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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA (QUALIDADE E MEIO AMBIENTE) PARA EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL

VINCENT PHILIPPE DE GOES CONDE

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DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA (QUALIDADE E MEIO AMBIENTE) PARA EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Vincent Philippe de Goes Conde

Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Jorge Santos

Rio de Janeiro Janeiro de 2021

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DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA (QUALIDADE E MEIO AMBIENTE) PARA EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Vincent Philippe de Goes Conde

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

________________________________________________ Prof. Jorge dos Santos, D. Sc.

________________________________________________ Profa Mayara Amario, D. Sc.

________________________________________________ Prof. Wilson Wanderley da Silva

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL JANEIRO de 2021

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Conde, Vincent Philippe de Goes

Desenvolvimento de sistema de gestão integrada em empresa de construção civil/ Vincent Philippe de Goes Conde – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2021.

Orientador: Jorge Santos

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de Engenharia Civil, 2021.

Referências Bibliográficas: p. 83-87

1. Introdução 2. Sistema De Gestão Integrada – Contextualização 3. A Construção Civil E Suas Peculiaridades 4. Modelos De Conformidade Para Sistema De Gestão Integrado 5. Aspectos Metodológicos Para A Implantação De Sistema De Gestão Integrado Na Construção Civil 6. Conclusões

I. Santos, Jorge; II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Título

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA (QUALIDADE E MEIO AMBIENTE) PARA EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Vincent Philippe de Goes Conde

Janeiro de 2021

Orientador: Jorge Santos

O sistema de gestão integrada (SGI) objetiva unificar os diferentes sistemas de gestão, como o da qualidade, o do meio ambiente, o da segurança e saúde no trabalho e o de responsabilidade social. Desenvolver a gestão de todos esses sistemas ou de dois ou mais sistemas de forma integrada permite que a implantação dos mesmos seja mais eficaz com relação aos objetivos, processos, procedimentos e práticas. A integração de dois ou mais sistemas de gestão promove também ganhos em relação ao custo necessário ao desenvolvimento e implantação, principalmente no que diz respeito a treinamento para implantação e a racionalização de procedimentos e práticas para o atendimento de requisitos comuns em ambas às normas de gestão. Este trabalho apresenta o estudo de peculiaridades dos sistemas de gestão da qualidade e do meio ambiente quando implementados de forma integrada em empresas de construção civil. Apresenta ainda as vantagens e desvantagens do desenvolvimento de sistemas de gestão integrado identificadas nos estudos realizados.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Engineer.

INTEGRATED MANAGEMENT SYSTEM DEVELOPMENT IN CIVIL CONSTRUCTION COMPANY

Vincent Philippe de Goes Conde

January 2021

Adviser: Jorge Santos

The integrated management system (IMS) aims to unify the different management systems, such as quality, environment, occupational safety and health and social responsibility. Developing the management of all these systems or two or more systems in an integrated manner enables their deployment to be more effective with respect to objectives, processes, procedures and practices. The integration of two or more management systems also promotes gains in the cost required for development and deployment, especially with regard to training for deployment and streamlining procedures and practices to meet common requirements in both management standards. This paper presents the study of the peculiarities of quality and environmental management systems when implemented in an integrated manner in civil construction companies. It also presents the advantages and disadvantages of developing integrated management systems identified in the studies

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LISTA DE SIGLAS:

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ADEMI Associação das Empresas do Mercado Imobiliário AFNOR Association Française de Normalisation

APEOP Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas AS/NZS 4581 Management System Integration

BCSD Business Council for Sustainable Development

BSI British Standard Institution

CEF Caixa Econômica Federal

CDHU Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo

CONMETRO Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

ECO 92 Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

ISO International Organization for Standardization JSA Japanese Standards Association

NBR Norma Brasileira

OC Organismo de Certificação

OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Series

PBQP-H Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat PDCA Plan, Do, Check, Act

PPA Plano Plurianual

PQO Plano de Qualidade da Obra

QUALIHAB Programa da Qualidade da Construção Habitacional do Estado de São Paulo

QUALIPAV Programa da Qualidade em Pavimentação, Obras de Arte Especiais e de Drenagem Urbana

SAGE Strategic Adivisory Group on the Environment

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SEDU-PR Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República

SiAC Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil

SINDUSCON-RJ Sindicato Patronal da Indústria da Construção do Estado do Rio de Janeiro

SINDUSCON-SP Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo SINMETRO Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial

SiQ-Construtoras Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e Obras SGA Sistema de Gestão Ambiental

SGI Sistema de Gestão Integrada

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Etapas para se obter a certificação Quadro 2 - Número de Certificações ISO por região Quadro 3 - Número de Certificações ISO por país

Quadro 4 - Estrutura de requisitos da norma ABNT NBR ISO 9001:2015 Quadro 5 – PBQP-H

Quadro 6 - Estrutura de requisitos da norma SiAC/PBQP-H 2018

Quadro 7 - Estrutura de requisitos da norma ABNT NBR ISO 14001:2015 Quadro 8 – Etapas para implantação de SGI

Quadro 9 - Sequência de utilização das ferramentas para melhoria das rotinas Quadro 10 – Relação entre as etapas, técnicas e ferramentas

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Certificados válidos no Brasil

Gráfico 2 – Histórico dos certificados da ISO 9001 Gráfico 3 – Histórico dos certificados da ISO 14001

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 13 A IMPORTÂNCIA DO TEMA ... 13 OBJETIVO ... 14 JUSTIFICATIVA ... 14 METODOLOGIA ... 15 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ... 15

2 SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA – CONTEXTUALIZAÇÃO ... 17

O QUE É SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA? ... 17

ASPECTOS HISTÓRICOS E EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE GESTÃO ... 19

2.2.1 SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE ... 20

2.2.2 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ... 23

CERTIFICAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO INTEGRADA ... 25

NORMAS INTERNACIONAIS RELATIVAS A SISTEMAS DE GESTÃO INTEGRADO SITUAÇÃO NO BRASIL ... 28

3 A CONSTRUÇÃO CIVIL E SUAS PECULIARIDADES ... 32

ASPECTOS GERAIS ... 32

A SITUAÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM RELAÇÃO A QUALIDADE ... 34

A SITUAÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE 37 4 MODELOS DE CONFORMIDADE PARA SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADO 40 NBR ISO 9001:2015 ... 40

SIAC/PBQP-H NÍVEL A:2018 ... 45

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5 ASPECTOS METODOLÓGICOS PARA A IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE

GESTÃO INTEGRADO NA CONSTRUÇÃO CIVIL ... 53

ASPECTOS GERAIS ... 53

ETAPAS PARA A IMPLANTAÇÃO DO SGI ... 55

5.2.1 Etapa 1 – Planejamento Estratégico ... 55

5.2.2 Etapa 2 – Cultura Organizacional e Mapeamento dos Processos ... 57

5.2.3 Etapa 3 – Análise e Melhoria dos Processos Críticos ... 58

5.2.4 Etapa 4 – Implantação das Melhorias dos Processos ... 60

5.2.5 Etapa 5 – Controle e Avaliação dos Processos ... 61

TÉCNICAS E FERRAMENTAS PARA ELABORAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE SGI 63 5.3.1 MÉTODO DE ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS (MASP) ... 64

5.3.2 DIAGRAMA DE FLUXO – FLUXOGRAMA ... 66

5.3.3 5W2H ... 68

5.3.4 PDCA ... 68

5.3.5 DIAGRAMA DE PARETO ... 70

5.3.6 DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO – ISHIKAWA OU ESPINHA DE PEIXE 71 5.3.7 PROGRAMA 5S ... 72

5.3.8 BRAINSTORMING ... 73

5.3.9 MATRIZ RACI ... 73

5.3.10 MATRIZ DE PRIORIDADE GUT – GRAVIDADE, URGÊNCIA E TENDÊNCIA ... 74

5.3.11 FTA – ÁRVORE DE ANÁLISE DE FALHAS ... 76

5.3.12 APR – ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS ... 77

5.3.13 FMEA - ANÁLISE DOS MODOS DE FALHA E SEUS EFEITOS ... 77

5.3.14 MATRIZ SWOT ... 78

DIFICULDADES NA IMPLANTAÇÃO DO SGI ... 80

6 CONCLUSÕES ... 82

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1 INTRODUÇÃO

A IMPORTÂNCIA DO TEMA

Integrar os variados sistemas existentes em uma empresa de construção civil é importante para garantir a sua competitividade no mercado (SANTOS, 2005). O sistema de gestão integrada (SGI) tem como finalidade a obtenção da melhoria de processos, projetos, redução de custos e desperdícios com a consequente melhoria financeira, melhoria nas inovações tecnológicas, sendo uma ferramenta eficiente para as empresas de construção civil.

Para as organizações serem competitivas e aumentarem suas chances de sobrevivência, o lucro precisa existir nos produtos e serviços fornecidos. A redução de desperdícios e do consumo de recursos naturais, o respeito ao meio ambiente, a qualidade de vida e a segurança dos funcionários, bem como o atendimento às necessidades e expectativas do cliente devem sempre levar à otimização dos recursos e dos processos que influenciam diretamente a lucratividade, além de melhorar a imagem das organizações perante as partes interessadas (RANZANI, 2011).

Os consumidores estão cada vez mais rigorosos na escolha de serviços e produtos, destacando-se os produtos que tenham valores agregados como uso de tecnologia e matéria prima ecologicamente correta, marca de conformidade, certificações de qualidade, certificação ambiental, certificação em segurança e saúde no trabalho, uso de material reciclado, reciclagem de material após o uso (SANTOS, 2005). Assim a procura por serviços e produtos com certificação vem se tornando cada vez mais essencial para a permanência das empresas de construção civil no mercado, e este se mostra cada vez mais competitivo, fazendo com que as empresas de construção civil procurem estratégias alternativas e criativas para atender ao grau de satisfação do cliente. As empresas de construção civil em geral trabalham com mais de uma organização de certificação, ficando mais difícil atingir as diversas e específicas exigências que cada organização possui em seus variados escopos. Além disso a implementação de sistemas de gestão independentes, muitas vezes vinculados a setores diferentes da empresa, acaba por desenvolver e pôr em prática procedimentos diferentes, mais ou menos exigentes, que não vão ao encontro da concepção filosófica, visão de futuro e missão da empresa de construção civil.

O SGI vem para auxiliar as empresas de construção civil a atingirem as especificações de cada organização de certificação, e não para atrapalhar ou engessar suas atividades. A escolha pelo SGI traz benefícios significativos no ambiente de trabalho, melhorando o desempenho da empresa no mercado assim como a qualificação dos operários. As empresas de

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construção civil cada vez mais estão procurando a padronização e a racionalização de seus processos produtivos visando elevar a sua competitividade e a sua qualidade no produto final. A concorrência é cada vez mais acirrada entre as construtoras, fazendo com que o mercado exija a implantação de sistemas de gestão que alavanquem a eficiência e a eficácia de suas construções. O sistema de gestão integrada contribui para o avanço do desempenho das empresas no que diz respeito a questões de qualidade, meio ambiente, segurança e saúde no trabalho, e responsabilidade social.

Um SGI reúne atividades de diversas áreas de uma empresa, que busca técnicas para a melhoria dos processos, desenvolvendo competitividade no mercado, respeitando as especificações de cada setor, assegurando a colaboração de todos os setores no desenvolvimento da gestão. A atualização das empresas é extremamente necessária, para que esta possa estar de acordo com mercado atual, sendo a implementação de um SGI uma ferramenta muito útil, desde o estudo de viabilidade de uma obra até o acompanhamento no pós-obra.

OBJETIVO

Esta monografia tem como objetivo dissertar sobre a implementação e o desenvolvimento de sistema de gestão integrada em empresas de construção civil, abrangendo o sistema de gestão da qualidade através da norma NBR ISO 9001:2015 e o sistema de gestão do meio ambiente através da norma NBR ISO 14001:2015.

Serão também estudadas as formas práticas de implementação do SGI que vêm sendo aplicadas em empresas de construção civil brasileira, e a identificação de fatores que facilitam ou dificultam sua implementação.

JUSTIFICATIVA

O tema foi escolhido pelo fato da utilização de um SGI ser um instrumento que melhora as condições do ambiente de trabalho e alavanca o modo de gestão das empresas de construção civil. O mercado da indústria da construção civil, tanto no Brasil quanto no exterior, possui particularidades que o caracterizam como diferente dos demais setores da indústria, sendo a característica mais marcante a baixa produtividade que termina por afetar a qualidade do produto final. Outra característica é a permanente instabilidade, onde vivencia grandes baixas e também grandes crescimentos em curtos períodos de tempo.

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Desta maneira, as empresas de construção civil devem ter flexibilidade em termos estruturais e de capital de giro para se manter no mercado e absorver as rápidas mudanças que o mercado impõe. Assim os sistemas de gestão de qualidade, segurança e saúde do trabalho e meio ambiente quando utilizados geram bons resultados com relação a racionalização dos processos operacionais e na otimização da produtividade possibilitando as empresas as condições básicas que são necessárias para enfrentarem essas turbulências. Para implementar esses sistemas de gestão as empresas se baseiam nos roteiros dos requisitos das normas internacionais de certificação dos sistemas de gestão.

O conhecimento de métodos, ferramentas, procedimento e práticas para a implementação de SGI é de grande importância para o segmento da construção civil e também para os demais segmentos em virtude dos bons resultados auferidos em relação a eficácia dos sistemas de gestão e principalmente por ainda no Brasil não haver um modelo de conformidade para a sua implantação a exemplo dos já estabelecidos para qualidade, meio ambiente e segurança e saúde no trabalho.

METODOLOGIA

Para realização do estudo, foi realizada pesquisa bibliográfica sobre SGI através da leitura de teses, dissertações, monografias, projetos e artigos. Foram realizadas pesquisas a legislações e normas brasileiras relacionadas ao tema em diversos órgãos e fontes, inclusive a ABNT.

De forma a permitir a identificação de métodos, práticas e ferramentas foi desenvolvida revisão bibliográfica de casos em que o SGI foi implementado, com foco para os sistemas de gestão da qualidade e do meio ambiente.

Com base na tabulação dos dados identificados na revisão bibliográfica foi realizada uma análise comparativa e qualitativa.

ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

O presente trabalho está dividido em 6 capítulos. No primeiro capítulo é feita a introdução do tema, no qual são abordadas a importância do tema, o objetivo da monografia, a introdução do contexto e a metodologia adotada. No segundo capítulo é contextualizado o SGI, sendo abordados os aspectos históricos dos sistemas de gestão, as certificações relativas a SGI e as normas internacionais relativas ao SGI e a situação no Brasil. No terceiro capitulo é falado

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sobre a construção civil e suas peculiaridades, abordando de forma geral os aspectos principais que caracterizam o ciclo produtivo, é falado também sobre a situação da construção civil com relação ao meio ambiente e com relação a qualidade. O quarto capitulo tem como foco a descrição dos modelos de conformidade para SGI, sendo para gestão da qualidade a NBR ISO 9001 e SiAC/PBQP-H nível A e para gestão ambiental a NBR ISO 14001. No quinto capitulo são estudados os aspectos metodológicos para a implantação de SGI na construção civil, suas vantagens e desvantagens, facilidades e dificuldades de implantação. No sexto e último capítulo são feitas considerações finais sobre o trabalho e sugestões para trabalhos futuros.

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2 SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA – CONTEXTUALIZAÇÃO

Segundo o dicionário Aurélio (1993), sistema é um conjunto de elementos, entre os quais haja alguma relação, disposição das partes ou dos elementos de um todo, coordenados entre si, e que formam estrutura organizada. Vindo do grego o termo "sistema" significa "combinar", "ajustar", "formar um conjunto".

Integração é a incorporação de um elemento num conjunto, é combinar partes separadas em um todo. Assim, a implantação de um SGI pode ser definida como processo de correlação de diferentes sistemas de gestão em um único e mais eficaz sistema.

Cada sistema possui um objetivo geral a ser atingido. O sistema é um conjunto de órgãos funcionais que têm sua determinada função, componentes, entidades, partes ou elementos e as relações entre eles, a integração entre esses componentes pode se dar por fluxo de informações, fluxo de matéria, enfim, ocorre comunicação entre os órgãos componentes de um sistema.

Cada vez mais se faz necessário que as empresas racionalizem os seus procedimentos de gestão e muitas delas estão apostando nos SGI como uma ferramenta de redução de custos relacionados ao gerenciamento de documentos, auditorias, dentre outros.

O QUE É SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA?

O SGI pode ser entendido como um conjunto de sistemas de gestão, unindo processos, procedimentos e práticas para que a empresa aumente a eficiência e eficácia através da redução de riscos de danos, melhore a qualidade, aumente a proteção da saúde e segurança do trabalhador, reduza os danos ao meio ambiente e melhore a eficiência do uso de recursos naturais.

Existem diferentes tipos de sistemas de gestão como: da qualidade, ambiental, da saúde e segurança do trabalho, dos recursos humanos, da responsabilidade social, dentre outros. O Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) é baseado na norma NBR ISO 9001, o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é baseado na norma NBR ISO 14001, o Sistema de Gestão da Responsabilidade Social é baseado na norma NBR ISO 16001 e o Sistema de Gestão da Saúde e Segurança do Trabalho (SGSST) é baseado na norma NBR ISO 45001. Manter cada um desses sistemas individualmente gera custos, e o SGI pode reduzir esses custos, assim cada vez mais as empresas têm procurado a implementação de um SGI.

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Segundo BENITE (2004) apud FRANÇA (2009), o crescimento da quantidade de empresas que implantaram o SGQ com base na norma NBR ISO 9001 foi extremamente significativo no mundo. Por essa razão, a norma NBR ISO 14001 e a OHSAS 18001 inicialmente e a NBR ISO 45001 a partir de 2018 foram desenvolvidas de modo a permitir a integração entre si e com a NBR ISO 9001, trazendo os requisitos específicos para os seus propósitos sem apresentar requisitos conflitantes, o que poderia resultar em um entrave para a sua implantação e disseminação.

Integração significa englobar todas as práticas internas de gestão num só sistema, porém não como componentes separados. Entende-se que um SGI completo, bem gerenciado e implantado apresenta práticas gerenciais, instruções e manuais. Tanto os sistemas separados, como por exemplo o SGQ e o SGA, quanto um SGI são compreendidos como sistemas dinâmicos que exigem manutenção, monitoramento e flexibilidade suficiente para se adequar as mudanças. O fato é que múltiplos sistemas de gestão se tornam ineficientes, difíceis de administrar e de obter o efetivo envolvimento das pessoas, por isso as instituições e empresas têm se interessado pela implementação do SGI (FRANÇA, 2009).

Os sistemas de gestão implementados separadamente e de forma incompatível resultam em custos, aumento da probabilidade de falhas e enganos, esforços duplicados, criação de uma burocracia desnecessária e um impacto negativo junto às partes interessadas, em especial para os trabalhadores e clientes, sendo que os SGI trazem uma série de vantagens, descritas a seguir (MORAES, VALE e ARAÚJO, 2013):

a) Otimização e redução do tempo com atividades de conscientização e treinamento (treinamentos integrados);

a) Economia de tempo e custos; b) Melhoria na gestão de processos;

c) Maior controle dos riscos com acidentes; d) Análises críticas, pela direção, mais eficazes; e) Maior comprometimento da direção;

f) Redução e controle de custos ambientais; g) Redução de documentos;

h) Utilização mais eficaz de recursos internos e infraestrutura; i) Melhor comunicação com as partes interessadas;

j) Redução de custos de manutenção do sistema;

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l) Menor tempo total de paralisação das atividades durante a realização das auditorias;

m) Possibilidade da realização de uma implementação progressiva e modular dos sistemas;

n) Alinhamento dos objetivos, processos e recursos para diferentes áreas funcionais (segurança, qualidade e ambiental);

o) Redução da burocracia;

p) Redução do nível de complexidade dos sistemas; q) Eliminação de esforços duplicados e de redundâncias;

r) Sinergia gerada pelos diferentes sistemas implementados de maneira conjunta; s) Aumento da eficácia e melhoria da eficiência do sistema;

t) Redução de custos de desenvolvimento e implementação (menor número de elementos a serem implementados);

u) Redução dos custos com auditorias internas e de certificação; v) Satisfação de clientes, funcionários e acionistas;

w) Satisfação dos critérios dos investidores e melhoria do acesso ao capital; x) Aumento de competitividade;

y) Controle preventivo do processo.

Não existe uma certificação específica para SGI. Existem três tipos de certificações diferentes: uma para a Qualidade, uma para o Meio Ambiente e uma para a Saúde e Segurança do Trabalho. Podemos integrar estes três sistemas através de um SGI. O presente trabalho tem como foco o SGQ e o SGA.

ASPECTOS HISTÓRICOS E EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE GESTÃO

ISO vem do grego isos, que significa igual. ISO é a abreviação de International

Organization for Standardization, ou seja, Organização Internacional para Padronização. É

uma organização não governamental com sede em Genebra (Suíça) e fundada em 1947, com o propósito de desenvolver e promover normas que possam ser utilizadas por todos os países do mundo, e que conta com 164 países membros. No Brasil é representada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

O conceito de qualidade vem motivando e modificando o estilo de gestão de pessoas, sejam consumidores ou produtores de bens ou serviços nas empresas, processos de produção, produtos ou serviços, resultados organizacionais e o meio ambiente. Criada em 1987 a ISO

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9001 representou um grande marco para a consolidação e evolução do conceito de qualidade, apresentando um modelo de sistema de gestão, que influencia outras áreas do conhecimento. O crescimento da produção industrial fez-se necessário para atender as necessidades humanas, mudando a forma das empresas trabalharem, focando não só na produção, mas como também na área da qualidade (CHAVES E CAMPELLO, 2016). A crescente questão ambiental ocasiona uma correlação entre a ISO 9001 e a ISO 14001 (que foi criada em 1996), gerando uma possível integração entre estas normas aumentando os resultados para as empresas, pessoas e conceitos de sustentabilidade.

Em geral, as empresas estão evoluindo na sua forma de atuação devido a diversos pontos como os aspectos tecnológicos, legislações, concorrência, demandas de mercado, crescente aumento da consciência do consumidor bem como seu nível de exigência, crises econômicas e políticas, dentre outros, levando elas a se adaptarem até como forma de sobrevivência para um mercado competitivo. A qualidade do atendimento ou da produção é um fator forte de diferenciação para a empresa, possibilitando uma maior competitividade no seu mercado de atuação. Igualmente, as empresas devem, em muitas situações, apresentar certificações específicas para participar de licitações em órgãos públicos, para exportar e fornecer serviços e produtos a específicos clientes. E estes, os clientes, estão cada vez mais exigentes, com mais informações, com mais questões e preocupações com a qualidade, segurança e o custo dos serviços e produtos que estão adquirindo, estando protegidos por órgão e legislações. Desta maneira, verifica-se a relevância e a importância de um sistema de gestão para a diferenciação das empresas seja nas pessoas, processos ou resultados organizacionais.

2.2.1 SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE

As normas da série ISO 9000 foram emitidas em 1987 e vem evoluindo com relação a sua estrutura, seus requisitos e enfoque. A norma Britânica BS-5750 serviu de modelo para as três normas certificáveis da série ISO 9000:1987 (9001, 9002 e 9003), que tinham como objetivo a garantia da qualidade. No ano de 1994 surge o conceito de Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ). No ano 2000 a norma passa a se chamar ISO 9001 trazendo a gestão por processos, deixando claro o uso do PDCA (Plan, Do, Check, Act) e definindo os oito princípios da qualidade. No ano de 2008 não são acrescentadas significativas novidades em relação a versão anterior, decepcionando os profissionais da área. No ano de 2015 foi celebrada a última versão como ISO 9001:2015, trazendo grandes novidades e grande envolvimento mundial,

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como novas terminologias, a gestão de riscos e a redução de oito para sete princípios da qualidade. Os sete princípios da qualidade são foco no cliente, liderança, engajamento das pessoas, abordagem de processos, tomada de decisão baseada em evidencias, melhoria contínua e gestão de relacionamentos (CHAVES E CAMPELLO, 2016).

Segundo SEGANTINI e BEFFA (2016), com relação ao foco no cliente podemos dizer que todo SGQ aumenta a sua satisfação à medida que intensifica o foco no cliente. É algo que deve estar claro para toda a empresa em qualquer atividade. Os colaboradores devem estar cientes de sua importância ao realizarem suas tarefas e como isso afeta a satisfação dos clientes. O foco no cliente começa a se tornar um habito real quando é conduzido pelo princípio da liderança. A liderança não tem relação apenas com cargos gerenciais ou de pessoas à frente de suas equipes, liderança é tomar a atitude de liderar ações, mudanças e resultados. Se os gerentes responsáveis pela qualidade não engajarem os colaboradores nas tarefas diárias, provavelmente o SGQ vai falhar. Quanto ao engajamento dos colaboradores é importante haver líderes da qualidade na empresa, que conversarão entre si sobre o assunto e apontarão uma relação direta com a qualidade, ficando assim mais claro o motivo de ela ser importante e ter que funcionar. Por exemplo, é como se a produção tivesse seus resultados alcançados com as práticas da qualidade e, isto servisse de incentivo para os outros setores da empresa. Assim você acaba por encontrar caminhos para padronizar a qualidade.

Com relação a abordagem de processos, podemos dizer que a padronização ocorre quando você define os seus processos. Pessoas engajadas costumam procurar o entendimento dos processos e o quanto eles podem somar com a Qualidade, tornando mais veloz a adequação ao SGQ. Depois de estabelecer processos e faze-los funcionarem, é necessário saber se satisfazem os clientes e se de fato são bons. A tomada de decisão baseada em evidências vem do monitoramento e medição constante das atividades, que deve ser feita por todos. Ao analisar números e evidencias será descoberto aonde está a falha ou o que não está dando certo. A melhoria constante é você querer que o seu SGQ atinja a meta de satisfazer clientes, para isso você sempre está pensando em melhorar. As melhorias são muito importantes para atingirmos o objetivo de gerir pessoas e processos. É importante o gerenciamento dos relacionamentos entre processos, pessoas, empresas para evitar falhas e não conformidades. O foco no cliente envolve e precisa de liderança. A liderança engloba o engajamento de pessoas, este engajamento abrange todos os processos. Analisando todos os processos, se é capaz de tomar decisões baseadas em evidencias. É a partir da análise constante dessas evidencias que conseguimos melhorar continuamente e assim concentrar o gerenciamento nos relacionamentos (SEGANTINI e BEFFA, 2016).

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A ISO 9001 é um sistema de gestão que objetiva a garantia da qualidade, maior agilidade no desenvolvimento de produtos, otimização de processos e produção mais ágil com o intuito de satisfazer os clientes e alcançar o sucesso. O SGQ é um instrumento para ajudar o gestor a buscar e corrigir ineficientes processos dentro da empresa. A ISO 9001 é também uma forma de documentar a cultura da empresa, permitindo que a organização evolua mantendo a qualidade dos bens e serviços prestados. Por se tratar de um sistema internacional criado pela ISO é uma ferramenta que pode ser adotada por qualquer empresa, sendo de qualquer porte e por isso é a norma mais conhecida e adotada em todo o mundo pelas empresas de sucesso. A ISO 9001 foi criada para melhorar a gestão das empresas e elevar a satisfação dos clientes. Portanto, adotar um sistema de gestão é uma decisão estratégica. Se percebe que a gestão da empresa melhorou quando (TEMPLUM, 2016):

a) Obtemos uma visão holística da organização utilizando a abordagem de processos;

b) Medimos e avaliamos os resultados do desempenho e eficácia do processo; c) Identificamos o contexto que a empresa está inserida;

d) Asseguramos a melhoria contínua do processo; e) Monitoramos continuamente a satisfação dos clientes;

f) Identificamos riscos que podem prejudicar o andamento das atividades.

Implementar a ISO 9001 em uma empresa traz inúmeros benefícios. Pode-se citar como principal o diferencial competitivo que a empresa passa a dispor por ter implementado a ISO 9001. A conquista da certificação da qualidade gera prestigio e reconhecimento nacional e, também, internacional, uma vez que a ISO 9001 assegura o relacionamento entre clientes e fornecedores como também boas práticas de gestão. Possibilita, também, um maior desenvolvimento dos trabalhadores, proporciona maior competitividade no mercado, otimiza os processos de gestão e reduz custos. O diferencial competitivo que foi mencionado, com a implementação e a certificação, significa a empresa melhorar a sua imagem, planejar e controlar de forma sistemática as rotinas de trabalho, eliminando retrabalho e dando mais agilidade aos processos, produzir de maneira mais ágil com processos mais inteligentes, melhorar a comunicação, a satisfação e a moral dos colaboradores no trabalho, reduzir custos com maior produtividade, reduzir riscos e melhorar a relação com fornecedores e investidores, aumentar as oportunidades de mercado, já que muitas empresas grandes só compram de fornecedores que têm o selo ISO 9001. É notável o reflexo da certificação sobre os fornecedores, passando eles a se submeter parâmetros mais rígidos e a especificações mais precisas, fazendo com que aumente a confiabilidade do seu serviço ou produto. De toda maneira, todos saem ganhando: o

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cliente fica com produtos e serviços de qualidade, o mercado por ter o nível da competição elevado, e a empresa por aumentar sua margem de lucratividade. Desta forma, conclui-se que a certificação ISO 9001 é um excelente diferencial competitivo (TEMPLUM, 2016).

A última revisão da norma é a ISO 9001:2015 e nesta estão contidos os requisitos para a obtenção da certificação quando a empresa demonstrar capacidade de fornecimento consistente de serviços e produtos de acordo com os requisitos dos clientes e os requisitos legais e regulamentares aplicáveis, e objetivar a elevação da satisfação do cliente através da aplicação correta do SGQ, incluindo processos para melhoria do sistema e garantia de conformidade com os requisitos dos clientes e os requisitos legais e regulamentares aplicáveis. Todos os requisitos da ISO 9001:2015 são genéricos e são aplicados a qualquer organização, independentemente de seu tipo ou tamanho, ou dos produtos e serviços que ela fornece. A certificação da qualidade é um instrumento que valida um SGQ.

2.2.2 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Preservar o meio ambiente é algo relativamente novo para os seres humanos. Foi em 1972 na conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente, em Estocolmo, que foi acordado o primeiro pacto voltado para a preservação ambiental. O pacto tinha como objetivo a poluição hídrica e atmosférica, já preocupantes na época. Porém não houve muitos avanços após a conferência. De 1972 até 2020 a situação se degradou mais ainda, já podendo ser observado algumas situações irreversíveis em vários pontos no mundo. O planeta vem sofrendo com a crescente degradação dos seus recursos e um exemplo impactante dessa degradação é a redução da camada de ozônio cujas consequências variam desde a ação dos raios ultravioletas na geração do câncer de pele nos seres humanos até a formação do efeito estufa provocando o desequilíbrio no clima (SANTOS, 2005).

Em 1990, devido a degradação ambiental, 50 empresários se reuniram para fundar o

Business Council for Sustainable Development (BCSD) visando gerar o desenvolvimento

sustentável. Em 1991, devido as ações do BCSD, a ISO criou o Strategic Adivisory Group on

the Environment (SAGE) com o objetivo de criar normas consensuais para as questões

ambientais. Em 1992, ocorreu a “ECO92”, evento das Nações Unidas, realizado no Rio de Janeiro, abordando as questões ambientais e o desenvolvimento sustentável, envolvendo a presença de mais de 150 países desenvolvidos e em desenvolvimento. Em 1993, foi identificado pela SAGE que era necessário a criação de uma norma de gestão para educar e conscientizar

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sobre o meio ambiente. Assim surgiu a série ISO 14000, as normas para assuntos ambientais e, em 1996, foi criada a norma ISO 14001 para a certificação de sistemas de gestão ambiental (SANTOS, 2005).

A ISO 14001 possui regras internacionais para diminuir o impacto ambiental e determina os requisitos para se obter um SGA, possibilitando que a empresa desenvolva processos para a proteção ambiental. A norma trabalha com aspectos do meio ambiente influenciados pela empresa e outros que ela pode controlar. A implementação dessa norma deve ser o objetivo de empresas que desejam atualizar ou criar um SGA, que se sintam seguras com relação as políticas ambientais por ela adotadas ou que demonstrem estar de acordo com práticas sustentáveis a clientes e a outras empresas. Esta norma pode ser aplicada a empresas de todos os tipos e tamanhos e é aplicável com relação aos aspectos ambientais de suas atividades, aos serviços e produtos que a empresa determina e que consegue controlar. Ela auxilia a empresa a atingir êxito no seu SGA, que é uma integração entre meio ambiente, a própria empresa e outros interessados. Em um SGA a questão da melhora do desempenho ambiental, obtenção dos requisitos de conformidade e o alcance das metas do meio ambiente são resultados esperados. A última versão da ISO 14001 emitida em 2015 visa, também, reduzir o consumo de recursos, reduzindo custos e gerando retorno financeiro, com a norma temos os requisitos específicos para se obter um SGA, que pode evoluir o desempenho ambiental da empresa que utilizar o sistema (TEMPLUM, 2016).

As questões relativas ao meio ambiente, por serem críticas e emergenciais, assumem proporções maiores envolvendo integrantes de vários meios interessados direta ou indiretamente no tema. A gestão ambiental vem para garantir o desenvolvimento sustentável, sendo a definição mais aceita para desenvolvimento sustentável como sendo o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. O SGA é um processo que busca definir, estudar ou prevenir problemas de caráter ambiental e tem como vantagens (TEMPLUM, 2016):

a) redução do risco de acidentes;

b) aumento da qualidade dos produtos, serviços e processos;

c) economia ou redução do consumo de matérias-primas, água e energia; d) captação de novos clientes;

e) melhora da imagem; f) melhora dos processos;

g) facilidade na obtenção de licenças e autorizações;

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i) aumento das possibilidades de financiamentos, devido ao bom histórico ambiental;

j) economia de custos com o consumo de água e energia; k) economia de custos obtida com a redução do desperdício;

l) estímulo ao desenvolvimento e compartilhamento de soluções ambientais; m) estabelecimento de rotina para análise das áreas do negócio que possam afetar o

meio ambiente.

De acordo com França (2009), uma empresa com SGA adequado possui uma estrutura competente para equilibrar e integrar a parte financeira com os requisitos ambientais, alcançando vantagens competitivas significativas. Ela pode, por exemplo, ter como objetivos e metas ambientais resultados específicos e aplicar os recursos onde se tenha maior retorno ambiental e financeiro. É recomendado que os benefícios econômicos sejam identificados e demonstrados às partes interessadas, sobretudo aos acionistas. Segundo Ranzani (2011) após a implementação do SGA, as organizações, para demonstrarem às partes interessadas (por exemplo: clientes, proprietários, pessoas em uma organização, fornecedores, banqueiros, sindicatos, parceiros ou a sociedade) que estão em conformidade com os requisitos da norma ISO 14001, não sendo obrigatório, utilizam a certificação realizada por organismos independentes.

CERTIFICAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO INTEGRADA

No Brasil o Sistema de Normalização é composto por: Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (SINMETRO), Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO) e Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO). A acreditação dos Organismos de Certificação que são as entidades que realizam as auditorias para a certificação nas normas ABNT NBR ISO 9001 e ABNT NBR ISO 14001 é o INMETRO que é o órgão executivo do SINMETRO. Para a acreditação o INMETRO realiza auditorias na documentação e auditorias testemunhas nos Organismos de Certificação, uma vez por ano. Nas auditorias são usados os critérios internacionais de acreditação fazendo com que os certificados emitidos no Brasil sejam válidos em todo o mundo. São os organismos de certificação acreditados, que conduzem a certificação da conformidade nas áreas de sistemas de gestão. Os Organismos de Certificação credenciados são entidades públicas, privadas ou mistas, nacionais ou estrangeiras, sem fins

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lucrativos com capacidade gerencial e técnica para realização da certificação de produtos, processos e serviços (MESSEDER, 2017).

Como dito anteriormente não existe uma certificação específica para SGI, existem três tipos de certificações diferentes: uma para a Qualidade, uma para o Meio Ambiente e uma para a Saúde e Segurança do Trabalho. Podemos integrar estes três sistemas através de um SGI, simplificando o processo de auditorias. O presente trabalho tem como foco o SGQ através da norma ABNT NBR ISO 9001:2015, e o SGA através da norma ABNT NBR ISO 14001:2015. A adoção de sistemas de gestão integrados além de facilitar o entendimento por parte dos colaboradores da empresa em relação aos requisitos das normas e a racionalização das diretrizes internas em relação a qualidade e ao meio ambiente, permite que o organismo de certificação realize a avaliação de alguns requisitos de forma simultânea reduzindo o tempo total da auditoria. Essas avaliações simultâneas são aplicáveis aos requisitos comuns as duas normas de certificação.

Com maior frequência, as empresas assumem a certificação dos sistemas de gestão como uma importante estratégia num mercado cada vez mais globalizado e altamente competitivo. O mercado da certificação tem evoluído substancialmente e isso se deve ao crescente interesse das empresas em sentirem-se reconhecidas nos seus setores de intervenção, e sobretudo, por ser um fator de diferenciação no mercado global, um pré-requisito fundamental para ascender a novos palcos de atuação. A certificação permite gerar um sentimento de confiança em todas as partes envolvidas, evidenciado que a organização cumpre com os requisitos, para os quais obteve a certificação, como qualidade, meio ambiente, entre outros (MESSEDER, 2017).

As certificações são independentes por norma, basicamente são 5 as etapas necessárias para a certificação. O quadro 1 mostra as etapas para se obter a certificação.

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Quadro 1 – Etapas para se obter a certificação

Etapas Item Subitem

Etapa 1 Seleção do OC Coleta de preços Questionário do OC

Etapa 2 Auditoria fase 1

Análise da documentação da empresa Visita ou não as instalações

Relatório com as áreas de preocupação

Etapa 3 Programação de Auditoria fase 2

Definição da equipe de Auditores Definição do Auditor Líder

Definição da logística de auditoria Plano de auditoria

Etapa 4 Realização de auditoria fase 2

Reunião de abertura Visita as instalações Checagem da documentação Reunião de encerramento Relatório de auditoria Etapa 5 Certificação

Tratamento das não conformidades Avaliação das evidências do tratamento das não conformidades

Recomendação para certificação Fonte: o autor

Na etapa 1 ocorre a seleção do organismo de certificação pela empresa, após implementar o seu sistema de gestão e realizar a auditoria interna que ateste a conformidade do seu sistema de gestão a empresa deve selecionar o organismo de certificação que realizará a auditoria externa para a certificação. A escolha do organismo de certificação é prerrogativa da empresa interessada, normalmente é procedida uma coleta de preços pela empresa junto aos organismos de certificação de seu interesse dentre aqueles acreditados pelo INMETRO. Nesta etapa ocorre também a resposta ao questionário do organismo de certificação, para propor preço e enquadrar a empresa a ser certificada conforme as diretrizes do INMETRO, a mesma deve responder ao questionário padrão encaminhado pelo organismo de certificação. No questionário devem ser preenchidos dados quantitativos e qualitativos da empresa, relacionados a instalações, recursos humanos, escopo, recursos em geral. Com base nas respostas apresentadas o organismo de certificação elabora a sua proposta comercial.

Na etapa 2 ocorre a Auditoria Fase 1, onde é feita a análise da documentação pelo organismo certificador. Selecionado o organismo de certificação a empresa deve encaminhar a documentação do seu sistema de gestão para a avaliação quanto à conformidade com a norma estabelecida. Esta auditoria é normalmente denominada de auditoria Fase 1 e pode constar somente da análise da documentação ou desta e mais uma visita às instalações. Concluída a

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análise da documentação o organismo de certificação emite um relatório com as áreas de preocupação a serem consideradas para ajuste e conformidade com os requisitos do modelo de conformidade.

Na etapa 3 ocorre a programação de auditoria Fase 2. O organismo de certificação designa a equipe de auditores, nomeia o auditor líder que desenvolverá a programação da auditoria fase 2, ou auditoria de certificação, ou ainda auditoria inicial. A auditoria é realizada em conformidade com o cálculo de homens hora estabelecido de acordo com as diretrizes do INMETRO e dados específicos da empresa a ser auditada. Nesta fase é definida a logística da auditoria e o papel de cada membro da equipe de auditoria. É elaborado um plano de auditoria que é encaminhado a empresa a ser auditada com antecedência.

Na etapa 4 ocorre a realização da auditoria Fase 2, a auditoria de certificação. A auditoria fase 2 é realizada nas instalações da empresa a ser certificada observando as diretrizes da norma ABNT NBR ISO 19011:2012 - Diretrizes para auditoria de sistemas de gestão. A auditoria fase 2 deve ser constituída de uma reunião de abertura e quando da sua conclusão de uma reunião de encerramento. Posteriormente a auditoria deve ser fornecido o relatório da auditoria. Durante a auditoria são identificadas conformidades e não conformidades considerando os requisitos do modelo de conformidade. As não conformidades são comunicadas ao longo da auditoria. Na auditoria são avaliados, documentos, processos, equipamentos, materiais e mão de obra.

Na etapa 5 ocorre a certificação. Caso tenha havido não conformidades durante a auditoria fase 2 a empresa auditada deve tratar as mesmas e fornecer evidências do tratamento para o organismo de certificação. Após o tratamento, havendo recomendação para a certificação o processo é analisado pela gerência de certificação do organismo de certificação sendo concedido o certificado. O certificado tem validade por período de 3 anos, sendo realizadas auditorias anuais de manutenção para avaliar o sistema de gestão da empresa (MESSEDER, 2017).

NORMAS INTERNACIONAIS RELATIVAS A SISTEMAS DE GESTÃO INTEGRADO SITUAÇÃO NO BRASIL

Além das normas ISO 9001 e ISO 14001, existem também outras normas internacionais relativas a sistemas de gestão integrado. Como por exemplo a BSI - British Standards

Institution - Instituição Britânica de Padrões - norma britânica criada em 1901, sendo o primeiro

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gestão, o padrão de sistemas de gestão de qualidade original que formou o modelo para a série de normas ISO 9000. Existe também a AFNOR - Association Française de Normalisation – Associação Francesa de Normalização - Normas Francesas para Padronização. No Japão existe a JSA - Japanese Standards Association – Associação Japonesa de Padrões - fundada após a segunda guerra mundial em 1945, sendo responsável pela publicação das JIS - Japanese

Industrial Standards – Padrões Industriais Japoneses - as normas japonesas para padronização.

Na Austrália e na Nova Zelândia existem as normas AS/NZS 4581 Management System

Integration - Integração de Sistemas de Gerenciamento - sendo o primeiro padrão com âmbito

mundial sobre SGI, e com origem de publicação pela Standards Australia International – Padrões Internacionais da Austrália. O AS/NZS 4581 tem o objetivo de estabelecer uma estrutura no âmbito organizacional de um sistema de gestão global que faça a integração entre os aspectos em comum de sistemas diferentes evitando duplicações, visando abranger os elementos comuns de tais sistemas para melhorar a eficácia e a eficiência das empresas.

De acordo com pesquisa realizada pela Ellux Consultoria em 2016, são mais de um milhão de empresas com certificação ISO no mundo, como pode ser observado no quadro 1. O quadro 2 está organizado por região e inclui o Brasil, mostrando as certificações ISO 9001 e ISO 14001. O quadro 3 apresenta as certificações por país, com relação a ISO 9001 e ISO 14001.

Quadro 2 - Número de Certificações ISO por região

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Quadro 3 - Número de Certificações ISO por país

Fonte Ellux Consultoria, 2016

O gráfico 1 apresenta pesquisa feita pelo INMETRO com relação aos certificados válidos, no ano de 2020, dentro do SBAC – Sociedade Brasileira de Análises Clínicas - no Brasil, com relação a ISO 9001, no lado esquerdo, e a ISO 14001, no lado direito.

Gráfico 1 – Certificados válidos no Brasil

Fonte INMETRO, 2020

Os gráficos 2 e 3, mostram o histórico para os certificados válidos, vencidos,

cancelados, suspensos e recertificados. O quadro 4 mostra o histórico da ISO 9001 e o quadro 5 mostra o histórico da ISO 14001.

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Gráfico 2 – Histórico dos certificados da ISO 9001

Fonte INMETRO, 2020

Gráfico 3 – Histórico dos certificados da ISO 14001

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3 A CONSTRUÇÃO CIVIL E SUAS PECULIARIDADES

ASPECTOS GERAIS

O segmento da construção civil engloba diversas variáveis uma vez que está envolvido em um ambiente cheio de incertezas, dinâmico e mutável. O segmento vem apresentando mudanças significativas, devido ao aumento da competitividade, universalização dos mercados e uma demanda cada vez mais exigente quanto a qualidade e modernização dos produtos. De outra maneira, é recorrente que o segmento seja deficiente quanto a utilização das ferramentas de gestão da produção, tendo-se um baixo investimento com relação as técnicas que geram melhorias e trazem inovações quanto ao processo produtivo. Com este cenário apresentado, as organizações têm buscado modificar sua atuação e correm atrás de melhores e mais eficientes formas de gerenciamento de produção, visando aumentar e melhorar seu desempenho, por meio de alterações no paradigma da produção tradicional. Estas alterações são possibilitadas pela utilização de práticas originalmente desenvolvidas para os sistemas de produção industrial, no que diz respeito aos processos produtivos do segmento da construção civil (ALVIM, 2013).

Alterar a tradicional estrutura é considerado além de um desafio para o segmento da construção civil, como também uma possibilidade de se obter continuidade para as organizações, devido a oportunidade de se melhorar o controle de processos e a gestão. A deficiência da programação dos recursos que são aplicados no segmento da construção civil, aliado ao gradual aumento das atividades a serem executadas e suas durações, geram impacto nos prazos e suas confiabilidades. O não cumprimento do projeto no prazo estabelecido com o cliente gera insatisfação para o cliente, e tem sido cada vez mais comum no segmento da construção civil. As obras do segmento da construção civil, em geral, estão aliadas a altos níveis de desperdícios de recursos e tempo, falta de eficiência e gargalos no processo, além de longas esperas e a utilização de recursos em excesso. Estes aspectos se agravam quando aliados a falta de planejamento e a precária administração da obra que, além de terem impactos diretos aos prazos, geram grandes falhas nos objetivos de desempenho como: os custos, a qualidade, a velocidade, a flexibilidade e a confiabilidade (ALVIM, 2013).

O segmento da construção civil é normalmente criticado pelos aspectos de seu processo produtivo, que é tido como deficiente e que leva a muitos desperdícios. Alguns aspectos como alta variabilidade de materiais, utilização de diversos fornecedores, baixo nível de escolaridade da mão de obra e a produção com características artesanais, geram dificuldade na administração do processo de produção. Estes aspectos afetam negativamente o desempenho e a

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competitividade das organizações. Três características do segmento da construção civil se destacam, se combinando e contribuindo para os entraves a serem vencidos na gestão da produção. Estas características são a produção local, o produto único e a organização temporária para a produção (FAZINGA, 2012).

A característica da produção local se deve ao fato de que o procedimento de produção está, em geral, conectado aos aspectos locais do empreendimento, tais como o clima, as condições do solo e a disponibilidade de fornecedores nas proximidades do empreendimento. São também específicas as condições do meio ambiente, o processo construtivo e a possível variação na situação econômica do local durante o período variável em que se desenvolve o projeto. Com relação a característica de produto único se deve ao fato de que os empreendimentos, em geral, possuem uma baixa ou nenhuma repetição. A característica de organização temporária se deve ao fato de que os projetos se desenvolvem a partir do envolvimento de profissionais de variadas especialidades e um diverso número de fornecedores, que, em geral, variam de um projeto para o outro, ocasionando a dificuldade da transferência do conhecimento e de oportunidades de melhorias ao longo prazo (FAZINGA, 2012).

Estas características, geralmente acentuadas ao se caracterizar o contexto do segmento da construção civil, em conjunto com as falhas relacionadas ao gerenciamento, tais como, a deficiência no planejamento ou a utilização de modelos amplamente simplificados e não adequados para o planejamento e controle do sistema produtivo levam a dificuldade em se alcançar os resultados previstos e recorrentes, ou seja, um procedimento produtivo estável. De outra forma, os projetos do segmento da construção civil costumam se desenvolver em um ambiente de alto grau de incertezas, provocada pela existência de grande variabilidade. Esta grande variabilidade pode ocasionar em grandes tempos de ciclo de produção aumentando o estoque em processo e na redução da capacidade de produção devido a incorreta utilização dos recursos. Estas características provenientes da grande variabilidade identificam, de maneira direta e indireta, o desempenho anteriormente descrito, de grande desperdício de materiais, baixo nível de produtividade e problemas em se cumprir com os prazos e custos previstos (FAZINGA, 2012).

O plano de ação para a construção de projetos no segmento da construção civil é tido como complexo uma vez que o seu produto final é único e, desta maneira, não há uma padronização do mesmo, o que gera dificuldade em repetir o mesmo plano de ação. Por outro lado, por mais variados que sejam os produtos finais, os procedimentos construtivos possuem similaridades, vivenciadas pelas organizações em empreendimentos prévios e servem como base para o plano de ação, mesmo que os aspectos mudem de acordo com cada

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empreendimento, as características, em geral, continuam as mesmas. Porém, não é assim que acontece, por mais que se tenha o conhecimento necessário, as organizações do segmento da construção civil dificilmente conseguem alcançar os objetivos e metas estabelecidos no plano de ação da produção, continuando a apresentar procedimentos muito diversificados (ALVIM, 2013).

A SITUAÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM RELAÇÃO A QUALIDADE

A questão da gestão da qualidade passou a ganhar espaço no segmento da construção civil apenas a partir do fim dos anos 90. O segmento da construção civil não seguiu a movimentação de implementação dos sistemas de gestão da qualidade que foram emitidos em 1987 com a criação das séries de famílias 9000 da ISO, que surgiram para se tornarem as normas mundiais para a gestão da qualidade. Os primeiros passos do segmento da construção civil, no que diz respeito ao sistema de gestão da qualidade, ocorreram apenas a partir de 1995, em São Paulo, quando foi criado pela CDHU – Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo – o programa QUALIHAB, que tinha como objetivo principal melhorar a qualidade das obras de edificações e infraestrutura dos conjuntos habitacionais que foram desenvolvidos a partir de financiamento do governo do estado de São Paulo. O QUALIHAB surgiu de maneira evolutiva, com uma estrutura com quatro níveis de implantação que tinham o intuito de nortear e serem seguidos e respeitados pelas organizações que fizessem parte do programa dentro de um já pré-estabelecido programa. O QUALIHAB foi desenvolvido a partir dos requisitos de referência da norma NBR ISO 9002:1994, sendo estes requisitos avaliados e modificados de acordo com os aspectos do segmento da construção civil (SANTOS, 2005).

Visando a garantia do compromisso com o programa e também a sua aplicabilidade as necessidades e problemas das empresas em se adequarem as exigências do programa, foi feita uma união entre o SINDUSCON SP - Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo - e a APEOP – Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas. Estas duas entidades criaram uma comissão representada por integrantes das organizações visando elaborar requisitos e estabelecer cronogramas para aderir e atender aos níveis evolutivos. O programa QUALIHAB fez com que a questão da gestão da qualidade evoluísse de maneira significativa no estado de São Paulo, fazendo com que aproximadamente 300 empresas fizessem o uso do programa. Porém, a adesão ao programa não foi feita de maneira espontânea pelas organizações, e sim por pressão pois, ou a organização aderisse ao programa ou, então, ela não mais prestaria serviços a CDHU. De qualquer maneira, a criação do programa foi muito

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positiva para o segmento da construção civil no que diz respeito a gestão da qualidade, podendo ser considerado como o primeiro, e grande, passo para a divulgação e desenvolvimento da questão da gestão da qualidade para o segmento no estado de São Paulo (SANTOS, 2005).

Em novembro de 1999, no Rio de Janeiro, através do decreto número 18137 da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, foi estabelecido o programa QUALIPAV – Programa da Qualidade em Pavimentação, Obras de Arte Especiais e de Drenagem Urbana – tendo como objetivo a melhora na questão da gestão da qualidade das obras que fossem desenvolvidas pela Prefeitura do Rio de Janeiro, no que diz respeito a Secretaria de Obras. Assim como o QUALIHAB, o QUALIPAV utilizou como base a norma NBR ISO 9002:1994, abrangendo todos os requisitos da norma, ou seja, a organização ao alcançar o nível A de qualificação, estaria pronta para fazer uma solicitação de auditoria externa, organizada por um OC – Organismo de Certificação – com objetivo de obter a certificação na norma em questão. Muitas organizações fizeram parte do programa nos dois primeiros anos, pois a qualificação evolutiva passava a fazer parte das licitações da Prefeitura do Rio de Janeiro. Porém, a partir do ano 2000, devido a mudança do Prefeito e por desconhecidas razões, o programa deixou de receber apoio e incentivos, perdendo espaço e diminuindo o número de participantes, principalmente por não mais ser tanto solicitado nas licitações (SANTOS, 2005).

A normalização e a padronização vêm ganhando destaque no segmento da construção civil, uma vez que fazem parte dos requisitos para a adesão das organizações ao PBQP-H – Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat. O programa foi estabelecido pelo governo federal em 1998 e tem por objetivo o estabelecimento de diretrizes para a implementação de SGQ, buscando qualificar as organizações de serviços e obras, melhorar a qualidade dos materiais, formar e requalificar a mão de obra, normalizar as técnicas de construção, capacitar os laboratórios e avaliar as tecnologias inovadoras. Em resumo, o PBQP-H possui como metas e objetivos qualificar toda a cadeia produtiva do segmento da construção civil, visando a qualidade do habitat e a modernização produtiva, com o intuito de assimilar uma habitação de qualidade e com baixo custo (FAZINGA, 2012).

O PBQP-H vem ganhando força desde dezembro de 2000, quando passou a receber o apoio da Caixa Econômica Federal – CEF – com a assinatura de um acordo com o Sindicato Patronal da Indústria da Construção do Estado do Rio de Janeiro – SINDUSCON-RJ – e a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário – ADEMI – estabelecendo prazos para adotar o Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e Obras – SiQ-Construtoras – no estado do Rio de Janeiro. O PBQP-H é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano da

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Presidência da República – SEDU-PR – e objetiva melhorar a gestão da qualidade, aumentar a produtividade e reduzir os custos da construção, através da mobilidade e da articulação dos segmentos da cadeia produtiva da construção civil. Uma das ações do programa é a implantação do SIQ-Construtoras no País.

O PBQP-H, possui como anexos os requisitos complementares e específicos para cada um dos segmentos. No caso das organizações construtoras o anexo estabelece uma relação com 25 serviços operacionais e considerados críticos para a execução de obras. Como o alcance é total a todos os requisitos da NBR ISO 9001:2015, quando se obtém a qualificação no nível A do PBQP-H a organização está pronta para fazer a solicitação da auditoria externa através do OC para que obtenha a certificação na NBR ISO 9001:2015. Com os prazos estabelecidos nos acordos, passa a ser exigido o atestado de qualificação do PBQP-H das organizações construtoras que estiverem aptas a conseguir os créditos para a construção junto a CEF. Em 14 de junho de 2018, foi emitida a portaria número 383 pelo Ministério das Cidades, que objetiva subsidiar a avaliação da conformidade de sistemas de gestão da qualidade de empresas do setor de serviços e obras atuantes na construção civil (SANTOS, 2005).

Contudo, mesmo com todo o esforço realizado pelo PBQP-H, e o crescente número de empresas que possuam o SGQ implantado em suas organizações, existem estudos que apontam grande quantidade de patologias nas edificações e problemas com relação ao cumprimento dos prazos e dos custos previamente estabelecidos para as obras habitacionais. Assim, tem-se indicativos de que a normalização não tem contribuído eficaz e efetivamente para a padronização dos procedimentos produtivos no segmento da construção civil (FAZINGA, 2012).

Com relação ao segmento da construção civil, mesmo com a movimentação que foi vista neste item, no que diz respeito a questão da gestão da qualidade, o segmento ainda não atingiu o ponto preciso para se combater as peculiaridades do setor com relação aos retrabalhos e as perdas, bem como com a falta de foco nas necessidades dos clientes. É evidente que os programas QUALIHAB, QUALIPAV e o PBQP-H, levaram a um grande desenvolvimento e disseminação da questão da gestão da qualidade para o segmento da construção civil. Porém, a maioria das organizações que conseguiram a certificação nestes programas, fizeram o uso de seus requisitos e práticas de gestão da qualidade apenas para atender as exigências e obter a qualificação através das auditorias externas. Infelizmente, não fizeram o proveito de estabelecer continuamente as diretrizes, os requisitos e os processos desenvolvidos para a melhora efetiva de seus processos construtivos e de gestão (SANTOS,2005).

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A SITUAÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE

O segmento da construção civil é um dos maiores causadores de variados impactos no meio ambiente. Começando pelo uso de recursos naturais para produzir insumos para o canteiro de obras, alteração de solos, vegetações e áreas de sol, e os impactos no aumento do gasto de água e energia elétrica. A maioria destes impactos são necessários para que o segmento continue a auxiliar no desenvolvimento dos países e suas tecnologias, porém outros impactos podem ser evitados levando-se até a um retorno financeiro. Desta maneira, o conhecimento por parte do gestor é importante para que os impactos e os danos possam ser minimizados e evitados (MOBUSS CONSTRUÇÃO, 2018).

O segmento da construção civil tem aproximadamente 40% de participação na economia mundial, impactando no meio ambiente e na sociedade. Como um segmento vasto e diversificado, apresenta como estímulo a introdução de melhorias continuas e a quebra de paradigmas, uma vez que qualquer mudança, por menor que ela seja, implica em resultados significativos. O segmento da construção civil consome muitos recursos naturais e é muito poluente. Os seus maiores impactos envolvem o desenvolvimento de edifícios, o qual consome mais de 40% de toda energia produzida no mundo. As fases de reforma e construção, ano a ano produzem cerca de 400 kg de entulho por habitante, o que equivale a 40% de todo o resíduo criado por todas as atividades humanas. Os insumos utilizados na construção civil são, em sua maioria, produzidos com alto consumo de energia e alta liberação de gases de efeito estufa, como por exemplo a produção de cimento, a qual gera em torno de 8% a 9% de todo o CO2 emitido no Brasil. O segmento da construção civil é responsável pelo consumo de 66% de toda a madeira extraída, gerando 40% de todo o resíduo na zona urbana, sendo ainda uma atividade que causa poeira, tanto na extração de matéria prima quanto na execução da obra. O segmento apresenta também grandes desperdícios, como no setor de cimento aonde as perdas médias são estimadas em 56%. Caso estas perdas fossem reduzidas para 6%, seria possível aumentar em 50% a produção das edificações, mantendo-se constante o consumo deste insumo. Na prática não é assim tão simples, mas esta conta rápida visa demonstrar o grande potencial que o segmento da construção civil tem para reduzir os impactos no meio ambiente (BELTRAME, 2015).

As questões relativas ao meio ambiente vêm crescendo de modo significativo sendo cada vez mais incluídas na parte administrativa e financeira das organizações, são levadas em consideração nas tomadas de decisões estratégicas das organizações, tanto pelo cumprimento das legislações do meio ambiente vigentes quanto pelas exigências do mercado. O segmento da

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