Objetivo da aula:
1. Usar exemplos de megaeventos anteriores para
apresentar oportunidades e ameaças que sediar os Jogos
Olímpicos e a Copa do Mundo podem trazer para o
Copa do Mundo 2014 Brasil (12 cidades)
Jogos Olímpicos 2016 Rio de Janeiro
Toohey & Veal (2007)
1980 Moscou X 1984 Los Angeles
1988 Seul País
1996 Atlanta Cidade
2000 Sydney Estado (New South Wales)
2016 Rio País? Continente?
Três tipos de impactos (Preuss, 2004;
Chalip, 2003;Hritz & Ross, 2010)
Tipos de custo (Coates, 2010)
A – Custos diretos
Arenas esportivas
Estacionamentos
Estradas
Transporte público
Segurança
Aeroportos
Alojamentos e hotéis
Por que a disparidade entre custos
estimados e custos reais?
Imprevistos?
Mudanças na economia mundial ou local?
Subestimação proposital?
Crompton (1995)
Em muitos casos, a projeção dos impactos de
megaeventos esportivos tem sido usada para
enganar deliberadamente o público em geral (e
tomadores de decisões) e gerar suporte para
candidaturas
Resultados dos megaeventos esportivos
mostram que, historicamente, seus custos têm
sido subestimados e seus benefícios
Adaptado de Solberg & Preuss, 2007
25%
25%
75%
100% Setor Privado
100% Setor
Público
75%
Montreal 1976
Pequim 2008
Munich 1972
Atenas 2004
Barcelona 1992
Seul 1988
Sydney 2000
Atlanta 1996
Los Angeles 1984
Montreal 1976
Sem suporte do governo federal
Até 2006 Olympic tax
US$ 120 mi US$ 1.6 bi
Desastre financeiro
Atenas 2004
“Dream games, nightmare bill”
US$ 1.5 US$ 15 bilhões
Instalações esportivas sem uso e com alto custo
Crise de 2010
Tipos de custo (Coates, 2010)
A – Custos diretos
Arenas esportivas
Estacionamentos
Estradas
Transporte público
Segurança
Aeroportos
Alojamentos e hotéis
B – Custos de oportunidade
Valor da melhor próxima oportunidade para
investir o dinheiro que teria sido investido no
evento
Países desenvolvidos vs. Países em
desenvolvimento
Educação
Saúde
B – Custos de oportunidade
No cenário econômico atual, existem dezenas,
se não centenas, de maneiras de gastar o
dinheiro público que trariam um melhor
retorno a sociedade do que gastá-lo em uma
Copa do Mundo [ou Jogos Olímpicos]
(Coates, 2010 – pesquisador e economista
americano, University of Maryland)
Receitas
Transferência para a região do evento de
dinheiro que não teria sido transferido caso o
evento não ocorresse (Preuss, 2004)
Direitos de transmissão (TV)
Patrocínios
Ingressos
Licenciamento
Turismo
Receitas
Receitas
Receitas
Programa TOP Sponsors
(fonte IOC Marketing Fact File)
TOP Sponsors dos Jogos Olímpicos
Jogos
#
NOCs
Receita (US$ million)
1985-1988 Calgary/Seul
9
159
US$96
1989-1992 Albertville/Barcelona
12
169
US$172
1993-1996 Lillehammer/Atlanta
10
197
US$279
1997-2000 Nagano/Sydney
11
199
US$579
2001-2004 Salt Lake/Athens
11
202
US$663
2005-2008 Torino/Beijing
12
205
US$866
Impacto econômico
Lucro
Empregos
Fonte
(US$ billion)
1984 Los Angeles
2,3
73.375
Economic Research Associates (1984)
1988 Seul
1,6
336.000
Kim et al. (1989)
1992 Barcelona
0,03
296.640
Brunet (1995)
1996 Atlanta
5,1
77.026
Humphreys & Plummer (1995)
2000 Sydney
4,5
90.000
Andersen (1999)
2004 Atenas
10,2
300.450
Balfousia-Savva et al. (2000)
2008 Pequim
--
--
Críticas a estudos de impacto econômico de
megaeventos (Lee, 2001; Preuss, 2004;
Coates, 2010)
Efeito substituição
Efeito “crowding out”
Efeito evasão
Preuss (2007)
Copa do Mundo 1994 USA
Efeito “crowding out”
Copa do Mundo 2006 Alemanha
Sem “crowding out”
Impacto econômico
Uma investigação criteriosa dos estudos de
impactos econômicos sugere que o legado
chave de um megaevento esportivo é o
turismo que este evento pode alavancar
(Chalip, 2002)
Turismo
Mega
Jogos Olímpicos Sydney 2000 (Chalip, 2002)
1.6 milhão de turistas internacionais
A$ 2.9 bilhões de receitas do turismo
Turismo 44.6% do impacto econômico
Jogos Olímpicos Seul 1988 (Kang & Perdue,
1994)
1 milhão de turistas internacionais
Jogos Olímpicos Los Angeles 1984 (Pyo et al.,
1988)
Evento como intervenção
vs.
Evento como oportunidade para implementar
estratégias de alavancagem
Alavancagem do turismo australiano foi
construída sobre 4 estratégias (Chalip, 2002):
1- Reposicionar o país capitalizando na imprensa
2- Buscar agressivamente convenções
3- Minimizar o efeito “crowding out”
4- Promover o turismo pré e pós Jogos
1- Reposicionar o país capitalizando na imprensa
Austrália
País Crocodilo Dundee País moderno (tecnologia de
ponta)
Como? “Ajudando” a mídia a projetar a imagem desejada
“Visiting Journalist Program” (1996-2000)
Custo - A$ 12 milhões
Retorno – A$ 2.3 bilhões em cobertura de imprensa
Brasil
2- Buscar agressivamente convenções
Turistas de convenção gastam 7 vezes mais do
que turistas de lazer
“Se conseguimos sediar os Jogos Olímpicos,
conseguimos sediar qualquer evento”
1999 Sydney era o destino número um de
convenções internacionais
3- Minimizar o efeito “crowding out”
1999 Australian Tourist Commission (ATC)
entrevistou operadores e agências de viagem,
que afirmaram que muitas pessoas estavam
evitando a Austrália durante o ano olímpico
Aeroportos e atrações lotados
Hotéis com preço alto
ATC realizou uma campanha para informar
operadores e agências que a Austrália estava
preparada para receber turistas sem interesse
nos JO
4- Promover o turismo pré e pós Jogos
Sydney 2000 expandir os benefícios do
turismo para outras cidades australianas
Pacotes para outras cidades, que poderiam ser
feitos antes e após os JO
Perth “gateway” para visitantes da Europa
Brasil 2014/2016
Aproveitar cidades com potencial turístico
Aproveitar “gateways”
A capacidade de criar impacto econômico tem
recebido atenção substancial
Contudo… (#1)
Eventos como Jogos Olímpicos e Copa do Mundo têm
um valor em si só. Residentes locais podem usufruir de
um ambiente festivo, têm a oportunidade de assistir
espetáculos esportivos de alto nível, e se beneficiam com
uma troca cultural do contato com pessoas de diversos
países (Preuss & Solberg, 2006; Howard & Crompton,
2004)
A capacidade de criar impacto econômico tem
recebido atenção substancial
Contudo… (#2)
O desenvolvimento do potencial turístico de uma
localidade tem justificado a degradação social, cultural
e, principalmente, ambiental de cidades (Liu et al., 1987)
Deslocamento de residentes (Battan, 2008)
Número de residentes deslocados
1988 Seul
720.000
1992 Barcelona
2.500
1996 Atlanta
30.000
2000 Sydney
0
2004 Atenas
2.700
2008 Pequim
1.500.000
26 de abril de 2011 ONU acusa Brasil de
desalojar pessoas à força por conta da Copa e
Olimpíadas
Raquel Rolnik, relatora especial da ONU
Right to housing at risk as Brazil prepares for World Cup and Olympics – UN expert
An independent United Nations human rights expert today voiced concern about alleged displacement and evictions in various cities across Brazil as the country prepares to host the 2014 soccer World Cup and the 2016 Olympic Games.
“I am particularly worried about what seems to be a pattern of lack of transparency, consultation, dialogue, fair negotiation, and participation of the affected communities in processes concerning evictions undertaken or planned in connection with the World Cup and Olympics,” said Raquel Rolnik, the Special Rapporteur on the right to adequate housing.
Instalações Esportivas
Jogos Olímpicos Barcelona 1992
Campo de beisebol e piscina de saltos foram
destruídos
Jogos Olímpicos Atlanta 1996
Olympic Stadium foi vendido para Atlanta Braves
Pista de atletismo foi destruída
Jogos Olímpicos Sydney 2000
Estádio principal precisaria de 200 eventos por ano
para cobrir seus custos
Piscina olímpica não é usada nem para o
Instalações Esportivas
Jogos Olímpicos Atenas 2004
“Ruínas da Grécia moderna”
Exceção Olympic Stadium foi comprado por 2
clubes de futebol (AEK e Panathinaikos)
Jogos Olímpicos Pequim 2008
“Bird´s nest” (US$ 500 mi; 100.000 lugares)
Principais oportunidades e ameaças descritas pela
literatura (impactos e legados de megaeventos
esportivos)
Chalip (2002)
Chalip et al. (2003)
Hritz & Ross (2010)
Kim & Petrick (2005)
Preuss (2004)
Preuss & Solberg (2006)
Ritchie et al. (2009)
Oportunidades
Aumentar o orgulho nacional
Estimular desenvolvimento
cultural
Gerar uma herança esportiva
(alto rendimento)
Incentivar o esporte de base
Melhorar o sistema de
transporte público
Criar parques e áreas públicas
para a prática esportiva
Construir arenas esportivas
modernas
Ampliar e modernizar
aeroportos
Profissionalizar o turismo
Ferir o orgulho nacional
Deslocar pessoas de suas
moradias
Desviar dinheiro do esporte de
base para o de rendimento
Destruir de áreas verdes
Construir elefantes brancos
Gerar dívidas
Aumentar impostos para cobrir
dívidas
Não mudar a imagem
internacional do país
Não profissionalizar o turismo
Preuss (2006, p. 10)
“A discussão acadêmica acerca de legados
e impactos econômicos de megaeventos
esportivos mostra que não está claro se
sediar grandes eventos esportivos é uma
maneira eficiente de investir os escassos
recursos públicos”
Chalip (2002, p.14)
É possível que o investimento em
megaeventos esportivos seja uma
transferência [infeliz] de dinheiro público
para as grandes corporações do turismo
[empresas aéreas, hotéis, agências de
Copa do Mundo 2014
30-10-2007
13-06 a 13-07-2014
6 a, 7 m, 14 d = 2418 d
Hoje 03-05-2013
Faltam 1 a, 1 m, 10 d =
406 d
2-10-2009
5 a 21-08-2016
6 a, 10 m, 3 d = 2499
Hoje 03-05-2013
Faltam 3a, 3m, 2d = 1190 d
Jogos Olímpicos 2016
Andersen, A. (1999). Economic Impact Study of the Sydney 2000 Olympic Games. CREA: Centre for Regional Economic Analysis/University of Tasmania: Australia.
Baade, R. A., & Matheson, V. A. (2004). The quest for the Cup: Assessing the economic impact of the World Cup. Regional Studies, 38, 343-354.
Balfousia-Savva, S, Athanassiou, L.; Zaragas, L; Milonas, A. (2001). The Economic Effects
of the Athens Olympic Games. Centre of Pl;anning and Economic Research: Athens.
Battan, C. (2008). The Beijing Olympics by the numbers. Dollars & Sense.
Blake, A. (2005). The economic impact of 2012 London Olympics. Retrieved from: http://utsescholarship.lib.uts.edu.au/dspace/bitstream/handle/2100/994/Impact 2005_5.pdf
Brunet, F. (1995). ‘An economic analysis of the Barcelona ’92 Olympic Games: resources, financing and impact’. In The Keys to Success, M. D. Miquel and M. Botella (eds).
Autonomous University of Barcelona: Barcelona; 203-237.
Chalip, L. H., Green, B. C., & Hill, B. (2003). Effects of sport event media on destination image and intention to visit. Journal of Sport Management, 17, 214-234.
Chalip, L. (2002). Using the Olympics to optimise tourism benefits. University lecture on
Coates, D. (2010). World Cup Economics: What Americans need to know about a US World Cup Bid. Retrieved from
http://www.umbc.edu/economics/wpapers/wp_10_121.pdf
Crompton, J. L. (1995). Economic impact analysis of sports facilities and events: Eleven sources of misapplication. Journal of Sport Management, 9, 14-35.
Economic Research Associates (1984). Community Economic Impact of the 1984 Olympic
Games in Los Angeles and Southern California. Los Angeles Olympic Organizing
Committee: Los Angeles.
Howard, D. R., & Crompton, J. L. (2004). Financing sport (2nd ed.). Morgantown, WV: Fitness Information Technology.
Hritz, N., & Ross, C. (2010). The perceived impacts of sport tourism: An urban host community perspective. Journal of Sport Management, 24, 119-138.
Humphreys, Jeffrey. M. and Michael. K. Plummer (1995). The economic impact on the state of Georgia of hosting the 1996 Olympic Games: 1995 Update. Athens, GA: Selig Center for Economic Growth. Terry College of Business, University of Georgia.
Kang, Y. S., & Perdue, R. (1994). Long-term impacts of a mega-event on international tourism to the host country: A conceptual model and the case of the 1988 Seoul
Olympics. In M. Uysal (Ed.), Global tourism behaviour (pp. 205-225). New York, NY:
Kim, J. G., Rhee, S. W., Ju, J. C. et al., (1989). Impact of the Seoul Olympic Games on National
Development. Korea Development Institute, Seoul.
Kim, S. S., & Petrick, J. F. (2005). Residents’ perceptions on impacts of the FIFA2002 World Cup: The case of Seoul as a host city. Tourism Management, 26, 25-38.
Liu, J. C., Sheldon, P. J., & Var, T. (1987). Resident perception of the environmental impacts of tourism. Annals of Tourism Research, 14(1), 17-37.
Preuss, H. (2006). Lasting effects of major sporting events. Retrieved from www.idrottsforum.org
Preuss, H. (2004). The economics of staging the Olympics. Cheltenham, UK: Edward Elgar.
Preuss, H., & Solberg, H. A. (2006). Attracting major sporting events: The role of local residents.
European Sport Management Quarterly, 6, 391-411.
Preuss, H. (2007). FIFA World Cup 2006 and its legacy on tourism. In R. Conrady &M. Buck (Eds),Trends and issues in global tourism 2007, pp. 83–102. Berlin, Heidelberg: Springer
Pyo, S., Cook, R., & Howell, R. L. (1988). Summer Olympic tourist market: Learning from the past.
Tourism Management, 9, 137-144.
Ritchie, B. W., Shipway, R., & Cleeve, B. (2009). Resident Perceptions of Mega-Sporting Events: A Non-Host City Perspective of the 2012 London Olympic Games. Journal of Sport & Tourism, 14,
143-167.
Solberg, H. A., & Preuss, H. (2007). Major sport events and long-term tourism impacts. Journal of
Sport Management, 21, 213-234.
Toohey, K., & Veal, A. J. (2007). The Olympic games : a social science perspective (2nd ed.). Wallingford, Oxfordshire, UK ; Cambridge, MA: CABI Pub.