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Variabilidade biológica na concentração de lipídeos séricos*

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Academic year: 2021

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Variabilidade biológica na concentração

de lipídeos séricos*

Biological variation in concentration of serum

lipids

Thaise Zimath

1

, Priscila Pinotti

1

, Juliana Bernardon Pretto Gonçalves

2

,

Darlene Camati Persuhn

3

1. Acadêmicas do Curso de Farmácia (UNI-VALI)

2. Mestre em Ciências Farmacêuticas (UNIVA-LI), Professora do Curso de Farmácia (UNI-VALI), Responsável Técnica pelo Laboratório Escola de Análises Clínicas (LEAC-UNIVALI) 3. Doutora em Ciências. Bioquímica (UFPR). Professora dos Cursos de Farmácia e Medi-cina (UNIVALI)

* UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ. Cur-so de Farmácia. Núcleo de Investigações Químico-Farmacêuticas (NiqFar).

R

esumen

A variação biológica é definida como a variação natural, de ocorrência fisi-ológica, independente das variáveis pré-analíticas. A resposta individual aos diferentes estímulos a que o organismo é submetido resulta numa amplitude de variação biológica que oscila entre os indivíduos. Esta ampli-tude de variação deve ser quantificada a fim de auxiliar na interpretação dos resultados laboratoriais. O objetivo deste projeto foi verificar a vari-abilidade biológica na determinação de lipídeos (colesterol total, HDL colesterol, LDL colesterol e triglicerídeos) em indivíduos saudáveis. Foram convidados a participar do projeto 10 indivíduos saudáveis que foram sub-metidos a 10 coletas de sangue consecutivas. Após as coletas, o soro foi analisado em equipamento automatizado Cobas Mira Marca Roche uti-lizando kits comerciais. As variabilidades biológicas individuais e totais encontradas foram semelhantes às descritas previamente na literatura. As menores variabilidades foram as das determinações de colesterol total (6,3%) e HDL-c (4,9%), enquanto que os triglicerídeos apresentaram o maior índice (25%). O coeficiente de variação biológica dos analitos foi superior à mediana descrita na literatura em alguns indivíduos. Nova amostra deve ser analisada quando existir discrepância entre as interpre-tações clínicas ou biológicas das duas amostras.

Palavras-chave: lipídeos * uso diagnóstico * colesterol * triglicerídeos * lipoproteínas

S

ummary

Biological variability is defined as a natural variation, with physiological occurence, independent of pre-analytical factors. The individual answer to the different stimulations to which the organism is subjected to results in degrees of biological variation that are change between subjects. This degree of variation must be quantified to help the laboratory results inter-pretation. The objective of this project was verify the biological variability in lipids determinations (total cholesterol, HDL cholesterol, LDL cholesterol, and triglycerides) in healthy subjects. Ten healthy individuals participated Acta Bioquímica Clínica Latinoamericana

Incorporada al Chemical Abstract Service. Código bibliográfico: ABCLDL.

ISSN 0325-2957 ISSN 1851-6114 en línea

(2)

Introdução

Os exames laboratoriais constituem uma importan-te ferramenta auxiliar no diagnóstico, acompanha-mento e muitas vezes, na prevenção de patologias. Mesmo controlando as variáveis pré-analíticas e analí-ticas, o que permite que o laboratório alcance precisão e exatidão nos resultados, ainda existe um importante fator a se analisar: as variáveis biológicas. A variação biológica consiste na variação natural, de ocorrência fisiológica, própria do indivíduo, independente das va-riáveis pré-analíticas (1).

O ideal seria que sempre que um exame laborato-rial fosse realizado, o valor fosse exatamente o mesmo, desde que a condição fisiológica e/ou patológica do paciente não houvesse alterado. Entretanto, isso não ocorre justamente porque o organismo é extrema-mente complexo e responde de forma diferente a di-ferentes estímulos fisiológicos a que é submetido, in-cluindo os estímulos hormonais. A resposta individual aos diferentes estímulos resulta numa amplitude de va-riação biológica que oscila entre os indivíduos (2). Es-ta complexidade se reflete nas mais variadas determi-nações quantitativas do laboratório clínico.

É importante determinar e quantificar a variabilida-de biológica inerente a cada exame laboratorial em populações condizentes com aquela que utiliza os ser-viços de um determinado laboratório, uma vez que os valores de referência e a variabilidade individual de parâmetros específicos poderão variar de acordo com grupos étnicos, fatores ambientais e outros aspectos como características regionais.

A determinação da variabilidade biológica é realiza-da de maneira indireta através realiza-da determinação realiza-da va-riabilidade total de um analito cuja fase pré-analítica foi controlada, observada em um espaço de tempo pré-determinado, e expressa em coeficiente de varia-ção e descontada da variabilidade analítica, estimada pelos ensaios de imprecisão realizados na rotina no la-boratório clínico (3).

A determinação dos lipídeos séricos está sujeita a vá-rios fatores pré-analíticos. Os fatores relacionados à co-leta (postura, tempo de torniquete) e à obtenção,

mani-pulação e conservação da amostra, podem e devem ser cuidadosamente controlados pelo laboratório (4). Exis-tem também os fatores pré-analíticos voltados exclusiva-mente ao indivíduo, como realização de exercício físico, dieta, consumo de álcool, tabagismo, gravidez, etc. Estes aspectos refletirão em valores numéricos diferentes em dosagens sucessivas do mesmo analito lipídico no indiví-duo. Existem ainda as variações sazonais, que podem al-terar de maneira significativa o ritmo metabólico e alte-rar os níveis lipídicos. O significado clínico destas alterações não tem sido levada em consideração nos con-sensos médicos para efeito de decisão clínica, mas tem sido evidenciada pela comunidade científica (5).

A variação intraindividual total é uma função do coeficiente de variação intraindividual (CVb), do coe-ficiente de variação do laboratório (CVa), do número de amostras analisados e do número de determinações analíticas realizadas em cada amostra (6).

Vários trabalhos têm contribuído na definição das variáveis biológicas que interferem nos resultados la-boratoriais de lipídeos, dentre elas estresse (7), práti-ca de exercícios físicos (8) e faixa etária (9). O diferen-cial deste projeto é analisar o conjunto de variáveis ao qual o sujeito está submetido num curto espaço de tempo e a repercussão destas variáveis nos resultados dos lipídeos, determinando a variabilidade biológica em indivíduos saudáveis através de coletas sucessivas em dias alternados.

Metodologia

POPULAÇÃO E AMOSTRA

Participaram do projeto 10 indivíduos voluntários, 5 do sexo feminino e 5 do sexo masculino com idades variando de 19 a 45 anos. Nenhum dos participantes estava realizando dieta de restrição de peso e todos mantiveram o peso constante durante a duração do es-tudo nem referiram uso de medicamentos (exceto os de uso contínuo). Não foram excluídos indivíduos que faziam uso de medicamentos de uso contínuo, espe-cialmente contraceptivos orais.

in this projetct. The samples were collected by venopunction, ten times, in three consecu-tive weeks. The serum obtained was analysed in automatized equipment Cobas Mira“ (Roche) using commercial kits. Both individual and total variability coefficients found were similar to the literature. Total cholesterol (6.3%) and HDL-cholesterol (4.9%) showed the lowest variabilities, whereas triglycerides presented the biggest index (25%). In some patients the variation coefficient for any analyte was superior than the range previously described in the literature. New sample analyses must be performed when there is some dis-crepancy in clinical or biological interpretation between results.

(3)

ASPECTOS ÉTICOS

O projeto foi submetido à analise pelo Comitê de Éti-ca em Pesquisa da UNIVALI, tendo recebido parecer fa-vorável. Os indivíduos foram previamente informados sobre os objetivos do trabalho e participaram volunta-riamente mediante assinatura de um Termo de Consen-timento Livre e Esclarecido que garantia sigilo e anoni-mato aos participantes. Ao final do projeto, receberam os resultados referentes às suas determinações.

COLETA DAS AMOSTRAS

Os indivíduos foram submetidos a coleta de sangue por punção venosa durante quatro semanas consecuti-vas, em dias alternados, pela manhã, em jejum até to-talizar 10 coletas. As coletas foram realizadas no Labo-ratório Escola de Análises Clínicas (LEAC-UNIVALI), o soro foi imediatamente separado as análises foram incluídas na rotina diária do laboratório.

ANÁLISES BIOQUÍMICAS

As determinações de CT e TG foram realizadas em equipamento automatizado Cobas Mira (Roche“)

utilizan-do reagentes da marca Wienner conforme orientações dos fabricantes. A determinação de HDL-c (HDL-coleste-rol) foi efetuada através do kit de HDL-c marca Dyasis“.

O valor de LDL-c (LDL-colesterol) foi calculado através da fórmula de Friedwald:

LDL-c= CT – (HDL-c + TG/5)

ANÁLISE DOS DADOS

A análise dos dados foi realizada através da determi-nação da variabilidade analítica e da variabilidade bio-lógica (10). A variabilidade analítica (coeficiente de variação analítica) foi determinada através de ensaio de repetição da mesma amostra normal em 10 corri-das independentes nas mesmas condições experimen-tais das amostras.

A variabilidade biológica intra-individual e interin-dividual foi determinada pela fórmula:

CVI = (CVT)2– (CV

A)2

sendo o coeficiente de variação total (CVT) represen-tado pela soma das variações biológicas intra-indivi-duais (CVI) e analíticas (CVA) envolvidas no processo. Para a determinação da variabilidade intra-indivi-dual foram utilizados somente os dados (média, desvio padrão e coeficiente de variação) do paciente em estu-do e para a determinação da variabilidade média fo-ram utilizados dados obtidos de todos os participantes do trabalho (10).

A variabilidade analítica foi determinada através de análise de soro controle obtido do Programa Nacional de

Controle de Qualidade (PNCQ) da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), reconstituído mensalmente para este fim.

Resultados

Os coeficientes de variação analítica (CVa) para os analitos foram determinados utilizando soro controle (Tabela I). Os resultados demonstram que o desempen-ho está dentro dos limites recomendados, exceto para a determinação de HDL-colesterol que apresentou um coeficiente de variação analítica superior (4,85%) ao desejável (<4%). Este resultado não interferiu nas inter-pretações intra-individuais dos resultados dos sujeitos de pesquisa conforme será discutido adiante.

O valor encontrado para CVa (2,89%) do LDL-coles-terol calculado está satisfatório uma vez que laboratórios utilizando metodologias adequadamente padronizadas encontraram valores variando entre 2,7 a 6,8% (11). Ressalta-se que para realizar o cálculo de LDL-colesterol é necessário ter disponível os valores de colesterol total, HDL-colesterol e triglicerídeos, e que cada determina-ção apresenta seus coeficientes de variadetermina-ção específicos, que por sua vez afetam o CVa do LDL-colesterol.

Os indivíduos participantes da pesquisa foram sub-metidos a sucessivas coletas de sangue em jejum para determinação de colesterol total, triglicerídeos, HDL colesterol e cálculo do LDL colesterol. As amostras fo-ram analisadas no mesmo dia da coleta. Os resultados foram organizados em gráficos mostrando as dosagens obtidas para cada paciente (Figs. 1-4).

Os valores de HDL colesterol foram os que mostra-ram a menor dispersão de valores (Fig. 1), seguida da análise do colesterol total que apresentou um perfil se-melhante (Fig. 2). De certa forma, estes resultados já eram esperados, uma vez que se tratam de analitos com significativa reprodutibilidade intra-individual. Por ou-tro lado, a dispersão observada nas determinações seria-das de triglicerídeos foi significativa, principalmente nos indivíduos do sexo masculino (Fig. 3).

Os valores de LDL colesterol foram obtidos a partir da fórmula de Friedwald, por isso observa-se uma maior dispersão nos indivíduos cuja variabilidade da determi-nação de triglicerídos foi mais significativa (Fig. 4).

Analito CVa CVa Método desejado16 obtido recomendado

Colesterol total <3 0,66 Enzimático HDL-colesterol <4 4,85 Enzimático LDL-colesterol <4 2,89 Equação de Friedwald Triglicerídeos <5 2,59 Enzimático

Tabela I. Coeficiente de variação analítica nos analitos

representan-tes do perfil lipídico no LEAC – UNIVALI.

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Com objetivo de verificar se as dosagens realizadas na segunda-feira afetam a interpretação dos resulta-dos de perfil lipídico, propositalmente as coletas fo-ram progfo-ramadas para segundas, quartas e sextas-fei-ras. Na Tabela II, estão mostradas as médias dos valores obtidos na segunda versus os outros dias da semana. Na maioria dos indivíduos avaliados não ocorreram mudanças na interpretação dos resultados devido ao dia da semana em que foi realizada a cole-ta, com exceção do indivíduo 3 que apresentou valo-res de triglicerídeos considerados altos apenas nas dosagens de segunda-feira. Nenhum outro parâme-tro foi significativamente alterado neste ou em ouparâme-tro indivíduo.

Os resultados de CVb individuais (Tabela III) mos-tram que na avaliação de colesterol total, triglicerí-deos e LDL-colesterol, mais da metade dos indivíduos apresentou valores superiores à mediana descrita na literatura (12). Estes resultados ressaltam, no caso de avaliação de risco para aterosclerose, a necessidade análise de mais de uma amostra independente de to-dos os indivíduos cujo valor de CVb está em negrito na Tabela III.

Discussão

Os valores de corte para o colesterol total estão en-tre 200-240 mg/dL. Portanto, se a dosagem está abai-xo de 200 mg/dL, o valor é considerado normal, se es-tá acima de 240 mg/dL é considerado alto, e entre estes limites, limítrofe. Observando a distribuição dos valores obtidos para os indivíduos 1, 3, 4, 6 e 7, é pos-sível encontrar valores limítrofes e elevados (Fig. 1). Ressalta-se que todas as dosagens foram realizadas no intervalo de 4 semanas, em dias alternados. Entretan-to, dependendo da data de realização do exame, en-contra-se diferentes interpretações para os resultados: limítrofe ou alto, reforçando a necessidade de realiza-ção de repetirealiza-ção quando os valores encontram-se pró-ximos aos limites de decisão clínica.

Os valores de HDL-colesterol mostraram-se repro-dutíveis intra-individualmente. Além disso, a interpre-tação é facilitada pelo fato dos valores de corte esta-rem adequadamente distantes em escala numérica (40-60 mg/dL). O coeficiente de variabilidade biológi-ca de HDL-colesterol foi relativamente baixo e a obser-vação da distribuição dos valores permite concluir

0 5 0 1 0 0 1 5 0 2 0 0 2 5 0 3 0 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 Colesterol total (mg/dL) Indivíduos

Figura 1. Distribuição dos valores de colesterol total obtidos nas

determinações de cada indivíduo. Cada ponto representa o valor obtido em uma dosagem.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Indivíduos HDL (mg/dL)

Figura 2. Distribuição dos valores de HDL-colesterol obtidos nas

determinações de cada indivíduo. Cada ponto representa o valor obtido em uma dosagem.

0 50 100 150 200 250 300 350 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Indivíduos Triglicerídeos (mg/dL)

Figura 3. Distribuição dos valores de triglicerídeos obtidos nas

de-terminações de cada indivíduo. Cada ponto representa o valor ob-tido em uma dosagem.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Indivíduos LDL colesterol (mg/dL)

Figura 4. Distribuição dos valores de LDL-colesterol obtidos pela

Fórmula de Friedwald. Cada ponto representa o valor obtido em uma dosagem.

Indivíduos

Indivíduos

Indivíduos

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que, independentemente do dia da realização da aná-lise, a interpretação final é quase sempre a mesma (Fig. 2). Relatos anteriores demonstram variabilidade biológica maior na determinação de HDL-colesterol em indivíduos do sexo masculino (12). No presente estudo, também observou-se que a maior variabilida-de biológica ocorreu no sexo masculino (7,63 nos ho-mens x 2,19 nas mulheres) porém a magnitude deste aumento foi de 3 vezes, enquanto que a diferença má-xima relatada havia sido de duas 2 vezes (Tabela IV).

Um importante dispersão de valores de triglicerí-dos foi observada dentre os indivíduos do sexo mascu-lino analisados neste estudo, representados pelos nú-meros 1 a 5 nos gráficos e tabelas (Fig. 3). A determinação sérica deste analito é amplamente afe-tada por fatores pré-analíticos. Duas determinações sucessivas de triglicerídeos do mesmo indivíduo po-dem variar 20 a 70% quando o resultado inicial en-contra-se acima de 400 mg/dL (13).Os resultados ob-tidos neste trabalho mostram que a variação pode ser bastante significativa mesmo com resultados inferio-res a este, pois nenhum inferio-resultado obtido foi superior

a 400 mg/dL, mas a dispersão observada foi significa-tiva (Fig. 3).

O indivíduo masculino número 3, que apresentou a maior dispersão nos resultados de triglicerídeos (Fig. 3), referiu o uso de álcool várias vezes durante a realização desta pesquisa, em especial nos finais de semana. Este pode ser o fator causador da diferença entre as médias deste analito verificada nas coletas efetuadas na segun-da-feira em relação àquelas realizadas em outros dias da semana (Tabela II). Uma pronunciada hipertrigliceride-mia após ingestão de álcool é devida à combinação de formação aumentada de TG no fígado e remoção preju-dicada de quilomícrons e VLDL da circulação. O efeito é mais pronunciado quando o álcool é ingerido em uma refeição gordurosa e pode persistir por mais de 12 horas. Quando quantidades moderadas são ingeridas por uma semana, a concentração de triglicerídeos no soro aumenta mais de 20 mg/dL (14).

Para minimizar o impacto destas variações entre duas determinações, deve-se caracterizar o exame atra-vés de manuais de coleta com especificações visando padronizar ao máximo as variáveis pré-analíticas,

par-Indivíduo CT TG HDL-c LDL-c

(mg/dL) (mg/dL) (mg/dL) (mg/dL) 2ª feira demais 2ª feira demais 2ª feira demais 2ª feira demais

1 222 ± 6 235 ± 19 101 ± 15 146 ± 91 48 ± 4 43 ± 6 153 ± 8 157 ± 27 2 173 ± 16 179 ± 14 128 ± 25 119 ± 10 33 ± 2 37 ± 1 114 ± 17 118 ± 13 3 244 ± 20 250 ±14 234 ± 50 172 ± 23 36 ± 3 38 ± 2 161 ± 23 178 ± 10 4 229 ± 11 241 ± 10 132 ± 16 137 ± 50 53 ± 4 56 ± 6 131 ± 37 158 ± 6 5 200 ± 9 219 ± 18 188 ± 40 145 ± 19 36 ± 2 41 ± 3 127 ± 15 143 ± 11 6 214 ± 15 227 ± 12 107 ± 13 104 ± 18 52 ± 3 54 ± 3 141 ± 15 152 ± 10 7 254 ± 10 252 ± 12 94 ± 30 99 ± 16 74 ± 4 73 ± 4 153 ± 24 160 ± 9 8 219 ± 10 220 ± 4 107 ± 14 92 ± 25 46 ± 2 47 ± 2 153 ± 10 155 ± 5 9 167 ± 13 159 ± 17 73 ± 22 66 ± 14 64 ± 10 66 ± 3 83 ± 17 79 ± 16 10 174 ± 8 176 ± 8 93 ± 19 92 ± 25 54 ± 4 56 ± 3 102 ± 8 102 ± 5

Tabela II. Comparação entre valores de determinações realizadas segunda-feira versus demais dias da semana.

Indivíduos* Variabilidade Biológica Intra-individual (CVb)

Colesterol total Triglicerídeos LDL-colesterol HDL-colesterol (1,7-11,6)* (5,3-74)* (2-15,3)* (2,2-13,7)* 6,1** 22,6** 9,5** 7,4** 1 6,97 56,72 13,17 12,37 2 8,38 13,99 11,64 5,31 3 6,89 24,29 10,97 5,68 4 4,88 30,58 14,68 8,07 5 6,38 19,25 9,86 6,72 6 6,65 15,21 8,39 2,92 7 4,42 21,99 5,84 2,66 8 3,99 20,89 3,30 1,90 9 10,03 24,68 18,27 0 10 4,53 23,70 5,09 3,48

*Intervalo de variação 6. ** Coeficiente de variação biológico médio 12.

(6)

ticipação em programas de controle de qualidade do-cumentados e divulgação entre os profissionais da saú-de os aspectos relacionados à variabilidasaú-de biológica dos analitos bioquímicos (14). A atenção em todos es-tes aspectos resguarda o laboratório de possíveis críti-cas que possam surgir como conseqüência de resulta-dos discrepantes obtidas em datas próximas de um mesmo paciente na determinação de triglicerídeos.

Neste trabalho, os valores de LDL-colesterol foram calculados através da Fórmula de Friedwald. A análise da fórmula leva a concluir que o cálculo está ampla-mente sujeito às variações dos triglicerídeos, pois este valor entra no cálculo para ser descontado do total de colesterol. Dividindo-se o valor de triglicerídeos por 5, estima-se a quantidade de colesterol supostamente pre-sente na lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL), na qual a proporção entre triglicerídeos e co-lesterol é 5:1. Sendo assim, quando os valores de trigli-cerídeos estão acima de 400 mg/dL, a fórmula não po-de ser utilizada para o cálculo po-de LDL-colesterol porque perde-se a capacidade de estabelecer esta co-rrelação, possivelmente porque esteja presente na amostra os quilomícrons, cuja relação triglicerídeos:co-lesterol não pode ser claramente estabelecida.

Estes dados explicam a variação de interpretações nos valores de LDL-colesterol nos indivíduos que apre-sentaram dispersão nas determinações de triglicerí-deos, especialmente em 1 e 3 (Fig. 4).

Uma maneira de desvincular a determinação do LDL-colesterol da dosagem de trigicerídeos é a dosagem direta do colesterol presente em partículas de LDL. A metodologia mais viável, porém ainda de custo elevado é baseada na proteção de partículas de LDL, consumo do colesterol não protegido e posterior dosagem do co-lesterol presente nas partícula protegidas. A comparação dos resultados da dosagem direta em relação ao cálculo do LDL pela Fórmula de Friedwald mostrou que os re-sultados apresentam diferenças que podem ser significa-tivas no momento de definir os critérios de risco de um indivíduo (15). Dependendo do valor de triglicerídeos, a Fórmula de Friedwald pode sub- ou superestimar o va-lor de LDL em comparação ao método direto.

Entretanto, é importante salientar que o uso da

Fór-mula de Friedwald é o método recomendado pela Socie-dade Brasileira de Cardiologia nas diretrizes sobre diag-nóstico e tratamento das dislipidemias. Além disso, estas diretrizes baseiam-se em dados obtidos por estudos, em sua maioria, realizados utilizando a Fórmula de Fried-wald para a determinação do LDL-colesterol. Recente-mente demonstrou-se que é possível melhorar a preci-são dos resultados de LDL-colesterol se forem utilizadas metodologias diretas para determinação de HDL coles-terol. Isso porque, principalmente quando os valores de LDL são baixos, o HDL colesterol passa a ser um fator importante no comprometimento dos resultados (17).

Atualmente, os laboratórios utilizam metodologias sa-tisfatoriamente reprodutíveis e dispõem de amostras con-trole para verificação de exatidão na rotina diária. Estes aspectos dispensam a necessidade de repetição da mesma amostra como estratégia de prevenção de erros. Entretan-to, quando o coeficiente de variação intraindividual (CVb) de um indivíduo é superior à mediana da popula-ção, é necessária a análise de mais de duas amostras (6). A análise dos resultados de variabilidade biológica individual (Tabela III) mostra que boa parte dos indi-víduos apresentou valores superiores aos considerados aceitáveis. A necessidade de repetições para definir in-tervenções dependerá da proximidade que os valores independentes estão dos limites de decisão clínica. Ca-so não exista proximidade dos valores de referência li-mite, ou mesmo que exista grande variabilidade mas ao mesmo tempo homogeneidade de interpretação nos valores, não há necessidade de confirmação (6). Para exemplificar este fato, basta observar que todos os valo-res de variabilidade intra-individual avaliados encai-xam-se nos intervalos obtidos em diferentes estudos previamente realizados, exceto o valor de 18,27% da dosagem de LDL-colesterol no indivíduo 9. Mesmo tendo apresentado uma variabilidade biológica maior que a descrita em análises anteriores, os valores enqua-dram-se em classe de baixo risco de aterosclerose, pois se concentram abaixo de 110 mg/dL, não afetando a interpretação (Fig. 3). Conclui-se que, mesmo apresen-tando duas determinações numericamente distantes e com elevado CVb, o indivíduo 9 não necessitaria de re-petição das análises de LDL-colesterol.

Variabilidade Biológica média

Colesterol total Triglicerídeos LDL-colesterol HDL-colesterol (1,7-11,6)* (5,3-74)* (2-15,3)* (2,2-13,7)*

6,1** 22,6** 9,5** 7,4**

Total 6,31 ± 1,92 25 ± 12,09 10,12 ± 4,63 4,91 ± 3,56

Homens 6,7 ± 1,26 28,97 ± 16,68 12,06 ± 1,89 7,63 ± 2,86 Mulheres 5,92 ± 2,52 21,29 ± 3,70 8,18 ± 5,93 2,19 ± 1,35

*Intervalo de variação 6. ** Coeficiente de variação biológico médio 12.

Tabela IV. Coeficiente de variação biológica média dos analitos representantes do perfil lipídico levando-se em

(7)

Todos os coeficientes de variação médios obtidos neste trabalho (Tabela IV) estão condizentes com os dados previamente descritos pela literatura. Percebe-se uma tendência de maior amplitude no coeficiente de variação biológico em indivíduos do sexo masculino, sendo esta tendência mais evidente na determinação de HDL-colesterol conforme comentado anteriormen-te. Os resultados confirmam as informações da literatu-ra de que a variabilidade biológica mais pronunciada no perfil lipídico é a de triglicerídeos e apontam para a necessidade de atenção que esta variação pode gerar na interpretação do valor de LDL colesterol.

Os resultados obtidos permitem concluir que, apesar dos valores de variabilidade biológica dos parâmetros analisados encontrarem-se dentro dos limites conside-rados normais por outros autores, existe discrepância de interpretação clínica entre dosagens realizadas em datas próximas nos parâmetros colesterol total, LDL-co-lesterol e principalmente triglicerídeos. Salienta-se que a variabilidade analítica foi quantificada e não represen-tou um fator que pudesse contribuir para este contexto. Sendo assim, faz-se necessário levar em consideração que aspectos relacionados à fase pré-analítica (ingestão de álcool, alteração abrupta de dieta, etc.) afetam de maneira significativa a determinação de lipídeos séricos e que a variabilidade biológica pode alterar o significa-do clínico significa-dos resultasignifica-dos laboratorais de lipídeos em um curto espaço de tempo. Estes aspectos devem ser es-pecialmente observados em indivídos que realizam de-terminações lipídicas seriadas e naqueles que apresen-tam valores próximos aos limites de decisão clínica.

FONTE DE FINANCIAMENTO E AGRADECIMENTOS

Este projeto foi financiado pelo Artigo 170/UNIVALI – Santa Catarina.

À direção e funcionários do Laboratório Escola de Análises Clí-nicas (LEAC) da UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ pela realização dos exames e auxílio nas coletas.

CORRESPONDENCIA

DRA. DARLENE CAMATI PERSUHN Universidade do Vale do Itajaí

Laboratório de Biologia Molecular – Bloco 27 – Sala 315 Rua Uruguai, 458 – Centro - Caixa Postal 360

CEP 88302-202 Itajaí – SC

E-mail: darlene@univali.br

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Referências

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