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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ UFPR SETOR LITORAL EDILAINE RIBEIRO AVALIAÇÃO DA LINGUAGEM EXPRESSIVA E COMPREENSIVA DO SUJEITO SURDO EM LIBRAS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR SETOR LITORAL

EDILAINE RIBEIRO

AVALIAÇÃO DA LINGUAGEM EXPRESSIVA E COMPREENSIVA DO SUJEITO SURDO EM LIBRAS

MATINHOS 2018

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EDILAINE RIBEIRO

AVALIAÇÃO DA LINGUAGEM EXPRESSIVA E COMPREENSIVA DO SUJEITO SURDO EM LIBRAS

Artigo apresentado como requisito parcial à conclusão do curso de Licenciatura em Linguagem e Comunicação, Universidade Federal do Paraná – Setor Litoral.

Orientadora: Profª. Ms. Patrícia Paula Schelp

MATINHOS 2018

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Edilaine Ribeiro1

RESUMO

Este estudo objetivou verificar o nível de desenvolvimento linguístico na Língua Brasileira de Sinais - Libras de uma pessoa surda, através do Instrumento de Avaliação da Língua de Sinais (IALS), desenvolvido por Quadros e Cruz (2011), que investiga o processo de aquisição da linguagem e identifica o nível de desenvolvimento de participantes surdos (a partir dos quatro anos). A questão norteadora deste estudo foi como avaliar o nível linguístico de uma pessoa surda, indígena, adulta e sem domínio da sua língua materna? A metodologia adotada nesta pesquisa é a qualitativa cujo procedimento foi o estudo de caso.O referencial teórico foi embasado sobre o estudo da surdez e da Libras, a partir dos autores: SKLIAR (2001), GESSER (2009), CORCINI (2011), STROBEL, (2007). Os resultados demonstraram que, o aspecto da linguagem compreensiva em Libras do sujeito analisado, é relevante, dizer que por causa do histórico de aquisição da Libras foi tardia o sujeito analisado tem falhas no aprendizado. Sob o ponto de vista da linguagem expressiva, o sujeito demonstrou conhecimento dos fatos da história narrada, porém na expressão em libras ainda requer mais conhecimento da gramática de sua língua. O instrumento de avaliação possui atividades de avaliação que podem ser de grande auxílio para um professor que pretende compreender o nível linguístico de um sujeito surdo.

Palavras-chave: Surdo. Aquisição da Linguagem. Libras. Educação.

1 Introdução

Este estudo objetivou verificar a linguagem expressiva e compreensiva em Libras, de uma estudante surda na Língua de Sinais Brasileira (Libras), a partir do Instrumento de Avaliação da Língua de Sinais (IALS), desenvolvido por Quadros e Cruz (2011). A partir de então, é possível refletir sobre a aquisição de linguagem e estabelecer medidas de intervenção ou estimulação linguística, quando necessário.

O interesse por este tema surgiu da curiosidade de que, como futura educadora, poderei receber educandos surdos, e a partir desta pesquisa saber avaliá-los e descobrir sobre o nível linguístico deles e intervir, se for necessário.

Para embasar este estudo, tomou-se por base o conceito de deficiente auditivo/surdos, e, sobre Libras, os autores SKLIAR, (2001), CORCINI, (2011) e GESSER (2009). Sobre aquisição da linguagem, QUADROS e CRUZ, (2011), CHOMSKI, (1957) BAGNO, (2015).

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Acadêmica do Curso de Licenciatura em Linguagem e Comunicação – Lincom – UFPR, Setor Litoral, sob orientação da profª Ms. Patricia Paula Schelp.

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Assim, esse artigo está organizado da seguinte maneira: num primeiro momento uma breve apresentação sobre as concepções de surdez; em seguida, tratar sobre a Libras e sua importância para as pessoas surdas. Após, como terceiro momento, fazer uma reflexão sobre a aquisição da linguagem por sujeitos surdos. Em seguida apresentar a metodologia adotada e, por fim, trazer a análise e discussão dos resultados.

Concepções da surdez

No campo de estudos da surdez discutem-se duas concepções, a clínico– terapêutica e a socioantropológica. A primeira consiste em uma proposta oralista, caracterizando o sujeito surdo como doente, ou seja, tendo de ser “curado”, reabilitado, para poder, então, ser incluído na sociedade (SKLIAR, 2001). A segunda concepção, a socioantropólogica, vem em direção oposta, como um novo caminho, o caminho de entender a surdez como uma diferença cultural e não como uma patologia. (WRIGLEY,1996 apud Sá 2001).

Na concepção clinico-terapêutica, como já mencionado, o surdo é visto como uma pessoa que necessita de um tratamento, de uma cura e essa ideia vem de discursos médicos e ideológicos supondo que o sujeito surdo apresente anomalias que

precisam ser corrigidas.

No posicionamento clinico-terapêutico, a surdez é sinônimo de deficiência, dando-se ênfase ao fato de o deficiente auditivo não ouvir. Essa falta ou ausência de som precisa ser curada para que, assim o deficiente auditivo aproxime- se do padrão biológico de normalidade, ou seja, aproxime-se dos ouvintes. (CLAUDIO, 2014, p.43).

Nessa perspectiva, não se leva em consideração o ensino da língua de sinais, mas sim a fala oralizada e a leitura labial. Para isso, se faz uso de aparelhos de amplificação sonora individual (AASI) e/ou implante coclear. Esses dispositivos tendem a ajudar o surdo a ouvir com estímulos elétricos, substituindo, parcialmente, a audição natural.

Em total oposição à clinico-terapêutica, a concepção socioantropológica trata a surdez de maneira natural e “concede a este indivíduo uma forma de construir sua realidade histórica, política, social e cultural através da experiência predominantemente visual” (CLAUDIO, 2014, p.44).

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Nessa concepção, os surdos formam grupos e criam a comunidade surda baseada no uso da língua de sinais. Segundo Skliar (2001, p.144), ”a comunidade surda se origina em uma atitude diferente frente ao déficit, já que não leva em consideração o grau de perda auditiva de seus membros”.

O mais importante é o uso comum da língua de sinais, os sentimentos de identidade grupal, o autorreconhecimento e identificação como surdo, reforçado com casamentos entre surdos, fatores esses que levam a redefinir a surdez como uma diferença e não como uma deficiência. Neste contexto, a língua de sinais anula a deficiência e permite aos surdos constituírem uma comunidade linguística minoritária diferente, não um desvio da normalidade.

Assim sendo, o olhar que é direcionado ao sujeito surdo será também a atitude para com eles, ou seja, se o olhar é de piedade pela falta de ouvir, a atitude para com ele será sob a perspectiva clínica-terapêutica. Em oposição a esta, será a perspectiva sócio antropológica, aceitando-se, assim, a Libras.

Língua Brasileira de Sinais - Libras

Após anos de oralismo em que a fala era a única forma de comunicação dos indivíduos surdos, a língua de sinais chegou e foi conquistando seu espaço dentro da educação dos surdos. Pesquisas linguísticas, que se iniciaram com Stokoe em 1960, revelaram que as línguas de sinais são naturais e, como tal, permitem a expressão de qualquer ideia (QUADROS; CRUZ, 2011). Por ser uma língua visuoespacial ela se diferencia no uso dos recursos como: a configuração de mãos, regra gramatical própria, expressões faciais, dentre outros. A Língua Brasileira de Sinais foi reconhecida pela Lei nº10.436/2002 e é o meio legal de comunicação e expressão dos surdos brasileiros. Esta lei foi instituída para que todo surdo brasileiro pudesse ter acesso, como a primeira língua, a Libras, tornando-se direito de todos os alunos surdos em escola no âmbito nacional, sendo impulsionado o movimento da cultura surda. O Decreto de n°5.626/2005 determinou que a Libras tivesse que ser ensinada nas Universidades e estar presente em órgãos públicos dentre outras instituições de ensino.

Entende-se Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual- motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundo de comunidades de pessoas surdas no Brasil. (BRASIL. Lei 10.436, de 24 de abril de 2002).

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Assim como toda a nação tem sua própria estrutura de linguagem, que pode variar por região, a Libras também possui regionalismo e a forma como a língua acontece depende da vivencia social em que o sujeito está inserido. Devemos banir toda pedagogia opressora, baseada em pensamentos atrasados desmistificando a heterogeneidade linguística como se ela fosse um mal da lingua que deva ser rejeitado. Ao contrário, devemos tratar e respeitar a diversidade linguística como um diamante que precisa ser lapidado para cada dia brilhar mais. Segundo Bagno (2015, p. 36), a língua portuguesa e a Libras são unidades que se constituem de muitas variedades”, estas variedades vem proporcionando um passo importante para o começo da descriminalização com a diversidade linguística e mostrando que, mesmo que possua uma lingua padrão vinda da norma culta, seja ela do português ou da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) ambas tem variedades linguísticas que formam outras línguas dentro do Português brasileiro ou da Libras, essas outras línguas aparecem como as diversidades do português, e da Língua Brasileira de Sinais,(LIBRAS) que é constituída de varias formas dentro do contexto social de cada cidadão.

A variação de uma língua é um acontecimento que ocorre de forma natural ocorrendo diversificações, do tipo social, região geográfica, idade, gênero, estágio e a forma em que a comunicação está acontecendo. Sendo que toda forma que o falante se comunica, seja ela no Paraná ou no Nordeste, de forma alguma está errada, pois a língua é viva que se transforma ao longo de sua trajetória com o indivíduo e a cultura na qual esta inserida.

O mesmo acontece com a Libras, pois, cada lugar do mundo tem uma determinada variante linguística e essa variação acontece em níveis fonológicos, (pronuncia), morfológicos, (palavras) e (sintático) sentenças, que estão ligados o mesmo ocorre na lingua portuguesa.

Todo sujeito, seja surdo ou ouvinte, participa das construções das variedades linguísticas de sua lingua, não sendo certa ou errada as formas e dialetos que são construídos ao longo do desenvolvimento da língua.

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Portanto, dizer que todos os brasileiros falam o mesmo português é uma inverdade, na mesma proporção em que é inverdade dizer que todos os surdos usam a mesma Libras. Afirmar essa unidade é negar a variedade das línguas, quando de fato nenhuma língua é uniforme, homogenia. A variação pode ocorrer nos níveis fonológico (pronuncia ),morfológico (palavras)e sintático (sentenças)e estão ligadas aos fatores sociais de idade, gênero, raça,educação e situação geográfica.Assim os surdos adultos e adolescentes variam em sinais,da mesma forma que os surdos cearenses, paranaenses,cariocas... .Quem já não ouviu alguém dizer “esses sinais são antigos; do tempo dos avós!”ou ainda,”naquele lugar se fala diferente”.Essa diferença não deve ser encarada como erro mas como variação linguística. (GESSER, 2009 p.39).

Para nos comunicarmos utilizando a Língua Brasileira de Sinais, temos que conhecer toda sua estrutura gramatical e combinarmos as frases para podermos ter uma comunicação culta. Libras não é uma simples gestualização da língua portuguesa, mas ela é formada por diferentes níveis linguísticos como a sintaxe, semântica, morfologia, etc., daí a importância da pessoa surda adquirir a língua de sinais como primeira língua.

Aquisição de linguagem

Há vários autores que discorrem sobre aquisição de linguagem. Neste estudo, iremos discutir sobre a comportamentalista, a linguística e a interacionista.

Sobre a de aquisição de linguagem, a autora Quadros cita o livro “Educação de surdos”,(1997, p. 69) que cita Skiner (1957), para o qual, o interesse e o comportamento, procura por condições ambientais observáveis, ou seja, os estímulos que ocorrem e predizem o aparecimento verbal provocando o individuo a dar respostas sendo um processo por treino e imitação. Essa é uma abordagem chamada comportamentalista.

Segundo Quadros (1997, p.70), Chomsky considera a linguagem como: a) sendo uma gramática internalizada; um processo de descobertas das organizações das regras das línguas que qualquer falante conhece; que a linguagem é uma característica da espécie humana, tendo forte base na genética, o ambiente como papel menor no processo de aquisição de linguagem. Quadros, afirma a existência de um dispositivo inato que permite à criança acionar a gramática da sua língua materna a partir dos dados linguísticos a que está exposta. Esse dispositivo é chamado de Gramática Universal, que contém princípios rígidos e princípios abertos. Os princípios rígidos captam aspectos gramaticais comuns a todas as línguas

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humanas, já os abertos, também chamados de parâmetros, captam as variações das línguas através de opções determinadas e limitadas, quando todos os parâmetros estão fixados. Neste momento a criança adquire a Gramática Núcleo, isto é, a gramática da sua lingua.

No terceiro ponto, a abordagem interacionista é subdividida em dois aspectos, sendo tratados separadamente, o aspecto cognitivista e o aspecto social. O primeiro aspecto é baseado nas pesquisas de Piaget, que estão próxima da abordagem linguística que também destaca as estruturas internas como determinante do comportamento, sendo a linguagem um sistema simbólico gerido por regras. Esta só se diferencia da abordagem linguística porque considera o desenvolvimento da linguagem como parte do desenvolvimento cognitivo.

O segundo aspecto o interacionista é baseado em Vygotsky, citado em (Quadros,1997) que ele concorda com o fato de que a linguagem tem uma estrutura e regras gramaticais que a tornam diferente de outros comportamentos. Esses autores priorizam o ambiente como na produção da linguagem afirmam que as regras gramaticais são desenvolvidas a partir de associações e memorização no contexto social, valorizam a linguagem dirigida à criança que facilita o desenvolvimento, considerando a determinante para a aquisição.

Para (Quadros e Cruz, 2011) a aquisição da linguagem inicia precocemente, ou seja, assim que o bebê começa a estabelecer relação com seu meio, processo que ocorre de forma natural e espontânea no sentido de ocorrer sem processo de intervenção. Todas as investigações feitas nos últimos anos, segundo,Quadros, Cruz, sobre aquisição de linguagem em crianças surdas, mostram que esta é parecida com a aquisição de linguagem das línguas orais em muitos aspectos. Estas pesquisas são normalmente feitas com crianças filhas de pais surdos que mostram que esses sujeitos apresentam o input linguístico adequado por estar em ambiente natural da lingua usada. Essas oportunidades fazem com que a criança desenvolva sua linguagem de forma natural.

As pesquisas feitas sobre as línguas de sinais no sentido das verificações linguísticas mostram evidencias de que a língua de sinais tem as mesmas limitações que se encontram nas línguas faladas (Quadros e Cruz, 2011). Segundo Felipe (2006), os sinais, nas línguas visual-espaciais, corresponde às palavras nas línguas oral-auditivas, sendo também formados por morfemas (unidades mínimas de significado). Exemplo de um morfema na Libras: MAÇÃ (configuração de mão em

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“C”, ponto de articulação em frente a boca, orientação da palma da mão é voltado para a boca, e o movimento é para cima e para baixo). Assim, os sinais podem ser chamados de palavras ou mesmo de sinais. Na sintaxe das línguas de sinais, analisam-se como as frases se constituem no contexto viso-espacial. Exemplo: CASA AMIG@ EU IR AMANHÃ, Porque diferentemente da maioria das línguas orais que, usa sujeito, verbo, objeto, a Língua Brasileira de Sinais usa, objeto, verbo, sujeito ou, objeto, sujeito, verbo. Porque para o surdo o objeto vem sempre antes do sujeito.

A semântica, que é o estudo do significado na linguagem, também aparece na língua de sinais, porém ainda requer mais estudos, segundo Quadros e Cruz (2011). A semântica registra o significado do vocabulário e das sentenças produzidas, tendo que esta sentença esteja de acordo com a narração do individuo, exemplo: (minha vizinha vivia a apressar a empregada). Nesta frase a palavra apressar mostra o significado, que é tornar mais rápido.

A Libras nasceu no Brasil, Em meados de1857 através do francês surdo, Eduard Huet este veio ao Brasil a convite de D Pedro II para fundar a primeira escola para surdos no Brasil chamada na época de Imperial Instituto de Surdos Mudos. A Libras foi criada junto com o INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos). A Libras brasileira se sinais começou com uma mistura da Libras Francesa de Sinais e de gestos já utilizados pelos surdos brasileiros.

No Brasil, a língua de sinais começou a ser pesquisada em meados de 80 e 90 por autores como Ferreira-Brito, (1986, 1993,1995); Felipe, (1992,1993); Quadros, (1995,1999). Hoje, autores como Quadros e Karnopp (2004) e Quadros e Vasconcellos (2008), organizam as traduções para o português de trabalhos com diferentes línguas de sinais. Quase juntos aos estudos sobre a Língua Brasileira de sinais. No Brasil, iniciaram se os estudos sobre aquisição da linguagem em crianças surdas, filhas de pais surdos. Essas crianças têm o privilégio de ter acesso a uma língua natural em iguais condições aos que as crianças ouvintes têm na língua oral-auditiva, mas apenas 5% da população surda brasileira tem esse privilegio. Pesquisadores da área indicam que, crianças surdas filhas de pais surdos, obtém a gramática semelhante às crianças ouvintes. Isto mostra que a construção da gramática independe das variações das línguas e das modalidades em que as línguas se apresentam.

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Pesquisadores como Quadros (2005) e Quadros e Cruz (2011), nos trazem sobre os estágios da aquisição da lingua de sinais, conforme segue:

Período pré-linguístico: Estes autores consideram que o balbucio acontece em bebês surdos e bebês ouvintes no mesmo período de desenvolvimento. As autoras constataram que essa produção é manifestada não só por meio de sons, mas também por meio de sinais. As autoras chegaram à seguinte conclusão:

Nos bebês surdos, foram detectadas duas formas de balbucio manual: o balbucio silábico e a gesticulação. O balbucio silábico apresenta combinações que fazem parte do sistema fonético das línguas de sinais. Ao contrario, a gesticulação não apresenta organização interna. Os dados apresentam um desenvolvimento paralelo do balbucio oral e do balbucio manual. Os bebês surdos e os bebês ouvintes apresentam os dois tipos de balbucio ate um determinado estágio e desenvolvem o balbucio da sua modalidade. As vocalizações são interrompidas nos bebes surdos assim como as produções manuais são interrompidas nos bebes ouvintes, pois o input favorece o desenvolvimento de um dos modos de balbuciar. (Quadros, 1997, p.70-71, apud, quadros e Cruz, 2011).

As autoras identificaram que o modo de balbuciar independente da modalidade da lingua: oral auditiva ou visioespacial, ou seja, parece haver uma capacidade para a linguagem que faz parte dos seres humanos. Interessante resaltar que crianças ouvintes, filhas de pais surdos, apresentam e desenvolvem os dois tipos de balbucio até chegarem à produção das línguas. Usualmente, essas crianças, por terem input nas duas línguas, com seus pais surdos na lingua de sinais e com seus parentes e amigos ouvintes na língua portuguesa, crescem bilíngues.

Estágio de um sinal: o estágio de um sinal inicia por volta dos doze meses da criança surda e pode se estender até os dois anos. Nessa fase, a criança se refere aos objetos apontando, segurando, olhado e tocando-os. Como a criança engatinha e caminha ela se comunica com brinquedos luzes, objetos, animais e alimentos. Neste período e criança participa de atividades, como colocar e tirar objetos de armários, de caixas, etc. A linguagem utilizada pela criança é a não verbal para chamar a atenção para as necessidades pessoais e para expressar suas reações, mas já varia seu olhar entre objeto e a pessoa que a ajuda a pegá-lo. Neste nível a criança imita sinais produzidos pelos outros, apesar de apresentar configurações de mão ainda não com todos os parâmetros necessários.

As primeiras produções incluem as formas chamadas de congeladas da produção adulta, ou seja, a criança usa uma palavra com um significado mais amplo. Por exemplo, o sinal de PASSEAR é usado sistematicamente para significar “eu quero passear” “papai saiu”, “eu quero sair” esses sinais estão relacionados com a

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criança, por exemplo, LEITE, COMER, MAMÃE, PAPAI, etc. É interessante atentar que, neste período as crianças surdas usam gestos, assim como as crianças ouvintes, para pedir colo ou para pedir algo para comer. Esses tipos de produção gestual são típicos nesta fase, tanto para crianças surdas quanto crianças ouvintes, quando elas estão chorando ou sorrido. Dependendo do contexto, em ambos os casos esticam os braços pedindo colo, ou apenas um deles, fazendo movimento de pedido (“me dá”). Nas crianças surdas, o uso destes movimentos é muito comum, mas independente disso, começam a usar sinais da lingua de sinais.

Estágios das primeiras combinações: surgem as primeiras combinações de sinais por volta dos dois anos nas crianças surdas. Geralmente, a criança produz palavras soltas ou sinais para falar sobre coisas e ações ao redor dela. Ela usa a linguagem para chamar a atenção das pessoas, fazer pedidos e reclamar de coisas que estejam presentes, quando se vão ou quando voltam. A criança comunica mais do que ela é capaz de produzir explicitamente. Ela aponta, olha, toca, identifica, as coisas sobre as quais esta falando. Além disso, ela possibilita que os outros entendam o que ela deixou de dizer. Elas começam a combinar dois sinais, observando as restrições que aplicam ao padrão adulto. No caso das crianças surdas adquirindo a língua de sinais, elas já privilegiam a ordenação participante- verbo ou verbo-objeto, por exemplo, sinalizam: EU QUERER ou QUERER ÁGUA. Este processo de aprendizado indica a importância da criança estar diante de sinalizantes da Língua Brasileira de Sinais, que sejam fluentes, pois nesta fase, ela já esta construindo a sua língua, observando as regras de forma subtendida. Esse processo caracteriza a interiorização da língua no falante “nativo”, ou seja, a criança esta adquirindo a sua língua (ou línguas) de forma natural e espontânea, interiorizando suas regras sem ter consciência desse processo. Ele simplesmente acontece.

Estágio de múltiplas combinações: as primeiras combinações de sinais acontecem por volta dos dois anos e seis meses e aos três anos as crianças começam a produzir muitas palavras. Esse período também é chamado de explosão do vocabulário, pois o bebê começa a sinalizar sem parar. Isso acontece tanto com crianças adquirindo uma lingua falada quanto com aquelas adquirindo uma lingua de sinais.

De modo geral, a criança começa a comunicar muito mais do que ela coloca em forma de palavras, há um aumento significativo na compreensão e, portanto, a

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criança subentende menos do que na fase anterior. A criança fala sobre o que ela está fazendo e pode solicitar diferentes coisas. Neste momento de aquisição de linguagem a criança pode identificar coisas em figuras ou em livros e descrever pessoas e objetos por meio de suas características. Ela sinaliza onde estão as coisas, onde as pessoas estão indo e sobre quem vem a ela e começa a usar frases e sentenças curtas.

Nesta fase a criança surda ainda não usa os pronomes identificados espacialmente para se referir às pessoas e aos objetos que não estejam fisicamente presentes. Ela usa substantivos não associados com pontos no espaço. Mesmo quando ocorrem algumas tentativas de identificação de pontos no espaço, a criança apresenta falhas de correspondência entre a pessoa e o ponto no espacial. Com referentes presentes no discurso já há o uso consciente do sistema pronominal e inclusive de indicações espaciais.

Por exemplo: a criança está conversando com a mãe e conta para ela que a vovó foi dormir porque estava cansada, mas que depois voltará para continuar a tricotar. Para contar isso em sinais, ela não vai fazer o sinal de vovó e estabelecer um ponto no espaço como o adulto faria, pois o referente “vovó” não está presente no discurso (a vovó foi dormir na casa dela). Ela vai fazer o sinal de vovó e contar as coisas sem o estabelecimento no espaço. Se a vovó estivesse no espaço, ela apontaria para a vovó diretamente e falaria em sinais sobre o que quisesse sempre remetendo ao referente por meio da apontação. No primeiro caso ela também pode usar a apontação que pode ser direcionada à porta por onde saiu à vovó, mas não necessariamente será consistente.

As crianças surdas apresentam diferentes contextos de aquisição da linguagem relacionados com o meio em que estão inseridas (Quadros e Cruz, 2011). O primeiro meio é o lar, onde os pais podem ser ouvintes que usam a lingua de sinais ou não; ser surdos ou apenas um deles ser surdo; ter familiares surdos ou não; outro contexto importante é a escola, que pode oferecer um ambiente linguístico na lingua de sinais por meio de surdos adultos, por meio de profissionais fluentes na lingua e, ate mesmo, garantir o contato com pares surdos. Por outro lado, há possibilidade de a criança estar em uma escola onde o único modelo de língua de sinais seja o intérprete, se houver. Outra situação possível é o clínico, no qual a criança pode ter atendimento especializado antes de ingressar ou juntas à escola, caso a abordagem seja exclusivamente oral. Também há atendimentos

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clínicos que a abordagem e bilíngue, considerando a língua de sinais como primeira lingua e o português escrito e ou oral como segunda língua. Essas são algumas possibilidades de ambientes linguísticos em que a criança surda pode estar inserida. Cada experiência vivida pela criança em diferentes contextos apresentará implicações no processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem. Além da questão do ambiente, a aquisição e o desenvolvimento da linguagem da criança surda serão influenciados, também, pelo período no qual foi realizado o diagnostico da surdez.

O processo de desenvolvimento e aquisição da linguagem de uma criança geralmente, é observado pelos pais, familiares e pessoas ouvintes que convivem diariamente com ela. A lingua materna do filho normalmente e a mesma dos pais ou do meio no qual a criança esta inserida. Neste modo a estimulação da linguagem da criança deve ser precoce para que aconteça de forma natural assim percebemos o comportamento linguístico dela. No Brasil, média do diagnóstico de transtornos auditivo, quando a surdez é adquirida, está em torno de 3 a 4 anos sendo descoberta, podendo, levar mais 2 anos para o diagnostico final, dessa forma a descoberta tardia vai acarretando danos irreparáveis a criança.

Após o diagnóstico, a forma de comunicação entre pais e o filho surdo pode ou não se modificar. O acesso às informações sobre a surdez e desenvolvimento da criança surda, a conscientização da necessidade de a criança adquirir uma língua de sinais (visuoespacial), o reconhecimento da importância em aprender a língua de sinais para se comunicar com a criança, o conhecimento e a troca de experiências com pais de crianças surdas que utilizam a língua de sinais, colocar todas as possibilidades de apoio a criança surda para que seu processo de aquisição de linguagem não seja tardio e aconteça de forma natural (Quadros e Cruz, 2011).

Metodologia

O procedimento metodológico utilizado neste trabalho foi o estudo de caso, que consiste em coletar e analisar informações sobre determinado indivíduo, uma família, um grupo ou uma comunidade, a fim de estudar aspectos variados de sua vida, de acordo com o assunto da pesquisa.

O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamento considerados. (GIL, 2008, p.76-77).

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É um tipo de pesquisa entendido como uma categoria de investigação que tem como objeto o estudo de uma unidade de forma aprofundada, podendo tratar se de um sujeito, de um grupo de pessoas, de uma comunidade etc. São necessários alguns requisitos básicos para sua realização, entre os quais, severidade, objetivação, originalidade e coerência.

A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Esta não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave.

Segundo Prodanov e Freitas (2013), há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números.

Este estudo diferencia-se dos demais por obter métodos e informações menos padronizadas, levando em conta que está sendo feito na área de humanas, mais especificamente na educação com um sujeito surdo estudante universitário da Universidade Federal do Paraná Setor Litoral.

Este estudo foi feito de forma detalhada, e aprofundada, sendo que ao longo do processo pode se ainda descobrir novos detalhes que não foram vistos ao longo da pesquisa.

Resultados e discussões

O Instrumento de Avaliação da Língua de Sinais (IALS) foi elaborado por Quadros, cruz, (2011) para avaliar o desenvolvimento da linguagem em sujeitos surdos, visando verificar o nível linguístico, e poder estabelecer medidas de intervenção ou estimulação linguística quando necessário. Este instrumento está dividido em avaliação compreensiva e avaliação expressiva.

a) Avaliação da linguagem compreensiva: consiste em duas etapas (tarefas de demonstração e tarefas de avaliação) para três fases. As tarefas de demonstração e de avaliação são idênticas no formato de apresentação, mas diferenciam-se em relação ao conteúdo sinalizado e à quantidade de tarefas. Nas fases I e II há três tarefas de demonstração e cinco de avaliação. Na fase III há uma tarefa de demonstração e uma de avaliação. O objetivo com as tarefas de demonstração é garantir que o sujeito compreenda as instruções e se

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familiarize com a atividade. As tarefas das fases I e II, tanto de demonstração quanto de avaliação, são propostas da seguinte maneira: o participante recebe as instruções, assiste um vídeo sinalizado por um professor surdo (apresentado em DVD), em seguida recebe três figuras e seleciona a que corresponde à sentença sinalizada. São cinco tarefas para a fase I e II. Na tarefa da fase III o participante assiste a uma história sinalizada pelo professor surdo, recebe oito figuras e seleciona as que correspondem com a história assistida e organiza na sequência.

Sobre o desempenho: nas tarefas de demonstração, cada figura selecionada corretamente recebe um valor de 33,3%. Desse modo, acertar a seleção de figuras em três tarefas, atingira o percentual de 100% de acerto, cujo conceito é de “excelente”; em duas tarefas, 66%, conceito “bom”; acerto em uma tarefa, 33%, conceito “insuficiente”; e não acertar seleção de figuras, 0%, conceito “insuficiente”. Nas tarefas

de avaliação, cada figura selecionada corretamente recebe um valor de

20%. Sendo assim, acertar figuras em cinco tarefas, 100% com conceito de “excelente”; quatro tarefas, 80%, conceito “bom”; três tarefas, 60%, conceito “insuficiente”; duas tarefas, 40%, conceito “insuficiente”; uma tarefa, 20%, conceito “insuficiente”; e não acertar em nenhuma tarefa, 0%, conceito “insuficiente”. Na fase III a avaliação se dá em duas etapas: uma, se o participante seleciona as figuras corretamente (cinco figuras pertencentes a história e elimina três – 100% “excelente”; seleciona alguma figura e elimina alguma não pertencente – 50% “bom” e, seleciona as oito – 0% “insuficiente”) e a segunda, se ele organiza conforme sequência de fatos (organiza cinco figuras – 100% “excelente”; organiza parcialmente cinco figuras – 50% “bom”; e organiza incorretamente – 0% “insuficiente”).

b) Avaliação da linguagem expressiva: esta possui apenas uma etapa, o participante assiste duas vezes um recorte de desenho animado (Tom& Jerry) aproximadamente 1’10” e narra para uma pessoa que não assistiu. A historia apresenta 15 fatos, a avaliação é feita por meio da qualidade da narração feita pelo surdo e a quantidade de fatos narrados e também e transcrita. A avaliação desta é descritiva, mas

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também considerado os seguintes aspectos linguísticos, no nível fonológico, semântico, morfológico e sintático/discursivo. Quadros, cruz, (2011).

A estudante surda que participou da pesquisa foi denominada, sob o nome fictício, de Maria. Esta recebeu o diagnóstico de surdez aos cinco anos de idade e, por conviver em meio ouvinte, numa aldeia indígena, em que a língua materna é o guarani, Maria não aprendeu a língua de sinais. O pouco de vocabulário que Maria aprendeu foi no meio escolar, em guarani e em português, antes da perda da audição. Somente aos 15 anos teve contato com a Libras através de uma amiga. A partir de então, sua comunicação se deu nesta língua.

Segue análise das respostas da participante: Etapa I: Tarefas de demonstração

Idade Fase I Fase II Fase III A Fase III B

25 anos 100% 66% 100% 100%

Excelente Bom Excelente Excelente Tabela 1: resultado das tarefas de demonstração.

Considerando os resultados apresentados, é possível perceber que na fase II da tarefa de demonstração, Maria teve um desempenho “bom”, isso se deu ao fato de que ela ficou em dúvida entre as figuras A e C, identificou o sinal de menina, porém em ambas as figuras tem este sinal,esta duvida pode ser decorrente do aprendizado tardio de Libras que Maria recebeu . A transcrição da sentença pelo professor surdo é: MENINO MENINA ENCONTRAR CONVERSAR. Seguem as figuras A e C:

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Figura 1: Figuras A e C respectivamente

Na tarefa de avaliação, fase II, tarefa três, Maria ficou em dúvida também sobre o mesmo aspecto, pois há sinal de menino acordar e menina acordar.

Segue as imagens que a participante ficou em dúvida:

Fonte: Quadros, Cruz, 2011.

Figura 2: Figuras A e C respectivamente

Mesma coisa acontece na tarefa quatro da fase II, há dúvida nas figuras A e B onde ela identificou o sinal de menino e mãe, mas não correlacionou o contexto.

Fonte: Quadros, cruz, 2011.

Figura 3: Figuras A e B respectivamente

Maria demonstrou dificuldade em compreender solicitações mais complexas e consequentemente, não teve total êxito na execução das tarefas solicitadas, mas obteve melhora no desempenho no decorrer das execuções das tarefas da fase I de demonstração, na fase III obteve um bom desempenho nas tarefas de avaliação fase I e III.

Na avaliação da linguagem expressiva é exibido ao participante um recorte de uma história do Tom & Jerry. Esse recorte do desenho foi escolhido por apresentar uma serie de ações, vocabulário acessível aos sujeitos surdos sem o domínio da língua de sinais e possibilitando ao participante avaliado representar vários classificadores. A história e narrada em 15 quadros. A análise do

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desempenho, a produção do participante é avaliada pela qualidade da narração dos fatos e a quantidade de fatos observados, pelo surdo listando os fatos em ordem de sequência.

Esta fase observou o nível de vocabulário e as construções sintáticas utilizadas por Maria, o uso ou não de classificadores e se foi denominativa (refere se aos personagens que tem no desenho como: GATO, RATO, PÃO). Também foi observada a ordem da narração e a quantidade de fatos, principalmente se o participante utiliza adequadamente os atores nas sentenças. Esta atividade prioriza a produção espontânea da linguagem expressiva. Observou-se que a participante descreveu os fatos, utilizou de classificadores, referência espacial em uma sequência lógica e apresentou de doze a quinze fatos.

Segue a narração transcrita da Libras para a língua portuguesa na do que Maria entendeu sobre o desenho animado:GAT@ VER CASA (CLASSIFICADOR) RATO COMIDA PENDURAR AMARRAR FICAR ESPIANDO. RATO CAMINHAR VER ESPERAR. VER MÃO DORMINDO PÃO COLOCAR MAO BATER. gESCUTAR MORDER PÃO. ATIRAR-ARMA BRAVO. gSUSTO. pATIRAR. gCORRER. UFA. gFAZER-CARETA. AGUA PEGAR-BEBER VER BURACOS CORPO SAIR AGUA. RATO CARREGAR PAO GRANDE VER SAIR CORRENDO VER BOI RABO PAO. CORRER GAT@ VER PÃO MORDER BOI GRITAR CORRER BRAVO JOGAR GAT@ PENDURAR RABO GAT@ CAIR BALDE CABEÇA BRAVO2.

Para esta análise foi levado em consideração os aspectos linguísticos e discursivos da Libras, conforme segue tabela:

_______________

2

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Tabela 2 – analise das respostas do processo de verificação da avaliação da linguagem expressiva.

Para chegar a esse resultado da analise foram feitos estudos sobre o tema com autores renomados no tema surdez e os resultados obtidos indicam que o processo de aquisição em língua brasileira de sinais em Maria aproxima dos resultados encontrados em línguas faladas, evidenciando que os efeitos da modalidade das línguas são indiferentes para a gramática universal. Nesta avaliação com a estudante Maria ela demonstrou que o conhecimento sobre a língua brasileira de sinais ainda é pouco sendo que a fonologia (configuração de mão, evidencia que a mesma deve ser introduzida a mais estudos dentro da respectiva língua, para poder conhecer suas regras e ter totalmente controle sobre a mesma na qual a ajudará na vida de estudante e na vida pessoal. No contexto geral da vida de Maria, seu aprendizado em libras é tardio porque no decorrer de sua vida ela encontrou pessoas que não conheciam direito ou, tinham só o conhecimento

clínico–terapêutica acreditando que Maria podia aprender a língua falada, não dando importância a lingua brasileira de sinais e deixando a estudante na inércia de não saber direito Libras nem língua portuguesa achando que Maria podia oralizar como a sociedade impõe.

Participante/ Idade Vocabulário (adequado/ inadequado) Classificador (sim/não) Referência no espaço (Sim/não) Narração (Denominativa/ descritiva) Sequência lógica (sim/não) Quantidade de fatos Maria/ 25 anos Substantivos Ações, adjetivos Advérbios de lugar advérbios de tempo.

sim sim Descritiva sim 12 a 14

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Considerações finais

Quando fui apresenta à surdez só deduzia que o surdo era surdo-mudo, estava totalmente enganada, através de leituras para embasamento teórico pude conhecer o pensamento cientifico, saindo do senso comum. Durante os quatro anos, consegui conhecer os caminhos e querer conhecer técnicas que auxiliassem os docentes no ensino de surdos. Foi então que fui apresentada ao livro Língua de Sinais: instrumento de avaliação, das autoras Quadros e Cruz, (2011) e passou a ser o “norte” da minha pesquisa. Consegui desenvolver o estudo dentro da própria Universidade Federal do Paraná – Setor Litoral, porque em 2018 recebemos uma aluna surda, indígena e com pouco domínio de libras e do português. Conhecendo as dificuldades desta aluna, resolvemos aplicar esse método. O resultado mostrou que, com esse instrumento, podemos avaliar a linguagem compreensiva e expressiva de crianças surdas a partir dos quatro anos, verificar seu nível de desenvolvimento linguístico e acompanhar o processo de aquisição da linguagem, bem como estabelecer intervenções ou estimulação linguística, quando necessário. Este tema tem como relevância social receber o educando surdo em uma sala de aula e a partir deste instrumento, conseguir avalia-lo e traçar estratégias metodológicas de ensino, para essa minoria tão discriminada ao longo do tempo, ajudar estes a seguirem um caminho na sociedade.

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REFERÊNCIAS

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BRASIL. Ministério da Educação. Decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005. Brasília: MEC, 2005.

CLAUDIO, D. P. A surdez nos jornais do sul do Brasil: uma perspectiva sócio– histórica. Tese de doutorado em distúrbios da comunicação. Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, 2015.

FELIPE, Tanya Amara. Os processos de formação de palavra na Libras. Estudos Linguísticos: Grupos de Estudos e Subjetividade, Campinas, v. 7, n. 2, p. 200-217, jun. 2006.

FERREIRA-BRITO, L.; LANGEVIN, R. Sistema Ferreira Brito-Langevin de

Transcrição de Sinais. In: FERREIRA BRITO, L. Por uma gramática de Língua de Sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995.

GESSER, A Libras?: Que língua é essa?: crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo: parábola editorial, 2009.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. LOPES, M. C. Surdez & Educação: -2 ed. Belo Horizonte: autentica Editora, 2011. MATOS, K.S. L Pesquisa Educacional: o prazer de conhecer. 2 ed. Fortaleza: Demócrito Rocha, 2002, p.39-68.

PRODANOV. C. C.; FREITAS, E. C. II. Metodologia do trabalho científico [recurso eletrônico]: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. Ed Novo Hamburgo: Feevale, 2013.

QUADROS, R. M. de; CRUZ, C. R. Língua de sinais: instrumentos de avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2011.

QUADROS, R. M. Educação de surdos: A aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artmed, 1997.

SKLIAR, C. B. Educação e Exclusão, abordagens sócio-antropológicas em educação especial. IN: SKLIAR, C. B. (org). Uma perspectiva sócio-histórica sobre a psicologia e a educação dos surdos. Porto Alegre: Mediação, 2001.

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