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Uma experiência de ensino e aprendizagem no Curso de Português- Espanhol para Intercâmbio (CEPI)

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Academic year: 2021

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Uma experiência de ensino e aprendizagem no Curso de

Português-Espanhol para Intercâmbio (CEPI)

Kétina Allen da Silva Timboni Marjorie Pacheco Moraes INTRODUÇÃO

Este relato tem como objetivo relatar uma experiência de ensino na 9ª edição do Curso Espanhol-Português para Intercâmbio (CEPI) no segundo semestre de 2016, em que as professoras participantes estão na sua segunda experiência no curso. Não é comum termos em nossa formação universitária e docente experiências de ensino a distância; logo, nosso principal objetivo é apresentar o curso e seu construto teórico, relatar brevemente como foi realizada a nossa prática e refletir nossas aprendizagens, trazendo a importância destas para a nossa formação.

Contexto

O CEPI é um curso de Português e Espanhol on-line1, hospedado na plataforma Moodle, para intercambistas do Programa Escala Estudantil em que os alunos aprendem a língua da universidade de destino. O Programa de Português para Estrangeiros (PPE) da UFRGS oferece o curso de português para os alunos

1 O Curso de Espanhol-Português para Intercâmbio (CEPI) foi criado pela Universidade Federal do Rio

Grande do Sul (UFRGS), Universidade Nacional de Córdoba (UNC) e Universidade Nacional de Entre Rios (UNER), com o apoio do Ministério de Educação da Argentina. O CEPI é um curso a distância, com mediação, destinado a estudantes estrangeiros que fazem intercâmbio acadêmico. O curso tem como objetivo promover a educação linguística em espanhol e português e iniciar a experiência de intercâmbio, familiarizando o participante com o uso da língua no contexto universitário de destino. Participaram da criação e do desenho do curso original de espanhol e de português: Margarita Hraste (coordenação do projeto), Margarete Schlatter (coordenação CEPI-Português/UFRGS), Víctor Hugo Sajoza Juric e Viviana Sappia (coordenação CEPI-Espanhol/UNC), Gabriela da Silva Bulla (coordenação materiais didáticos Português/UFRGS), Hebe Gargiulo (coordenação materiais didáticos CEPI-Espanhol/UNC), María Laura Rodriguez (secretária do projeto). São autores dos materiais didáticos CEPI-Português: Margarete Schlatter, Gabriela da Silva Bulla, Hebe Gargiulo, Cristina Uflacker, Fernanda Lemos, Graziela Andrighetti, Isadora F. Gräbin, Letícia Soares Bortolini, Letícia Grubert dos Santos, Michele Saraiva Carilo, Natalia Lafuente, Camila Dilli Nunes, José Peixoto Coelho de Souza, Arildo Leal Aguiar; e autoras dos materiais didáticos CEPI-Espanhol: Hebe Gargiulo, Margarete Schlatter, Gabriela da Silva Bulla, Susana Becker. Fizeram parte da equipe de técnicos em informática, webdesigners e/ou EAD: Guadalupe Moreira, Jerônimo Visñovezky, Izadora Netz Sieczkowski, Maximiliano Franco, e Paola Roldan.

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101 hispanofalantes que virão estudar na universidade duas vezes ao ano. De acordo as autoras Bulla, Gargiulo e Schlatter (2009), o curso, como política linguística, proporciona a integração entre os países e culturas dos países envolvidos através do ensino de língua, como consta a seguir:

El CEPI tiene como objetivos promover el desarrollo de prácticas de uso del lenguaje en español y portugués, y iniciar a los participantes en la futura experiencia de intercambio antes del desplazamiento espacial, familiarizando al estudiante con el uso de la lengua en el contexto universitario del país de destino, y generando opciones de interacción entre los miembros de la comunidad virtual del CEPI, profesores y futuros colegas de la universidad de destino. De este modo, el CEPI facilita la inserción del estudiante en la cultura de destino y le ofrece la oportunidad de prepararse socio-lingüística y culturalmente para la experiencia de intercambio, aspecto relevante para la AUGM, la que a partir de políticas lingüísticas como CEPI, promoverá un mayor aprovechamiento de los programas de movilidad académica en el ámbito del MERCOSUR. (p.3)

Quanto ao construto teórico, o CEPI está baseado no uso da linguagem (CLARK, 1996), do gênero do discurso (BAKHTIN, 2003) em que a aprendizagem dos participantes é construída em conjunto pelos participantes (VYGOTSKY, 2003; ABELEDO, 2008). Dessa forma, os materiais didáticos estão constituídos por tarefas pedagógicas em que os alunos devem realizar ações no mundo (SCHLATTER, GARCEZ, 2009; SCHLATTER, 2009) que possuam relação com o uso da língua no mundo acadêmico como, por exemplo, apresentar-se oralmente, escrever e-mail para colegas, professores e instituição, entre outras demandas que um intercâmbio prevê.

Até o primeiro semestre de 2017, o CEPI já teve dez edições, mas este relato apresenta a experiência na 9ª edição, ocorrida no segundo semestre de 2016, nos meses de julho e agosto, completando 30 horas de carga horária. Atuamos em uma turma com nove alunos da Argentina, Chile e Uruguai que viriam estudar nos cursos de graduação na UFRGS. O grupo não era apenas do programa Escala, mas também pelo programa Marca, já que havia sobrado vagas.

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102 Figura 1: Interface do CEPI no Moodle. Fonte: As autoras (2017)

A 9ª edição do CEPI

O curso está dividido em três unidades: Nos Conhecendo, Chegando na Universidade, Vida na Universidade. Embora o curso tenha uma proposta de estrutura nas unidades, podemos selecionar o que é mais necessário para o grupo. Conforme veremos na tabela a seguir, apresentaremos as tarefas selecionadas para a turma da nona edição.

Para a realização das atividades, usamos como recursos das aulas as rede sociais Facebook, Google Drive, E-mail e Hangout. Por meio dessas ferramentas, os alunos interagem entre si e com as professoras, que fazem a mediação das aulas. Depois de realizadas as inscrições dos alunos e o contato das professoras via e-mail, é criado um grupo na rede social Facebook com apenas os participantes daquela edição do CEPI.

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103 Figura 2: Tarefas selecionadas na 9ª edição. Fonte: (2017)

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104 Figura 3: A apresentação da UD 1 do curso no Moodle. Fonte: ____ (2017)

A primeira atividade proposta consiste na apresentação dos alunos para os seus colegas por escrito na página do grupo, usando recursos linguísticos presentes na biblioteca do Moodle. Enquanto os alunos se apresentavam, as professoras desejam boas-vindas e também faziam novas perguntas para conhecer um pouco mais sobre os alunos. Nesse momento inicial de aula, as atividades são para conhecer a plataforma Moodle e esclarecer dúvidas.

O primeiro encontro por videoconferência foi feito individualmente com os alunos, para esclarecimentos de dúvidas sobre o curso e para praticar o que já foi visto antes, a apresentação pessoal. Posteriormente, foi realizado o encontro via vídeo junto com alguns colegas, mas, para ocorrer essa interação, foi necessário esse momento prévio de apresentação pessoal, no qual auxiliamos com os recursos na língua portuguesa a serem utilizados para esse fim. Ao decorrer do curso, a interação via vídeo foi fundamental para a prática da oralidade dos alunos. Durante as 30h de curso, cada aluno teve pelo menos uma videoconferência por semana e, no fim de cada unidade, também houve uma reunião para reflexão em conjunto do que foi aprendido

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105 naquele período.

Unidade 2: Semana 2 (1 a 7 de julho) e Semana 3 (8 a 14 de julho)

Figura 4: A apresentação da UD 2 do curso no Moodle. Fonte: ____ (2017)

Além dos exercícios de reflexão sobre a língua portuguesa, propusemos atividades que auxiliam os alunos a conhecerem a cidade destino e a documentação necessária para ficar no Brasil. Por meio de atividades propostas, os alunos pesquisaram os pontos turísticos de Porto Alegre, informações sobre o lugar onde iriam morar, a Casa de Estudante Universitário que é oferecida pela UFRGS aos estudantes do Programa ESCALA, os campi da Universidade e o funcionamento e áreas de pesquisa do seu curso. A documentação que estrangeiros devem ter ao permanecerem no Brasil, CPF, carteira de identidade do estrangeiro e visto temporário, assim como os cartões da universidade e de passagens para o transporte

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106 público, é trabalhada e explicada por meio de textos de sites oficiais e questionários de

compreensão do que foi lido.

Unidade 3: Semana 4 (15 a 22 de julho) e Semana 5 (28 de julho a 4 de agosto)

Figura 5: A apresentação da UD 3 do curso no Moodle. Fonte:____ (2017)

Outro ponto importante abordado pelo Curso é como tratar os trâmites burocráticos dentro e fora da UFRGS. Para as questões internas da Universidade, até mesmo a experiência de intercâmbio, o aluno tem a oportunidade de conversar, via e-mail, com algum ex-intercambista que tenha participado de alguma edição do CEPI. Esse exercício é acompanhado pelas professoras, que auxiliam os alunos com os

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107 recursos linguísticos da língua antes do e-mail ser enviado.

Além das atividades do Moodle, para o engajamento nas tarefas e promover a participação dos alunos, realizamos atividades que não estavam previstas na plataforma. Uma delas foi a criação em conjunto de uma lista de canções brasileiras em um aplicativo, em que os alunos precisavam pesquisar algum artista brasileiro que gostassem e adicionar à lista da turma. A outra atividade foi um amigo secreto com sorteio online através de um site, em que alunos tinham que dar um presente on-line para o colega, podendo ser um vídeo, um texto, uma imagem que o amigo pudesse gostar. Para poder escolher um presente legal para o amigo secreto, recomendamos a pesquisa no perfil do Facebook dos colegas para verificar seus gostos pessoais, sua profissão e suas atividades de lazer. Após a publicação do presente no grupo da turma, todos tentavam adivinhar quem era o colega que estava recebendo o presente.

Produto final: O Encontro CEPI

A atividade realizada para o encontro entre os integrantes da turma no Brasil foi feita previamente à viagem e, para isso, seguimos a proposta de projeto de aprendizagem apresentada na tese de González (2015). Os alunos foram divididos em grupos e organizaram um evento no Facebook para realizar o encontro em algum ponto turístico da cidade. Esse projeto foi dividido nas seguintes etapas:

Figura 6: Etapas do projeto. Fonte: _____, 2017.

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108 porém, como estávamos no período de chuvas, professores e alunos chegaram a um acordo para ser na Casa de Cultura Mário Quintana. O encontro presencial foi um momento para conhecer os alunos pessoalmente, de reflexão sobre a experiência no CEPI e sobre como os alunos estavam se sentindo, já estando no Brasil e tendo iniciado as aulas na universidade.

As nossas aprendizagens como professoras

Tendo trabalhado na 8ª edição, anterior a esta apresentada, tivemos um melhor embasamento para guiar o curso ao longo da carga horária de 30h. Já conseguimos manusear com mais facilidade as ferramentas e recursos que a plataforma Moodle oferece, adicionando ou editando exercícios de acordo com

necessidade da turma.

Como enriquecimento pessoal, tivemos a oportunidade de conhecer na prática os benefícios e as desvantagens de trabalhar online. Um dos pontos positivos é aprender como conduzir as atividades a distância, como dar o feedback para os alunos somente por contato virtual e como incentivá-los a participar das atividades propostas. Para que todos esses aspectos positivos ocorressem, foi importante a troca de experiência entre as professoras, usando a criatividade para que houvesse uma interação entre todos. O ponto que nos desfavoreceu foi a limitação do número de alunos e professores para realizar uma videoconferência, já que a conexão, às vezes, não suportava mais que três pessoas em uma mesma conversa. Para resolver esse problema, limitávamos os grupos em até três participantes ou remarcávamos para realizá-la em outro momento. Além das nossas aprendizagens, também é importante salientar o papel do PPE, como projeto de extensão que nos proporcionou essa experiência online, contribuindo para formação de professores para o ensino em ambientes digitais. Como o espaço de reflexão e prática de ensino de línguas online na graduação e pós-graduação ainda é pequeno, o CEPI se torna, além de uma importante ação de política linguística (CARVALHO, SCHLATTER, 2011; BULLA, GARGIULO,

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109 SCHLATTER, 2012), um espaço de aprendizagens e pesquisa para professores.

REFERÊNCIAS

ABELEDO, M. O. L. Uma compreensão etnometodológica da aprendizagem de língua estrangeira na

fala-em-interação de sala de aula. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) – Instituto de Letras,

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008.

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BULLA, G. S.; GARGIULO, H.; SCHLATTER, M. Organización general de materiales didácticos para la enseñanza online de las lenguas: el caso del Curso de Español-Portugués para el Intercambio (CEPI). In:

JORNADAS INTERNACIONALES DE TECNOLOGÍAS APLICADAS A LA ENSEÑANZA, 2., 2009, Córdoba. Anais

II Jornadas Internacionales de Tecnologías aplicadas a laenseñanza. Córdoba: Universidad Nacional de

Córdoba, 2009. p. 1-12. CD-ROM.

BULLA, G. S.; LEMOS, F. C.; SCHLATTER, M. Análise de material didático para o ensino de línguas adicionais a distância: reflexões e orientações para o design de tarefas pedagógicas. Revista Horizontes

de Linguística Aplicada, Vol. 11, p. 103-135, 2012.

CLARK, H. Language use. In: H. Clark (Org.). Using Language. Cambridge: Cambridge University Press,

1996. p. 3-25.

GARGIULO, H.; BULLA, G. S.; SCHLATTER, M. O Cepi como ação de política linguística para o intercâmbio acadêmico. In: ENCONTRO INTERNACIONAL DE INVESTIGADORES DE POLÍTICAS LINGUÍSTICAS, 6., 2013, Porto Alegre. Anais VI Encontro internacional de investigadores de políticas linguísticas. Porto Alegre:

UFRGS, 2013. p. 107-112.

SCHLATTER, M. O ensino de leitura em língua estrangeira na escola: uma proposta de letramento.

Calidoscópio, v. 7, n. 1, p. 11-23, 2009.

SCHLATTER, M.; BULLA, G. S.; GARGIULO, H. CARVALHO, S. C. O Curso de Espanhol-Português para Intercâmbio (CEPI): Uma Ação de Política Linguística Construída Colaborativamente pelos Participantes.

Revista Digital de Políticas Lingüísticas (RDPL), Año4, Vol. 4, p. 11-148, 2012. SCHLATTER, M.; GARCEZ, P. M. Línguas adicionais (Espanhol e Inglês). In: Rio Grande do Sul, Secretaria de Estado da Educação, Departamento Pedagógico. Referenciais curriculares do Estado do Rio Grande do

Sul: linguagens, códigos e suas tecnologias. Porto Alegre: SE/DP, 2009. p. 125-172.

SCHLATTER, M.; GARCEZ, P. M. Línguas adicionais na escola: aprendizagens colaborativas em Inglês.

Erechim, RS: Edelbra, 2012.

Referências

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