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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS PÓS GRADUAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS

PÓS GRADUAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA

DANIELLA DE ARAÚJO FALCÃO

BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS ANTIGOS: UM RESGATE DA CULTURA POPULAR PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DOS ALUNOS DA ESCOLA

MUNICIPAL FRANCISCO NUNES DA SILVA

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DANIELLA DE ARAÚJO FALCÃO

BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS ANTIGOS: UM RESGATE DA CULTURA POPULAR PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DOS ALUNOS DA ESCOLA MUNICIPAL FRANCISCO NUNES

DA SILVA

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Universidade Estadual do Amazonas como requisito do Curso de Especialização lato sensu Formação Continuada para Professores da Rede Pública de Ensino do Estado do Amazonas para obtenção do título de especialista em Metodologia do Ensino da Educação Física.

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Resumo: Este artigo é resultado de uma experiência de intervenção desenvolvida na Escola Municipal Francisco Nunes da Silva com alunos da sala de recursos e 5º ano. Tendo em vista a importância do brincar para o desenvolvimento integral da criança, a valorização e o resgate das brincadeiras tradicionais e construção de brinquedos antigos no âmbito educacional. Para tanto, a partir da contextualização histórica e cultural do brincar, iniciamos nossos trabalhos observando os alunos, e verificamos algumas limitações motoras essenciais para a execução de determinadas atividades durante as aulas práticas de Educação Física.

Realizamos oficinas de construção dos brinquedos, enfatizando a importância da reutilização de materiais recicláveis e a conscientização para a preservação do meio ambiente.

Posteriormente desenvolvemos atividades que envolveram a participação em circuitos e a interação interdisciplinar, visando desta forma priorizar o resgate das brincadeiras e brinquedos tradicionais para o desenvolvimento integral da criança no contexto escolar.

Palavras-chave: brincar; brincadeiras tradicionais; brinquedos tradicionais; infância.

Este relato de experiência está situado no campo da ludicidade onde estão contempladas as brincadeiras tradicionais e sua utilização para o aperfeiçoamento das capacidades motoras.

É notável que nos dias atuais a grande maioria das crianças passam a maior parte do tempo trancadas em suas casas e apartamentos, influenciadas pelas mídias e tecnologias que tem cada vez maior presença dentro do nosso cotidiano. Isso ocorre por diversos fatores como, por exemplo: a insegurança causada pela violência urbana e pela falta de espaços públicos de lazer, que fazem com que as crianças fiquem horas em frente a televisão e computadores, perdendo assim, a oportunidade de desfrutar de diversas manifestações lúdicas infantis.

Antigamente meninos e meninas não tinham tantos brinquedos como as de hoje e, por isso, tinham que usar mais a criatividade. Para criá-los e praticá-los participavam de brincadeiras como: bolinha de gude, passa anel, amarelinha, cabo de guerra, roda pião, pular corda, pé de lata, elástico, bambolê, dentre várias outras mais saudáveis e mais divertidas.

As atividades desenvolvidas, bem como os primeiros resultados obtidos, serão descritos em um segundo momento, tendo em vista a necessidade de apontar a fundamentação teórica que perpassou os encaminhamentos metodológicos.

Estudos feitos na Inglaterra por cientistas esportivos mostram que as crianças dos dias atuais estão com seu tônus muscular mais fraco do que as crianças de dez anos atrás. Para eles, crianças passam pouco tempo ao ar livre sem realizar

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exercícios e muito tempo no computador navegando na internet e com isso perdendo a força muscular.

A pesquisa aponta problema que uma infância com poucos exercícios pode provocar.

Essas crianças quando adultas podem adquirir algumas patologias crônicas como: osteoporose, obesidade, hipertensão arterial, doenças coronarianas, entre outras.

Ao analisar a importância do brincar para o desenvolvimento global, encontrei na literatura (Aprendendo a Educação Física – Vol. 2) que o jogo é um meio natural da criança de auto se expressar por meio da utilização das brincadeiras e dos brinquedos.

Segundo FRIEDMANN (1996)

Os jogos da cultura popular representam a preservação de valores sociais de uma classe, e é através dessas vivências que as crianças aprendem o significado das atividades grupais, experimentam diferentes papeis e adquirem experiências sociais que terão significados para a formação da personalidade.

O jogo pode ser um veiculo para o desenvolvimento dos alunos. O professor das fases iniciais pode e deve permitir a brincadeira.

Entretanto mais importante que isso é definir os objetivos que se deseja alcançar para que este momento seja, de fato, significativo.

“O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório motor e de simbolismo, uma assimilação da real á atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem que se forneçam as crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores á inteligência infantil” (PIAGET 1976, p.160).

Pode-se dizer que a atividade lúdica funciona como elo integrador entre os aspectos motores, cognitivos, afetivos e sociais, portanto a partir do brincar, desenvolve-se a facilidade para a aprendizagem.

Segundo (Vygotsky 1989)

O brincar cria a chamada zona de desenvolvimento proximal, impulsionando a criança para além do estágio de desenvolvimento que ela já atingiu. Ao brincar, a criança se apresenta além do esperado para a sua idade e mais além do seu comportamento habitual. Para Vygotsky, o brincar também libera a criança das limitações do mundo real, permitindo que ela crie situações imaginárias. Ao mesmo tempo é uma ação simbólica

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essencialmente social, que depende das expectativas e convenções presentes na cultura. Quando duas crianças brincam de ser um bebê e uma mãe, por exemplo, elas fazem uso da imaginação, mas, ao mesmo tempo, não podem se comportar de qualquer forma; devem, sim, obedecer às regras do comportamento esperado para um bebê e uma mãe, dentro de sua cultura. Caso não o façam, correm o risco de não serem compreendidas pelo companheiro de brincadeira.

Em todas as atividades foi explorado o brincar, não apenas relacionado a momentos de diversão, mas, conforme constata Oliveira (2000), como condição de todo o processo evolutivo da criança, manifestação do modo como ela organiza sua realidade e lida com suas possibilidades, limitações e conflitos, contribuindo para a sua inserção no universo sócio-histórico-cultural.

Brincar com outras crianças é muito diferente de brincar somente com adultos. O brinquedo entre pares possui maior variedade de estratégias de improviso, envolve mais negociações e é mais criativo (Sawyer, 1997).

Percebe-se como o brincar é algo essencial para o desenvolvimento infantil. Uma criança que não consegue brincar deve ser objeto de preocupação. Disponibilizar espaço e tempo para brincadeiras, significa contribuir para um desenvolvimento saudável. É importante também que os adultos resgatem sua capacidade de brincar, tornando-se, assim, mais disponíveis para as crianças enquanto parceiros e incentivadores de brincadeiras.

Segundo (Winnicott 1975)

É muito mais importante o uso que se faz de um objeto e o tipo de relação que se estabelece com ele do que propriamente o objeto usado. A ênfase está no significado da experiência para a criança. Brincando, ela aprende a transformar e a usar os objetos, ao mesmo tempo em que os investe e os “colore” conforme sua subjetividade e suas fantasias. Isso explica por que, muitas vezes, um urso de pelúcia velho e esfarrapado tem mais importância para uma criança do que um brinquedo novo e repleto de recursos, como luzes, cores, sons e movimento.

Atualmente, a relação brincadeiras-aprendizagem, encontra-se desacreditada, pois muitos associam o brincar a um desgaste de energia, falta do que fazer. “Tão raro, ouvimos adultos, invadindo a brincadeira infantil, censurarem:” menino, deixa de brincadeira!”Quando, na verdade, deveriam estimular e orientar as crianças para a brincadeira”. (MIRANDA 1998:8). Por outro lado, o brincar tem despertado o interesse de estudiosos de diversas áreas, isso porque são tantas as contribuições desse ato na vida da criança, que muitos teóricos tiveram a preocupação de apresentá-las em suas obras. Teixeira e outros (2003:234) esclarecem que,

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As brincadeiras são fundamentais na vida da criança, porque são nessas atividades que ela constrói seus valores, socializa-se (...), cria seu mundo, desperta vontade, adquire consciência e sai em busca do outro pela necessidade que tem de companheiros. Portanto, não permitir as brincadeiras será uma violência para o desenvolvimento harmônico das crianças.

Dessa maneira, o brincar é a principal atividade da criança, pois por meio dele ela interage com o mundo, com os outros e com si mesma. Rizzi e Haydt (1987:9) em suas reflexões comentam que “o jogo tem uma função vital para o indivíduo, não só para a distensão e descarga de energia, mas principalmente como forma de assimilação da realidade”. Observando uma criança, vê claramente que o brincar é natural, e que ela não brinca para passar o tempo, ou seja, a brincadeira é a forma que ela encontra para expressar desejos, problemas, bem como representar conhecimentos.

De acordo com um questionário sócio cultural, realizado durante a intervenção da experiência, crianças atualmente não sabem brincar e só pensam em “correr”, “bater”, “brigar”. Esta constatação possibilitou levantar algumas hipóteses que refletem problemas contemporâneos (falta de tempo dos pais para brincarem com os filhos, excesso de tempo em frente da televisão, uso de jogos eletrônicos, celulares, entre outros), bem como apontar a responsabilidade da escola como espaço facilitador do resgate e valorização de outros tipos de brincadeiras que vêm se perdendo.

Ainda nesta temática, esta intervenção buscou evidenciar como a cultura contemporânea interfere nos brinquedos e brincadeiras atuais a ponto de nos encontrarmos em uma sociedade com uma lógica bulímica, na qual há necessidade incessante em se consumir e ter tudo e, ao mesmo tempo, descartar tudo em busca de um maior consumo (HOMEM, 2006).

Procurando difundir mais profundamente a proposta na perspectiva prática, realizaram-se oficinas com brincadeiras tradicionais , tendo a participação de crianças da sala de recurso e 5º ano do Ensino fundamental durante as aulas práticas de Educação Física.

No primeiro momento houve construção de brinquedos tradicionais como: piorra de jornal, passa bolinha, bilboquê, pião reciclável, bolinha voadora, ioiô de papel, com a utilização de materiais recicláveis: jornais, fitas adesivas, fitas

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coloridas, garrafas pets, tampinhas de plástico, canudos, papeis, fio de látex, papelão, tesouras, cola, lápis, pincel, lápis para colorir boliche com sucata.

Em um segundo momento os alunos participaram de um circuito que envolvia brincadeiras de antigamente como: amarelinha, cantigas de roda, batata quente, corda, pular elástico, dança da cadeira, vai-e-vem, bolinhas de gude, cabra-cega, passa anel, telefone sem fio, barra bandeira.

Durante o circuito houve um envolvimento significativo, participativo e social entre os discentes.

Muitas brincadeiras faziam parte da geração de seus pais e com isso observou-se entre os alunos curiosidade e comoção quando foi realizada uma comparação entre as brincadeiras antigas e as brincadeiras atuais.

Levando em consideração o modernismo com brinquedos revolucionários e o avanço da tecnologia, as crianças não faziam conhecimento de muitas brincadeiras que estavam sendo desenvolvidas durante a atividade, criando-se assim um ambiente lúdico para o resgate de valores sociais, culturais, artísticos, de lazer e esportivos durante todo e processo de aprendizagem.

Durante as brincadeiras que envolviam cantigas de roda, as crianças desenvolveram suas capacidades de ritmo e descontração, interagindo e socializando umas com as outras.

Segundo Cascudo (1988),

"(...) apesar de serem cantadas uma dentro das outras e com as mais curiosas deformações das letras, pela própria inconsciência com que são proferidas pelas bocas infantis." (ibid., p 676 ) Elas são transmitidas oralmente abandonadas em cada geração e reerguidas pela outra "numa sucessão ininterrupta de movimento e de canto quase independente da decisão pessoal ou do arbítrio administrativo." (ibid., p. 146 )

Foi com a certeza da importância de resgatar brincadeiras e brinquedos antigos que, com o passar do tempo, mais do que ensinar e aprender, fomos aprendendo mutuamente a conviver. Minha preocupação era de que, para ter sucesso nas inter-relações e na aprendizagem dos discentes, fazia-se necessário utilizar de as mais diversas formas de realizar a brincadeira e os jogos, criando, assim, o maior número possível de oportunidades de estreitar os laços afetivos com os alunos, com suas famílias, juntamente com os conceitos necessários para a efetiva aprendizagem e para o desenvolvimento integral dos alunos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entretanto, considerando que os jogos tradicionais são de fundamental

importância para a construção de conhecimentos, bem como para o desdobramento das interações sociais, conclui que desenvolver atividades que estimulem a pratica discente a partir das reflexões propostas, contribui para o desenvolvimento integral das crianças. Sem a pretensão de provocar uma revolução da cultura da escola frente a este tema, busquei problematizar e levantar inquietações acerca de um olhar diferenciado para o brincar, procurando ultrapassar o pensamento corrente, inclusive nas escolas, de que resgatando as brincadeiras das gerações passadas é apenas lazer e passatempo ou que deve ser desenvolvido apenas no recreio ou estar restrito às aulas de Educação Física.

Acredito que com este trabalho, entendo que a mudança de práticas só surte efeitos se houver um trabalho contínuo que estimule o compromisso da escola com atividades que possam desenvolver uma ampla visão do brincar enquanto aspecto constituinte do desenvolvimento e da aprendizagem da criança.

Na convivência com o novo e no resgate do tradicional esta intervenção

desencadeou reflexões acerca das novas formas de trabalho que associam as brincadeiras tradicionais ao contexto escolar contemplando aspectos fundamentais para uma nova metodologia da prática docente, não somente envolvendo professores de Educação Física, mas também docentes de outras áreas de conhecimento . Sobretudo, possibilitou uma maior expressão da cultura lúdica.

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

ALMEIDA, E. Arte Lúdica. São Paulo: Edusp.1997.

ALMEIDA, Paulo Nunes. A explosão recreativa dos jogos. São Paulo: Editora Estrutura Ltda., 1977.

ALVES, Lynn. Game over: jogos eletrônicos e violência. São Paulo: Futura, 2005.

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BENJAMIN, Walter. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. São Paulo: Editora 34, 2002.

BROUGÈRE,G. Brinquedos e Companhia. São Paulo: Cortez Editora, 2004.

CRISTINA, Maria Gonçalves, COSTACURTA, Roberto Alves Pinto, PESSÔA, Silvia Teuber. Aprendendo a Educação Física Vol. 1. Curitiba: Bolsa Nacional do livro, 2000.

CRISTINA, Maria Gonçalves, COSTACURTA, Roberto Alves Pinto, PESSÔA, Silvia Teuber. Aprendendo a Educação Física Vol. 2. Curitiba: Bolsa Nacional do livro, 2000.

FRIEDMANN, Adriana. A arte de brincar. Petrópolis: vozes, 2004.

PIAGET, Jean. A psicologia da criança. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

VYGOTSKY, Lev. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

Referências

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