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A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO POR DOSE UNITÁRIA NA PREVENÇÃO DE ERROS DE MEDICAÇÃO EM HOSPITAIS

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A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO POR DOSE UNITÁRIA NA PREVENÇÃO DE ERROS DE MEDICAÇÃO EM HOSPITAIS

Ana Claudia da Silva Fonseca João Alvaro Costa D’Ippolito Nelson Carlos José Nunes Roberto Pereira Neto

RESUMO

Este trabalho de revisão bibliográfica busca identificar os principais erros de medicações envolvendo a participação da equipe de enfermagem com o setor de farmácia pela busca da atenção farmacêutica dentro de um hospital, com a finalidade de avaliar a segurança na dispensação de medicamentos através da determinação da taxa de erros. Um sistema de distribuição de medicamentos eficaz garante uma maior qualidade no atendimento ao paciente, fazendo com que o mesmo receba o medicamento na dose e na hora certa. A escolha de um ou de outro sistema de distribuição depende de vários fatores que podem aumentar ou diminuir a eficácia do sistema de distribuição de medicamentos em um hospital. Esse trabalho relaciona os sistemas de distribuição existente, em área hospitalar descrevendo as características de cada um, e também suas vantagens e desvantagens. Os medicamentos cada vez mais ganharam importância nas comunidades, tornando-se hoje substâncias fundamentais para o prolongamento e boa qualidade de vida humana, pois também deve ser utilizado com responsabilidade e sempre com prescrição médica.

Palavras-chave: Farmácia hospitalar, Sistema de distribuição de medicamentos, Erros de medicamentos.

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1- INTRODUÇÃO

A elaboração de um sistema de distribuição de medicamentos requer uma investigação efetiva da atividade, que possa garantir eficiência, economia e segurança. A sequência de processos que envolvem a distribuição de medicamentos está relacionada à supervisão técnica adequada, característica do hospital.

Fica evidente que os erros com os medicamentos acontecem em função da deficiência de conhecimentos específicos, mão-de-obra com pouca qualificação, que muitas vezes pode ser uma estratégia para diminuir custos para o hospital, além dos lapsos de memória, dos problemas com o próprio produto, com a estabilidade dos mesmos, embalagens e nomenclatura, procedimentos das prescrições com o sistema de dispensação, distribuição e administração. A prevenção de erros com medicações depende de um trabalho complexo, envolvendo toda a equipe multiprofissional de saúde.

A partir do momento em que a saúde passou a ser um dever constitucional, mais do que institucionalizá-la como um direito do cidadão, a Constituição Federal (CF/88) apresentou um mecanismo pelo qual o Estado garantiria à população brasileira o acesso aos serviços de saúde (PAULUS JÚNIOR & CORDONI JÚNIOR, 2006). Paralelamente, nascia o embrião do Sistema Único de Saúde (SUS), o qual foi regulamentado posteriormente em 1990, por meio da Lei 8.080, a qual também definia o seu modelo operacional, promovendo também a sua forma de organização e funcionamento (POLIGNANO, 2001).

Ainda que com forte questionamento do ponto de vista da utilização de novas tecnologias diagnósticas terapêuticas na assistência, a saúde vem promovendo melhoria na qualidade e aumento da expectativa de vida das pessoas no mundo todo. Estas inovações, entretanto, vêm tornando o processo de assistência à saúde cada vez mais caro e complexo. Possivelmente, também cresce a importância dos eventos adversos que ocorrem durante a assistência prestada ao paciente. Estes acontecimentos têm recebido vários nomes, como erros médicos, efeitos adversos relacionados à internação, agravos à saúde, iatrogenia médica, erros de medicação. A importância do sistema de distribuição de medicamentos amplia o acesso da população aos mesmos, contribuindo para promover a saúde, evita desperdícios e também diminui o número de intoxicações por medicamentos e efeitos adversos. A

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ampliação do acesso ocorre em função da possibilidade de intoxicações ou interações medicamentosas que o paciente possa vir a fazer em aumento de quantidade desnecessária, desestimulando a automedicação. O processo de distribuição de medicamento integra o profissional farmacêutico na equipe multidisciplinar de saúde, onde o farmacêutico pode mostra todo seu conhecimento. O principal objetivo da farmácia é de controlar, selecionar e dispensar medicamentos aos pacientes, com certeza de garantir o uso seguro e racional dos remédios que serão prescritos pelo profissional médico, Para isso tem que elaborar um bom planejamento na aquisição de medicamentos e materiais hospitalares, para garantir a demanda e necessidade dos pacientes hospitalizados, na mesma proporção da sua utilização (NOVAES; GONÇALVES; SOMONETTI, 2006).

2- SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS EM HOSPITAIS

O sistema de distribuição de medicamentos feito pela farmácia é um dos pontos mais importantes para garantir uma boa qualidade do serviço prestado ao paciente. Dependendo do método de distribuição utilizado, podemos garantir que o paciente estará recebendo os seus medicamentos dentro de critérios que possam assegurar a sua qualidade, segurança e eficácia. Quanto melhor for a organização da farmácia hospitalar em administração de medicamentos proporcionará uma melhor qualidade e baixo custo para os serviços prestados aos seus clientes (BARBIERI e MACHLINE, 2006).

Um sistema de distribuição de medicamentos deve ser racional, eficiente, econômico, seguro e deve estar de acordo com o tratamento terapêutico prescrito. Quanto maior a eficácia do sistema de distribuição, mais garantida será a eficácia do tratamento e da profilaxia estabelecida no hospital (MIRIAN e ELIAS, 2002).

A importância do sistema de medicação tem início com a prescrição médica e uma falha pode ocorrer, aumentando as estatísticas de erros na medicação e afetando a segurança do paciente. A implantação da prescrição eletrônica é uma forma de modernizar, simplificar e torna o sistema de medicação mais seguro. Não totalmente, mas elimina a questão da ilegibilidade, reduzindo os erros e promovendo maior segurança para as fases subsequentes. Porém a prescrição eletrônica é um sistema caro, mesmo para os padrões internacionais, e assim nem todas as instituições podem contar com a sua implementação.

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É importante ressaltar que a dispensação de medicamento é uma atividade técnico-científica de orientação ao paciente, de importância para a observância ao tratamento, portanto eficaz quando bem administrado, devendo ser exclusividade do profissional tecnicamente habilitado: o farmacêutico.

2. 1 ASPECTOS ADMINISTRATIVOS

Para haver racionalidade e eficácia na distribuição, é fundamental que o setor de compras esteja diretamente envolvido no processo. São também aspectos importantes nessa etapa o controle de estoque, a padronização, o envolvimento de recursos humanos treinados e capacitados para exercício das funções e o controle da qualidade de todos os processos de uma sequência. É de extrema importância que se consiga atender a todas as áreas do hospital (MIRIAN e ELIAS, 2002).

2. 2 ASPECTOS ECONÔMICOS

O farmacêutico deve sempre estar atento às condições econômicas vigentes no país, pois as instituições hospitalares sofrem interferência tanto na política econômica nacional como da sua própria economia. O farmacêutico, portanto, deve se preocupar com custos e receita (MIRIAN e ELIAS, 2002).

Para alguns administradores hospitalares, contratar profissionais com menos qualificação é uma das vantagens no aspecto econômico. Embora tal convicção ainda seja comum, muitas empresas têm percebido que a melhor opção é exatamente a contrária, pois com o tempo a mão de obra mais barata pode acarretar gastos muito maiores ou até mesmo erros danosos para o hospital ou para a vida dos pacientes (MIRIAN E ELIAS, 2002).

2. 3 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTO COLETIVO

As muitas falhas do sistema coletivo de dispensação resultam do fato de assistência farmacêutica ser praticamente nula e de o serviço de enfermagem acabar assumindo o papel da farmácia. Portanto, a ausência de investimento que no início parece vantajosa, acaba refletindo em custos que podem ser irreversíveis do

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ponto de vista tanto econômico como técnico, comprometendo a qualidade, o controle e a segurança do esquema terapêutico oferecido ao paciente.

É um sistema onde os pedidos de medicamentos é enviado à farmácia através da transcrição da prescrição médica pela enfermagem. Estes pedidos não são feitos em nome dos pacientes, mas sim em nome de setores. A farmácia envia uma certa quantidade de medicamentos para serem estocados nas unidades de enfermagem e demais setores que, de acordo com as prescrições médicas, vão sendo aplicadas ao paciente. É um sistema que apresenta desvantagens, pois a participação da farmácia é pequena em relação a todo processo, o que gera consequências que prejudicam tanto o hospital como o paciente.

2. 4 ROTINA OPERACIONAL DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO COLETIVO

O médico prescreve os medicamentos para os diversos pacientes nas folhas de prescrições médicas, a enfermagem efetua a transcrição médica para o formulário de solicitação de medicamentos em nome de todo o setor para encaminhar a farmácia, a farmácia atende os pedidos através do formulário e efetua a distribuição de medicamentos, a enfermagem recebe, prepara, administra e estoca. O sistema de distribuição coletivo apresenta as seguintes vantagens: facilita o acesso aos medicamentos para uso imediato, diminui os pedidos à farmácia, diminui também as tarefas a serem executadas pela farmácia e a necessidade de menor número de funcionários na farmácia.

O sistema coletivo apresenta as seguintes desvantagens: as requisições são feitas através da transcrição da prescrição médica, o que pode ocasionar erros de transação, tais como omissões e trocas de medicamentos, aumenta o gasto com medicamentos em consequência de incapacidade da farmácia em controlar adequadamente os medicamentos, desvio de medicamentos, mal acondicionamento de medicamentos, vencimento de prazo de validade, devolução de medicamento sem identificação, pode ocorrer administração ao paciente de medicamentos vencidos, aumenta o consumo de drogas e aumenta o potencial de erros de administração de medicamentos resultante da falta de revisão feita pelo farmacêutico das prescrições médicas de cada paciente.

Uma grave consequência desse alto índice de erros de administração de medicamentos é porque a enfermagem perde 25% do seu tempo relacionados em

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atividades ao medicamento, como transcrever prescrição, verificar o estoque existente na unidade, preencher solicitação, ir à farmácia, aguardar separação, transportá-los, guardá-los, separar o medicamento para o horário, fazer cálculos, prepará-los e administrá-los. É importante ressaltar que na realidade as vantagens citadas são obstáculos para uma assistência farmacêutica de qualidade ao paciente.

2. 5 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTO INDIVIDUALIZADO

O sistema de distribuição individualizado se caracteriza pelo fato de o medicamento ser dispensado por paciente, geralmente para um período de 24 horas. Este sistema se divide em indireto e direto.

No sistema de distribuição individualizado indireto, a distribuição é baseada na transcrição da prescrição médica. É feita a solicitação à farmacia por paciente e não por assistencial como no coletivo.

No sistema de distribuição individualizado direto, a distribuição é baseada na cópia da prescrição médica, eliminando a transcrição. Nesta parte, é possível uma discreta participação do farmacêutico no tratamento da terapêutica medicamentosa, sendo um grande avanço para a realidade brasileira.

2. 6 ROTINA OPERACIONAL DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO INDIVIDUALIZADO

O médico prescreve, remete cópia da prescrição, a farmácia recebe as segundas vias das prescrições e analisa, efetua o aviamento e distribuição dos medicamentos em sacos plásticos individuais, devidamente identificados com os dados do paciente, o farmacêutico supervisiona o aviamento das segundas vias de prescrições médicas, confere a dispensação de todos os medicamentos e controla o estoque e registra as receitas de psicotrópicos e entorpecentes, de acordo com a legislação vigente, a enfermagem recebe, prepara e administra.

O sistema de distribuição individualizado apresenta as seguintes vantagens: possibilidade de revisão das prescrições médicas, maior controle sobre o medicamento, redução de estoque nas unidades assistenciais e custos, pode estabelecer devoluções, faturamento do gasto por paciente, redução de erros de medicação, redução do tempo da enfermagem às atividades relacionadas aos medicamentos e aumento da integração do farmacêutico com a equipe de saúde.

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O sistema individualizado apresenta as seguintes desvantagens: ainda permite erros de distribuição e administração de medicamentos, consumo de tempo da enfermagem em atividades relacionadas ao medicamento - cálculo e preparo de doses, perdas de medicamentos por desvios e uso inadequado, aumento da necessidade de recursos humanos e de infraestrutura, exige investimento inicial.

2. 7 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTO POR DOSE UNITÁRIA

O que diferencia este sistema dos outros é que nele os medicamentos são acomodados em embalagens unitárias, com horários e identificações já prontas para a administração. É importante fazer uma diferenciação entre o sistema de distribuição por dose unitária e dose unitária de medicamentos. O conceito de distribuição por dose unitária é a distribuição ordenada dos medicamentos com formas e dosagens prontas para serem administradas a um determinado paciente, de acordo com a prescrição médica, num certo período de tempo. A dose unitária industrial corresponde à dose padrão comercializada pelos laboratórios, fornecida em embalagem unitária, em que constam a correta identificação do fármaco, prazo de validade, lote, nome comercial e outras informações.

Portanto as instituições que adotarem esse sistema de dose unitária deverão distribuir todos os medicamentos em todas as formas farmacêuticas, prontos para uso, sem necessidade de transferências ou cálculos por parte da enfermagem. Outro princípio importante da dose unitária é que haja uma análise da prescrição médica e a elaboração do perfil farmacoterapêutico de cada paciente, por parte do farmacêutico e registro da administração, por parte da enfermagem.

Segundo Cassiani (2005), cerca de 88% dos pacientes que procuram os serviços profissionais médicos recebem prescrições de medicamentos. No Brasil ocupam, portanto, um lugar de destaque no sistema se saúde. Para que o uso de medicamentos seja considerado uma alternativa efetiva, presume-se que, além da utilização orientada, eles cumpram critérios mínimos de qualidade.

O sistema de distribuição por dose unitária é o que oferece melhores condições para um adequado tratamento terapêutico do paciente. Os medicamentos são dispensados em quantidade ordenada, com formas e dosagens prontas para serem ministradas ao paciente de acordo com prescrição médica, num certo período

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de tempo (GARRINSON, 1979). Assim, a medicação é encaminhada ao paciente certo, no horário certo, na dose certa.

As condições básicas para um bom sistema de distribuição de medicamento por dose unitária é a existência da comissão de farmácia e terapêutica (comissão de padronização de medicamentos). Sem uma relação básica dos medicamentos a serem consumidos no hospital, fica difícil se preparar doses unitárias, levando-se em consideração a grande quantidade de especialidades farmacêuticas comercializadas no Brasil e a preferência de cada médico por uma especialidade. Há necessidade que normas sejam tomadas, como uma espécie de manual, evitando portanto a omissão dos humanos que fazem parte da função deste sistema. Neste manual deverão constar também os sistemas e suas vantagens (BELTRAN, 1998).

2.8 ROTINA OPERACIONAL DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO POR DOSE UNITÁRIA

O médico prescreve, remete cópia da prescrição, a enfermagem retira do prontuário as cópias das prescrições médicas e é encaminhada para a farmácia, a farmácia recebe as segundas vias das prescrições, analisa, separa, revisa, confere e prepara as doses unitárias em bandejas, contendo os medicamentos a serem repostos nos armários com medicamentos de urgências de acordo com as receitas, as etiquetas das doses unitárias e revisa as receitas rubricando-as para identificar quem preparou ou aviou as doses e receitas, o farmacêutico verifica se as doses unitárias preparadas estão de acordo com as segundas vias das prescrições médicas, supervisionando o controle de estoque e registrando as receitas de acordo com a legislação vigente, a enfermagem recebe, confere as doses unitárias, faz a reposição dos medicamentos utilizados na urgência, registra e administra as doses unitárias.

O sistema de distribuição por dose unitária apresenta as seguintes vantagens: possibilita maior interação do farmacêutico com os diversos profissionais da saúde e com o paciente, reduzindo os estoques das tarefas nos setores, o que evita perdas e desvios, diminuindo tarefas desenvolvidas pela enfermagem, aumentando o controle sobre a utilização dos medicamentos, proporcionando maior segurança do médico, rapidez na administração das doses, funcionamento mais dinâmico do serviço de farmácia, redução no índice de erros de administração de medicamentos, redução

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do tempo de distribuição de medicamentos, fácil adaptação a computar dose, higiene e organização são superiores às dos sistemas tradicionais, viabilização econômica, favorece ao hospital pelo melhor controle e uso dos medicamentos, favorecendo o perfil farmacoterapêutico do paciente, oferecendo assistência de alto nível e ainda por ser atividade mais técnica e gratificante para o pessoal da farmácia.

As desvantagens do sistema de distribuição por dose unitária: apresenta o aumento das necessidades de recursos humanos e infraestrutura da farmácia hospitalar, necessidade da aquisição de materiais e equipamentos específicos, necessidade inicial de alto investimento financeiro, dificuldade de se obter no mercado farmacêutico todas as formas e dosagens para uso em dose unitária.

3- ERROS DE MEDICAÇÃO EM HOSPITAIS

Um erro de medicação é qualquer evento previsível, que possa causar ou induzir ao uso impróprio do medicamento, causando danos ao paciente, quando a terapia está sob controle do profissional de saúde, paciente ou consumidor. Estes eventos podem ser relacionados à prática profissional, aos produtos, procedimentos e sistemas, incluindo prescrições, rotulagem, embalagem e nomenclatura; manipulação; dispensação; administração; educação; monitoramento e uso. Devemos levar em consideração que as manifestações adversas induzidas pelo uso dos medicamentos podem ser quaisquer danos leves ou graves, causados pelo uso clínico, e podem ser previsíveis e não previsíveis.

Muitos erros ocorridos com medicamentos geralmente não são detectados, podendo levar a um significado clínico mínimo, mas outros podem trazer sérias consequências à vida do paciente. Muitas vezes os erros de medicação só são detectados quando as consequências são clinicamente manifestadas pelo paciente, como a presença de sintomas ou reações adversas após algum tempo em que foi ministrada a medicação, alertando o profissional do erro cometido (CARVALHO e CASSIANI, 2002).

Esses eventos podem ser evitáveis quando, por exemplo, identificamos uma dose incorreta antes de administrar o medicamento ao paciente, ou não evitável, como é o caso da alergia a determinados antibióticos e que não era conhecida

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previamente. Eventos adversos não evitáveis são também chamados de reações adversas aos medicamentos (CASSIANI et al., 2003).

A definição de reação adversas da Organização Mundial de Saúde, entretanto, exclui as reações associadas aos erros. Os erros que acontecem na medicação são aqueles que ocorrem durante a prescrição, transição, dispensação, administração ou no próprio monitoramento das reações no paciente (GRANDI, 2000, apud CASSIANI et al. 2003). Os eventos adversos são aqueles em que o erro ocorreu, mas não causou nenhum dano ao paciente por qualquer razão. Todos os eventos adversos potenciais são erros na medicação (CASSIANI et al., 2003).

De acordo com a resolução Nº 338, de maio de 2004, do Conselho Nacional de Saúde, que aprovou a Política Nacional de Assistência Farmacêutica, esta é um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletiva, tendo o medicamento como insumo essencial e visando ao acesso e ao seu uso racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, fazendo parte também a programação, aquisição e distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços.

O farmacêutico hospitalar possui papel fundamental no desenvolvimento e na implantação de processos que possam prevenir os erros com medicação. Ele representa papel importante em todas as etapas do processo que envolve o medicamento dentro do hospital, a sua preocupação no cuidado ao paciente junto à equipe multiprofissional.

Os resultados de vários estudos comprovaram que tanto no sistema de distribuição coletivo, como também no individualizado, em média, para cada seis doses administradas ao paciente uma estava errada, os estudos demonstraram que nos hospitais que adotaram o sistema de distribuição por dose unitária houve uma importante redução de gastos com medicamentos, variando de 25% a 40%. Pesquisas realizadas relatam que existe um impacto muito positivo na redução de erros, na prevenção, nas orientações sobre as medicações e nos custos do tratamento do paciente, quando há presença do farmacêutico clínico na equipe de saúde.

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3. 1 PRESCRIÇÃO

O cuidado com o uso de medicações deve ser contínuo, devendo fazer parte dos sistemas de saúde, além de envolver todos os profissionais que estejam direta ou indiretamente ligados aos medicamentos.

Os erros com medicamentos podem ocorrer em várias fases do processo hospitalar: prescrição, padronização, preparo, dispensação e administração dos medicamentos.

Vários são os erros atribuídos à prescrição, como a escolha incorreta do medicamento (sem checar as contraindicações e fatores relacionados a ocorrências de alergias conhecidas), doses inadequadas, vias de administração e velocidade de infusão erradas, além de prescrições ilegíveis.

Muitos erros ocorrem devido à administração de forma farmacêutica diferente da prescrita, doses administradas pela via incorreta, dose maior ou menor que a prescrita, administração da dose em tempo incorreto, como a administração de medicamento em velocidade diferente da prescrita ou da estabelecida das normas hospitalares.

A transcrição manual da prescrição também propicia o erro, por isso a importância e a vantagem da prescrição eletrônica. Um estudo realizado em um hospital terciário sobre a implementação de prescrições eletrônicas afirmou que essa é uma das ações prioritárias para prevenir os erros e eventos adversos por medicamentos usados em pacientes hospitalizados, permitindo o desenvolvimento de novas tecnologias pelas redes que informam a sua história clínica. Com a prescrição eletrônica direta informatizada pelo médico, evitam-se problemas, como erros de transcrição, de ilegibilidade, de abreviaturas inadequadas e de prescrições incompletas ou obscuro.

3. 2 APRAZAMENTO DA PRESCRIÇÃO

É fundamental que os medicamentos sejam administrados nos horários corretos. Muitos erros ocorrem por administração fora do tempo ou intervalo predeterminado.

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3. 3 ERROS NA DISPENSAÇÃO DOS MEDICAMENTOS

Esses erros podem ocorrer no momento de separação da medicação, no processo da prescrição pela farmácia. O sistema de dispensação do medicamento por dose unitária minimiza esses erros, pois exige grande responsabilidade na triagem dos medicamentos prescritos, além da conferência da prescrição pela farmácia e também pelo farmacêutico, a enfermagem recebe e também deve fazer uma conferência para só então administrar os medicamentos ao paciente. Obter uma visão ampla do sistema de medicações depende de um trabalho complexo, envolvendo toda a equipe de saúde, possibilitando aos profissionais condições de análise e intervenções que garantam uma assistência responsável e segura ao paciente.

4- DISCUSSÃO

É essencial a prevenção do erro e saber que ele existe, entender um pouco sobre seus variados tipos, suas causas e consequências. Portanto, aplicar sistemas de controle e prevenção não é trabalho fácil, devido à complexidade, pois os profissionais da saúde são relutantes em admitirem erros na assistência, muitas vezes com receio de medidas administrativas, sendo essas consideradas um dos principais motivos relacionados a subnotificações dos erros de medicações (Harada, 2006).

Este trabalho teve a importância de apresentar as farmácias e aos profissionais de saúde os sistemas utilizados na distribuição de medicamentos, esclarecendo que o sistema de dose unitária é o melhor para a utilização do sistema de distribuição de medicamentos, demonstrando a eficácia e a melhor maneira de utilização do serviço de distribuição, que existe vários tipos, diversificando suas vantagens e desvantagens, apresentando de forma simples a eficácia e ineficácia dos sistemas.

O farmacêutico hospitalar representa papel importante no sistema de distribuição de medicamentos, compreendendo este processo de informações, que

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envolve os recursos disponíveis e aplicar de forma racionalizada, estando atento para as condições econômicas vigentes no país, faz do farmacêutico um profissional insubstituível e privilegiado, no que tange à medicação.

Aplicar estes recursos de maneira correta nos sistemas de distribuição é tarefa do farmacêutico, que é o responsável pelo acesso da implantação do sistema.

O principal enfoque deste trabalho é a importância do sistema de distribuição por dose unitária que constar que esse sistema assegura tanto ao paciente, ao hospital e ao farmacêutico uma maior qualidade de atendimento e maior controle de estoque, como consequência uma economia para a unidade hospitalar.

A presença do farmacêutico no processo do trabalho de um sistema eficaz e seguro, como da dose unitária se torna um profissional fundamental para o sucesso de qualquer um dos sistemas de distribuição.

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5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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