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ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL: ESTUDO DE TRÊS INDICADORES

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I

NTRODUÇÃO

O

Ministério da Saúde

preconiza, em suas di-retrizes gerais, que a atenção obstétrica deve ter ca-racterísticas primordiais como a qualidade e a humanização. Entre as atividades que os municípios devem desenvolver nas redes de serviço estão os me-canismos estabelecidos de captação precoce da ges-tante na comunidade, pois o início da atenção pré-natal mostra-se essencial e configura a estrutura e o fortalecimento das ações em atenção básica 1.

RESUMO: RESUMO: RESUMO: RESUMO:

RESUMO: Estudo descritivo exploratório, com o objetivo de avaliar a assistência pré-natal nos serviços de saúde do município de Araguari-MG, utilizando os indicadores: primeira consulta e exames básicos efetuados até 120 dias de gestação e número de consultas. A amostra compreendeu 147 mulheres entrevistadas em 2007. A estratégia saúde da família (ESF) obteve, em todos os indicadores, melhores resultados que o Centro de Atendimento e Atenção Materno-Infantil (CEAAMI). O indicador primeira consulta realizada até 120 dias alcançou 91,7% na ESF e 88,2% no CEAAMI; o número de exames realizados até 120 dias é maior na ESF que no CEAAMI; houve diferença estatística significativa para os exames de glicemia e toxoplasmose. Na ESF, 92,7% das gestantes realizaram seis consultas ou mais; no CEAAMI, esse indicador atingiu 78,4%. Para atender aos princípios de universalidade e equidade do Sistema Único de Saúde, o município deverá estender a cobertura da ESF para toda a população.

Palavras-Chave: Palavras-Chave: Palavras-Chave: Palavras-Chave:

Palavras-Chave: Cuidado pré-natal; gravidez; enfermagem em saúde comunitária; controle de qualidade.

ABSTRACT ABSTRACT ABSTRACT ABSTRACT

ABSTRACT::::: An exploratory descriptive study aiming at identifying pregnant women who begin prenatal care on the basis of three indicators: first prenatal appointment ; basic exams undergone within 120 days of pregnancy; number of appointments with doctor. The sample consisted of 147 women interviewed in 2007. Family health strategy (FHS) had better indicators than Children’s Maternal Care and Assistance Center (CMCAC). The indicator first doctor’s visit within 120 days was satisfactory for 91.7% at the FHS and for 88.2% at the CMCAC basis. At the FHS, percentage of exams within the first 120 days are higher than those at the CMCAC; significant statistical difference was found in glicemy e toxoplasmosis tests. At the FHS, 92.7% of the pregnant women had at least six appointments; at the CMCAC this percentage dropped to 78.4%. In order to comply with the principles of universality and equity of the Unified Health System, the city must extend FHS assistance to the whole population.

Keywords: Keywords: Keywords: Keywords:

Keywords: Prenatal care; pregnancy; community health nursing; quality control.

RESUMEN: RESUMEN: RESUMEN: RESUMEN:

RESUMEN: Estudio descriptivo exploratorio que tuvo como objetivos: evaluar la asistencia prenatal en los servicios de salud de la ciudad de Araguari-MG-Brasil; utilizando los indicadores: primera consulta, exámenes básicos realiza-dos hasta 120 días de la identificación del embarazo y número de consultas realizadas. La muestra fue constituida por 147 mujeres entrevistadas en 2007. Todos los indicadores fueron mejores en la estrategia salud de la familia (ESF) que en el Centro de Atención y Acompañamiento Materno-Infantil (CEAAMI) El indicador primera consulta, realizada hasta 120 días, alcanzó 91,7% en la ESF y 88,2% en el CEAAMI; en la ESF el número de exámenes realizados hasta 120 días son más grandes que los del CEAAMI; hubo diferencia estadística significativa para los exámenes de glicemia e toxoplasmose. En la ESF, 92,7% de las gestantes realizaron seis o más consultas que en el CEAAMI (78,4%). Es necesario que la ciudad, para atender a los principios de universalidad y equidad del Sistema Único de Salud, extienda la cobertura de la ESF para toda la población.

Palabras Clave: Palabras Clave: Palabras Clave: Palabras Clave:

Palabras Clave: Atención prenatal; embarazo; enfermería en salud comunitaria; control de calidad.

A

SSISTÊNCIA

P

-N

ATAL

:

ESTUDO DE TRÊS INDICADORES

P

RENATAL

C

ARE

:

STUDYOFTHREEINDICATORS

A

SISTENCIA

P

RENATAL

:

ESTUDIODETRESINDICADORES

Frank José Silveira MirandaI

Rosa Aurea Quintella FernandesII

IEnfermeiro. Mestre em Enfermagem. Professor Titular da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, Minas Gerais,

Brasil. E-mail: frankenfermeiro@yahoo.com.br.

IIObstetriz. Doutor em Enfermagem. Professor Titular do Programa de Mestrado em Enfermagem da Universidade Guarulhos, São Paulo, Brasil. E-mail:

fernands@uol.com.br.

Indicadores de grande relevância para a aten-ção à gestante são a realizaaten-ção dos exames laboratoriais básicos preconizados pelo Ministério da Saúde (MS) e a efetivação do número mínimo de seis consultas. Eles expressam uma relação estreita com o momento da gestação em que a mulher foi captada para o início da assistência pré-natal, uma vez que, quanto mais cedo ela iniciar a assistência, maiores chances terá de realizar todos os exames e o número

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No Brasil, apesar da ampliação das redes básicas de saúde assim como da ESF, persistem desigualdades entre as diferentes regiões do país no que tange à aten-ção pré-natal, pois, em algumas delas, é apontada sua inadequação nos estratos de menor renda. Neste seg-mento social as gestantes são classificadas como de maior risco e há uma proporção maior de cuidados considerados como inadequados, fortalecendo a evi-dência da morte materna4.

A morte materna continua sendo um problema relevante, apesar da comprovação de que 98% dos casos associados ao período gravídico puerperal po-deriam ser evitados com uma atenção pré-natal ade-quada, uma vez que os coeficientes de mortalidade materna e infantil são influenciados pelas condições da assistência ao pré-natal5,6.

A mortalidade é um indicador da realidade so-cial de um país e de seu povo, bem como da determi-nação política de realizar ou não ações de saúde co-munitária. Dessa forma, a assistência pré-natal é re-conhecida, por seu impacto e transcendência, como um dos componentes que contribuem para a redução significativa das taxas de mortalidade materna5,7.

M

ETODOLOGIA

E

studo descritivo,

exploratório, de campo, com abordagem quantitativa, desenvolvido no município de Araguari, interior do estado de Minas Gerais, lo-calizado no Triângulo Mineiro, com aproximadamen-te 104.196 habitanaproximadamen-tes.

A rede básica de saúde do município está cons-tituída por 12 equipes da ESF que atendem 42.383 pessoas, distribuídas por diversos bairros, inclusive a área rural. Os 62 mil habitantes restantes, que correspondem a aproximadamente 60% da popula-ção, são atendidos em cinco UBS.

A assistência pré-natal é realizada tanto pelas equipes ESF como pelo Centro de Atendimento e Atenção Materno Infantil (CEAAMI), entretanto é importante ressaltar que há diferenças substanciais na forma de atendimento.

A ESF possui uma linha de atendimento dife-renciado para as gestantes e que envolve a identifica-ção, pelos ACS, das mulheres com atraso menstrual na comunidade, o que pode indicar um provável di-agnóstico de gravidez. Ao detectar uma mulher com atraso menstrual, o ACS agenda, imediatamente, a primeira consulta.

As mulheres que não residem na área de abrangência das equipes de ESF, para agendar uma primeira consulta, devem encaminhar- se ao CEAAMI e conseguir uma das 24 guias para consul-ta, distribuídas diariamente para todos os usuários que frequentam o Centro. Esse procedimento, mui-de consultas necessárias para conduzir uma gravimui-dez

com o mínimo de intercorrências1.

A captação precoce das gestantes significa a iden-tificação, na comunidade, de mulheres grávidas e seu encaminhamento para realizar a primeira consulta de pré-natal até 120 dias, após a detecção da gravidez1.

A avaliação da assistência é uma estratégia im-portante para a melhoria da qualidade dos serviços e indicada pelo MS1 que recomenda sua monitorização

contínua, por meio da observação de indicadores de estrutura, processo e impacto.

Neste estudo, foram eleitos três indicadores do MS1 que serviram de parâmetro para monitorar a

as-sistência pré-natal nos serviços de saúde do municí-pio de Araguari - Minas Gerais. Os objetivos foram avaliar a assistência pré-natal nos serviços de saúde de um município utilizando os indicadores: primeira consulta e exames básicos efetuados antes de 120 dias de gestação e número de consultas.

R

EFERENCIAL

T

EÓRICO

N

o Brasil, atualmente,

a assistência pré-natal das mulheres usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS) é desenvolvida nas unidades básicas de saúde (UBS). A organização da atenção básica, nos municí-pios, pode ou não contar com uma nova abordagem da clientela, ou seja, um modelo inovador: o progra-ma saúde da família (PSF).

O PSF é caracterizado pela ação contínua junto às atividades de saúde pública voltadas para a comu-nidade e visa a integração das ações entre os diversos profissionais e suas articulações com as reais deman-das e necessidades da população2.

Em meados de 2005, a nomenclatura programa de saúde da família foi substituída por estratégia de saúde da família (ESF), o que representa um marco importante para demonstrar não apenas um novo programa de governo, mas sim a consolidação efetiva de um conjunto de ações destinadas à prevenção, pro-moção e recuperação da saúde das pessoas, da família e da comunidade, de forma integral e contínua.

A implantação desta nova estratégia pressupõe flexibilidade maior por parte dos serviços que preci-sam desvincular-se dos procedimentos tradicionais cristalizados, para adotar uma fórmula de interação contextualizada e afinada com crenças e valores das famílias3.

Na ESF as equipes são constituídas da mesma ma-neira que no PSF, ou seja, contam com médico, enfer-meiro, auxiliar de enfermagem e agentes comunitários de saúde (ACS), que desempenham papel importante para a consolidação dos preceitos desta estratégia, espe-cialmente no que diz respeito à captação das gestantes na comunidade para iniciar a atenção pré-natal.

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tas vezes, retarda o início da assistência pré-natal, pois não é dada prioridade à mulher, possivelmente grávida, na obtenção da senha.

A amostra deste estudo foi por conveniência e fizeram parte as 147 gestantes dos dois serviços e que preencheram os seguintes critérios de inclusão: estar cadastrada no SISPRENATAL, ter a data provável do parto até 30 de maio de 2007, ter idade igual ou superior a 18 anos no momento da entrevista; ter realizado o pré-natal no município; ser localizada na comunidade; estar de posse do cartão da gestante no momento da entrevista e aceitar fazer parte do estu-do, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Para a coleta dos dados, foi criado um instrumento que, além de possibilitar informações sociode-mográficos das mulheres, continha duas perguntas: quem a encaminhou para a primeira consulta de pré-natal e como ocorreu o agendamento da primeira con-sulta. O instrumento previa, ainda, local para trans-crever dados do cartão da gestante, a saber: número de gestações, paridade, filhos vivos; abortos; idade gestacional na primeira consulta pré-natal, data dos resultados dos exames básicos (hemograma, urina, ABO-RH, glicemia, anti-HIV, VDRL, toxoplasmose) e número de consultas realizadas durante o pré-natal. Os dados foram coletados no período de julho a agosto de 2007, após autorização do Secretário de Saúde do município e aprovação do projeto pelo Co-mitê de Ética em Pesquisa da Universidade Guarulhos - UnG (SISNEP/245).

Os dados foram armazenados e analisados no programa Statistical Package for the Social Science (SPSS). Para comparar as frequências das características en-tre grupos, foi aplicado o teste exato de Fisher. A di-ferença foi considerada estatisticamente significante se p com valor < 0,05.

R

ESULTADOSE

D

ISCUSSÃO

A

s mulheres que

compuseram a amostra, 147,

apresentaram idade média de 25,7 anos (variação= 18 a 45) e eram em sua maioria brancas — 76(51,7%), com companheiro fixo — 107(72,8%), sendo 61(41,5%) casadas e 46(31,3%) em união estável. Quanto à escolaridade, houve predominância do en-sino médio completo — 48(32,7%).

A média de pessoas por domicílio correspondeu a 4,39, com variação de 2 a 13 pessoas.

A renda familiar da maioria — 84(57,1%) — compreendeu entre 1 e 2 salários mínimos, e 15(10,2%) famílias sobreviviam com menos de 1 salá-rio; 48(32,7%), com renda superior a dois salários mínimos. Observou-se, ainda, que a maioria, 108(74%), informou não possuir trabalho; 34(23%)

declararam que estavam trabalhando e apenas 5(3%) estavam desempregadas no momento da entrevista.

Os dados obstétricos revelaram que 50(34%) eram primíparas, 54(36,7%) delas estavam na segun-da gestação, 43(29,3%) na sua terceira ou mais e 118(80,3%) nunca haviam abortado.

Quanto ao local do atendimento, a maioria — 96(65%) — foi atendida pela ESF e 51(35%) foram atendidas no CEAAMI, que presta assistência à mu-lher gestante e crianças não residentes na área de abrangência da ESF.

O resultado do questionamento feito às mulhe-res sobre a marcação da primeira consulta eviden-ciou que a maioria delas, 94(63,9%), compareceu ao serviço de saúde por livre demanda, ou seja, procurou espontaneamente o serviço; 48(32,7%) foram enca-minhadas por ACS, enquanto 5(3,4%) o foram por outros profissionais ou parentes.

Ao analisar a forma de encaminhamento para início do pré-natal apenas das 96(100%) mulheres atendidas na ESF, verificou-se que 46(47,9%) busca-ram espontaneamente o serviço, enquanto 48(50%) foram direcionadas pelos ACS e 2(2,1%) relataram outras maneiras de encaminhamento.

Estes resultados suscitam alguma reflexão, pois é o ACS, por suas atribuições, que deve identificar as mulheres grávidas na comunidade e encaminhá-las ao pré-natal, mas apenas metade delas obteve a pri-meira consulta por meio deste profissional.

Há que se considerar que a administração de re-cursos humanos no município apresenta uma situação peculiar que pode refletir na qualidade da atenção. É comum os ACS não serem substituídos quando há li-cenças, férias ou outras ocorrências de absenteísmo, o que, além de sobrecarregar os que estão trabalhando, prejudica a qualidade da assistência pré-natal.

Para verificar se houve diferença estatística, quanto à idade gestacional em que as mulheres inici-aram o pré-natal, entre aquelas que foram encami-nhadas pelos ACS e as que procuraram por livre de-manda, foi utilizado o teste exato de Fisher. Vale res-saltar que a idade gestacional de 7 a 10 semanas pre-dominou na 1a consulta pré-natal tanto no encami-nhamento por ACS quanto na livre demanda, não tendo sido observada diferença estatisticamente sig-nificativa, conforme mostra a Tabela 1.

Neste estudo, outro aspecto analisado foi a marca-ção da primeira consulta. As mulheres foram questio-nadas sobre como ocorreu o agendamento da primeira consulta. Houve predominância, 63(42,85%), das que consideraram tarefa fácil; 48(36,65%) afirmaram que foi o ACS ou outro profissional que marcou a consulta e não houve dificuldade. Entretanto, 36(24,5%) encon-traram dificuldade, das quais 20(13,6%) pernoitaram na fila para obter a senha para a primeira consulta.

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Sabe-se que a dificuldade de acesso, em especial o fato de terem que pernoitar na fila para agendar con-sulta, prejudica e retarda a assistência ao pré-natal 8.

Comparando os dados da presente pesquisa com os de outro estudo9, observou-se que os percentuais

estão próximos, pois 26,67% das mulheres entrevistas naquela pesquisa também citaram dificuldade no aces-so ao serviço de saúde, bem como o fato de terem que pernoitar na fila para agendar sua primeira consulta.

Esta situação não só caracteriza descaso e falta de respeito do serviço para com as usuárias que têm direito a uma assistência digna, mas também consti-tui uma forma de exclusão social da mulher.

[...] a falta de condições econômicas afeta direta-mente a saúde das mulheres, pois aumenta suas demandas sociais e dificulta seu acesso aos direitos e serviços [...]10:242.

Considerando-se o indicador de processo do Ministério da Saúde (MS), primeira consulta realiza-da até 120 dias ou quarto mês de gravidez, como parâmetro, os resultados atingidos tanto pelo ESF — 88(91,7%) — como pelo CEAAMI — 45(88,2%) — são considerados adequados (apenas 14 gestantes ini-ciaram o pré-natal após 120 dias). Assim, pode-se afirmar que houve captação precoce da maioria das

mulheres que compuseram a amostra, independen-temente do serviço onde foram atendidas.

A idade gestacional em que a mulher inicia o pré-natal é fator condicionante para o desfecho fa-vorável do processo gestacional. O início precoce do pré-natal é considerado um indicador sensível da adequação e do impacto dos programas de interven-ção nesta área, em vista de sua relainterven-ção estreita com a assistência prestada à gestante.

Na comparação da ESF com o CEAAMI, no que diz respeito aos exames laboratoriais realizados pelas gestantes, utilizou-se o teste exato de Fisher, com o objetivo de verificar se existiu diferença entre a assis-tência por eles oferecida. Houve diferença significati-va apenas em dois exames: glicemia (significati-valor p=0,007) e toxoplasmose (valor p=0,043), de acordo com a Tabe-la 2. Tais avaliações são imprescindíveis na detecção de doenças que podem resultar em problemas para a mãe e para o concepto. A toxoplasmose é uma infec-ção especialmente prejudicial pela gravidade das le-sões produzidas, muitas vezes definitivas11. A glicemia

é fundamental, pois algumas mulheres com níveis glicêmicos normais, anterior à gravidez, podem desen-volver o diabetes gestacional responsável, quando não tratado, por elevado índice de morbimortalidade perinatal, sobretudo a macrossomia fetal1.

Na ESF, a produção de exames com resultados até 120 dias é maior do que no CEAAMI, o que pode de-notar maior empenho das equipes no atendimento às gestantes na ESF, uma vez que não existe maior cota de exames neste serviço. Verificou-se que as cotas de exa-mes de laboratório destinadas ao CEAAMI são exclu-sivas para as gestantes, enquanto a cota da ESF é para todos os usuários atendidos pelas equipes, indepen-dentemente da especialidade médica, havendo, por-tanto, uma cota menor destinada ao pré-natal.

Da mesma forma, a produção de exames realiza-das após 120 dias na ESF é menor do que no CEAAMI. Quanto aos exames sem registro no cartão da gestan-te, existe deficiência nas anotações nos dois locais de atendimento. Outros estudos apontam o mesmo

pro-T TT

TTABELAABELAABELAABELA 1: ABELA 1: 1: 1: 1: Distribuição dos encaminhamentos efetuados por agentes comunitários de saúde, livre demanda e idade gestacional na 1a consulta. Araguari, MG, 2007.

I d a d e I d a d eI d a d e I d a d eI d a d e Gestacional GestacionalGestacional

GestacionalGestacional Encaminhamento pré-natalEncaminhamento pré-natalEncaminhamento pré-natalEncaminhamento pré-natalEncaminhamento pré-natal p-valorp-valorp-valorp-valorp-valor

(semanas) (semanas)(semanas)

(semanas)(semanas) ACSACSACSACS ACS (((((*****))))) Livre demanda Livre demandaLivre demandaLivre demandaLivre demanda

f % f % ≤ 6 9 18,8 13 13,9 0,329 7 a 10 18 37,5 47 50 11 a 14 12 25 24 25,5 15 a 18 5 10,4 8 8,5 ≥ 19 4 8,3 2 2,1 T TT

TTotalotalotalotalotal 4848484848 100100100100100 9494949494 100100100100100

(*) ACS = agente comunitário de saúde

T T T T

TABELAABELAABELAABELAABELA 2: 2: 2: 2: 2: Distribuição dos exames laboratoriais básicos realizados até 120 dias de gestação e após nas unidades estratégia de saúde da família e Centro de Atendimento e Atenção Materno Infantil. Araguari, MG, 2007.

ESF ESFESF ESF

ESF (*) (*) (*) (*) (*) (n=96) (n=96) (n=96) (n=96) (n=96) CEAAMICEAAMICEAAMICEAAMICEAAMI(**)(**)(**)(**)(**) (n=51) (n=51) (n=51) (n=51) (n=51)

f (%) f (%)f (%) f (%)f (%) f (%)f (%)f (%)f (%)f (%) E x a m e s E x a m e s E x a m e s E x a m e s E x a m e s ≤ ≤ ≤ ≤

≤ 120120120120120 >120>120>120>120>120 N ã oN ã oN ã oN ã oN ã o S e mS e mS e mS e mS e m ≤ ≤ 120≤ ≤ ≤ 120120120120 >120>120>120>120>120 N ã oN ã oN ã oN ã oN ã o S e mS e mS e mS e mS e m p-valorp-valorp-valorp-valorp-valor dias

dias dias dias

dias diasdiasdiasdiasdias realizourealizourealizourealizourealizou D a t aD a t aD a t aD a t aD a t a diasdiasdiasdiasdias diasdiasdiasdiasdias realizourealizourealizourealizourealizou D a t aD a t aD a t aD a t aD a t a

Hemograma 85(88,5) 7(7,3) — 4(4,2) 38(74,5) 8(15,7) 2(3,9) 3(5,9) 0,053 Glicemia 81(84,4) 7(7,3) — 8(8,3) 34(66,7) 9(17,6) 4(7,8) 4(7,8) 0,007 VDRL 81(84,4) 11(11,4) — 4(4,2) 38(74,5) 8(15,7) 2(3,9) 3(5,9) 0,195 Urina I 81(84,4) 9(9,3) 4(4,2) 2(2,1) 35(68,6) 11(21,6) 2(3,9) 3(5,9) 0,086 Anti HIV 76(79,2) 10(10,4) 10(10,4) 0(0,0) 36(70,6) 9(17,6) 3(5,9) 3(5,9) 0,057 Toxoplasmose 78(81,2) 6(6,3) 5(5,2) 7(7,3) 32(62,7) 10(19,6) 5(9,8) 4(7,8) 0,043 ABO-Rh 74(77,1) 10(10,5) 5(5,2) 7(7,3) 31(60,8) 9(17,6) 7(13,7) 4(7,8) 0,131

(*) Estratégia de Saúde da Família (**) Centro de Atendimento e Atenção Materno Infantil

I d a d e I d a d eI d a d e I d a d eI d a d e Gestacional GestacionalGestacional GestacionalGestacional (semanas) (semanas)(semanas) (semanas)(semanas)

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blema de sub-registro e inadequação dos registros no cartão das gestantes, no que se refere aos exames laboratoriais12,13.

Observou-se, ainda, que, na ESF, 10(10,4%) ges-tantes não realizaram o exame anti-HIV, e no CEAAMI, 3(5,9%). Isso não é justificável, pois a detecção precoce de mulheres soropositivas é extre-mamente importante na prevenção da transmissão vertical da doença e no seu controle. Das mulheres atendidas no ESF e na CEAAMI, 76(79,2%) e 36(70,6%), respectivamente, realizaram o teste anti-HIV até 120 dias. Em um trabalho sentinela, com re-gistros da produção desse exame, procedentes de to-das as regiões do Brasil, foi observado resultado similar — realização de 76% de exames solicitados14.

Na avaliação do indicador número de consultas realizadas, verificou-se que, entre as 96 usuárias aten-didas no pré-natal da ESF, a maioria, 82(92,7%), com-pareceu a seis consultas ou mais, enquanto no CEAAMI, a frequência foi menor 40(78,4%). Reali-zaram menos de 6 consultas 7(7,3%) gestantes assis-tidas pela ESF e 11(21,6%) pelo CEAAMI. Os acha-dos deste estudo, no que tange a esse indicador, são superiores aos de outras pesquisas, para este dado. Em um deles, a frequência de mulheres que realizou mais de seis consultas atingiu 31,16%, enquanto em outro chegou a 55,8%7,15.

C

ONCLUSÕES

O

s resultados da

assistência pré-natal das unida-des ESF mostraram-se melhores do que os do CEAAMI. As unidades da ESF, portanto, atendem aos princípios estabelecidos pelo Ministério da Saúde. É necessário que haja empenho dos governantes para aumentar a abrangência da população atendida pela ESF, pois no município, campo do estudo, apenas 40% da população têm cobertura desta estratégia.

Da avaliação dos três indicadores de assistência pré-natal, foi possível depreender alguns de seus as-pectos e características no município estudado.

Os princípios da universalidade, integralidade e equidade que orientam o Sistema Único de Saúde não estão sendo atendidos como um todo, visto que uma parcela da população encontra ainda um nível de difi-culdade considerável na obtenção da assistência, pelo menos no que diz respeito à atenção pré-natal.

Esta dificuldade está retratada na referência de algumas mulheres que, para terem acesso ao serviço, tiveram que pernoitar na fila e no fato de não haver disponibilidade suficiente de exames laboratoriais bá-sicos, para que todas as clientes tivessem garantido o direito de realizá-los até os 120 dias iniciais da gravi-dez. Os serviços dispõem de cotas limitadas de exa-mes, que não atendem à demanda.

Os princípios do SUS devem assegurar à mulher o direito a um atendimento digno que observe suas necessidades de saúde, sem restrições e sem constran-gimentos.

Os profissionais de saúde, envolvidos com a resolubilidade dos problemas da população que aten-de e comprometidos com a qualidaaten-de da assistência que prestam, devem empenhar-se na divulgação das dificuldades enfrentadas pelos serviços e na busca de suas soluções, promovendo a conquista do direito inalienável à saúde.

Caracteriza-se também como responsabilidade dos gestores a educação permanente de toda a equipe de saúde de modo a garantir uma atenção de qualidade. Este estudo poderá ter impacto na melhoria da qualidade da assistência pré-natal, se os resultados encontrados forem analisados e considerados no es-tabelecimento de ações gerenciais e educativas para a correção do rumo da atenção básica das gestantes nas instituições estudadas.

R

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Referências

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