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EQUOTERAPIA EM PACIENTES COM PARALISIA CEREBRAL QUADRIPLÉGICA ESPÁSTICA

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS E FORMAÇÃO INTEGRADA ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA NEUROLÓGICA

CAMILA VELOSO BORGES DO PRADO

EQUOTERAPIA EM PACIENTES COM PARALISIA

CEREBRAL QUADRIPLÉGICA ESPÁSTICA

GOIÂNIA 2013

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0 CAMILA VELOSO BORGES DO PRADO

EQUOTERAPIA EM PACIENTES COM PARALISIA

CEREBRAL QUADRIPLÉGICA ESPÁSTICA

Artigo apresentado ao curso de Especialização em Fisioterapia Neurológica do Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada (CEAFI), chancelado pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás.

Orientadora: Profª Ms.Thays Candida Flausino

GOIÂNIA 2013

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RESUMO

Introdução: Paralisia Cerebral (PC) é definida como um grupo de desordens do desenvolvimento do movimento e da postura devido a um defeito ou lesão do cérebro imaturo, e Equoterapia pode ser conceituada como um recurso terapêutico que desenvolve atividades lúdico-esportivas utilizando o cavalo. Objetivos: Esse artigo foi realizado com objetivo de revisar conceitos de PC e Equoterapia, caracterizando a Equoterapia como método de tratamento em pacientes com PC do tipo quadriplegia espástica, destacando algumas sugestões de tratamento para tais pacientes. Métodos: Trata-se de uma revisão bibliográfica sobre a Equoterapia como método de tratamento em pacientes com PC do tipo quadriplegia espástica, realizadas entre o período de agosto de 2011 a novembro de 2012, utilizando estudos publicados entre os anos de 1985 a 2012 nas línguas portuguesa, espanhola e inglesa. Resultados e Conclusões: A Equoterapia mostrou na pesquisa resultados satisfatórios quanto a ganhos expressivos na simetria da postura, na coordenação dos movimentos e na tonicidade muscular, aprimorando habilidades motoras e contribuindo para o prognóstico da marcha. Verificou-se que a equoterapia é um recurso fisioterapêutico eficiente no processo de reabilitação de pacientes com PC do tipo quadriplegia espástica.

Palavras-chave: Paralisia Cerebral, Equoterapia, Fisioterapia, Quadriplegia

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ABSTRACT

Cerebral Palsy (CP) is defined as a group of developmental disorders of movement and posture due to a defect or lesion of the immature brain, and the Equotherapy can be conceptualized as a therapeutic resource that develops recreational and sports activities using the horse. Objectives: This article was conducted to review concepts of cerebral palsy and Equotherapy, featuring the Equotherapy as a treatment method in patients with cerebral palsy spastic quadriplegy type, highlighting some suggested treatment for such patients. Methods: This is a literature review about

Equotherapy as a treatment method in patients with type PC spastic quadriplegy, held between the period of August 2011 to November 2012, using studies published between the years 2012 and 1985th in Portuguese , Spanish and English. Results and Conclusions: The researchs about the Equotherapy showed satisfactory results

and significant gains as the symmetry of posture, the coordination of movement and muscle tone, improving motor skills and contributing to the prognosis of the march. The Equotherapy is a type an efficient physiotherapy in the rehabilitation process of patients with CP spastic quadriplegy type.

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INTRODUÇÃO

Paralisia Cerebral (PC), atualmente conceituada como Encefalopatia Crônica Não Progressiva da Infância (ECNPI), é definida como um grupo de desordens permanentes do desenvolvimento do movimento e da postura. Pode ser causada por um defeito ou lesão do cérebro imaturo1,2 e pode ocorrer no período pré-natal, perinatal ou na infância precoce.3,4

Segundo Leite e Prado (2004), paralisia cerebral pode ser definida como um grupo de afecções permanentes não progressivas, sujeitas à agressão encefálica². Ou ainda, as alterações músculo- esqueléticas decorrentes de alteração neurológica do cérebro que sofrera agressão durante a infância, especificamente os prematuros e aqueles que apresentam asfixia perinatal.¹

A PC pode ser caracterizada como um transtorno persistente, porém não invariável, que surge na primeira infância, influenciando na estrutura e função do corpo, atividade e participação.2,3 Assim, manifestações como músculo-esqueléticas, vão se tornar mais evidentes com o passar do tempo e o desempenho motor e funcional tende a piorar.¹

Como principais manifestações de envolvimento neurológico pode-se citar o retardo do desenvolvimento motor, deficiência mental, crises convulsivas e comprometimento cognitivo, sensorial, visual e auditivo.1,2

Estudos sugerem que a PC seja uma doença multifatorial causada pela interação de diversos fatores de risco, como por exemplo: infecções do sistema nervoso (sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes e HIV), intoxicações (drogas, álcool, tabagismo), radiações, malformações encefálicas, hipoxemia (diminuição da concentração de oxigênio no sangue) cerebral ou isquemia (diminuição da perfusão de sangue no cérebro) e distúrbios do metabolismo (hipoglicemia, hipocalcemia, hipomagnesemia), hemorragias cerebrais por trauma do parto, fatores obstétricos, icterícia grave não tratada no momento certo, meningoencefalites bacterianas, encefalopatias desmielinizantes pós-infecciosas e pós-vacinas, traumatismos cranioencefálicos e convulsões neonatais.1,5

Levando-se em conta que o índice de asfixia neonatal ainda é alto nos países em desenvolvimento, somado aos poucos cuidados com as gestantes e a

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4 evolução tecnológica nas unidades de terapia intensiva neonatal que proporciona uma maior taxa de sobrevida de crianças prematuras e de baixo peso, presume-se, ainda a ocorrência de um índice apreciável de crianças com PC.6

No Brasil não se tem dados estatísticos precisos do número de casos de Paralisia Cerebral (PC), mas os dados mundiais (1,5 a 2,5 indivíduos a cada 1000 nascidos vivos) demonstram a importância de profissionais capacitados para o diagnóstico precoce e intervenção adequada para esta grande população.1,6

As crianças com paralisia cerebral geralmente não desenvolvem suficientemente as reações de endireitamento, de equilíbrio e de proteção – estes atuam em conjunto para a manutenção do balanço e ajustes posturais antes, durante e depois dos movimentos – apresentando muitas vezes grandes dificuldades em manter-se em algumas posturas e em manter o alinhamento do corpo.7

Os tipos clínicos da Paralisia Cerebral podem ser classificados em atáxico (lesão cerebelar e/ou das suas vias); discinético ou extrapiramidal (atetóide, coréico e distônico); espástico ou piramidal (lesão no sistema piramidal); e misto.1,5

A PC do tipo atáxico é consequência de uma lesão do cerebelo e/ou de suas vias.1,8

A PC discinético ou extrapiramidal (atetóide, coréico e distônico) é devido a lesão dos núcleos da base.1,2

A PC espástica ou piramidal ocorre devida a lesão do córtex e das vias córtico-espinhais. Sua característica é a hipertonia muscular (espasticidade) predominante nos grupos musculares flexores e adutores dos membros, associada à fraqueza muscular ou paresia. À medida que o indivíduo com essa característica cresce predispõe-se a encurtamentos musculares e deformidades osteo-articulares, atraso nas aquisições motoras e persistência de reflexos primitivos também são encontrados.¹

A criança com PC espástica ou piramidal deve ser estimulada a ser mais participativa dentro da postura exigindo, o controle ativo do alinhamento e do equilíbrio; a proporcionar transferência de peso com mobilidade; a trabalhar a dissociação entre o tronco e os membros; e a favorecer padrões de movimento que levem a uma função.1

Já a PC misto apresenta alterações conjuntas dos sistemas piramidal, extrapiramidal e cerebelar.¹

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Quando ocorrem lesões muito extensa no SNC a PC é dita hipotônica. Apresenta hipotonia, hiper-reflexia e o sinal de Babinski.¹

A classificação topográfica específica do comprometimento neuromotor (envolvimento das partes distintas do corpo) pode ser: tetraparética (quadriplegia), diparética (paraplegia) e hemiparética (hemiplegia).1,2

A Quadriplegia é considerada a mais grave dentre estas afecções; compromete todo o funcionamento muscular e articular do corpo e tem um prognóstico de reabilitação bastante limitado.1,4 Acomete tanto latentes pré-termo (criança nascida antes de 37 semanas de gestação) como a termo (criança nascida entre 37 e 42 semanas de gestação).7

As manifestações clínicas já podem ser observadas no nascimento acentuando ao longo do desenvolvimento da criança. Apresentam: atividades limitadas; o contato social é pobre; grande irritabilidade; sono intranquilo; dificuldade para deglutição, com intensa sialorréia; durante o sono assume postura de hiperextensão do tronco e membros etc. 9

Na quadriplegia o membro superior é mais comprometido ou pelo menos tão comprometido quanto os membros inferiores. O controle da cabeça é deficiente, a coordenação dos olhos também é deficiente, pode haver comprometimento da fala, dificuldade para se alimentar e problemas na audição.7

Na quadriplegia espástica a criança geralmente apresenta perímetro craniano reduzido com achatamento da região parieto occipital de um dos lados, persistência de reflexos primitivos, como o reflexo tonico cervical assimétrico (RTCA), reflexo de Moro com limiar baixo e marcha reflexa, que muitas vezes gera falsas esperanças aos pais com relação a marcha voluntaria.7

A diparesia ou diplegia é observada caracteristicamente nas crianças prematuras (recém-nascido pré-termo cujo SNC sofreu lesão). O comprometimento dos membros superiores é mais leve (ou ausente) do que o dos membros inferiores. O controle da cabeça, braços e mãos é geralmente pouco afetado e a fala pode ser normal. Os membros inferiores evidenciam uma acentuada hipertonia dos adutores resultando na posição em tesoura ao se tentar colocar em pé.1,5,7

Na Hemiparesia ou hemiplegia somente um dos lados do corpo encontra-se alterado, com maior comprometimento do membro superior.1,2

Baseando-se no meio de locomoção da criança, a gravidade do comprometimento neuromotor pode ser leve, moderada ou severa.³

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6 A paralisia cerebral, além das diversas deficiências neuromotoras pode resultar em incapacidade, ou seja, limitações no desempenho de atividades e tarefas do cotidiano da criança.³

Para o estabelecimento do prognóstico motor em PC e auxiliar no planejamento da intervenção terapêutica pode-se usar o Sistema de Classificação da Função Motora Global (GMFCS). O GMFCS é uma forma de classificação baseada no movimento auto-iniciado, contendo cinco níveis diferenciados entre si pela limitação funcional e necessidade de assistência externa. A criança do nível I possui limitações funcionais não tão pronunciadas, tem diagnóstico de PC leve e de baixa severidade. O paciente deambula sem restrições, com limitações para atividades motoras mais complexas como correr e pular. No nível II a criança deambula sem auxilio, mas apresenta limitações na marcha comunitária. A de nível III tem dificuldade em balanço e mobilidade. Criança deambula com apoio. Já no nível IV, há funcionalidade apenas na postura sentada (necessita de cadeira de rodas na comunidade). No nível V as crianças têm múltiplas desordens apresentando restrições no controle voluntário dos movimentos e na habilidade de manter postura antigravitacional do pescoço e do tronco (mobilidade gravemente limitada).1,10

A Fisioterapia tem um papel reabilitador e é uma especialidade muito usada para trabalhar a recuperação da função, a melhoria da mobilidade, alívio da dor e prevenção ou limitações físicas. A reabilitação tem como meta tornar o indivíduo o mais capaz e independente possível, melhorando sua funcionalidade. Visa, no caso da paralisia cerebral quadriplegica, melhorar as habilidades motoras existentes e estimular as que ainda não se desenvolveram e evitar ao máximo a instalação de contraturas e deformidades.¹

O diagnóstico precoce e a atuação antes que as anormalidades do desenvolvimento motor não estejam bem instaladas é de suma importância para um melhor aproveitamento das etapas de maturação do desenvolvimento.6

Um programa de reabilitação sensato, com objetivos claros e metas individualizadas para cada criança com PC, só pode ser traçado após a determinação do prognostico. Através do prognóstico pode-se determinar quais metas a se atingir com a estimulação adequada.1

Dentre os programas e técnicas da fisioterapia temos a equoterapia. Esta pode ser conceituada como um recurso terapêutico que desenvolve atividades

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lúdico-esportivas utilizando o cavalo. Pode ser considerado como um conjunto de técnicas reeducativas, buscando obter benefícios físicos e/ou psíquicos de pessoas portadoras de deficiência e/ou de necessidades especiais. Ela é fundamentada no movimento tridimensional do dorso do cavalo.4,11,13

O cavalo possui três tipos de andaduras: passo, trote e galope.11

Ao caminhar, o cavalo possui uma marcha de quatro batidas provocando no cavaleiro ajustes tônicos capazes de atuar no SNC. Ao deslocar o passo o movimento realizado no dorso do cavalo é tridimensional (para cima e para baixo, para frente e para trás, para um lado e para o outro) e este gera no paciente movimentos mais complexos de rotação (para dissociação de cinturas) e translação, além de movimentos de inclinações laterais do tronco para transferência de peso e movimentações de básculas anterior e posterior da pelve pelo movimento de flexão e extensão do tronco.8,11

O passo é a andadura mais usada na equoterapia e se caracteriza por ser rolada ou marchada, possuir ritmo e cadencia em quatro tempo, ser simétrica em relação ao seu eixo longitudinal e reações mais lentas e fracas em razão do movimento mais lento do animal.11

O trote e o galope são andaduras usadas por praticantes em estágios mais avançados, por serem saltadas com seus movimentos mais rápidos e bruscos exigindo dos praticantes mais força para segurar e para acompanhar os movimentos do cavalo.11

O cavalo está quase sempre em movimento (troca de apoio das patas, desloca a cabeça ao olhar para os lados, abaixa e alonga o pescoço entre outros) provocando desequilíbrios ao cavaleiro e exigindo, deste, ajustes no seu comportamento muscular.4

O fisioterapeuta usando sua criatividade dentro dos limites que a técnica impõe, pode provocar estímulos variados ao paciente.12

O portador de PC quadriplégico espástica apresenta sérias limitações para executar suas AVD’s necessitando de técnicas fisioterapêuticas eficazes para a reabilitação de indivíduo com essa patologia.

Proporcionar estímulos que viabilizem o máximo aproveitamento das potencialidades da criança é de vital importância e através da Equoterapia podemos obter ganhos físicos (equilíbrio, alinhamento corporal, ajuste do tônus muscular, ganho de força muscular, coordenação motora, flexibilidade, consciência corporal),

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8 psicológicos (melhora da autoconfiança, autoestima, concentração) e educacionais (linguagem).6

Assim, torna-se importante uma discussão da literatura sobre os efeitos da Equoterapia como método fisioterapêutico no tratamento de paciente com PC do tipo quadriplégica espástica. Diante da grande dificuldade em reabilitar pacientes com quadriplegia espástica e a nova procura por técnicas de reabilitação, reforçam e caracterizam a equoterapia como importante etapa de tratamento do paciente com PC e também de outras limitações musculares.

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MÉTODOS

Trata-se de um artigo de revisão de literatura, sobre o tema em foco onde foram encontrados e pesquisados 27 artigos. Destes, foram selecionados 15 por preencherem o critério de inclusão proposto, qual seja: pesquisas referentes a PC, quadriplegia espástica e equoterapia.

As literaturas selecionadas foram do período de 1985 a 2012, visando um melhor embasamento referencial e/ou bibliográfico, nas línguas portuguesas, espanholas e inglesas tendo como tema Equoterapia em pacientes com Paralisia Cerebral Quadriplegia Espástica.

Foram consideradas fontes abordando banco de dados computadorizados como Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), DEDALUS, Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e nas bases de dados do National Center for Biotechnology Information (PUBMED), utilizando-se como descritores: Paralisia Cerebral, Equoterapia, Fisioterapia, Quadriplegia Espástica.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A quadriplegia espática no paciente com paralisia cerebral, apresenta como característica: espasticidade geralmente grave em membros superiores e inferiores que pode ser associada a uma hipotonia axial e cervical, sendo incapaz de retificar a cabeça, manter seu equilíbrio em qualquer posição ou usar os braços e as mãos de forma funcional. Geralmente estes pacientes não conseguem se expressar através da fala, gestos ou movimentos; eventualmente o paciente tende a se proteger das alterações posturais assumindo uma posição passiva.4 As aquisições motoras neste tipo de PC ocorre em idades mais tardias ou mesmo não chegam a ocorrer.1

A espasticidade é consequência comum de uma anormalidade anatômica ou fisiológica do sistema nervoso central e é o aspecto mais perturbador dentro do aspecto da reabilitação. Clinicamente apresenta padrão característico de comprometimento de certos grupos de músculos, maior responsividade dos músculos ao estiramento e reflexos tendíneos muito aumentados. O membro superior é muitas vezes mantido em flexão em nível do cotovelo, punho e dedos, com retração e abaixamento da cintura escapular, rotação interna e adução do braço e pronação nas articulações radioulnares. No membro inferior observa-se tendência à extensão de quadris, joelhos, ao lado de rotação interna e adução nos quadris e flexão plantar com inversão dos pés. O tronco também é afetado.14

Um grande desafio para o reabilitador é traçar um programa de reabilitação sensato para um paciente com PC devido ao variado quadro clínico que esta patologia apresenta.1

A maior parte da reabilitação depende da motivação do paciente em relação á proposta terapêutica que lhe é oferecida.11

Na equoterapia podem-se trabalhar várias formas de desenvolvimento da criança, de forma lúdica, juntamente com o cavalo e em seu próprio ambiente.13

O fisioterapeuta deve conhecer o cavalo, o ambiente e os estímulos que eles oferecem, assim como os seus movimentos e tipos de andaduras, o modo de se montar (sela ou manta ou decúbitos ventral ou dorsal). Os estribos podem ser usados para realizar transferência de peso, sensibilizar os membros inferiores e lhes dar noção de simetria.11

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Como fatores de indicação da equoterapia pode-se citar a promoção do equilíbrio; reação de endireitamento corporal; noção espacial; flexibilidade; coordenação motora; estimulação proprioceptiva; sensações de ritmo; modulação do tônus muscular e estimulo da força muscular; aumenta a autoestima, facilitando a integração social; estimula o bom funcionamento dos órgãos internos; aumenta a capacidade ventilatória e a conscientização da respiração; melhora a memória, concentração e sequência de ações; aumenta a capacidade de independência e de decisões; e melhora a capacidade visual e auditiva.6,11

A equoterapia também apresenta suas limitações relativas a patologia do praticante como: quadros inflamatórios e infecciosos; cifose graves e escolioses acima de 40 graus (evitar posturas verticais); luxação e subluxação de quadril; extensão cruzada de membros inferiores e espasticidades sem mobilidade; crises convulsivas; obesidade (risco à segurança, maior quando associada a hipotonia); alergia ao pêlo do cavalo; medo excessivo; problemas comportamentais do praticante que coloquem em risco sua segurança própria ou a da equipe.11

As funções e utilizações da equoterapia nos principais sinais e sintomas da PC quadriplégica espástica são: espasticidade, hipotonia, déficit de equilíbrio e correções de alterações posturais.11

A espasticidade (reflexos exacerbados, membros em flexão ou extensão e movimentos rígidos) pode ser trabalhada com um cavalo que ofereça uma base estável e oferecer uma boa estabilização pélvica. Evitar situações de medo e frio (aumentam o tônus muscular) e incentivar a execução de movimentos seletivos com o máximo de simetria.11

O déficit de equilíbrio pode ser trabalhado usando desde trajetos fixos (percorridos em linha reta e em áreas planas) a tortuosos e mudança progressiva de terreno (trajetos sinuosos, terrenos acidentados, aclives e declives).11

Para correção de alterações posturais pode se adotar posturas em decúbito e assim estimular a integração sensorial e o relaxamento. Outro método é a escolha do cavalo: um com a frente mais alta tende a inclinar a pelve do praticante para trás, outro com a frente mais baixa estimula que o praticante force a pelve em retroversão. A escolha do tipo de terreno aclive e declive promove situações parecidas.11

Os estudos realizados por Nascimento et al, (2010) (12 crianças de 3 a 5 anos de idade) mostram que pacientes com paralisia cerebral quadriplégica

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12 (crianças que apresentam dificuldade em estabelecer um controle de cabeça durante a atividade de sentar) após a intervenção com a equoterapia (30 sessões de 30 minutos) apresentaram melhoras na manutenção da postura sentada.4

No nordeste do Brasil, Araujo, Ribeiro & Silva, (2010) em seus estudos verificaram mudanças posturais significativas em pacientes após participação de um programa de equoterapia ao longo de um ano. O critério de inclusão foi portadores de paralisia cerebral, inteligência normal sem complicações como convulsões (27 crianças de idade entre 2 a 12 anos, de ambos os sexos, total de 45 atendimentos para cada criança com duração de cada sessão de 45 minutos, uma vez por semana). Observaram-se ganhos expressivos na simetria da postura, na coordenação dos movimentos e na tonicidade muscular, aprimorando habilidades motoras e contribuindo para o prognóstico da marcha.6

Valdiviesso, Cardillo, Guimarães, (2005) estudaram uma criança com PC do tipo quadriplegia espatico-atetoide em 10 sessões de equoterapia de 40 minutos. Concluíram em seus estudos que a equoterapia melhora qualificativa no alinhamento postural. Este endireitamento postural pode ser atribuído ao movimento do dorso do cavalo que consegue trabalhar a musculatura corporal global de forma natural, normalizando o tônus e melhorando a postura.12

Relato de caso onde se empregou a equoterapia no tratamento de um paciente de 4 anos, portador de PC do tipo quadriplegia espástica moderada, em 24 sessões de 30 minutos cada durante 6 meses. O estudo foi realizado por Vieira e Maia (2006) chegando à conclusão de que houve melhora na aquisição de alinhamento biomecânico, ativação e controle de tronco na postura sentada estimulando assim a autoconfiança, melhora do relacionamento interpessoal e a qualidade de vida.15

Foram avaliados sete pacientes com paralisia cerebral (três casos de quadriplegia misto, três casos de diparesia espástico e um caso de diparesia misto) entre 4 a 12 anos que participaram de 10 sessões de equoterapia com duração de 30 minutos. Cunha et al, (2006) chegaram à conclusão que houve melhora significativamente no tônus; que a equoterapia é um agente facilitador da adequação do tônus muscular.10

Padilha (2005) relata o estudo de um caso de criança do sexo masculino de 2 anos e 8 meses com paralisia cerebral do tipo quadriplégico espástico com hipotonia de tronco e hipertonia de membros. A escolha do paciente deste estudo foi

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criança com idade inferior a quatro anos que favorece respostas mais intensas em um curto período de atendimento equoterapêutico. Com este estudo pode concluir que a partir dos atendimentos de equoterapia (6 sessões de equoterapia com duração de 30 minutos cada) a criança conseguiu melhora na modulação de tônus proximal e distal, controle de tronco e cabeça e na movimentação ativa de membros superiores e inferiores.7

A maior parte de reabilitação de um paciente depende da sua própria motivação em relação à proposta terapêutica que lhe é oferecida. O terapeuta pode estimular o praticante de várias maneiras de acordo com sua criatividade: movimentos esteriotipados podem ser trabalhados criando situações que ocupem as mãos do paciente enquanto montado (segurar a alça da sela); retirar os estribos ou alternar as andaduras do cavalo para provocar instabilidades; estimular o toque em texturas variadas (no pelo, nas crinas); trabalhar lateralidade passando objetos de um lado para outro ou passar perto de plantas, cercas em um dos lados; escovar e alimentar o cavalo para a melhora da coordenação motora são alguns métodos.11

As alterações funcionais começam após a aprendizagem motora e a consolidação da memória de determinada tarefa. Para que isso ocorra é necessário o treino repetitivo com estímulos constantes e repetitivos.8

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos artigos analisados ficou evidente que a Equoterapia pode ser um bom método fisioterapêutico no tratamento de paciente com Paralisia Cerebral do tipo quadriplegia espástica por apresentar uma diversidade de estímulos além de poder promover atividades lúdico-esportivas utilizando o cavalo.

Os estudos verificados demonstraram também que a equoterapia pode melhorar a simetria da postura, a coordenação dos movimentos e principalmente a tonicidade musculardestes pacientes.6

A melhora da função motora pode ser atribuída aos estímulos proporcionado pelo movimento do dorso do cavalo que é transmitido ao praticante pelo contato físico impondo a este ajustes no seu comportamento muscular para responder aos desequilíbrios provocados.11

Observou-se também que a maior parte da reabilitação depende da motivação do paciente em relação à proposta terapêutica que lhe é oferecida. O fisioterapeuta usando sua criatividade dentro dos limites que a técnica impõe, pode provocar estímulos variados ao paciente.11,12

Portanto a Equoterapia é um recurso fisioterapêutico que se mostrou bastante eficaz no tratamento de paciente com PC do tipo quadriplegia espástica, uma vez que auxilia na aquisição de padrões essenciais do desenvolvimento motor, embora haja necessidade de mais estudos sobre tal assunto visto a gravidade desta enfermidade e a escassez de referências bibliográfica sobre o assunto.

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