitty Ribeiro foi chefe de redação da mesma emissora entre 2000 e 2010. A jornalista Isabela Scalabrini foi a

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5 meira mulher na equipe de esportes da Rede Globo. Ela iniciou na emissora nos anos 80 como estagiária e seis meses depois passou a integrar o departamento de esportes.

Foi uma época que não tinha nenhuma mulher trabalhando lá dentro. Quando eu cheguei, eu era a única mulher no departamento. Não tinha tradição de mulher no esporte. Isso foi em 1980, sabia que ia ser muito difícil. (SCALA-BRINI apud SIQUEIRA, 2005, p. 42)

Em pouco tempo, Isabela já fazia matérias locais para o programa Globo Esporte. Cobria várias modalidades esportivas, exceto o futebol. “Não pegava matéria do Jornal

Nacional e nem de futebol. Eu notava que tinha essa resistência (...). Eu entrei em 80,

mas só consegui começar a fazer matéria boa, de rede, em 83” (SCALABRINI apud SIQUEIRA, 2005, p. 42), afirma, referindo-se aos Jogos Pan-Americanos realizados na Venezuela. Conforme Siqueira (2005), Isabela foi chamada para cobrir os esportes amadores3, como natação e remo. Dessa maneira, a jornalista esportiva conseguiu que

suas reportagens fossem veiculadas no Jornal Nacional pela primeira vez.

Após os Jogos Pan-Americanos de 1983, Isabela Scalabrini cobriu os Jogos Olím-picos de 1984, em Los Angeles, e a Copa do Mundo de 1986, no México. A jornalista conta que, durante a Copa, cada repórter ficou encarregado de acompanhar uma ou duas seleções. Scalabrini cobriu a seleção argentina e diz que não lembra de ter visto outra repórter esportiva na competição. Ela era a única, fato que causou espanto nos jornalis-tas que também acompanhavam os treinamentos da seleção argentina.

Depois disso, as portas do jornalismo esportivo se abriram mais para as mulheres. Em 1998, Anna Zimmerman, da Rede Globo, trabalhou na cobertura da Copa do Mun-do da França como repórter de campo – algo surpreendente na época. Núbia Tavares (apud RIGHI, 2006) explica a importância do trabalho das jornalistas esportivas:

A presença daquela pequena mulher nos gramados, representando a maior rede de televisão do país, tem um valor imensurável. Afinal, o futebol sempre foi tido como coisa de homem. São poucas as que se arriscam no jornalismo esportivo. Segundo, porque as poucas que atuavam na área nesta época, normalmente, apenas apresentavam os programas esportivos. E terceiro, porque a tarefa de ser repórter de campo era tarefa exclusiva dos homens. (TAVARES apud RIGHI, 2006, p. 30)

3 Esportes amadores, no contexto da criação dos Jogos Olímpicos, se referem ao pensamento que o Barão Pierre de Coubertin tinha sobre o assunto. Para ele os competidores deveriam ser amadores, pois não era permitido pagamento ou premiação aos vencedores, como acontecia nos torneios profissionais. É comum, ainda hoje, ver essa expressão sendo utilizada para se referir aos “outros esportes” além do futebol (N.A.)

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3. O esporte como negócio

A transmissão e a cobertura de esportes são, atualmente, sinônimos de audiência – e de patrocinadores – para as emissoras de televisão. É um investimento com retorno garantido. De acordo com a pesquisa Esporte Clube Ibope Media, realizada pelo instituto em 2011, o futebol é o esporte número um dos brasileiros. O vôlei é o segundo esporte mais importante na visão do público, seguido por Fórmula 1 e basquete.

Gráfico 3 – Modalidades esportivas mais acompanhadas pelo brasileiro (IBOPE, 2011) 92%

24%

13% 10%

Futebol Vôlei Fórmula 1 Basquete

A mesma pesquisa também apontou que 46% das mulheres se interessam e acompanham esporte pela televisão. Embora seja um número significativo, os homens ainda estão na frente, representando 54% da audiência esportiva.

Gráfico 4 – Audiência do conteúdo esportivo na televisão (IBOPE, 2011)

Desta forma, além de acompanhar mais a transmissão e a cobertura de esportes na televisão, a mulher também vem aumentando a participação como jornalista esportiva. Mas, mesmo com esse crescimento, as mulheres continuam desempenhando papéis “menores” nas redações. Raramente têm a oportunidade de comentar, opinar ou até

nar-54%

46%

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7 rar. Conforme ressalta Coelho (2014, p. 36): “Deixou de haver restrição às mulheres repórteres de futebol. O que sobrou foi o preconceito contra a opinião feminina”.

Um exemplo dessa resistência ocorreu durante os Jogos Olímpicos do Rio de Ja-neiro, em 2016, quando a Rede Globo escalou a então apresentadora do Esporte

Espeta-cular, Glenda Kozlowiski, para ser a primeira narradora esportiva da história da

emisso-ra. O esporte escolhido para a narração foi a ginástica artística. Após a estreia na função, a narradora recebeu críticas dos telespectadores. Entre os comentários, reclamações so-bre os “gritos” durante a transmissão das competições e da atuação muito mais voltada para a torcida por um bom desempenho dos atletas brasileiros do que para a narração.

A atuação não agradou ao público. Nas demais transmissões, ela passou a ser acompanhada pelos narradores titulares da emissora, Galvão Bueno e Kléber Machado.

5. Objeto de estudo: o Globo Esporte

Objeto deste estudo, o Globo Esporte, ou GE, é um programa esportivo produzido pela Rede Globo, que estreou na programação em 14 de agosto de 1978, dedicando sua cobertura basicamente aos torneios estaduais e nacionais de futebol. Inicialmente veiculado de segunda a sexta-feira, teve Léo Batista como primeiro apresentador. O figurino utilizado por ele (blazer e camisa) e a apresentação mais engessada (fazia uso da bancada) davam ares de telejornal ao programa esportivo.

A partir de 1983, o Globo Esporte passou a ser veiculado também aos sábados, com dois blocos destinados a notícias nacionais e um bloco para as informações locais. Além disso, o programa começou a focar em outros esportes: “O Globo Esporte ampliou sua cobertura, deixando de tratar apenas de temas relacionados ao futebol” (MEMÓRIA GLOBO, 2016). Porém, a bancada ainda se fazia presente no cenário.

No decorrer da década de 1980 a equipe de repórteres aumentou e as matérias se tornaram cada vez mais elaboradas. Nomes como Isabela Scalabrini, Tino Marcos, Mauro Naves e Marcos Uchoa foram revelados nessa época. Em 1987, Isabela Scalabrini se tornou uma das apresentadoras do GE exibido aos sábados, tornando-se a primeira mulher a integrar a equipe de apresentadores (MEMÓRIA GLOBO, 2016).

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8 Em 1991, foi a vez de Mylena Ciribelli integrar o time de apresentadores do programa. A bancada ainda estava presente, assim como o uso do teleprompter para a leitura dos textos, o que mantinha o programa esportivo muito formal. A partir de 1998, Glenda Kozlowski, Mylena Ciribelli e Maurício Torres alternaram as apresentações do

Globo Esporte, que seguia com o mesmo formato.

As grandes mudanças do Globo Esporte começaram a partir de 2008. Tino Mar-cos se tornou editor-chefe e passou a apresentar o programa ao lado de Glenda Kozlowski. O GE era gerado do Rio de Janeiro e transmitido para todo o Brasil e, de acordo com Rangel (2009, p. 3), “foi uma tentativa de globalizar a notícia esportiva”. A bancada ainda estava presente no cenário, que apresentou algumas mudanças: “Os apre-sentadores andavam, com opções no cenário de TV plasma, telão, chroma key, e outras variações estéticas” (RANGEL, 2009, p. 3). A maneira de apresentação se tornou mais leve e informal, com uma linguagem mais coloquial.

O formato permaneceu no ar por um ano, justamente quando o programa sofreu os piores índices de audiência, principalmente em São Paulo. Então, a Globo decidiu mudar o formato. Em 2009, Tiago Leifert assumiu a edição e a apresentação da versão paulista do programa, o tornando mais dinâmico. “A bancada deu lugar à mobilidade do apresentador e a linguagem engessada pelo teleprompter foi substituída pelo improviso” (OSELAME, 2010, p. 64). Com isso, o GE adquiriu mais leveza e perdeu a característi-ca de telejornal, adotando uma linha mais irreverente, colocaracterísti-cando uma pitada de humor e descontração nas suas matérias. Nesse período, no primeiro bloco do programa eram transmitidas as informações locais e, depois, apresentadas as notícias nacionais.

Em 2011, o formato foi modificado e Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Salva-dor, Recife e Fortaleza passaram a contar com edições produzidas regionalmente. Po-rém, nos grandes eventos como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo, o programa seguiu sendo transmitido nacionalmente, direto do Rio de Janeiro.

6. Opções metodológicas e dados obtidos

Esta pesquisa tem como objetivo mapear a presença da mulher na reportagem do programa Globo Esporte, da Rede Globo, durante a cobertura dos Jogos Olímpicos do

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9 Rio de Janeiro-2016. O estudo parte da hipótese de que as mulheres ocupam uma posição de aparente destaque no jornalismo esportivo, geralmente dentro do estúdio, quando desempenham o papel de apresentadoras. No entanto, quando se trata de produzir conteúdo para os programas esportivos, saindo a campo (ou “indo para a rua”, no jargão jornalístico), os protagonistas são na maioria os repórteres do sexo masculino.

Nesta pesquisa utilizamos a metodologia da análise de conteúdo, sistematizada por Laurence Bardin (1977). Os programas que compõem o corpus deste estudo foram transmitidos nas terças e quintas-feiras, nos respectivos dias: 09/08/2016, 11/08/2016, 16/08/2016 e 18/08/2016. A escolha do corpus foi feita com a intenção de deixar a amostra uniforme, ou seja, foram observados dois programas transmitidos na primeira semana do evento e outros dois veiculados na segunda semana de cobertura.

Após uma primeira observação do corpus, notamos que, em todas as edições selecionadas para análise, a jornalista Fernanda Gentil foi a encarregada de apresentar o

Globo Esporte, enquanto homens e mulheres exerceram a função de repórteres. A partir

dessas concepções, elegemos uma unidade de registro, denominada reportagem, que se refere às matérias realizadas por homens e mulheres nos quatro programas selecionados para a análise. A partir da unidade de registro, criamos duas categorias: homem e

mulher, para medir a quantidade de matérias feitas por homens e mulheres que foram

ao ar nos programas analisados e o tempo, em minutos, ocupado por cada uma delas. Os quatro programas pertencentes ao corpus desta pesquisa apresentam um tempo total de 1h44min08s, somando 43min42s destinados à realização de reportagens. Desta forma, 36min44s se caracterizaram pela presença masculina na reportagem e 06min58s foram representados pelas mulheres na função de repórter.

Gráfico 5 – Ocorrência total das categorias de análise (horas:minutos:segundos) 00:36:44

00:06:58

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10 Nas quatro edições selecionadas para a realização do estudo, foi veiculado um total de 17 reportagens: 13 classificadas na categoria homem, quatro na categoria mulher. Ao analisarmos o tempo ocupado pelas categorias em termos percentuais é possível perceber a predominância masculina na função de repórter quando se trata de um grande evento esportivo, como os Jogos Olímpicos

Gráfico 6 – Ocorrência total das categorias de análise (%)

Os resultados obtidos revelaram características importantes. Porém, era preciso, ainda, saber quais as modalidades esportivas a figura feminina foi encarregada de cobrir. Por esse motivo, optamos em fazer um segundo recorte, ou uma subcategoria, denominada esporte.

Gráfico 7 – Subcategoria de análise

Com base nesta subcategoria, observamos os esportes que homens e mulheres cobriram nos quatro programas selecionados para análise. Através da criação das tabelas abaixo é possível visualizar com mais facilidade quais são essas modalidades esportivas: Globo Esporte Reportagem Homem Mulher Esporte Esporte

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11 Tabela 2 – Subcategoria no GE 09/08/2016

Repórter Esporte

Homem Judô

Mulher Tênis de mesa

Tabela 3 – Subcategoria no GE 11/08/2016

Repórter Esporte

Homem Ginástica artística, basquete, natação e futebol

Mulher Polo aquático e futebol

Tabela 4 – Subcategoria no GE 16/08/2016

Repórter Esporte

Homem Canoagem, atletismo, futebol

Mulher Ginástica artística

Tabela 5 – Subcategoria no GE 18/08/2016

Repórter Esporte

Homem Futebol, atletismo, vôlei de praia, basquete e canoagem

Mulher Não houve participação feminina

Desta forma, foi possível notar que além da presença predominante do homem nas reportagens, ele também ficou encarregado de cobrir esportes considerados mais relevantes como, por exemplo, o futebol e o vôlei.

Já a mulher cobriu a ginástica artística, tênis de mesa e o polo aquático, modalidades esportivas consideradas de menor interesse do público. A exceção foi a presença feminina na cobertura dos resultados dos jogos de futebol masculino, que ocorreu na quinta-feira, dia 11 de agosto.

7. Análise

Os quatro programas analisados apresentaram um total de 17 reportagens, totalizando 43min42s. A figura masculina esteve presente em 13 matérias, com um

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12 tempo total de 36min44s (equivalente a 84% do total analisado), enquanto a mulher na função de repórter fechou quatro matérias, totalizando 06min58s (16% do total).

Embora as mulheres sejam maioria na profissão – 64% do total de profissionais brasileiros, de acordo com a pesquisa realizada pela UFSC – os homens ainda aparecem com maior destaque nas redações esportivas, conforme ressaltado por Coelho (2014). Os dados apresentados na primeira parte dessa pesquisa foram endossados pela análise do corpus de estudo: a maior parte do conteúdo produzido no Globo Esporte durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro-2106 foi resultado da reportagem masculina.

O homem na função de repórter aparece em 84% do total de VTs analisados; a mulher está presente em apenas 16%. Como destacou Coelho (2014), deixou de existir o preconceito em relação às mulheres repórteres – embora elas ainda apareçam menos que os homens – mas ainda sobra preconceito no que se refere à opinião – o que fica evidente na ausência de jornalistas esportivas como comentaristas durante o programa.

Desta forma, podemos dizer que o maior interesse masculino por esportes é refletido no maior número de homens que trabalham nas redações, especialmente na função de repórteres. As mulheres, embora representem uma parcela expressiva da audiência, ainda são minoria na cobertura esportiva – principalmente em grandes eventos dessa área, quando os homens parecem dispor de maior “credibilidade” para produzir conteúdo. Somado a esse cenário, há o processo de inclusão da mulher em atividades que até bem pouco tempo atrás eram consideradas essencialmente masculinas, além da questão cultural, característica marcante do contexto brasileiro, que associa o esporte – entenda-se o futebol – a um universo primordialmente masculino.

Na análise do corpus deste estudo, observamos que, ao todo, foram veiculadas três reportagens sobre futebol. Duas foram produzidas por repórteres do sexo masculino e uma delas realizada por uma repórter do sexo feminino. Percebeu-se, também, que a duração das matérias feitas por homens foi maior. Além disso, elas eram mais elaboradas e abordavam a seleção brasileira masculina, considerada a grande atração do torneio olímpico de futebol. A matéria realizada pela repórter mulher apresentou uma duração inferior – e informou sobre as partidas das demais seleções que participaram dos Jogos Olímpicos, de menor relevância no contexto da cobertura.

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13 Quando a mulher aparece fora do estúdio, portanto, é para cobrir assuntos menores. Isso ficou evidenciado na presença das repórteres produzindo conteúdos sobre tênis de mesa, polo aquático e ginástica artística. Dos esportes mais vistos pelos brasileiros de acordo com a pesquisa do Ibope apresentada neste artigo, a figura feminina tratou apenas de um: o futebol. E, como foi verificado anteriormente, a reportagem tratou de jogos de outras seleções, tendo menor importância no programa.

Em contrapartida, a figura masculina realizou reportagens sobre futebol, basquete e vôlei, modalidades que estão dentre as mais assistidas pelos brasileiros. Todas elas tiveram uma duração entre dois a quatro minutos. Os conteúdos abordados nas matérias eram os jogos das seleções brasileiras de futebol e vôlei – exceto no basquete, onde o foco era a seleção dos Estados Unidos, a mais importante do mundo.

Sendo assim, pode-se dizer que os homens ainda são designados para cobrir os esportes considerados de maior interesse do público – e vistos como mais relevantes pelo telespectador. Constatou-se, portanto, que embora a mulher estivesse presente no estúdio, na reportagem da rua ela ficou em segundo plano. Há, portanto, uma diferenciação entre os sexos; existe uma predominância masculina na reportagem.

8. Considerações finais

Quando se trata de um grande evento esportivo, os repórteres escalados para trabalhar são, na maioria, homens. Desta forma, as mulheres estão em menor número na função de repórter. Sendo assim, o espaço destinado a elas é inferior ao espaço ofereci-do a eles. No que diz respeito às modalidades esportivas, os homens ainda são encarre-gados de produzir matérias sobre os principais esportes. Já as mulheres são escaladas para cobrir esportes menos relevantes e que não despertam tanto interesse do público brasileiro. Desta forma, relacionando os resultados obtidos nesta pesquisa com o título deste estudo – que coloca a mulher como uma presença mais frequente no estúdio, co-mo apresentadora, e o homem na rua, coco-mo repórter –, conclui-se que o homem ainda é, sim, o protagonista da reportagem esportiva. É ele o responsável por produzir conteúdo sobre as modalidades esportivas mais prestigiadas pelo telespectador e que, consequen-temente, geram mais audiência para a emissora.

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14 Já a mulher – apesar de ser maioria na profissão de jornalista no Brasil e de sua participação na editoria de esportes estar crescendo gradualmente – ainda é considerada uma personagem secundária na função de repórter esportiva. Apesar disso, também é vista como uma “coadjuvante de luxo”, pois domina a apresentação do programa espor-tivo, além de estar presente em algumas das reportagens.

Referências

ABREU, Alzira Alvez de; ROCHA, Dora. Elas ocuparam as redações: depoimentos ao

CPDOC. Rio de Janeiro, FVG, 2006. 280 p.

BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. 226 p.

COELHO, Paulo Vinicius. Jornalismo Esportivo. 4ª Edição. São Paulo: Contexto, 2014. 120 p.

ESPORTE. Globo Esporte. Rio de Janeiro: Rede Globo, 9 de agosto de 2016. Programa de TV. ESPORTE. Globo Esporte. Rio de Janeiro: Rede Globo, 11 de agosto de 2016. Programa de TV.

ESPORTE. Globo Esporte. Rio de Janeiro: Rede Globo, 16 de agosto de 2016. Programa de TV.

ESPORTE. Globo Esporte. Rio de Janeiro: Rede Globo, 18 de agosto de 2016. Programa de TV.

HABIB, Lia. Jornalista: profissão mulher. São Paulo: Sapienza Editora, 2005. 267p.

Ibope Esporte Clube. Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística. Disponível em:

<file:///C:/Users/Maremanu/Desktop/IBOPE%20Media%20-%20IBOPE%20ESPORTE%20CLUBE.pdf>. Acesso em: 30 out. 2016. MEMÓRIA, Globo. Histórico do Globo Esporte. Disponível em

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OSELAME, Mariana Corsetti. Padrão Globo de Jornalismo Esportivo. Sessões do Imaginá-rio, p.63-71, n. 24, 2010. Disponível em

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