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RELATÓRIO. Senhor Procurador da República, FATO INVESTIGADO E SUAS CIRCUNSTÂNCIAS

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SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL NO PARANÁ

DELEGACIA REGIONAL DE COMBATE AO CRIME ORGANIZADO GRUPO DE TRABALHO – OPERAÇÃO LAVAJATO

RELATÓRIO

INQUÉRITO POLICIAL Nº 0733/2014-4-SR/PF/PR INSTAURADO EM: 16/07/2014

ENCERRADO EM : 15/12/2017

PROCESSO Nº: 50492511120144047000

INCIDÊNCIA PENAL: artigo 1º da Lei nº 9.613/98

Senhor Juiz Federal,

Senhor Procurador da República,

FATO INVESTIGADO E SUAS CIRCUNSTÂNCIAS

O presente Inquérito Policial foi instaurado por portaria para apurar a suposta prática de crime de lavagem de dinheiro, especificamente em relação ao recebimento de valores das empresas Consórcio Nacional Camargo Correa, Construções e Comércio Camargo Correa S/A, Sanko Sider Com. Imp. Exp. Prod. Sid. Ltda. e Sanko Serviços de Pesquisas e Mapeamentos pela empresa MURANNO BRASIL MARKETING LTDA., CNPJ 09.198.025/0001-16, conduta que, em tese, configura o delito do artigo 1º da Lei nº 9.613/98.

A Operação Lavajato iniciou-se com o Inquérito Policial n° 714/2009 a partir de procedimento investigado na Delegacia de Polícia Federal de Londrina que visava apurar prática de lavagem de dinheiro perpetrada por meio da utilização empresa DUNEL INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA . Esta empresa seria um braço financeiro utilizado por familiares e assessores do já falecido deputado federal JOSÉ MOHAMED JANENE.

Na Ação Penal nº 470, conhecida como “mensalão”, JANENE foi denunciado por ter recebido R$ 4.100.000,00, tendo falecido antes da sentença na Suprema Corte. O montante de R$ 1.165.600,085 desses recursos ilícitos de JANENE foram investidos na empresa DUNEL INDÚSTRIA E COMÉRCIO

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2 LTDA, sendo que R$ 537.252,00 tiveram como origem pessoas interpostas pelo doleiro de Brasília CARLOS HABIB CHARTER, proprietário do Posto da Torre, empresa utilizada também para lavagem de capitais.

Foram desvendadas conexões de CARLOS HABIB CHARTER com o doleiro ALBERTO YOUSSEF no curso das investigações, e deste com agentes públicos e políticos. Descortinou-se das operações do doleiro, na Petrobrás, enorme esquema de corrupção, lavagem de dinheiro, formação de cartel na estatal capitaneada por diretores que eram nomeados justamente visando propiciar ambiente favorável para o desvio de recursos públicos, beneficiando os próprios agentes, empresas e partidos políticos.

DILIGÊNCIAS REALIZADAS

RICARDO MARCELO VILLANI, fl. 18, dono da empresa MURANNO BRASIL MARKETING LTDA, e das empresas MISTRAL COMUNICAÇÃO LTDA (09.522.134/0001-47), BIOGERAR GESTÃO AMBIENTAL LTDA (12.587.466/0001-97), SE5 INTELIGENCIA AMBIENTAL LTDA (13.638.924/0001-60) e KEEP MARKETING BRASIL LTDA (08.103.159/0001-43), (fl34)1 em declarações, aduziu precipuamente ter atendido pedido da gerência de comunicações da Diretoria de Abastecimento para desenvolver projeto denominado ETANOL EXPERIENCE. O projeto destinava-se a divulgar o etanol brasileiro nos Estados Unidos. Sustenta que não foi firmado contrato com a Petrobrás para a realização do serviço, sendo que apenas emitia as notas com as despesas. Que enfrentou dificuldades em receber os valores devidos, em torno de R$ 7.000.000,00. Afirmou que depois de conversar com PAULO ROBERTO COSTA recebeu uma ligação de ALBERTO YOUSSEF que lhe prometeu pagar 1,5 milhão de reais. Confirmou que o pagamento de R$ 1.795.000,00 deve ter sido da empresa SANKO deve ser o repasse feito por YOUSSEF.

Transcrevo as declarações de RICARDO VILLANI:2

1 Evento 19, INQ9, Página 4 2 Evento 19, INQ1, Página 3

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"... QUE era de interesse de SILAS OLIVA patrocinar uma equipe de FÓRMULA INDY para divulgar a PETROBRÁS no que se refere ao etanol; QUE como não houve recursos suficientes, todavia, para patrocinar uma equipe, SILAS sugeriu que o declarante bolasse uma estratégia de marketing de relacionamento; QUE o declarante "bolou" um projeto e fez um orçamento para a gerência de comunicação de abastecimento da PETROBRÁS, cujo gerente era GEOVANI; QUE também tratava com ENÉIAS e SILVANA, dentre outros; QUE a PETROBRÁS pagaria ao declarante por evento, sendo que cada evento custou entre US$ 600.000,00 a US$ 1.200.000,00; QUE a partir disso, então, o declarante abriu a empresa MURANNO BRASIL MARKETING LTDA., para desenvolver especificamente este trabalho em prol da PETROBRÁS; QUE o declarante desenvolveu o projeto denominado "ETANOL EXPERIENCE", consistente na montagem de áreas de receptivo de pessoas com bares, buffet, simuladores de corrida para a recepção de convidados a fim de conhecerem o plano do etanol no Brasil; QUE a montagem dessas unidades (hospitality centers) de recepção se deram sempre nos Estados Unidos quando ocorriam as corridas de Fórmula Indy; QUE apenas naquele país ocorrem as corridas de Fórmula Indy; QUE o declarante afirma que era um "grande contratador" e usava para tanto a MURANO, isto é, contratava desde recepcionistas, estrutura física das unidades de recepção, brindes, passagem para pessoas, transportes, hotéis, jantares de boas vindas etc; QUE

apesar disso, o declarante não formalizou nenhum contrato com a PETROBRÁS; QUE o declarante apenas emitia as notas fiscais em favor da PETROBRÁS S.A., com a descrição dos serviços e recebia o pagamento na conta da MURANO; QUE o

declarante entende que foi um erro seu não ter formalizado contrato com a PETROBRÁS, mas na época não recebeu orientação da companhia para tanto; QUE houve mudanças na área do etanol e

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na gerência de comunicação da PETROBRÁS, sendo que com a

saída de SILAS OLIVA e GEOVANI por volta de 2008 o declarante parou de receber; QUE o declarante tinha valores a

receber da PETROBRÁS de quase R$ 7.000.000,00 (sete milhões de reais); QUE como não havia contrato formalizado enfrentou grande dificuldade para receber; QUE como a área de etanol era subordinada à Diretoria de Abastecimento da PETROBRÁS, o declarante passou a tentar a cobrar o valor por meio de contatos com aquele setor específico, tendo conversado algumas vezes

com o funcionário FRANCISCO no ano de 2009; QUE na época

FRANCISCO disse que estavam inclusive sendo auditados por conta de possível CPI contra Petrobrás; QUE também conversou

pessoalmente com PAULO ROBERTO COSTA na Diretoria de Abastecimento e disse que iria perder sua casa caso não

recebesse da Petrobrás, tendo PAULO dito que tudo o que o

declarante comprovasse de despesas da MURANO seria pago pela PETROBRÁS, isto é, a ordem do diretor era para pagar; QUE por volta de março ou abril de 2009, recebeu ligação telefônica de um número desconhecido de São Paulo de pessoa que se identificou como "PRIMO", posteriormente identificado como

sendo ALBERTO YOUSSEF, e disse que gostaria de ajudar a resolver o problema que o declarante tinha com a PETROBRÁS; QUE "PRIMO" agendou um encontro pessoal com o declarante em um café; QUE "PRIMO" disse que estava alí porque que

"PAULO ROBERTO COSTA" havia solicitado àquele que resolvesse o problema do declarante, tentasse ajudá-lo; QUE

o declarante desconhecia até aquele momento ALBERTO YOUSSEF; QUE ALBERTO YOSSEF já sabia quanto era devido ao declarante pela PETROBRÁS, inclusive tinha uma anotação num pedaço de papel, cujo valor total era em torno R$ 6.830.000,00 (seis milhões e oitocentos e trinta reais) à época; QUE ALBERTO YOSSEF disse que não conseguiria estabelecer prazo e nem o valor de cada pagamento, mas se comprometeu a pagar o valor

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total; QUE ALBERTO YOUSSEF disse que o primeiro depósito seria de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), a ser feito no dia 10 de maio de 2009, salvo engano, tendo o declarante inclusive perguntado se poderia fazer um empréstimo bancário antecipado, já contando com o recebimento futuro, tendo YOUSSEF garantido que sim; QUE o depósito referido foi efetivamente feito na época na conta da MURANNO, tendo também até novembro de 2009,

sido feitos outros depósitos por ALBERTO YOUSSEF que totalizaram em torno de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais); QUE o declarante não sabia qual era a

origem dos recursos depositados na conta da MURANNO; QUE ALBERTO YOUSSEF também havia cogitado a possibilidade do declarante ir receber os valores em espécie, mas isso acabou não ocorrendo; QUE indagado sobre a Informação nº 40/2014, do Ministério Público Federal, que dá conta do pagamento pela

SANKO SIDER do valor de R$ 1.795.000,00 (um milhão,

setecentos e noventa e cinco mil reais) em favor da MURANNO, certamente pode se referir ao valor recebido de ALBERTO

YOUSSEF por conta da dívida da PETROBRÁS, pois a

MURANNO não manteve nenhum contrato com a SANKO SIDER e o declarante desconhecia a origem dos recursos que seriam depositados por YOSSEF; QUE o declarante inclusive desconhece as empresas SANKO SIDER COM. IMP. EXP. PROD. SID. LTDA e SANKO SERVIÇOS E PESQUISAS E MAPEAMENTOS, assim como a MURANNO BRASIL MARKETING não manteve nenhum contrato com as mesmas; QUE todo o valor recebido de ALBERTO YOUSSEF na conta da MURANNO o declarante utilizou para pagar dívidas desta empresa com fornecedores; QUE nenhuma parte dos recursos foi devolvida a ALBERTO YOUSSEF ou a PAULO ROBERTO COSTA; QUE desses recursos pagos por ALBERTO YOUSSEF, o declarante também não efetuou saques vultosos em espécie; QUE como a quantia depositada por ALBERTO YOUSSEF não cobria toda a dívida da PETROBRÁS com a

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MURANO, o declarante, já quando PAULO ROBERTO COSTA

não ocupava mais o cargo de Diretor de Abastecimento, procurou-o em sua empresa COSTA GLOBAL, no Rio Janeiro/RJ, na Barra da Tijuca; QUE PAULO ROBERTO COSTA disse, todavia, que não tinha como resolver o problema; QUE posteriormente o declarante inclusive mandou um e-mail tentando reforçar o pedido de ajuda a PAULO ROBERTO, prometendo a este um percentual sobre o valor que seria pago em atrasado, todavia, não logrou êxito na cobrança, sendo que PAULO ROBERTO sequer respondeu ao e-mail; QUE a

MURANNO nunca teve nenhum tipo de relação comercial com o CONSÓRCIO NACIONAL CAMARGO CORREA ou a empresa CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO CAMARGO CORREA S/A; QUE ressalta que a MURANNO apenas trabalhou para a PETROBRÁS e para mais ninguém; QUE o declarante foi o único gestor da MURANNO, sendo que sua esposa apenas fez parte do quadro social; ... QUE ALBERTO YOUSSEF nunca teve qualquer relação com a MURANNO BRASIL MARKETING LTDA., tendo apenas feito os depósitos na conta da mesma em favor do declarante; QUE indagado sobre qual o motivo de ter havido interesse por parte de PAULO ROBERTO COSTA e ALBERTO YOUSSEF em resolver o problema do declarante mediante os depósitos referidos, o declarante não sabe qual foi o motivo; QUE o declarante comprovou documentalmente junto à PETROBRÁS todo o valor devido, que quase alcançava R$ 7.000.000,00 (sete milhões de reais); QUE não sabe dizer se o restante da dívida não pode ter sido pago indevidamente em favor do próprio ALBERTO YOUSSEF ou de PAULO ROBERTO COSTA, sem o conhecimento do declarante; QUE se recorda apenas que PAULO ROBERTO COSTA gostou muito do projeto feito pela MURANNO no tocante ao "ETANOL EXPERIENCE", mas não pode afirmar se isso, e a visita do declarante relatando o seu estado financeiro à época, motivou parte do pagamento; QUE de fato o declarante teve que

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vender sua casa pela quase a metade do valor de mercado para cobrir dívidas contraídas em bancos pela MURANNO e sua pessoa física e esposa; QUE como já dito, não repassou nenhuma parte da quantia recebida a ALBERTO YOUSSEF ou PAULO ROBERTO COSTA; QUE o declarante também não ingressou com ação judicial contra a PETROBRÁS para cobrar o restante devido por sua péssima condição financeira e por orientação de advogado, uma vez que não tinha contrato firmado;...”

Pagamento da empresa SANKO SERVIÇOS à MURANO BRASIL MARKETING foram acostadas à fl. 25.

Relatório Policial sobre a empresa MURANO às fls 31 e seg; Depoimento de ALBERTO YOUSSEF, fl.813, confirma que PAULO ROBERTO COSTA solicitou o pagamento para duas empresas de publicidade sendo que uma delas foi a MURANO.

Quebra de sigilo bancário da MURANO às fls 86 e seg.

PAULO ROBERTO COSTA, ouvido fl 107, 4disse que pediu para ALBERTO YOUSSEF quitar a dívida com a empresa MURANO sem se recordar do valor total pago. Infere que atuou para o pagamento da empresa sob ordens de SERGIO GABRIELLI.

Afirma ainda não saber se a Petrobrás firmou contrato relacionado ao programa do etanol.

Transcrevo trechos do termo de declarações de PAULO ROBERTO COSTA:

"... QUE indagado acerca do caso da MURANNO BRASIL

MARKETING LTDA o declarante se recorda conhecer a pessoa de RICARDO MARCELO VILLANI, responsável pela empresa MURANNO; QUE se recorda do mesmo, por volta dos anos de 2008/2009, ter lhe apresentado um projeto na área de marketing

3 Evento 22, INQ1, Página 6 4 Evento 25, INQ2, Página 2

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para divulgação da marca da PETROBRAS relacionada ao ETANOL; QUE não se recorda se foi efetivamente celebrado algum contrato junto à PETROBRAS, mas acredita que foram

realizados pagamentos; QUE não sabe dizer se esses

pagamentos foram realizados diretamente pela PETROBRAS ou por meio de pessoas interpostas; QUE SILAS OLIVA era o

Gerente na área de etanol, vinculado à diretoria do declarante;

QUE GEOVANI também era vinculado à diretoria de abastecimento, na área de comunicação; QUE acredita que

SILLAS tenha participado de uma reunião com o declarante e RICARDO VILLANI, da qual também pode ter participado JOSÉ PEREIRA, que era gerente executivo na área de MARKETING E COMERCIALIZAÇÃO;...

...QUE se recorda de que, em determinada oportunidade, o

então presidente da empresa SERGIO GABRIELLI mencionou ao declarante a existência de uma "pendência" da PETROBRAS junto a empresa e solicitou ao declarante que fosse resolvida; QUE o declarante acredita ter pedido a ALBERTO YOUSSEF para que resolvesse a situação; QUE não

se recorda qual o valor da "pendência" de pagamento à MURANNO; QUE o declarante não conversou com qualquer dirigente do Partido Progressista para autorizar tal pagamento, tendo apenas solicitado que fosse feito; QUE não se recorda de ter tratado dessa questão com JULIO CAMARGO ou FERNANDO BAIANO; QUE não se recorda de ter sido pressionado por RICARDO VILLANI junto com alguém ligado ao sindicato dos petroleiros; QUE acredita ter dado um retorno porterior (sic) à presidência da PETROBRAS sobre a solução do problema; QUE

não sabe dizer por qual motivo GABRIELLI tenha intercedido ao declarante pela situação da empresa MURANNO; QUE não

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semelhantes de marketing vinculadas a outras diretorias da PETROBRAS;..."

Petrobrás informou os contratos da empresa com a MURANNO, fl fls 115.5

INFORMAÇÃO TÉCNICA identificando as empresas pagadoras da empresa MURANNO BRASIL MARKETING LTDA (09.198.0235/0001-16), fl. 130, comprova recebimentos no total de R$ 2.609,440,50 originados das empresas SANKO SIDER, EMPREITEIRA RIGIDEZ e MO CONSULTORIA.6

RICARDO VILLANI consta também como sócio das empresas MISTRAL COMUNICAÇÃO LTDA (09.522.134/0001-47), BIOGERAR GESTÃO AMBIENTAL LTDA (12.587.466/0001-97), SE5 INTELIGENCIA AMBIENTAL LTDA (13.638.924/0001-60) e KEEP MARKETING BRASIL LTDA (08.103.159/0001-43).

Exame complementar à informação técnica identificou pagamentos às empresas MISTRAL COMUNICAÇÃO LTDA (09.522.134/0001-47), BIOGERAR GESTÃO AMBIENTAL LTDA (12.587.466/0001-97), SE5 INTELIGENCIA AMBIENTAL LTDA (13.638.924/0001-60) e KEEP

5 Evento 28, OUT1, Página 5 6 Evento 32, INQ1, Página 5

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10 MARKETING BRASIL LTDA (08.103.159/0001-43), fls 152, pelas empresas de ALBERTO YOUSSEF perfazendo em torno de R$ 864.167,00.7

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11 FERNANDO ANTONIO FALCÃO SOARES, vulgo FERNANDO BAIANO, nega ter feito repasses ou transações em benefício da empresa MURANNO ou de RICARDO VILLANI e suas empresas, fl 137.8

JULIO GERIN DE ALMEIDA CAMARGO, à fl 1409, em declarações afirmou:

"...QUE em complementação ao seu termo de colaboração

prestado ao MPF em 29/10/2015 e sob as mesmas circunstancias

e condições, cuja cópia apresenta neste ato, presta os seguintes esclarecimentos: seus relacionamento com a empresa MURANNO se deu exclusivamente em razão da oportunidade em que PAULO ROBERTO COSTA contatou o depoente para auxiliar na quitação

de uma dívida feita irregularmente pela PETROBRÁS com a empresa MURANNO e que, por não ter sido feita de acordo com

os normativos da PETROBRÁS, estava sendo solicitado ao depoente o pagamento de parte de tal dívida, cujos valores

poderiam ser descontados das propinas pagas aos políticos dos partidos PP, PMDB e PT, sendo que no caso do depoente, PAULO ROBERTO COSTA sugeriu que tal valor fosse descontado das propinas devidas ao PT, sendo que o depoente

optou por arcar com tal valor de forma independente, sem envolver qualquer desconto de propinas que seriam devidas ao PT ou qualquer outro partido ou político; QUE em razão do pedido de PAULO ROBERTO COSTA e da confirmação da necessidade de tal auxilio financeiro por parte da presidencia da PETROBRÁS,

conforme conversa mantida entre o depoente e ARMANDO TRIPODI, chefe de gabinete de SERGIO GABRIELLI, então presidente, o depoente efetivamente disponibilizou cerca de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) a ALBERTO YOUSSEF para aquela finalidade; QUE neste momento o depoente não se

8 Evento 32, INQ1, Página 12 9 Evento 32, INQ1, Página 15

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recorda a data em que isso ocorreu e nem o meio pelo qual tal valor

foi entregue a ALBERTO YOUSSEF, pois pode ter

disponibilizado em espécie ou então por meio de transferência bancária no Brasil ou no Exterior. Contudo, o depoente se compromete a pesquisar e prestar tais informações complementares num prazo de 10 (dez) dias, inclusive a origem de tais recursos; ..."

As informações complementares prometidas pelo declarante não foram apresentadas pelo decurso do tempo, conforme justificativa de seus procuradores, fl 154.10

ARMANDO RAMOS TRIPOLI, chefe de gabinete do presidente da Petrobrás à época dos fatos, negou qualquer envolvimento com o pagamento para a empresa MURANNO, bem como tratativas com JULIO CAMARGO nesse sentido. Afastou também o ex-presidente JOSÉ SERGIO GABRIELI de qualquer relação ao fato investigado, fl 166.11

GEOVANE DE MORAIS afirmou que o PROJETO ETANOL EXPERIENCE foi idealizado por PAULO ROBERTO COSTA. Relatou que a empresa MURANNO e RICARDO VILANI foram indicados por PAULO ROBERTO COSTA. Disse desconhecer a dívida pendente à MURANO ou que tenha sido quitada por ALBERTO YOUSSEF, sendo que estava afastado quando o pagamento foi efetivado. Fl 177. 12

RICARDO VILLANI na tentativa de comprovar o serviço executado limitou-se apenas fornecer uma apresentação do projeto, fls 220-233 e 240-241.

RICARDO VILLANI em resposta ao questionamento sobre os comprovantes das despesas efetivadas com o ETANOL EXPERIENCE, estranhamente alterou sua versão sobre o valor devido, de 7 milhões de reais(fl 18) para metade, ou seja, 3,5 milhões de reais (fl 240v).

10 Evento 32, INQ1, Página 29 11 DEPOIM_TESTEMUNHA4, Página 1 12 DEPOIM_TESTEMUNHA7, Página 1

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13 CARMEM SILVA DE NORONHA SWIRE (fl 265) ocupava o cargo de Gerente Geral de Gestão da Diretoria de Abastecimento da Petrobrás. Neste posto, era a chefe imediata de GEOVANE DE MORAIS, da Área de Comunicação. Disse que não se recorda do programa ETANOL EXPERIENCE. Inferiu ainda não conhecer a empresa MURANO ou RICARDO VILLANI

MATERIALIDADE E AUTORIA

Ressalte-se, inicialmente, o fato que não foi celebrado nenhum tipo de contrato formal entre a MURANO e a PETROBRÁS para o PROJETO ETANOL EXPERIENCE. Considerando a dimensão da dívida alegada por VILLANI, parece que houve uma espécie de contratação verbal sem licitação, aliás, sem contrato. Os limites de contratação sem licitação no âmbito da Petrobrás elevam-se de acordo com o cargo exercido, sendo limitado a R$ 160.000,00. Dessa forma, ainda que fracionada a despesa para atingir os limites franqueados, prática recorrente na área de comunicações, o valor por evento, sustentado por RICARDO VILLANI (“QUE a PETROBRÁS pagaria ao declarante

por evento, sendo que cada evento custou entre US$ 600.000,00 a US$ 1.200.000,00”) extrapolaria esses limites.

Foram recebidos pela MURANNO BRASIL MARKETING o total de R$ 2.609,440,50 originado das empresas SANKO SIDER, EMPREITEIRA RIGIDEZ e MO CONSULTORIA. Fl 130.

As empresas MISTRAL COMUNICAÇÃO LTDA (09.522.134/0001-47), BIOGERAR GESTÃO AMBIENTAL LTDA (12.587.466/0001-97), SE5 INTELIGENCIA AMBIENTAL LTDA (13.638.924/0001-60) e KEEP MARKETING BRASIL LTDA (08.103.159/0001-43) fls 152, receberam das empresas de ALBERTO YOUSSEF em torno de R$ 865.000,00.

Todos esses recursos foram pagos com recursos desviados da Petrobrás em contabilidade paralela coordenada por PAULO ROBERTO COSTA.

RICARDO VILLANI se autointitulou em declarações prestadas que como um “grande contratador”:

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“...QUE apenas naquele país ocorrem as corridas de Fórmula Indy; QUE o declarante afirma que era um "grande contratador" e usava para tanto a MURANO, isto é, contratava desde recepcionistas, estrutura física das unidades de recepção, brindes, passagem para pessoas, transportes, hotéis, jantares de boas vindas etc...”

Apesar de instado, em reiteradas oportunidades, pela AP (fl 210v13 , 21614, 23415, 237v16 ) a apresentar provas da execução dos serviços, RICARDO MARCELO VILLANI não logrou êxito em comprovar as atividades no PROJETO ETANOL EXPERIENCE, suposta justificativa do repasse de recursos investigados. Limitou-se a oferecer mera apresentação do projeto.17 Deveria ter apresentado comprovantes das despesas realizadas no Brasil e/ou no exterior, trocas de mensagens com fornecedores, prestação de contas, comprovante de pagamentos a fornecedores, entre outros. Ou seja, o “grande contratador” não apresentou um documento que comprovasse os gastos efetivados nos Estados Unidos para conduzir o projeto do etanol brasileiro, que segundo RICARDO, foram quase 7 milhões de reais.

RICARDO VILLANI, quando questionado a apresentar comprovantes das despesas referentes aos 7 milhões devidos do projeto Etanol Experience, respondeu por email que o valor era de 3,5 milhões18 e não 7 milhões, alegando que 7 milhões deveria ser o valor atualizado.

13 Evento 46, DESP2, Página 5 e Evento 46, DESP2, Página 6 14 Evento 49, DESP2, Página 2

15 Evento 49, EMAIL3, Página 30 16 Evento 49, DESP4, Página 2 17 Evento 19, INQ3, Página 1

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15 Cabeçalho do email.

Depoimento em 9/9/2014. Evento 19, INQ1, Página 3. Afirmando a dívida de 6,8 Milhões.

Ocorre que, em seu depoimento de 2014, sustentou que o valor devido era de “quase 7 milhões.

Evento 19, INQ1, Página 4

A fim de reforçar que não se tratava de valores corrigidos, contrariando a alegação de RICARDO VILLANI, reproduzo trecho de seu próprio depoimento em que afirma que o valor era de “R$ 6.800.000,00 à época”, ou seja, não se tratava de valores atualizados.

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Evento 49, EMAIL5, Página 2. Resposta de VILLANI em vermelho, alterando o valor para 3,5 milhões em 14/07/2017.

Tendo dito que passava por dificuldades financeiras e sendo experiente empresário, causa estranheza que não saiba precisar os valores devidos, havendo diferença de quase 100 % entre as versões sustentadas.

VILLANI também afirmou que gastava entre 600 mil e 1,5 milhão de dólares por evento, sendo natural que guardasse em seus arquivos físicos ou eletrônicos, registros desses custos. Apenas apresentou trocas de e-mails sobre o projeto. Evento 11.

Destarte, pelas provas colhidas nos autos, formalizou-se a indiciação de RICARDO MARCELO VILLANI, CPF 392.621.308-64, prática do crime previsto no artigo 1º da Lei nº 9.613/1998, tendo como crime antecedente os crimes de corrupção passiva cometidos na Diretoria de Abastecimento por PAULO ROBERTO COSTA.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, comprovada a materialidade e autoria dos fatos investigados entendo esgotadas as diligências a serem realizadas na esfera policial, motivo pelo qual submeto os presentes autos a Vossa Excelência para que, ouvido o Ministério Público Federal, determine o que melhor convier aos interesses da Justiça.

IVAN ZIOLKOWSKI

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