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Alimentos Conservados na Dieta de Ruminantes. Conserved Foods in the Ruminants Diet

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Alimentos Conservados na Dieta de Ruminantes

Conserved Foods in the Ruminants Diet

Bruna Fonseca Matias1, José Victor Pronievicz Barreto1*, Josiane Ito Eleodoro1, Luciano de Souza Cruz1, Mateus Ludovico Zamboti1, Rafaela Machado Dos Santos1, Renan Carlos Vicentin de Campos Silva1, Victor Sesnik Storte1, Yuri Yukio Fujita1, Fabíola Cristine de

Almeida Rego Grecco1

1Universidade Pitágoras Unopar, Programa de Pós-Gradução Stricto Sensu em Saúde e Produção de Ruminantes. PR, Brasil.

E-mail: jose.proni@hotmail.com Resumo

Na nutrição animal, a alimentação de qualidade é um dos fatores decisivos para que os animais alcancem o nível máximo de desempenho e produção. Os sistemas brasileiros de exploração pecuária são, em sua grande maioria, baseados em pastagens. Entretanto, as oscilações climáticas ao longo do ano determinam redução na produção e no valor nutritivo, gerando um grande déficit de forragem. O período seco do ano é uma fase crítica para a pecuária, em virtude da considerável diminuição na produtividade das pastagens, o que acaba gerando redução da produção de carne e leite. As soluções propostas para esse problema estão relacionadas com o aumento da disponibilidade de alimentos, o que é possível através das duas principais formas de conservação: fenação e ensilagem. A maioria das forragens pode passar pelos processos sem perder suas composições nutritivas, porém algumas apresentam características ideais para serem utilizadas. Nesse contexto, o objetivo dessa revisão foi abordar os aspectos relevantes à utilização de alimentos conservados na alimentação de ruminantes e destacar os principais volumosos conservados utilizados na dieta desses animais: feno de aveia, alfafa, tifton, silagem de milho e sorgo.

Palavras-chave: Ensilagem. Fenação. Forragem.

Abstract

In animal nutrition, quality food is one of the deciding factors for animals to reach the maximum level of performance and production. Brazilian livestock systems are commumly made on pasture. However, climatic fluctuations throughout the year lead to a reduction in production and nutritional value, generating a large forage deficit.

The dry season of the year is a critical phase for livestock, due to the considerable decrease in pasture productivity, which leads to a reduction in meat and milk production.The proposed solutions to this problem are related to the increase of food availability, which is possible through the two main forms of conservation: hay and silage. Most forages can go through the processes without losing their nutritional composition, but some have ideal characteristics to be used. In this context, the objective of this review was to approach the relevant aspects in the use of preserved foods in ruminant feed and to highlight the main conserved bulky used in the diet of these animals: hay of oats, alfalfa, tifton, silage of corn and sorghum.

Keywords: Ensiling. Haying. Forage.

1 Introdução

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pastagens e em casos adversos de extrema seca ou chuvas em excesso, pode passar por escassez das mesmas. Na região sul do país como um todo, o período da primavera que corresponde aos meses de setembro a dezembro são as piores épocas, devido a troca de pastagens de inverno para verão, e que em anos atípicos como o de 2019, onde o período de seca foi maior que o normal, este fenômeno foi antecipado e o ciclo das pastagens perenes de verão ainda não deu-se início.

Por este motivo é de extrema importância que o pecuarista faça o planejamento forrageiro com antecedência, minimizando assim os prejuízos causados pela falta de comida para os animais. Com o objetivo de orientar os produtores para um bom planejamento forrageiro, o trabalho visa listar os principais tipos de alimentos conservados (principalmente forragens) levando em consideração caraterísticas específicas dos ruminantes como, preferência por gramíneas e exigências nutricionais. Temos muitos volumosos que podem ser usados na dieta dos ruminantes que apresentam diferentes composição nutritivas. Com este objetivo este artigo cita alguns volumosos conservados mais utilizados na dieta dos ruminantes, sendo eles, feno de alfafa, aveia, silagem de milho e sorgo.

2 Feno de Aveia

A produção de aveia em sua maioria é realizada no Sul do país principalmente no Estado do Rio Grande do Sul pois, esta forrageira se desenvolve melhor em ambientes com menor temperatura. A utilização da aveia na alimentação de ruminantes é uma alternativa no período seco, pois é neste período que o pasto está escasso podendo causar queda de produção cárnea e leiteira (SÁ,1995).

Dentre as diversas famílias botânicas, a aveia é pertencente à família Poaceae que possui variáveis espécies, das quais, a aveia preta e a aveia branca são as mais comuns, sendo utilizadas principalmente para nutrição animal (SARTORI et al., 2018).

A aveia é uma gramínea anual de clima temperado, que pode ser cultivada em diversas condições climáticas. Sua produção de sementes varia de 600 a 1.600 quilos/hectares. Apresenta um excelente valor nutricional, boa palatabilidade e digestibilidade (GODOY et al. 2007) se adapta bem a vários tipos de solo, mas não tolera altas temperaturas, baixa fertilidade e excesso de umidade (KICHEL; MIRANDA, 2000).

Dentre os diversos tipos de alimentos que podem ser utilizados na alimentação de ruminantes, encontra-se a aveia que é caracterizada pela sua produção de massa seca, resistência a doenças e ao pisoteio, seu custo de produção é baixo e possui uma ótima qualidade de forragem (KICHEL; MIRANDA, 2000; SÁ, 1995).

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A utilização da aveia pode ser realizada de diversas formas na alimentação animal, como: pastejo, verde no cocho, silagem e feno.

O feno de aveia pode ser utilizado estrategicamente na propriedade como um alimento volumoso ou completar para regiões de clima seco durante o inverno. O ponto de corte deve ser no estádio de floração plena, podendo obter de 4,8 a 6,0 toneladas de matéria seca/ha de acordo com o cultivar utilizado (MIZUBUTI et al., 2002; KICHEL; MIRANDA, 2000). O uso estratégico da produção de feno é para animais que possui uma exigência nutricional alta e para áreas que não possui nenhuma infraestrutura para o pastejo.

3 Feno de Alfafa

A alfafa (Medicago sativa L.) é uma planta forrageira perene, inicialmente explorada no sudoeste da Ásia, e então disseminada pela Europa e Américas. No Brasil, a sua introdução ocorreu no Rio Grande do Sul, através do Uruguai e da Argentina, por meio de sementes que imigrantes italianos e alemães trouxeram diretamente da Europa, cultivando-as nos vales de rios e regiões coloniais, nos quais a fertilidade natural do solo permitiu seu desenvolvimento (NUERNBERG et al., 1990).

Com ótimo potencial de produção de forragem e excelente adaptação a diversas condições ambientais, a alfafa é considerada uma das mais importantes espécies forrageiras. A alfafa se diferencia das demais espécies forrageiras devido à sua qualidade proteica, palatabilidade, digestibilidade, altos teores de vitamina A, E e K, baixa sazonalidade de produção e conteúdo mineral rico em cálcio, fósforo, potássio e magnésio (RASSINI et al., 2008). Diante de características tão relevantes, a alfafa pode fazer parte da composição alimentar na ração de coelhos, de aves, de ruminantes e de equídeos.

Podendo ser fornecida de forma conservada, verde ou sob pastejo, assim como em péletes ou cubos, a alfafa é mais difundida nos Estados Unidos da América, Canadá e Argentina, países que dispõem de diversos cultivares e tecnologias para produção desta forrageira (RASSINI et al., 2008). As principais formas de conservação da forragem da alfafa são o feno (forragem armazenada com teor de umidade abaixo de 20%), a silagem (forragem armazenada com teor de umidade acima de 70%) e o pré-secado (forragem com teor de umidade que varia de 40% a 60%).

No Brasil, a forma de utilização mais difundida é o feno, provavelmente pela facilidade de transporte e de comercialização (RODRIGUEZ et al., 2008). Embora seja uma forrageira menos estacional do que as demais, a produção de feno de alfafa possibilita o fornecimento desta rica leguminosa mesmo em épocas de menor produção.

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O uso do feno de leguminosas, como a alfafa, ainda é pouco difundido, sendo restrito ao seleto grupo de animais de elite (DA SILVA et al., 2013). Apesar do seu ótimo potencial produtivo, o potencial de produção de matéria seca (MS) da alfafa é estimado em 22 t/ha/ano, porém é raramente atingido, em virtude das limitações de ambiente (PAIM, 1994) e manejo (MONTEIRO, 1989).

Seu alto valor nutritivo é expresso por suas características bromatológicas, sendo: 85,71 % de matéria seca, 90,60% de matéria orgânica, 4,360Mcal/kg de energia bruta, 19,43% de proteína bruta, 4,06% de extrato etéreo, 30,23% de fibra bruta, 58,69% de fibra em detergente neutro, 36,54% de fibra em detergente ácido, 26,93% de celulose, 22,15% de hemicelulose e 9,61% de lignina (ALMEIDA et al., 1999). Logo, a alfafa é altamente nutritiva, com níveis muito superiores aos de outras fontes de alimentos habitualmente utilizados em nossa pecuária, como o milho (Zea mays), a cana-de-açúcar (Saccharum spp.) e o capim-elefante (Pennisetum purpureum).

Quanto aos teores de proteína, verifica-se que sua degradabilidade, no processo de digestão pelo animal, ocorre em velocidade muito inferior àquela de proteína de gramíneas. Em bovinos, esse fato eleva a importância da alfafa para vacas de alta produção. Embora o consumo de matéria seca de feno de alfafa seja similar ao de outros fenos, como o feno de capim-elefante e Coast-Cross, o coeficiente de digestibilidade de proteína bruta da alfada é superior (ALMEIDA et al., 1999).

Por apresentar notável qualidade de fibra, dietas contendo feno de alfafa diminuem o conteúdo de material indigestível no trato digestório. Em equinos, tal fato traz múltiplas vantagens, devido à menor retenção de água nas fezes, bem como à reduzida quantidade de massa não digestível no trato digestório. Ainda, deve-se considerar que a ingestão do feno de alfafa, como fonte de volumoso na dieta, resultou em menor produção fecal e promoveu maior digestibilidade da dieta. Neste sentido, em caso de cavalos atletas, o desempenho pode ser beneficiado devido a este manejo alimentar, podendo se tornar em importante ferramenta ergogênica, por diminuir o seu peso de lastro e volume abdominal desta espécie animal (TSUZUKIBASHI, 2015).

Diante do exposto, conclui-se que o feno de alfafa constitui-se uma excelente forrageira, altamente qualificada para suprir as demandas nutricionais de diferentes espécies e capaz de incrementar a produtividade animal.

4 Feno de Tifton

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influenciam diretamente nos baixos índices de produção animal em todo o Brasil, por esse motivo se tem a necessidade de armazenar forragens de alto valor nutritivo para alimentar os animais nesta época tão escassa, sendo o processo de fenação a principal forma utilizada. Devido a esse problema, forragens que apresentem altas produções de matéria seca são procuradas, tentando oferecer condições alimentares mais adequadas para o desempenho desses animais (GONÇALVES et al., 2003).

O feno é caracterizado pelo alimento que passou por um processo de desidratação, até atingir teor de umidade por volta de 10 a 20%, permitindo que a forragem se mantenha estável nas condições ambientais. Umas das grandes vantagens do feno é que este é comercializável e vem sendo utilizado como fonte de renda para muitos produtores, e também é um produto que não se deteriora no fornecimento, pois é estável em contato com o oxigênio (NERES; AMES, 2015).

As gramíneas do gênero Cynodon são apropriadas para produção de feno, por oferecerem uma morfologia adequada, especialmente haste fina e folhas bem aderidas ao colmo. O capim-Tifton-85 é uma forrageira com ótimo índice de produtividade e tem particularidades morfológicas favoráveis para fenação, que garantem boa desidratação do material, assim como manutenção do valor nutritivo do feno desta gramínea (HADDAD; CASTRO, 1998).

O híbrido Tifton-85 surgiu do cruzamento da sul africana (PI 290884) e Tifton-68, sendo caracterizado como planta estolonífera, rizomatosa, perene. Obtendo alta produção de matéria seca e alta digestibilidade quando produzida em condições adequadas (BURTON et al., 1993). Quando comparado ao Tifton-78 e o capim Coast-Cross, o Tifton-85 apresenta maior rendimento, sendo mais digerível (HILL et al., 1993), contribuindo assim para uma melhor produção leiteira (CORRIHER et al., 2007). A digestibilidade também é maior devido a menores concentrações de lignina e ligações etéreas entre ácido ferúlico e carboidratos da parede celular (McNAMEE et al., 2018).

O capim Tifton-85 também se destaca pelo baixo índice de perda de folhas, e facilidade de rebrota mesmo com baixas alturas de corte (BURTON et al., 1993). Este capim é exigente em relação a fertilidade do solo, mas tem boa resposta a adubação nitrogenada, e ainda tem propagação vegetativa com crescimento vigoroso. Por apresentar elevada produção de MS com boa relação folha/colmo, o capim Tifton-85 é apropriado para alimentação de animais de alta produção, podendo ser na forma de pastejo ou de feno (GONÇALVES et al., 2002).

O valor nutritivo do feno está intimamente relacionado com seu estágio de desenvolvimento onde é realizado o corte para fenação. Com o avançar do desenvolvimento

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da planta, os teores de componentes estruturarias como celulose, hemicelulose e lignina vão se elevando, e os componentes celulares vão diminuindo (VAN SOEST, 1994).

Andrade et al. (2018), analisaram os teores de PB (Proteína Bruta) e FDN (Fator Detergente Neutro) do feno de capim Tifton-85, onde foram cortados em diferentes idades na sua rebrota e evidenciaram esse comportamento ligado a composição química da planta em seu desenvolvimento, aos 28 dias os teores de PB e FDN eram de 12,3 e 71,6%, enquanto que no corte aos 49 dias, possuíram teores de 7,5 e 73,3% para PB e FDN, respectivamente. Já Cedeño et al. (2003) também verificaram que os teores de PB apresentaram uma correlação negativa linear com a idade de corte, decrescendo de 17,18 a 11,04% de PB aos 28 e 70 dias de crescimento.

Ribeiro et al. (2001), em um estudo onde pesquisou sobre a caracterização das frações que constituem as proteínas e os carboidratos e respectivas taxas de digestão, do feno de Capim Tifton-85 em diferentes idades de rebrota encontrou algumas variáveis relacionadas com a idade do feno e outras não. Os teores de matéria mineral apresentaram-se entre 7,27 e 8,09%, os teores de PB entre 17,58 e 12,58%, com o avanço da idade do feno de 28 a 56 dias. Os valores de EE (Estrato Etéreo) variaram de 1,35 a 1,47% nos fenos com 28 dias e na amostra colhida aos 56 dias registrou-se o valor de 0,73%.

Segundo Van Soest (1994), também é relatada uma redução na digestibilidade dos nutrientes com o avanço da idade em diferentes espécies de forrageiras, e isso está relacionado ao aumento da lignificação e à redução na digestibilidade da MS. Para o capim Tifton-85, Hill et al. (1993) verificaram reduções nas digestões de FDN e FDA, de 64,1 para 58,6% e de 58,7 para 53,1% respectivamente, em plantas colhidas com 21 e 49 dias de idade. Ribeiro et al (2001), também encontraram altos valores de FDN, entre 76,8 e 81,2 para fenos cortados com 28, 35, 42 e 56 dias, relatando assim que as digestibilidades dos nutrientes foram reduzidas com o aumento da idade das plantas ao corte, para todos os cultivares.

Henriques et al. (1998), incubaram amostras de fenos em sacos de náilon, no rumem de bovinos, por um período de 6 dias e registraram conteúdo de FDN indigestível de 19,7% para os fenos com 28, 35 e 42 dias e de 28,9%, para o feno com 56 dias de idade, sugerindo, assim, que o consumo de MS seria limitado pelo enchimento do rúmen-retículo, para fenos com idades superiores a 42 dias.

Dentre as estratégias das quais podemos incluir para que o desempenho animal tanto em relação ao ganho de peso, quanto a produtividade de leite nos períodos secos do ano, onde temos uma escassez da oferta de capim e baixa quantidade de seus nutrientes, a fenação do capim Tifton-85, tem se mostrado eficiente e citado por vários autores como uma boa

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estratégia. Porém devemos nos atentar sempre ao período de corte do capim, pois influencia diretamente na qualidade do material enfenado.

5 Silagem de Milho

O aumento da ingestão da proteína animal é resultado do crescimento populacional, no qual eleva o consumo dos alimentos e consequentemente a produção destes (STEINFELD et al., 2006).

Uma alternativa para suprir a demanda dos consumidores é o confinamento, que para tal é imprescindível a conservação de alimento volumoso para os animais confinados. (NOVINSKI, 2013).

Pela alta produtividade e excelente valor nutricional o milho é a forragem definida como cultura padrão para a ensilagem (PAZIANI et al., 2009).

O milho (Zea mays) é uma gramínea cultivada em diversas regiões do mundo, tendo um ciclo bem variado, quanto ao tempo e produtividade, de acordo com o clima e cada variedade que foi cultivada (VIEIRA JR., 1999).

No Brasil, a área total de milho cultivada, resultante da soma da primeira e da segunda safra é de 13.106,6 milhões de hectares, sendo 2,3% maior em relação à safra 2009/2010 (CONAB, 2011).

O clima favorável, isto é, água disponível, recursos naturais e humanos e tecnológicos de produção, são algumas características do Brasil e está associado a facilidade em produção de alimentos, e por isso é um pais importante para produção de proteína animal para o mundo (NOVINSKI, 2013), e no qual a ensilagem de milho se torna uma peça importante que os animais disfrutem de uma dieta de qualidade o ano todo e não haja uma queda de produção principalmente nos períodos secos do ano.

Além do potencial produtivo individual dos animais, os fatores ligados a qualidade das forragens conservadas e nutrição dos animais são de extrema importância para alcançar uma produtividade elevada e com isso alcançar e fornecer a demanda de proteína animal exigida pelo mundo (NOVINSKI, 2013)

Para a realização da silagem é necessário utilizar espécies vegetais com uma grande produção de massa seca, uma boa qualidade bromatológica e nutricional (PAZIANI et al., 2009). Desse modo, o milho é uma gramínea muito utilizada para o ensilamento (PIRES et al., 2009). Pela alta produtividade, facilidade de cultivo, colheita mecânica facilitada e devido ao seu bom padrão de fermentação sem a necessidade de aplicação de aditivos (PEREIRA et al., 2004).

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A busca por variedades compostas por uma elevada quantidade de grãos na massa sempre foi visada (LAUERS, 2001). No entanto o mesmo não acontece para o interesse de melhorar a qualidade da forragem (FERRARI JÚNIOR. et al., 2005; JAREMTCHUK et al., 2005).

A variação do híbrido utilizado, o ponto de maturação da forragem colhida e aspectos relativos ao clima e ao solo são fatores que influenciam a qualidade da silagem (NEUMANN et al., 2007). Moraes et al. (2013) relata que a composição estrutural das plantas de milho e pela produção de grãos pode influenciar o valor nutricional e a qualidade do volumoso ensilado.

Para realizar o ensilamento é fundamental observar o ponto ideal de corte, no qual corresponde o momento em que a planta apresenta maior produção de matéria seca digestível e o teor de umidade para que ocorra um processo de fermentação satisfatório no silo (PAZIANI et al., 2008). Para Mello et al. (2005) para a obtenção de uma silagem de qualidade o ideal da contribuição da espiga na porcentagem total do volumoso é de 63%.

Elevando a altura do corte durante o ensilamento é uma alternativa para aumentar o valor nutritivo da silagem de milho, isto ocorre pela redução da participação de colmos e folhas verdes no total da silagem (NEYLON; KUNG JUNIOR, 2003).

Com isso a avaliação da produtividade dos híbridos e as características agronômicas é de suma importância para o conhecimento da qualidade do material ensilado e com isso determinantes para a produtividade dos animais e para lucratividade do produtor rural (LUPATINI et al., 2004).

6 Silagem deSorgo

O sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) é uma planta originária da África que possui ciclo vegetativo de 90 a 100 dias (NASCIMENTO JR., 1975). No Brasil, o seu uso com o propósito de ensilagem, surgiu a partir da introdução de variedades de porte alto, com alta produtividade de massa verde. No início, de acordo com Nussio e Manzano (1999), a maior preocupação era apenas em reduzir o custo da tonelada de matéria verde de silagem produzida, sem considerar a qualidade do material. Entretanto, os produtores passaram a exigir um material com maior produção de nutrientes por unidade de área, o que explica porque muitas vezes o sorgo forrageiro pode ser preferido a uma gramínea, visto que apresenta alta produção, resultando em maior produção de nutrientes.

A lavoura e a silagem de sorgo, tem crescido nos últimos anos no Brasil, principalmente nas regiões áridas ou semiáridas, regiões em que os períodos de estiagem ocorrem com

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frequência, limitando a produção de forragens, tornando-se assim uma das culturas mais importantes para a produção de silagem. O sorgo é destinado à alimentação animal em substituição ao milho, dado que a composição química dos dois grãos, são consideradas próximas, (VALADARES FILHO et al., 2002), podendo assim oferecer uma silagem mais barata e de valor nutritivo próximo à do milho.

Na alimentação de ruminantes, o sorgo pode ser utilizado na forma in natura ou conservado, tendo destaque entre as espécies forrageiras que podem ser ensiladas, visto que é uma planta bem adaptada ao processo de ensilagem (PEREIRA et al., 2008), em razão das suas características de cultivo como facilidade de plantio, manejo, colheita e armazenamento e boa adaptação às variadas condições de solo e clima; e características intrínsecas como alto valor nutritivo, baixo poder tampão, alta concentração de carboidratos solúveis (essenciais para adequada fermentação láctica), bem como altos rendimentos de matéria seca por unidade de área (teor de matéria seca acima de 25% no momento da ensilagem ) e estrutura física que permite boa compactação nos silos (PEREIRA et al., 2006).

Segundo Antunes et al. (2007), o sorgo possui conteúdo mais elevado de proteína bruta enquanto o milho apresenta maior concentração de extrato etéreo, de lisina e de metionina. Ambos apresentam valores semelhantes de fibra em detergente neutro, de fibra bruta, de cálcio e de fósforo. Os autores ressaltam que o conhecimento da composição bromatológica dos grãos de sorgo é fundamental para viabilizar a substituição do milho nas rações para animais com a redução de custos e sem perda de desempenho. O sorgo produz um número maior de matéria seca quando comprado ao milho; a vantagem é que após a colheita da cultura original, a planta do sorgo conserva vivo o seu sistema radicular, o que possibilita a rebrota, podendo atingir até 60% da produção do primeiro corte (ZAGO, 1991).

7 Conclusão

Podemos verificar que são várias as formas de conservar os volumosos, porém cada uma com suas particularidades, sejam de armazenagem, qualidade ou mesmo de durabilidade, verificou-se que em várias regiões do estado a mesma forragem pode ter diferença no que diz respeito ao teor de PB (proteína bruta), tendo em vista que existem vários fatores que interferem como tempo de corte, e clima. Mesmo com todos as variações na qualidade dos conservados, não existe uma maneira mais econômica de produzir alimentos para suplementação que a conservação de forragens, pois não devemos jamais esquecer que os ovinos assim como os demais ruminantes tem a grande vantagem de transformar proteína vegetal em proteína animal.

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Referências

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