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XIX CONGRESSO DE ZOOTECNIA DIVERSIDADE NA PRODUÇÃO

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Academic year: 2021

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ESTUDO DE FATORES ASSOCIADOS À PRODUÇÃO E CONSERVAÇÃO DE SILAGENS DE ERVA EM EXPLORAÇÕES DE VACAS LEITEIRAS DO CONCELHO DE BARCELOS

Faria, M.F.C.G.1; Torres, A.M.S.2; Araújo, J.P.P.1; Cerqueira, J.O.L.1

1Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios do Lima, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal. Email: cerqueira@esa.ipvc.pt

2Cooperativa Agrícola de Barcelos, CRL INTRODUÇÃO

Sendo a produção de forragens irregular ao longo do ano e as necessidades de consumo de alimento dos animais bastante exigentes, os produtores têm a necessidade de proceder à sua conservação através de processos de ensilagem, constituindo a silagem de erva uma parte importante da dieta base dos bovinos leiteiros (Moreira, 2002). O princípio da conservação de silagens consiste no rápido desenvolvimento inicial de acidez, inibindo a proliferação indesejável de microrganismos, sendo necessário cumprir um conjunto de boas práticas, associadas ao processo de conservação, desde o campo ate à manjedoura (Pinho, 1999). Como principais efeitos da deterioração destaca-se as perdas de matéria seca e a redução do desempenho animal devido ao aparecimento de micotoxinas, prejudiciais à saúde dos animais. É possível reutilizar-se plásticos de outros silos ou de anos anteriores, desde que estes se encontrem em adequadas condições de impermeabilização. O plástico deve estar preso por algum material (pneus usados, terra, sacos de areia) para garantir o sucesso da vedação do silo (Bernardes e Amaral, 2009).

O termo “big-bale” refere-se aos fardos de feno-silagem com elevado teor de humidade, envoltos em várias camadas de plástico (3 a 6 camadas), que asseguram as condições necessárias à sua conservação. É um sistema simples, económico e eficaz de conservação de forragens, sendo normalmente recomendado para explorações de pequena e média dimensão, em que não se justifica a construção de um silo horizontal, ou caso a exploração não possua espaço suficiente para o seu armazenamento. A forragem poderá ser administrada aos animais após cerca de 28 dias, período durante o qual ocorre o processo de fermentação (Freixial e Alpendre, 2013). Segundo Curval (2014), a utilização de aditivos na ensilagem permite melhorar a conservação das silagens, estimula a ingestão de matéria seca e favorece a digestibilidade. Uma silagem bem conservada apresenta cor verde acastanhada e leve cheiro a ácido láctico (Torres e Morgado, 2011). O objetivo do presente trabalho consistiu no estudo de fatores inerentes à produção e conservação de silagens de erva no concelho de Barcelos.

MATERIAL E MÉTODOS

A recolha de dados relacionados com a produção e conservação de silagens de erva foi realizada no período de junho a outubro de 2014, em 74 explorações leiteiras, pertencentes a 37 freguesias do concelho de Barcelos, através do Departamento de Alimentação e Nutriç ão Animal da Cooperativa Agrícola de Barcelos. A análise estatística dos dados foi realizada através do programa Microsoft Excel para Windows.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Da totalidade das amostras de silagem de erva recolhidas, mais de metade (55,2%) tiveram origem em consociações de gramíneas e leguminosas (azevém, aveia, triticale, trevo e ervilhaca). De salientar também a importância da utilização do azevém (31%). Enquanto a mistura de azevém e aveia representou 13,8% da composição forrageira das silagens de erva

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referido por Yoda et al. (1963), que indicam para consociações valores de 35 a 45 kg de

semente por hectare, tendo a maioria dos produtores optado por valores entre 30 a 50 kg/ha. Do total de amostras de silagem de erva recolhidas nas diferentes explorações do concelho em 2014, 86% resultaram de silos do tipo horizontal e 14% de silos do tipo “big-bale”, mais vulgarmente conhecidos por rolos (Figura 3). Estes resultados, segundo Bernardes e Amaral (2009), justificam-se pelo facto dos silos horizontais se encontrarem associados a baixos custos de investimento, considerando que as explorações possuem um conjunto de materiais (máquinas, terrenos, mão-de-obra, pneus, etc) que facilitam a sua construção.

A utilização de conservantes no processo de ensilagem não foi uma prática corrente, em que 72% dos produtores afirmou não recorrer a esse procedimento para permitir a melhor conservação da forragem. Esta situação poderá estar associada à qualidade da matéria-prima a ensilar, que ao apresentar parâmetros interessantes de conservação, dispensa a aplicação de conservantes (Barbosa, 1996).

No encerramento dos silos horizontais (cobertura), foram utilizados materiais que previnem a formação de bolsas de ar no silo, proporcionando um ambiente estável, necessário para uma correta conservação da forragem. Verificou-se que 91,8% dos produtores recorreram à utilização simultânea de terra e pneus, para proceder ao acondicionamento do plástico na sua cobertura. Para Bernardes e Amaral (2009) é o procedimento correto por forma a evitar perdas por apodrecimento, sendo a terra colocada junto às laterais e os pneus na parte central dos silos.

A maioria dos produtores (60%) optaram por proteger os “big-bales”, com recurso a 3 camadas de plástico, tendo ainda 30% realizado o seu acondicionamento com 4 c amadas de plástico e apenas 10% utilizaram 6 camadas de plástico (Figura 4). Segundo Torres e Morgado (2011), o número de camadas deve estar diretamente relacionado com o tempo de armazenamento. Portanto presume-se que, a maioria dos produtores pretendia manter um tempo de conservação reduzido, ao ter optado apenas por 3 camadas de plástico, podendo também relacionar-se com o menor custo associado ao acondicionamento dos “big-bales”.

Referências bibliográficas

Barbosa, M. L. B., 1996. Estudo do valor nutritivo de silagem de erva. Relatório final de curso de Licenciatura em engenharia zootécnica. UTAD, Vila Real.

Bernardes, T.F., Amaral, C.R., 2009. Sealing strategies to control the top losses in horizontal silos. International symposium on forage quality and conservation. Primeira edição, Piracicaba: FEALQ, vol. 1: 209-224.

Curval, E., 2014. Processo de ensilagem e utilização de aditivos. Revista Ruminantes, Ano 4º outubro, novembro e dezembro de 2014, Nº15: 32-33. Oeiras.

Freixial, R., Alpendre, P., 2013. Conservação de forragens. Grandes fardos cilíndricos e paralelepípedos. Escola Ciências e Tecnologia, Dep. de fitotecnia da Universidade de Évora. Moreira, N., 2002. Agronomia das forragens e pastagens. Sector editorial, UTAD, 183 pp. Osório, C., 2014. A Produção Forrageira, Opções e Métodos. Revista AGROS: A força da união. Nº 21: 24-26. Vila do Conde.

Pinho, R.A.M.L.L., 1999. Avaliação do valor nutritivo e da distribuição do tamanho de partículas de silagens de milho e de silagens de erva produzidas na região do Entre-Douro e Minho. Relatório final de curso. Licenciatura em Eng. ciências agrarias, Universidade do Porto. Torres, A., Morgado, E., 2011. Melhores práticas de ensilagem da erva. Revista AGROS: A força da união. Nº 10: 16-20. Vila do Conde.

Yoda, K., Kira, T., Ogawa, H., Hozumi, K., 1963. Intraspecific competition among higher plants XI. Self-thinning in overcrowded pure stands under cultivated and natural conditions. Journal of biology, Osaka City University, 14: 107-129.

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Figura 1. Distribuição das variedades forrageiras utilizadas pelos produtores

Figura 2. Distribuição das densidades de sementeira utilizadas pelos produtores

31% 13,8% 55,2% 0 10 20 30 40 50 60 Azevém Azevém e aveia Consociações % V a ri e d a d e s 8,6% 67% 8,6% 3,4% 0 10 20 30 40 50 60 70 80 ≤30 ]30 - 50] ]50 - 70] >70 % kg de semente/ha silos "big-bales" 14%

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Figura 4. Número de camadas de plástico utilizado no acondicionamento dos “big-bales”

STUDY FACTORS ASSOCIATED WITH PRODUCTION AND CONSERVATION OF GRASS SILAGES IN DAIRY FARMS OF BARCELOS MUNICIPALITY

Abstract: In the most farmers (55,2%) grass silage originated in consociations of grasses and legumes (ryegrass, oats, triticale, clover and vetch). It’s very important to mention the using of ryegrass (31%). While the mixture of ryegrass and oats represented 13,8% of the forage composition of grass silages. Most farmers (67%) used seeding densities on the order of 30 to 50 kg per hectare. Only about 9% of farmers adopted densities below 30 kg per hectare, while 12% of respondents indicated using higher doses of sowing more than 50 kg per hectare. The type of silo was mostly horizontal (86%) and "big-bale", only 14% of respondents. Only 28% of farmers secured resort to the use of additives in the conservation of the silage process. For the covering on the horizontal silos 91, 8% of farmers resorted to simultaneous use of soil and tires. The biggest part of farmers (60%) chose to protect the "big-bales", using three layers of plastic.

Keywords: grass silage, forage varieties, seeding density, additives in silage

60% 30% 10% 0 10 20 30 40 50 60 70

3 Camadas 4 Camadas 6 Camadas

%

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XIX CONGRESSO DE ZOOTECNIA

“DIVERSIDADE NA PRODUÇÃO”

Ponte de Lima – 16 a 18 de abril de 2015

Livro de Atas

Edição: Associação Portuguesa de Engenheiros Zootécnicos

Edição Literária:

José Pedro Pinto de Araújo

Joaquim Orlando Lima Cerqueira

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O Conteúdo desta publicação foi revisto pelos membros da Comissão Científica:

Alfredo Teixeira (ESA-IPB)

Ana Sofia Santos (ECAV-UTAD) Antonio Iglesias (IBADER-USC)

António Mira (ICBAS-UP) António Moitinho (ESA-IPCB)

César Resch Zafra (CIAM) Divanildo Outor Monteiro (ECAV-UTAD)

Fernando Delgado (ESA-IPC) Joaquim Lima Cerqueira (ESA-IPVC)

Jorge Oliveira (ESA-IPV) José Carlos Almeida (ECAV-UTAD)

José Manuel Lorenzo (CETECA) José Pedro Araújo (ESA-IPVC)

Júlio Carvalheira (ICBAS-UP) Luísa Valente (ICBAS-UP)

Nuno Carolino (INIAV, IP) Paulo Rema (ECAV-UTAD)

Vasco Cadavez (ESA-IPB)

Editor: Associação Portuguesa de Engenheiros Zootécnicos

Editores Literários:

José Pedro Pinto de Araújo

Joaquim Orlando Lima Cerqueira

Júlio César Oliveira Lopes

Montagem: Júlio César Oliveira Lopes

ISBN: 978-989-96219-6-1 (Versão eletrónica em PDF)

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XIX CONGRESSO DE ZOOTECNIA – DIVERSIDADE NA PRODUÇÃO

ii

Comissão Científica

Alfredo Teixeira (ESA-IPB) Ana Sofia Santos (ECAV-UTAD) Antonio Iglesias (IBADER-USC)

António Mira (ICBAS-UP) António Moitinho (ESA-IPCB)

César Resch Zafra (CIAM) Divanildo Outor Monteiro (ECAV-UTAD)

Fernando Delgado (ESA-IPC) Joaquim Lima Cerqueira (ESA-IPVC)

Jorge Oliveira (ESA-IPV) José Carlos Almeida (ECAV-UTAD)

José Manuel Lorenzo (CETECA) José Pedro Araújo (ESA-IPVC)

Júlio Carvalheira (ICBAS-UP) Luísa Valente (ICBAS-UP)

Nuno Carolino (INIAV, IP) Paulo Rema (ECAV-UTAD)

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Guedes, C.1*, Pereira, E.2, Carvalho, C.2, Rodrigues, M. 1, Ferreira, L. 1, Silva, S. 1, Mourão, J. 1, Pinheiro,

V. 1

1 CECAV, Centro de Ciência Animal e veterinária e Departamento de Zootecnia, Universidade de Tras -os-Montes e Alto Douro, 5000-801 Vila Real, Portugal.

2 CIMO-Instituto Politécnico de Bragança, Campus de Santa Apolónia, CP 1172, 5301-855, Bragança, Portugal.

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Costa, B.1*; Ramos, C.1;Rodrigues, V.3; Dias, J.3; Rema, P.2

1 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Quinta dos Prados, 5000-801 Vila Real, Portugal. 2 CECAV/UTAD, Quinta dos Prados, 5000-801 Vila Real, Portugal.

3 SPAROS Lda., Área Empresarial de Marim, Lote C, 8700-221 Olhão, Portugal.

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