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A contribuição da Psicopedagogia para reduzir o desconforto dos portadores do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)

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A contribuição da Psicopedagogia para

reduzir o desconforto dos portadores do

Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)

Projeto de Dissertação apresentado como pré-requisito de qualificação à continuidade do curso de Mestrado em Psicopedagogia da Universidade Santo Amaro – UNISA.

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2003

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA TEMÁTICA... 3

2 RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO... 4

3 QUADRO TEÓRICO... 5

4 QUESTÃO DA PESQUISA E FORMULAÇÃO DAS HIPÓTESES 14 5 OBJETIVOS... 15

6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS... 16

7 CRONOGRAMA... 18

REFERÊNCIAS PRELIMINARES... 19

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1 APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA TEMÁTICA

Este projeto de dissertação intitulado "A contribuição da Psicopedagogia para reduzir o desconforto dos portadores do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)", questiona a importância de uma avaliação sistemática e contínua que inclui procedimentos efetuados pelo observador, para identificar os pontos extremos das situações de impulso e desconforto. O ponto forte da proposta consiste em identificar onde se situa o ponto de equilíbrio entre estas reações e a prática de tarefas inspiradas em exercícios psicopedagógicos, estando previamente comprovado que o escalonamento de tarefas, uma vez aplicado mediante utilização de recursos metodológicos previamente definidos, contribui para os sintomas e respectivas reações.

A proponente esclarece, por oportuno, que não necessariamente foi à procura do tema de investigação, posto que a gênese do problema, na verdade, faz parte de sua vivência profissional, na qualidade de sócia-diretora de uma escola de educação especial (Centro de Vivência Despertar para a Vida, em Vitória, capital do estado do Espírito Santo). Neste contexto, existem outros antecedentes que interferiram nesse processo, motivando sua opção, o que poderá ser constatado em seu memorial.

Quanto à articulação do eixo temático, este está coerente com as linhas de pesquisa da UNISA, no que tange à aprendizagem e representações simbólicas, e seu uso competente no cenário da sociedade contemporânea, além da aprendizagem e espaços de socialização, em especial: família, escola, espaços virtuais e meios de comunicação, evidenciando que têm tudo a ver com o tema proposto.

Isto porque além de abordar o processo de aprendizagem e espaços de socialização, propicia ao meio acadêmico uma oportunidade de apreciar um estudo dentre poucos que até agora exploraram disciplinas eletivas, com destaque àquelas, quais sejam, o diagnóstico e tratamento em psicopedagogia e, cumulativamente, a estatística aplicada às áreas psicoeducativas.

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2 RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO

São escassas as pesquisas onde se coloca a Psicopedagogia como elemento subsidiário na avaliação dos efeitos do TOC, embora muitas pesquisas têm sido desenvolvidas no âmbito clinico, onde a avaliação direta do comportamento pode ser feita in vitro ou in vivo. Na avaliação in vitro, cria-se uma situação artificial, e o sujeito deve aproximar-se do objeto fóbico. Mede-se a distância que conseguiu ou a intensidade do mal-estar. O trabalho pioneiro (um tanto radical) foi de Lang e Lazovik (1963), no qual os sujeitos precisavam aproximar-se e segurar uma cobra numa caixa de vidro. A mudança da distância antes e após o tratamento foi o parâmetro utilizado.

Ainda no âmbito clínico, os recursos audiovisuais podem ser usados para recriar situações fóbicas, por exemplo, gravação de tempestades com luzes de néon imitando relâmpagos, simulação de vôo de avião, etc. Hoje, abre-se a perspectiva do tratamento e avaliação das fobias por meio de realidade virtual criada por computador. Esses recursos só são adequados para algumas pessoas que de tão sensíveis ficam extremamente ansiosas ao imaginar a situação, ou que vivenciam como real o mimetizar das fobias.

A avaliação da fobia pode ser ao vivo, em situações reais de vida. Por exemplo, a distância que um agorafóbico consegue percorrer a partir de sua casa, ou em um trajeto predeterminado. Ansiedade, pânico, grau de sofrimento podem ser medidos em pontos do percurso, ou após intervalos de tempo. Os recursos clínicos atuais (telemétricos) também permitem a avaliação simultânea de freqüência cardíaca, ondas alfa no EEG, pressão arterial, etc. durante o percurso.

No campo psicopedagógico, portanto, é de considerável relevância o advento de um estudo comportamental sobre a relação da intensidade das tarefas (práxis do aprendizado) em prol da diminuição dos impulsos fóbicos e do mal-estar do observado.

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3 QUADRO TEÓRICO

De uma forma, simplista pode-se definir o TOC como um transtorno que faz o emocional sobrepor-se a razão. Desta forma, mesmo o paciente totalmente consciente de suas atitudes esdrúxulas, parece não ter forças para controlar seus impulsos.

A simples presença de algum tipo de obsessão e/ou compulsão não necessariamente caracteriza o TOC, uma vez que estes sintomas podem agregar outros distúrbios mentais, tais como depressões, demências e outros distúrbios correlatos.

Entenda-se por obsessão, uma idéia fixa, mania e por compulsão, algo a que se obriga a fazer de forma contínua, uma espécie de ritual. Para entender-se melhor, pode-se resumir como a compulsão pode ser uma conseqüência da obsessão, tendo como exemplo claro, uma pessoa pensando freqüentemente que poderá contrair um vírus qualquer (desde uma simples gripe até HIV), pensando nisso com tanta freqüência que desenvolverá um ritual, ou seja, recusando-se a beijar, abraçar e até a tocar a mão de outra pessoa para um cumprimento e, ainda, eximindo-se a tocar em algum objeto, seja qual for, imaginando o risco de contaminação com o vírus em questão. Daí, na seqüência, irá lavar suas mãos repetidas vezes, para certificar-se da imunização ao tal vírus produzido em sua imaginação.

Temos aí uma descrição do paciente com TOC, com pensamentos obsessivos desencadeando rituais compulsivos, discutindo-se a relação de uma série de condições com o TOC: dismorfofobia, hipocondria, distúrbio delirante monossintomático, tricotilomania, onicofagia e transtorno do comportamento do alimentar. Muitos destes quadros respondem a outros espectros e não somente ao TOC, o que faz pensar que poderiam ter uma mesma etiopatogenia, sejam quadros distintos ou não, são questões que ainda estão em aberto.

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Deve ser entendido também que, em alguns casos, o TOC pode estar associado a Síndrome de Tourette (transtorno de tiques, ST). Esta, por sua vez, pode estar associada ao Transtorno de Déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Pode haver também associação do TOC com TDAH, neste caso, os pacientes parecem ter dificuldades em controlar a agressividade, ainda mais associada à ST.

O nível mais simples de avaliação sistemática das fobias consiste nos inventários de medo, no qual situações e objetos são apresentados em uma lista para serem assinalados quanto a presença e intensidade do medo que provocam. Os inventários podem ser sobre fobias em geral ou sobre fobias específicas.

Por demais, Rasmussen & Eisen (1992) apud Paes de Barros (1996) revelam que pacientes com TOC possuem alto risco de portar comorbidades como depressão maior e outros transtornos ansiosos:

- Depressão Maior (31%); - Fobia social (11%);

- Transtorno alimentar (8%);

- Abuso/ dependência de álcool (8%); - Fobia específica (7%);

- Transtorno do pânico (6%); e. - Síndrome de Tourette (5%).

Lang & Lazovick (1963) já assinalavam 50 medos comuns. Wolpe e Lang (1964) desenvolveram o "Fear Survey Schedule", hoje mais conhecido e citado, com versões de 75 a 120 situações ou objetos fóbicos. Os itens podem ser divididos em subcategorias: animais, ferimento e doenças, morte ou estímulos associados, ruídos, e uma categoria miscelânea. Diversos outros inventários acrescentam ou combinam algumas das escalas existentes.

Taylor & Agras (1981) apresentaram os estudos sobre validade e confiabilidade desses instrumentos. Esses inventários não permitem um diagnóstico, pois

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medo não é sinônimo de fobia. Falta caracterizar a esquiva fóbica, o sofrimento, a intensidade do mal-estar e das reações fisiológicas, a crítica dos sintomas e a incapacitação no desempenho social, profissional e nas atividades em geral.

A escala de fobias mais utilizada foi a desenvolvida por Marks & Mathews (1979). É composta por 15 itens descrevendo situações fóbicas freqüentes: injeções ou pequenas cirurgias, comer ou beber na frente das pessoas, hospitais, viajar sozinho de carro ou ônibus, andar sozinho em ruas movimentadas, ser observado ou foco de atenção, entrar em lojas ou locais com muitas pessoas, falar com superiores ou autoridades, ver sangue, ser criticado, afastar-se de casa sozinho, pensar em doenças ou ferimentos, falar ou atuar em público, grandes espaços abertos, ir ao dentista.

Cada uma das situações é auto-avaliada segundo o grau de temor que provoca numa escala de zero a oito (nada a extremo). Por conseguinte, a pessoa assinala quanto se sente incomodada por cada problema listado: está-se triste ou deprimido, irritado ou com raiva, tenso sem motivo, desrealização e sensação de pânico. A escala permite um escore global, e escores para agorafobia, fobia social e de sangue e ferimentos.

O Ambulatório de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas usa uma versão adaptada por Sheehan (Guelfi & Bobon, 1989) e simplificada por Cardioli (2003). É constituída por sete itens sobre as principais situações agorafóbicas, três itens sobre fobia de doença, sangue e ferimentos, três itens para fobia social e cinco itens sobre fobias específicas, além de espaço para situações não previstas pelo instrumento. Cada item é avaliado segundo a intensidade do medo e do comportamento de esquiva, e no final uma escala para avaliação global sobre o estado atual das fobias.

Cardioli (2003) descreve que alguns autores ingleses, destacando-se Rachman & Hogdson (1980) dentre estes, baseados em um trabalho de Meyer que obtivera sucesso ao tratar dois pacientes, ainda na década de 50, com técnicas comportamentais, fizeram, no início da década de 70, alguns experimentos

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interessantes que modificaram as concepções até então existentes sobre o TOC. Esses autores solicitaram a pacientes que apresentavam obsessões de sujeira/contaminação seguidas de rituais de limpeza, ou dúvidas seguidas da necessidade de realizar verificações, que se abstivessem de realizar os referidos rituais. Eles observaram que depois de tocarem nas coisas sujas ou de se absterem de fazer verificações, ocorria um aumento inicial tanto da ansiedade como do impulso de executar os rituais, os quais desapareciam espontaneamente depois de um período que variava de 15 a 180 minutos.

Foi observado, ainda, que, a cada repetição dos exercícios, a intensidade da ansiedade que surgia era menor, e se eles fossem repetidos um número suficiente de vezes, a ansiedade e o impulso de realizar rituais acabavam por se extinguir por completo. Essa era a constatação, no terreno dos sintomas obsessivo-compulsivos, do conhecido fenômeno da habituação, que desde então passou a ser a base da terapia de exposição e prevenção da resposta.

O gráfico seguinte (Figura 1) ilustra a diminuição da ansiedade sentida após a realização dos exercícios.

Figura 1 – Gráfico de diminuição da ansiedade após a realização de exercícios Adaptado de Rachman & Hogdson (1980) apud Cardioli (2003).

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A partir dessas experiências, os referidos autores sugeriram que a função dos rituais era a de reduzir a ansiedade e o desconforto provocado pelas obsessões, e não a de expressar conflitos inconscientes originários de problemas da infância, como até então se pensava.

Segundo Cardioli (2003), depois desses experimentos iniciais, duas outras pesquisas clínicas foram realizadas utilizando as mesmas técnicas para tratar grupos maiores de pacientes com TOC em ambiente hospitalar. Nessas pesquisas, a redução dos sintomas obsessivos foi observada em poucas semanas, ao contrário do que ocorria em outras terapias.

Descreve aquele autor que os pacientes continuavam assintomáticos vários anos depois, de forma que a possibilidade de eliminar as obsessões e compulsões com uso da técnica comportamental relativamente breve, passou a constituir um dos tratamentos de escolha para o TOC, ficando definitivamente comprovada.

Walk (1956; apud Taylor & Agras, 1981) criou o primeiro "termômetro" para avaliar medo. Idealizou uma escala para pessoas sendo treinadas para saltar de pára-quedas. A altura na escala correlacionava-se com intensidade do medo antes do salto. O medo por sua vez predizia o desempenho.

A escala SUDS (Subjective Unities of Distress ou unidades subjetivas de desconforto) foi desenvolvida por um dos pioneiros da terapia comportamental chamado Joseph Wolpe, que trabalhou durante muitos anos na África do Sul e, posteriormente, na Califórnia, tendo falecido recentemente. Fazia experiências em laboratório, nas quais gatos adquiriam (aprendiam) medo de entrar em gaiolas onde haviam recebido choques elétricos.

Wolpe desenvolveu, ainda, métodos que levavam os mesmos gatos a perder (desaprender) os medos adquiridos, métodos estes que foram posteriormente utilizados com sucesso no tratamento de pessoas com fobias.

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Um dos métodos consistia na exposição gradual, denominada por ele de dessensibilização sistemática (por analogia a uma técnica de tratamento de problemas alérgicos), que até hoje é utilizada para tratar pessoas com sintomas fóbicos (medo de insetos, de animais, de lugares fechados, de alturas, etc.).

Deste eixo metodológico emergiu a técnica de exposição agora abordada no sentido de ferramenta utilitária para inibir (senão minimizar) os sintomas do TOC. Como já se sabe, os portadores do transtorno têm em comum com os fóbicos, o fato de apresentarem medos irracionais de objetos, pessoas ou lugares que não oferecem nenhum risco.

A escala SUDS1 é uma espécie de régua (vide Figura 2) com a qual se mede

ou “dá uma nota” para o grau de aflição ou desconforto percebido no paciente quando este se abstém de fazer um ritual depois que uma obsessão invade sua cabeça, ou ao tocar em objetos ou freqüentar lugares que ele usualmente evita.

Figura 2 – Escala das unidades subjetivas de desconforto (SUDS) Fonte: Cardioli (2003).

A terapia comportamental parte do princípio de que os sintomas do TOC são decorrentes de medos ou reações de desconforto que o paciente adquiriu ao longo da vida e que ele aprendeu a reduzir ou eliminar mediante a realização de rituais ou evitando o contato, como já foi descrito.

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A escala original tinha o grau máximo de 100, e a versão configurada na figura 1 foi adaptada para ter o grau máximo de 10. Como se pode ver, ela possui alguns pontos de referência, mas qualquer nota de 0 a 10 pode ser atribuída ao seu sentimento. (CARDIOLI, 2003).

2,5 0 Extremo 10 7,5 5

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Essas manobras, no entanto, ajudam a manter o transtorno. Assim, o objetivo da terapia comportamental é levar o indivíduo a perder seus medos, desaparecendo, com isso, as obsessões e a necessidade de executar os rituais.2

Segundo Cardioli (2003), na terapia cognitivo-comportamental o contato é provocado de forma intencional através de duas técnicas:

- a exposição;

- a abstenção da execução de rituais (prevenção da resposta) nas situações em que a pessoa era levada a executá-los.

Por isso, esta terapia comportamental é também denominada como terapia de exposição e prevenção da resposta.

Na escala de unidades subjetivas, para se atribuir uma pontuação/ nota ao desconforto, deve ser mediada inicialmente nos dois extremos: uma situação de grande aflição, a maior imaginável (por exemplo, num acidente de carro, quando de um assalto, ou numa tempestade muito forte, etc.). A aflição sentida naquele momento é um parâmetro do grau extremo.

Depois, inversamente, uma situação de absoluta calma e tranqüilidade, deve ser considerada, neste estado, grau 0 de desconforto. Um grau intermediário entre os dois extremos seria 5; entre o grau 5 e o extremo, 7,5, e 2,5 entre o grau 5 e 0.

Sendo assim, temos uma escala associada aos critérios, conforme se segue:

- Grau 0: ausência de qualquer ansiedade ou desconforto; - Grau 2,5: ansiedade leve; intermediária entre 0 e 5;

2 A terapia comportamental se baseia fundamentalmente na constatação de que os medos

podem desaparecer por completo através do fenômeno da habituação (desaparecimento espontâneo das reações físicas/emocionais que ocorrem sempre que a pessoa permanece em contato com objetos/situações que provocam aflição durante o tempo necessário, desde que os objetos/situações de fato não representem perigo). (CARDIOLI, 2003).

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- Grau 5: situação de desconforto/ ansiedade moderada; - Grau 7,5: ansiedade intensa; intermediária entre 5 e 10;

- Grau 10: ansiedade extrema: (o máximo imaginável que se possa sentir).

Relata Cardioli (2003) que o dr. Lee Baer, em seu livro Getting Control - sobre terapia comportamental do TOC -, sugere a regra dos oitenta por cento (80%), ou seja, um critério para a escolha ou adiamento das tarefas. Para aplicar este critério, deve antes ser feita uma das seguintes perguntas diante dos sintomas pontuados na escala SUDS:

- Qual o percentual de probabilidade de que o paciente consegue de fato realizar a exposição ou prevenção da resposta? Ou,

- Considerando dez tentativas, em quantas destas pode-se presumir que o paciente completará os exercícios?

Segundo Cardioli (2003), o dr. Baer sugere que sejam escolhidas como tarefas de casa aqueles exercícios que sugerem pelo menos 80% de possibilidade de cumprimento, ou sejam não deve ser incluída na lista toda e qualquer tarefa de difícil consecução.

Seguindo a regra dos oitenta por cento (80%), caso o percentual de chance esteja deste em todos itens, deve ser então reduzido o tempo de duração do exercício e, por conseguinte, constatado se aumentam as chances do exercício de exposição ou prevenção da resposta aumentam e assim sucessivamente.

Por exemplo, sendo pressuposto que o paciente não consegue se expor durante meia hora, talvez o consiga durante 10 minutos, cinco minutos, ou até mesmo durante um minuto apenas. Havendo maior dificuldade em fazer a escolha, deve haver uma interação diretamente com o terapeuta, para acatar as sugestões deste.

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Além das dimensões já descritas, torna-se mister abordar aspectos específicos dos diferentes tipos de fobia, destacando-se que muitos instrumentos foram idealizados com essa finalidade:

- Ost (1990) desenvolveu uma escala para agorafobia composta por 20 itens abordando diversas situações agorafóbicas, cada uma avaliada para ansiedade e desconforto numa escala de 0 a 4, e esquiva (de 0 a 2). Apresentou boa validade, correlacionando com outros instrumentos e mostrou ser sensível à mudança;

- Bandelow (1995) desenvolveu uma escala para avaliação da gravidade de transtorno de pânico e agorafobia, que, já mencionada, tem sido utilizada no Ambulatório de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP;

- Watson & Friend (1969) desenvolveram a "Social Avoidance and Distress Scale" para medir a experiência de desconforto em situações sociais e a Fear of Negative Evaluation para avaliar o medo de uma avaliação negativa. Esses instrumentos foram traduzidos e utilizados por Paes de Barros (1996);

- Davidson et al. (1991) desenvolveram a Brief Social Phobia Scale, uma avaliação feita pelo observador acerca de sintomas fóbicos sociais;

- Schneier et al. (1994) procuraram avaliar a incapacitação de fóbicos sociais, a partir de duas escalas planejadas para medir o grau de comprometimento social causado por problemas emocionais.

É de praxe no estudo da fobia social, fazer também a aferição de outras habilidades como a auto-afirmação ou assertividade, havendo questionários específicos para isso.

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4 QUESTÃO DA PESQUISA E FORMULAÇÃO DAS HIPÓTESES

A causa desta investigação consiste em questionar a possibilidade de inibir (senão minimizar) situações agorafóbicas, cada uma avaliada para impulsos de ansiedade e desconforto, mediante estudo casuístico laboratorial, aplicado a um observado portador de Transtorno Obsessivo-Compulsivo – TOC.

Presume-se que o acompanhamento ao sujeito de estudo durante 6 meses, duas vezes por semana (seções de cinqüenta minutos), perfazendo 48 (quarenta e oito) seções, seja o suficiente para obter um diagnóstico que comprove estatisticamente a redução sistemática de seu desconforto e, sobretudo, que este será reduzido gradualmente com o decorrer da experiência.

Entretanto, um experimento empírico dentro de uma base subjetiva sempre provoca dispersões no ponto de vista de cada um, donde que desta questão surge uma série de hipóteses.

De acordo com Marinho (1980, p. 29):

Hipótese é sempre uma conjectura inteligente em relação a um problema, numa tentativa de explicação satisfatória dos fenômenos envolvidos. Como norma, as hipóteses buscam oferecer explicações gerais de relação ou de causalidade pelas quais os fenômenos se comportam de determinada maneira.

Considerando que, em linguagem científica, a hipótese equivale habitualmente à suposição verossímil sobre a verdade ou falsidade dos fatos que se pretende explicar, portanto, é a suposição de uma causa ou de uma lei destinada a explicar provisoriamente um fenômeno até que os fatos a venham contradizer ou afirmar.

Neste contexto, será também interessante segregar os exercícios em categorias, pelo seu grau de complexidade, para comprovar estatisticamente qual é o grupo de atividades mais adequado, em sendo aplicado na resolução do problema formulado.

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5 OBJETIVOS

O objetivo principal deste trabalho é comprovar como a Psicopedagogia pode contribuir para reduzir o desconforto dos portadores do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e, em contraponto, questionar a importância de uma avaliação sistemática e contínua que inclui procedimentos efetuados pelo observador, para identificar os pontos extremos das situações de impulso e desconforto.

Em decorrência, este objetivo central subdivide-se nos seguintes objetivos específicos:

I. Descrever uma revisão da literatura especializada, visando o aprofundamento do conhecimento sobre a patogenia do Transtorno Obsessivo Compulsivo, seus sintomas e reações associadas com um processo envolvendo o sujeito portador em atividades psicopedagógicas;

II. Delinear uma forma sistemática de fazer uma avaliação sucessiva e contínua de um portador de TOC enquanto educando de uma escola de educação especial;

III. Levar a efeito um estudo laboratorial de observação direta, visando a obtenção de dados estatísticos sobre a mudança de comportamento do observado (antes, durante e após a aplicação de exercícios/ tarefas/ atividades) pelo menos duas vezes por semana, durante seis meses; e,

IV. Ao cabo de seis meses, avaliar estatisticamente os resultados obtidos no estudo laboratorial, para constatar que (ou se) a Psicopedagogia realmente contribuiu para inibir (ou minimizar) os sintomas preliminarmente identificados, tendo como referencia as seguintes variáveis qualitativas: dez (10) tipos de impulsos predominantes, dez (10) tipos de desconforto igualmente evidentes e, quais foram as categorias de exercícios mais apropriadas (muito fáceis, simples/ fáceis, um pouco complexos e complexos).

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6 PROCEDIMENTOS MÉTODOLÓGICOS

Em relação aos objetivos declarados, o principal propósito concernente ao TOC consiste em desenvolver um estudo que possa contribuir para, além do reconhecimento da patogênese, a redução destes transtornos, mediante aplicação de jobs no âmbito psicopedagógico, até porque, em que pese o número crescente de trabalhos científicos, a etiopatogenia do TOC e transtornos relacionados, e questões sobre diversidade de sintomas, curso clínico e resposta terapêutica continuam insolúveis, havendo diversas evidências sugerindo que estes transtornos são heterogêneos.

Pretende-se desenvolver um estudo de caso envolvendo um único observado, porém, configurando uma pesquisa altamente qualitativa, sem que, contudo, seja descartada a magnitude dos elementos estatísticos da experiência laboratorial (cerca de 50 sessões x 50 minutos, equivalendo a mais de 40 horas de observação).

O enfoque dado a este trabalho pode ser considerado como fenomenológico, visto que põe em relevo as percepções dos sujeitos, mas apóia-se na estatística, afim de que determinados resultados sejam medidos objetivamente.

Ao mesmo tempo é um estudo descritivo, pois pretende descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade, sendo utilizada neste trabalho uma abordagem qualitativa de pesquisa, que melhor se enquadra ao caso a ser estudado, pois, como afirma Richardson (1985, p. 39), pode-se:

descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos.

.

Categorizando os elementos envolvidos na questão formulada para a pesquisa em tela, tem-se:

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- Unidade de análise: Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC);

- Unidade de observação: circunstâncias e variação da intensidade dos impulsos e sentimento de desconforto;

- Amostragem estatística: 50 seções de observação (50 minutos cada) no horizonte de seis meses, perfazendo 42 horas, conforme esquema programado pelo Centro de Vivência Despertar para a Vida;

- Variáveis: envolvidas na análise: até vinte especificações do TOC (sendo dez de impulso e dez de desconforto conseqüente) e as quatro categorias de exercícios aplicados (muito fáceis, simples/ fáceis, um pouco complexos e complexos);

- Validação: registro dos diálogos ocasionais com os familiares, assim como dos questionamentos junto ao psicólogo e psiquiatra que prestam atendimento ao observado.

Os recursos materiais e tecnológicos necessários agregam:

- Formulário de apontamento das ocorrências em cada seção de observação, conforme o protótipo apresentado no ANEXO único deste projeto;

- Programa desenvolvido em linguagem Visual Basic para a base de dados Microsoft Access, tendo como input a referida planilha e como output os relatórios estatísticos que hão de mostrar o comportamento das ocorrências (acréscimos e decréscimos circunstanciais da intensidade dos impulsos e situações de desconforto, por categoria). - Planilha Microsoft Excel, para a apresentação final dos relatórios,

incluindo análise exploratória dos dados incluindo tabelas de freqüência simples e tabelas cruzadas com medidas de associação e com testes de significância quando apropriados, podendo ainda ser utilizadas as análises de regressão logística e linear para identificar modelos explicativos e o método passo a passo (backward stepwise) para manter nos modelos de regressão apenas as variáveis independentes significantes.

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REFERÊNCIAS PRELIMINARES

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CARDIOLI, Aristides Volpato. Vencendo o Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Porto Alegre: Artmed, 2003.

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