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Ventilação de alta frequência na síndrome de aspiração meconial

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Academic year: 2021

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Ventilação de alta frequência

na síndrome de aspiração meconial

High frequency oscillatory ventilation in meconium aspiration syndrome

José Nona, Carla Santos2, Ana Melo Bento3, Cristina Resende4, Ana Rodrigues5,

Ana Pinheiro6, Odília Nascimento7, António Marques Valido8

rESUMo

objectivo: Avaliar e comparar a atuação e morbidade, associada à síndrome de aspiração meconial, em recém-nascidos na maternidade ou admitidos de fora internados em nossa Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal e em ventilação de alta frequência oscilatória. Métodos: Estudo retrospectivo, comparativo com revisão dos processos clínicos dos recém-nascidos internados em uma Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais durante um período de seis anos (1999 a 2004) e com ventilação de alta frequência oscilatória precoce, de primeira intenção nos nascidos na maternidade e imediatamente após chegada à unidade, nos admitidos de fora. resultados: Neste estudo foram incluídos 27 recém-nascidos, 12 nascidos na maternidade e 15 admitidos de fora. Os critérios de gravidade foram semelhantes em ambos os grupos. A morbidade respiratória associada incluiu hipertensão pulmonar persistente grave – 12 (sete admitidos de fora), pneumotórax – 5 (três admitidos de fora), enfisema intersticial – 2 (um admitido de fora) e hemorragia pulmonar – 1 (admitido de fora). Ocorreu encefalopatia hipóxico-isquémica graus 2-3 em seis recém-nascidos (quatro admitidos de fora. A terapêutica consiste na administração de surfactante em 22 (13 admitidos de fora), óxido nítrico em 12 (sete admitidos de fora) e sulfato de magnésio em quatro recém-nascidos (três admitidos de fora). A mediana do tempo de ventilação foi de seis dias (4,5 dias para os nascidos na maternidade e 10 dias para os admitidos de fora), e a mediana do tempo de suplementação com oxigênio foi de dez dias (4,5 dias para os nascidos na maternidade e 15 dias para os admitidos de fora). A mediana do tempo de internamento foi de 13 dias (11 dias para os nascidos na maternidade e 16 para os admitidos de fora). Um recém-nascido admitido de fora faleceu. Conclusões: Com essa estratégia ventilatória, não foram observadas diferenças estatisticamente

significativas entre os dois grupos de recém-nascidos, exceto no tempo de necessidade de suplementação com oxigênio, que foi maior no grupo de recém-nascidos admitidos de fora.

Descritores: Síndrome de aspiração de mecônio; Recém-nascido; Terapia intensiva neonatal; Ventilação de alta frequência; Morbidade ABStrACt

objective: To evaluate and compare the management and associated morbidity in inborn and outborn babies with meconium aspiration syndrome admitted to the Neonatal Intensive Care Unit and ventilated with high frequency oscillatory ventilation. Methods: A retrospective cohort study with a review of clinical data from newborns, admitted to the Neonatal Intensive Care Unit during a six-year period (from 1999 to 2004) and ventilated with early high frequency oscillatory ventilation, first intention in inborns and immediately after Neonatal Intensive Care Unit arrival in outborns. results: In the present study, 27 newborns were included: 12 inborn and 15 outborn infants. Severity criteria were similar in both groups. The pulmonary morbidity associated was severe persistent pulmonary hypertension - 12 (seven outborns), pneumothorax - five (three outborns), interstitial emphysema – two (one outborn) and pulmonary hemorrhage – one outborn. Hypoxic-ischemic encephalopathy II-III occurred in six newborns (four outborns). The therapeutic procedures were surfactant administration in 22 newborns (13 outborns), nitric oxide in 12 newborns (seven outborns) and magnesium sulphate in four newborns (three outborns). The median length of ventilation was six days (inborn infants: four and half days; outborn infants: ten days) and the median

Trabalho realizado no Serviço de Pediatria da Unidade de Cuidados Intensivos em Recém-Nascidos da Maternidade Dr. Alfredo da Costa, Lisboa, Portugal.

1 Assistente de Pediatria da Maternidade Dr. Alfredo da Costa, Lisboa, Portugal. 2 Assistente de Pediatria no Hospital Cuf Descobertas, Lisboa , Portugal. 3 Assistente de Pediatria no Hospital dos Lusíadas (grupo HPP), Lisboa, Portugal. 4 Assistente de Pediatria na Maternidade Bissaya Barreto, Coimbra , Portugal. 5 Assistente de Pediatria no Hospital do Espírito Santo de Évora, EPE, Évora, Portugal. 6 Chefe de Serviço de Pediatria na Maternidade Dr. Alfredo da Costa, Lisboa, Portugal. 7 Diretor do Serviço de Pediatria da Maternidade Dr. Alfredo da Costa, Lisboa, Portugal

Autor correspondente: José Nona – Rua Viriato, 1.089-069 – Lisboa, Portugal – Tel.: 351213184029 – e-mail: nonamicha59@gmail.com Data de submissão: 6/4/2009 – Data de aceite: 14/5/2009

Para a realização do trabalho não houve recurso a qualquer fonte de financiamento. Todos os autores declaram, ainda, que participaram no trabalho, se responsabilizam por ele e que não existe, da parte de qualquer dos autores conflito de interesses nas afirmações proferidas no trabalho.

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length of oxygenation supply was ten days (inborn infants: four and half days; outborn infants: 15 days). The median length of stay was 13 days (inborn infants: 11 days; outborn infants: 16 days). One outborn infant died. Conclusions: With this ventilation strategy, we have found no significant statistical differences between the two newborn groups, except for the length of oxygenation supply that was longer in the Outborn Group.

Keywords: Meconium aspiration syndrome; Infant, newborn; Intensive care, neonatal; High-frequency ventilation; Morbidity introDUÇÃo

A ventilação oscilatória de alta frequência (VOAF) iniciada precocemente em recém-nascidos (RN) de muito baixo peso (MBP) ao nascimento é eficaz e parece ser segura(1-3). Em RN com peso ao

nasci-mento superior a 1.500 g, a VOAF é usada princi-palmente como terapia de resgate, quando todas as outras estratégias de ventilação mecânica convencio-nal (VMC) falharam, mas há necessidade de estudos sobre o uso da VOAF nas primeiras horas de vida nesses lactentes. Entretanto, algumas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) parecem estar usando com sucesso a VOAF na síndrome de aspira-ção meconial (SAM).

A SAM é uma importante causa de morbidade e mortalidade neonatal para a qual não há uma terapia específica ou abordagem padrão. Os tratamentos usa-dos atualmente demonstram baixa eficácia(4).

Um estudo comparativo entre RN nascidos na ma-ternidade do estudo e aqueles admitidos de fora, RN transferidos de outro hospital, tratados inicialmente no hospital de origem e transferidos com uma equipe es-pecializada em terapia intensiva neonatal, foi possível apenas em função da semelhança estatística dos dados demográficos, índice de gravidade, tempo de início da ventilação e administração de surfactante.

oBJEtiVo

O objetivo nesse estudo foi avaliar os resultados da VOAF iniciada nas primeiras horas de vida em RN com SAM, em nascidos na maternidade, e aqueles admiti-dos de fora e analisar os resultaadmiti-dos até a alta hospita-lar, principalmente com a avaliação de três parâmetros: tempo de ventilação e oxigenação, morbidade (respira-tória e outras) e mortalidade.

MÉtoDoS

Estudo retrospectivo de coortes, com uma revisão de dados clínicos de RN admitidos na nossa UTIN durante um período de seis anos (1 de Janeiro de 1999 a 31 de Dezembro de 2004). Os critérios de inclusão foram a

admissão na nossa UTIN nesse período, o diagnóstico de SAM e uso de ventilação mecânica com VOAF nas primeiras horas de vida. Vinte e sete RN preencheram os critérios de inclusão.

VOAF em recém-nascidos foi o método de primeira intenção, o modo de ventilação único e exclusivo, inicia-do imediatamente após a intubação na UTIN ou após a chegada na UTIN procedente da sala de parto. Em RN admitidos de fora, foi iniciada imediatamente após a chegada em nossa UTIN.

Nessa estratégia ventilatória foi usada uma pressão média das vias aéreas (MAP) inicial entre 12 e 15 cm H2O, de acordo com o estado clínico em nascidos na maternidade e a MAP de 1 a 2 cm H2O acima da pres-são correspondente na VMC, em RN admitidos de fora. A FiO2 inicial era de 100% ou menos, relacionada com a gravidade clínica da hipertensão pulmonar persistente (HPP) subjacente.

Quanto à terapia surfactante, beractante (Survan-ta®) foi administrado em doses de 4 ml/kg (100 mg/kg),

instilado com cuidado em um sistema de ventilação fechado assim que possível. Quando necessário, fo-ram administradas doses adicionais em até seis ho-ras mais tarde. Os critérios de administração foram a MAP versus FiO2 maior que 3-4 e a/A O2 abaixo de 0,22-0,17. Na lavagem com surfactante, utilizou-se uma diluição com concentração fosfolipídica de 6 mg/ml, sendo a dose total administrada equivalente a 10-15 ml/kg da diluição, dividida em quatro ou cin-co alíquotas.

Uma vez alcançados os critérios MAP ≤ 8.0 – 9.0 cm H2O; fração inspirada de oxigênio (FiO2) ≤ 30% e res-piração espontânea e regular em VOAF sem quaisquer sinais de angústia respiratória, a extubação era reali-zada e seguida pela administração de pressão positiva contínua na via aérea nasal (NCPAP) ou suplementa-ção com oxigênio na incubadora.

O índice de oxigenação (IO) foi definido como o pior nas primeiras seis horas de vida (sempre antes da administração de surfactante) nos RN na maternidade, ou nas primeiras seis horas após a admissão na UTIN (antes da administração ou readministração de surfac-tante) nos neonatos admitidos de fora.

A análise estatística foi realizada com o teste de Mann-Whitney para variáveis contínuas – peso ao nas-cimento (PN), idade gestacional (IG), tempo de ven-tilação, tempo de suplementação de oxigênio, duração da internação. Para variáveis categóricas, realizou-se o teste do χ2 ou teste exato de Fisher. A razão de chances

(Odds Ratio) e os intervalos de confiança (IC) de 95% foram calculados para os resultados referentes à evolu-ção clínica dos RN.

Dos 27 RN incluídos no presente estudo, 12 nasce-ram nesta maternidade (44%) e 15 vienasce-ram transferidos

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de outro hospital (56%), com mediana de seis horas de vida ao serem admitidos na UTIN.

Os fatores de risco identificados são mostrados na Tabela 1, sendo as anomalias no cardiotocograma fetal (CTG) as mais importantes.

rESUltADoS

O surfactante foi administrado em 17 RN (63%, sete nascidos na maternidade e dez admitidos de fora) e a lavagem com surfactante foi realizada em cinco (18,5%, dois nascidos na maternidade e três admiti-dos de fora).

O dispositivo de ventilação assistida que foi usado em todos os RN participantes desse estudo foi o “Sen-sorMedics” (SensorMedics 3100ATM, SensorMedics

Corp., Yorba Linda, CA). As durações medianas da ventilação e suplementação com oxigênio foram iguais a seis e dez dias, respectivamente. A análise estatística dos dados entre os dois grupos, quanto à suplementa-ção com oxigênio, demonstrou uma diferença significa-tiva, com maior tempo total em RN admitidos de fora (15 dias em admitidos de fora versus 4,5 dias em nas-cidos na maternidade). Também foi encontrado maior tempo/duração mediana de ventilação em admitidos de fora, mas essa diferença não foi estatisticamente signi-ficativa (Tabela 3).

Fatores de risco número nascidos na maternidade / admitidos de fora

Anomalias na CTG 11 6 / 5

Doença materna 4 3 / 1

Pequeno para idade gestacional 3 0 / 3

Corioamnionite 5 4 / 1

Parto pós-termo 2 0 / 2

Membrana rota > 24 h 4 2 / 2

tabela 1. Fatores de risco identificados, incluindo anomalias na cardiotocografia fetal

CTG: cardiotocograma.

tempo para início da ventilação e administração de surfactante nascidos na maternidade (n = 12) Mediana Admitidos de fora (n = 15) Mediana

Tempo para iniciar a ventilação 1 h 1 h 30 minutos

Tempo de administração de surfactante (1a dose)

1 h 30 minutos 2 h

Tempo de lavagem com surfactante 1 h 30 minutos 2 h

Doses de surfactante 2 2

tabela 2. Avaliação do tempo para início da ventilação e de administração de

surfactante em dois grupos (nascidos na maternidade e admitidos de fora)

Quinze RN eram do sexo masculino (seis nascidos na maternidade e nove admitidos de fora) e 12 do sexo feminino (seis nascidos na maternidade e seis admiti-dos de fora), a mediana da IG era de 40 semanas em nascidos na maternidade e 39 semanas em admitidos de fora, e a mediana do PN era de 3.522 g em nascidos na maternidade e 3.210 g em RN admitidos de fora. O parto normal foi observado em 12 RN (cinco nascidos na maternidade e sete admitidos de fora). Os RN res-tantes, com partos distócicos, nasceram com parto cesá-rea (seis nascidos na maternidade e sete admitidos de fora), vácuo (um nascido na maternidade) ou fórceps (um admitido de fora).

A mediana do escore de Apgar em cinco minutos foi igual a sete em ambos os grupos de RN. O índice de gravidade, SNAPE II e IO tiveram valores medianos de 35/18 em nascidos na maternidade e 39/23 em RN admitidos de fora.

Os nascidos na maternidade foram ventilados den-tro de um tempo mediano de 60 minutos e os RN admi-tidos de fora dentro de 90 minutos. Os tempos mediano de administração de surfactante (primeira dose) e la-vagem com surfactante foram iguais a 90 minutos em nascidos na maternidade e 120 minutos em neonatos admitidos de fora. Em ambos os grupos, o número me-diano de doses administradas foi idêntico (duas doses), conforme é visto na Tabela 2.

tempo de ventilação e duração da suplementação de o2 total Mediana [mín. – máx.] nascidos na maternidade/ admitidos de fora Mediana

Odds Ratio [iC95%] =

corte = 9,5 dias

Tempo de ventilação 6 dias [1 - 16

dias] 4,5 / 10,0 dias OR = 0,22 [0,03 - 1,5] Duração de suplementação de O2 10 dias [2 - 60 dias] 4,5 / 15,0 dias OR = 0,12 [0,01 -0,89]

tabela 3. Tempo de ventilação e duração da suplementação de oxigênio

Morbidade respiratória associada

nascidos na maternidade/ admitidos de fora

Odds Ratio

[iC95%]

Hipertensão pulmonar persistente 5 / 7 OR = 0,82

[0,14 - 4,91]

Pneumotórax 2 / 3 OR = 2,17

[0,22 - 24,1]

Enfisema pulmonar intersticial 1 / 1

-Hemorragia pulmonar 0 / 1

-tabela 4. Morbidade respiratória associada

Após a extubação, nove RN (33%, quatro nascidos na maternidade e cinco admitidos de fora) passaram a receber NCPAP. Nos outros 18 RN, (67%, 11 nascidos na maternidade e 7 admitidos de fora) foi administrada apenas a suplementação de oxigênio.

A morbidade respiratória associada relatada nesse estudo foi HPP grave em 12 RN (44,4%), pneumotó-rax em 5 (18,5%), enfisema pulmonar intersticial em 2 (7,4%) e hemorragia pulmonar em 1 (3,7%). Foi rea-lizada a análise estatística da incidência de PPH grave e pneumotórax entre os dois grupos, mas não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas (Tabela 4).

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A encefalopatia hipóxica-isquêmica (EHI) graus 2-3 ocorreu em 6 (22%) dos 27 RN, sendo dois nasci-dos na maternidade e quatro admitinasci-dos de fora (OR = 0,55;IC95% = 0,05-4,87). Exames por imagens (eco-grafia transfontanelar, tomo(eco-grafia computadorizada e ressonância magnética nuclear) revelaram acidente vascular cerebral isquêmico em dois casos (um nascido na maternidade e um admitido de fora), hemorragia dos gânglios basais em um admitido de fora e infarto hemorrágico do parênquima em outro RN admitido de fora.

A terapia com óxido nítrico inalatório (INO) foi ne-cessária em 12 (44,4%) RN, sendo 5 nascidos na mater-nidade e 7 admitidos de fora (OR = 0,82;0,13-4,91) e com sulfato de magnésio em quatro (14,8%) RN, sendo um nascido na maternidade e três admitidos de fora.

A duração mediana da internação foi de 13 dias (mínimo de 6 e máximo de 39 dias), sendo 11 dias em nascidos na maternidade e 16 dias nos admitidos de fora (OR = 0,44; IC95% = 0,07-2,71). Um dos RN ad-mitido de fora morreu no oitavo dia de vida, em razão de EHI grau 3.

DiSCUSSÃo

Quanto aos dados demográficos da população do es-tudo, gostaríamos de destacar que ambos os grupos – nascidos na maternidade e admitidos de fora –apre-sentaram características semelhantes, com IG media-na de 40 semamedia-nas e peso de media-nascimento mediano de 3.350 g. A gravidade clínica também foi equivalente de acordo com o índice de gravidade, IO e SNAPPE II(5).

Ambos os grupos receberam procedimentos terapêu-ticos semelhantes.

A administração de surfactante tem demonstrado eficácia em termos de melhora da oxigenação e ventila-ção (diminuindo a duraventila-ção da ventilaventila-ção) em RN com SAM(6-9). Isso pode ser observado em nosso estudo, uma

vez que o surfactante foi usado na maioria (63%) dos RN. Alguns autores relatam melhora clínica com a la-vagem pulmonar com surfactante(10,11), mas isso ainda é

controverso, o que justifica o uso dessa abordagem em apenas cinco casos (dois nascidos na maternidade).

O INO associado à VOAF parece ser um agente terapêutico benéfico, com melhora da oxigenação(12),

especialmente em RN com HPP associada a SAM(13),

reduzindo as necessidades de circulação extracorpórea (CEC). O INO foi usado nos 12 casos de HPP descritos, com bons resultados em termos de IO.

Os tempos totais de ventilação e suplementação de oxigênio encontrados nesse estudo, com uma mediana de seis e dez dias, respectivamente, foram semelhan-tes aos encontrados em outros estudos de RN com

SAM(4,7,14). Enquanto isso, ao compararmos nascidos

na maternidade e admitidos de fora, foi verificada um maior tempo de ventilação em admitidos de fora (tem-po mediano de dez dias contra 4,5 dias em nascidos na maternidade), mas não estatisticamente significativo, e um maior tempo de suplementação de oxigênio tam-bém em admitidos de fora (tempo mediano de 15 con-tra 45 dias em nascidos na maternidade), com valor de p = 0,0063, considerado estatisticamente significativo.

Quando avaliamos a morbidade respiratória em nossos RN, as principais complicações, e o estado ha-bitual de sobrevivência foram HPP grave (12 casos, 63%) e pneumotórax (5 casos, 15%), descritos na li-teratura como os principais problemas respiratórios associados à SAM; os dois grupos apresentaram resul-tados semelhantes.

A EIH graus 2 e 3 foi diagnosticada em seis RN (22%), supostamente relacionada com a gravidade clí-nica, com uma incidência discretamente maior em ad-mitidos de fora (quatro adad-mitidos de fora contra dois nascidos na maternidade).

O tempo de internação foi maior nos admitidos de fora (16 contra 11 dias), mas sem ser estatisticamente significativo. A taxa de mortalidade em nosso estudo foi de 3,7% (um RN), sendo semelhante aos relatos ante-riores sobre a SAM(15-16).

ConClUSÕES

Considerando a nossa experiência prévia no tratamento desses RN com VMC, acredita-se que com essa estraté-gia terapêutica, principalmente a abordagem ventilató-ria, foram obtidos bons resultados em termos de morbi-dade e mortalimorbi-dade associadas.

Algumas diferenças a respeito da evolução clínica dos RN admitidos de fora comparados com os nasci-dos na maternidade foram observadas, o que parece reforçar a grande relevância do início precoce dessa estratégia terapêutica e ventilatória para o alcance do sucesso.

Apesar de todos os esforços, percebe-se que esse estudo tem limitações, principalmente em função do pequeno tamanho da população, o que não permitiu conclusões estatisticamente significativas. A necessi-dade de realizar estudos prospectivos randomizados para avaliar a eficiência e eficácia dessa estratégia ventilatória nessa população específica é a da mais alta relevância.

rEFErEnCES

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