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Academic year: 2021

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PROCESSO Nº 212044-56.2014.8.09.0000 HABEAS CORPUS Nº 201492120448

COMARCA DE POSSE

IMPETRANTE LEONARDO MAGALHÃES VALENTE

PACIENTES CLAUDEMÁRIO PEREIRA DOS SANTOS e

OUTROS

RELATOR Juiz JAIRO FERREIRA JÚNIOR

R E L A T Ó R I O E V O T O

Leonardo Magalhães Valente, estagiário da OAB-GO, regularmente qualificado, impetra habeas corpus, com pedido de liminar, em proveito de CLAUDEMÁRIO PEREIRA DOS SANTOS, ORANILTON PEREIRA DOS SANTOS e CLAUDINEI PEREIRA DOS SANTOS, apontando como autoridade coatora o MM. Juiz de Direito da Vara Criminal da comarca de Posse.

Declara o impetrante, que os pacientes são acusados de participação no homicídio doloso contra a vítima Edilson Queiroz dos Santos, fato ocorrido em 31 de maio de 2014. O crime teria sido motivado por vingança, em decorrência de um anterior homicídio cometido contra Jailton Alves da Silva, cujos autores seriam a vítima Edilson e seu filho Jucélio, vulgo

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“Caquinha”.

Por esse motivo, obtempera, a Autoridade Policial pugnou pela prisão temporária, a fim de que fosse garantida a investigação criminal.

Aduz que “o fato dos Recorrentes não

estarem na cidade, para evitarem serem mortos, ou qualquer outro membro de suas famílias, por si só, já garante que eles não têm prejudicado as investigações, ou seja, qual a diferença deles estarem presos ou estarem com seus familiares longe da comarca? (Sic)”.

Irresignado, ressalta que os pacientes não cometeram o crime que lhes é imputado, e destaca que a decisão atacada carece de fundamentação acerca do principal requisito para a decretação da prisão temporária, qual seja, garantia da investigação, conforme determina o artigo 1º, da Lei 7.960/89.

Informa os predicados pessoais dos pacientes que são integrantes da comunidade cigana, cujo sustento é proveniente da construção e venda de casas, bem como, compra e venda de automóveis, motivo pelo qual requer a substituição da prisão preventiva pelas medidas cautelares previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal.

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Alfim, liminarmente, suplica pela expedição de salvo-conduto, evitando a concretização da ameaça ao direito de locomoção dos pacientes.

Peça exordial acompanhada do documentos de fls. 16/93.

Decisão negatória de pedido liminar exarada às fls. 97/100.

Os informes judiciais foram prestados pelo Juízo da Vara Criminal da comarca de Posse, consoante se vê às fls. 103/104.

A ilustrada Procuradoria Geral de Justiça opina pela denegação da ordem impetrada (fls. 107/115).

É o relatório. Passo ao VOTO.

Como visto, almeja o impetrante a expedição de salvo-conduto em favor dos pacientes.

Os documentos acostados aos autos dão conta de um homicídio ocorrido no dia 31 de maio de 2014, sendo que, inicialmente, restou apurado através de testemunhas e familiares das duas partes, fortes indícios da participação dos

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pacientes no delito, que estariam agindo motivados por vingança. Assim, a autoridade policial representou pela prisão temporária dos investigados, por entender imprescindível à investigação e coleta de provas.

Inicialmente, necessário ressaltar, que o habeas corpus não se presta a examinar a tese de que os pacientes não praticaram o delito que lhes é imputado, posto que tal questão exige análise do conjunto fático probatório, de forma que somente no curso da ação penal, após um apurado exame das provas colhidas ao longo da instrução poder-se-á avaliar a sua cota de participação.

Nesse sentido é a orientação jurisprudencial:

“HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. NEGATIVA DE COAUTORIA E PARTICIPAÇÃO. A ação penal de habeas corpus não se presta a avaliar tese defensiva de negativa da autoria e/ou participação pelo delito imputado ao paciente, pois a matéria reclama aprofundado exame de fatos e provas, solução reservada para o ventre do processo penal de conhecimento. 2- (...). ORDEM DENEGADA.” (TJGO, HC 154405-80.2014.8.09.0000, Rel. Des. LEANDRO

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CRISPIM, 2ª CCrim, DJe 1570 de 25/06/2014).

Como se sabe, para legitimar o decreto de prisão temporária, imprescindível que se façam presentes as hipóteses delineadas no artigo 1º, e incisos, da Lei 7.960/89, in verbis:

“Art. 1° Caberá prisão temporária: I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade;

III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:

a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);

(…).” Negritei.

Compulsando a decisão que decretou a prisão temporária dos pacientes (fls. 26/27), verifico inexistir qualquer irregularidade ou falta de fundamentação, eis que o douto

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Juiz a quo apontou, de maneira suficiente e fundamentada, a necessidade da custódia cautelar, notadamente os fortes indícios da autoria delitiva, de modo que se faz necessário garantir o bom andamento do inquérito policial.

Conforme destacado pelo nobre Juiz prolator da decisão:

“A medida ora pleiteada fundamenta-se no argumento de haver indícios suficientes da participação dos representados neste episódio, além de ser imprescindível a presente medida para a conclusão das investigações pela Autoridade Policial Representante.

(…).

Os indícios recaem nas pessoas dos representados, haja vista o colhimento de depoimento de testemunhas e parentes de ambas as famílias envolvidas no presente caso, esclarecendo que o crime supostamente fora cometido motivado por vingança pelo assassinato de Edilson.

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(…).”

Desta forma, atendidos os requisitos previstos no artigo 1º, I e III, 'a', da Lei nº 7.960/89, e se encontrando foragidos os pacientes, em prejuízo das investigações no inquérito policial, afigura-se perfeitamente cabível a decretação da prisão temporária, não havendo que se falar em ausência de fundamentação do decisum.

Do mesmo modo, importante pontuar, que malgrado a Lei 12.403/11 tenha introduzido as medidas cautelares alternativas à prisão, conferindo um caráter de subsidiariedade à medida de exceção, não se pode olvidar que esta continua sendo cabível nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos, quando presentes os requisitos autorizadores da prisão temporária, razão pela qual inaplicáveis ao caso em análise.

Por fim, eventuais predicados favoráveis ostentados pelos pacientes, por si sós, ainda que comprovados, não autoriza a desconstituição da custódia cautelar, quando presentes outros elementos que a justifiquem, como no caso em comento.

A respeito elucidativo julgado colhido da Corte Superior de Justiça:

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“RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO. PRISÃO TEMPORÁRIA DECRETADA COM FUNDAMENTO NO ART. 1º, I, E III, A, DA LEI N. 7.960/1989. RECORRENTE FORAGIDO. PREJUÍZO DAS INVESTIGAÇÕES DO INQUÉRITO POLICIAL. INDÍCIO DE PARTICIPAÇÃO OU AUTORIA NO CRIME. FUNDAMENTOS IDÔNEOS. ALEGAÇÃO DE CIRCUNSTÂNCIAS PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. I - A prisão temporária foi decretada e mantida pelas instâncias ordinárias com fundamento na necessidade de complementação das investigações do inquérito policial e na existência de fundadas razões de autoria ou participação do Recorrente no crime de homicídio, nos termos do art. 1º, incisos I e III, a, da Lei n. 7.960/1989. II - A alegação de condições pessoais favoráveis, tais como residência fixa, primariedade e ocupação lícita, embora devam ser devidamente valoradas, não são suficientes, por si sós, para obstar a decretação da

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prisão temporária quando esta mostrar-se necessária diante do prejuízo causado para as investigações do inquérito policial em razão do paradeiro desconhecido do Recorrente. III - Recurso ordinário em habeas corpus improvido.” (RHC 32436 / SP. Rel.(a) Min.(a) REGINA HELENA COSTA. Quinta Turma. DJe 25/04/2014).

AO TEOR DO EXPOSTO, com arrimo no parecer exarado pela Douta Procuradoria Geral de Justiça, DENEGO a ordem impetrada.

É o voto.

Goiânia, 10 de julho de 2014. Juiz JAIRO FERREIRA JÚNIOR

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PROCESSO Nº 212044-56.2014.8.09.0000 HABEAS CORPUS Nº 201492120448

COMARCA DE POSSE

IMPETRANTE LEONARDO MAGALHÃES VALENTE

PACIENTES CLAUDEMÁRIO PEREIRA DOS SANTOS e

OUTROS

RELATOR Juiz JAIRO FERREIRA JÚNIOR

EMENTA: HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO.

I - NEGATIVA DE AUTORIA. VIA

IMPRÓPRIA. O habeas corpus não comporta dilação probatória e sendo a negativa de autoria questão que demanda aprofundado exame de provas, não há como ser analisada nesta via estreita. II - PRISÃO TEMPORÁRIA. MANUTENÇÃO. DECISÃO FUNDAMENTADA.

Atendidos os requisitos previstos no artigo 1º, I e III, 'a', da Lei nº 7.960/89, e se encontrando foragidos os pacientes, em prejuízo das investigações no inquérito policial, afigura-se perfeitamente cabível a

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decretação da prisão temporária, não havendo que se falar em ausência de fundamentação do decisum. III – MEDIDAS CAUTELARES. INAPLICABILIDADE. Na hipótese, as medidas cautelares diversas da prisão, dispostas nos incisos do artigo 319 do Código de Processo Penal são inaplicáveis, visto tratar-se de crime doloso punido com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos, e presentes os requisitos autorizadores da prisão temporária, mormente a sua imprescindibilidade à investigação e coleta de provas. IV - PREDICADOS PESSOAIS. Eventuais predicados favoráveis ostentados pelos pacientes, por si sós, ainda que comprovados, não autoriza a desconstituição da custódia cautelar, quando presentes outros elementos que a justifiquem. ORDEM DENEGADA.

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VISTOS, relatados e discutidos estes autos, ACORDA o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, por sua Segunda Câmara Criminal, na conformidade da Ata de Julgamento, por maioria, acolhendo o parecer da Procuradoria Geral de Justiça, em conhecer do pedido e denegar a ordem, nos termos do voto do Relator.

Participaram do julgamento, votando com o Relator, os Desembargadores Leandro Crispim e Edison Miguel da Silva Jr.. Votaram divergente o Desembargador Luiz Cláudio Veiga Braga, que presidiu a Sessão e o Juiz Maurício Porfírio Rosa (em substituição a Desembargadora Carmecy Rosa Maria A. de Oliveira). Fez sustentação oral o Dr. Roberto Serra da Silva Maia. Presente o Dr. José Fabiano Ito, Procurador de Justiça.

Goiânia, 10 de julho de 2014. Juiz JAIRO FERREIRA JÚNIOR

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