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Impedâncias logísticas e geomorfométricas em arranjos locais de produção e consumo de frutas e hortaliças na região central do Rio Grande do Sul

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Academic year: 2021

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mpedâncias logísticas e geomorfométricas em arranjos locais

de produção e consumo de frutas e hortaliças na região central

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Ricardo Viera da Silva¹

Alessandro Carvalho Miola/Orientador² Gustavo Pinto da Silva²

¹Colégio Politécnico-UFSM

Santa Maria, RS, Brasil, ric.sveira@gmail.com ²Universidade Federal de Santa Maria-UFSM

alessandro@politecnico.ufsm.br ³Universidade Federal de Santa Maria-UFSM

gustavo.pinto@politecnico.ufsm Submetido em 28/08/2017

Revisado em 04/09/2017 Aprovado em 30/10/2017

Resumo: Esse artigo apresenta os resultados do georreferenciamento dos produtores rurais de frutas e hortaliças, realizadas no Município de Santiago, RS. Os trajetos percorridos pelos mesmos foram vetorizados via programa Google Earth e classificando segundo os critérios adaptados do Ministério da Defesa, totalizando 1346,64 km de vias, entre pré-existentes e as vetorizadas. Deste total constatou-se que mais de 46% não são pavimentadas, dificultando o escoamento da produção e a qualidade dos produtos.

Palavras chave: Logística; Geotecnologias; Georreferenciamento.

Abstract: This article presents the results of the georeference of the rural producers of fruits and vegetables, held in the Municipality of Santiago, RS. The routes they traveled were vectored via the Google Earth program and classified according to the adapted criteria of the Ministry of Defense, totaling 1346.64 km of routes, between pre-existing and vectorized routes. Of this total, it was found that more than 46% are not paved, making it difficult to dispose of production and the quality of products

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Introdução

A dispersão geográfica das propriedades rurais produtoras de frutas e hortaliças desenvolve-se sobre o espaço sob a forte influência da forma do relevo e da posição geográfica destes arranjos produtivos, em relação a seus consumidores. Na visão de Perez-Cassarino & Ferreira (2013) a proximidade espacial ganha destaque por facilitar a informação interpessoal, gerar e fortalecer sociabilidades, e as relações de solidariedade e reciprocidade entre os agentes. Independentemente das características físico-geográficas ou da proximidade entre os agentes desses arranjos produtivos, é fundamental a existência de um sistema de vias de transportes organizado para assegurar mobilidade aos fluxos necessários ao processo econômico envolvido.

Ao longo das investigações e levantamentos de campo realizados constatou-se que a maioria das vias de transportes utilizadas pelos hortifruticultores padece da falta de manutenção regular e, eventualmente, sofre com constantes alagamentos e/ou obstruções no tráfego. Tal situação fica comprovada pelos indicadores apresentados por BENEVIDES (2014), pelos quais o Brasil tem mais de 80% de suas estradas sem pavimentação. Além disso, os problemas viários enfrentados pelos hortifruticultores são agravados pelo uso mais intensivo de vias municipais, que segundo a mesma autora são em mais de 92% não pavimentadas (Figura 1).

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Figura 1: Situação das estradas no Brasil. Fonte: Carolina Benevides, Jornal O Globo (23/08/2014).

Verificou-se através do georreferenciamento dos produtores, especialmente, as propriedades frutícolas distanciam-se mais dos centros consumidores, ficando recorrentemente submetidas aos problemas inerentes à falta de mobilidade viária. Em contrapartida, as propriedades olerícolas situam-se mais próximas às rodovias principais, que ligam as zonas produtoras aos centros urbanos, onde se localiza o maior contingente consumidor.

O presente trabalho tem por objetivo geral a construção de uma base de dados georreferenciados, espacializados, organizados na forma de um Sistema de Informação Geográfica (SIG), que sirva de suporte ao processo de produção-comercialização de frutas e hortaliças. Especificamente, objetiva-se o georreferenciamento dos produtores; a vetorização dos trajetos; e a classificação do sistema viário.

Metodologia

O trabalho consistiu no georreferenciamento dos fruticultores e olericultores no município de Santiago, RS, nos escritórios da EMATER/RS via programa Google Earth. E posteriormente no Laboratório de Geomática do Colégio Politécnico da UFSM utilizaram-se os softwares de geoprocessamento como ArcGIS e QGIS, pelos quais se fez a vetorização das vias de acesso de cada propriedade até via principal de escoamento da produção hortifrutícola.

Os trajetos foram classificados quanto a sua condição de trafegabilidade, seguindo os critérios adaptados do Ministério da Defesa (2008), como segue: (Classe 1): Rodovias pavimentadas - Rodovias de revestimento sólido (asfalto, concreto ou calçamento), com um número variado de faixas, sem separação física entre as pistas de tráfego;

(Classe 2): Estradas não pavimentadas - Estradas transitáveis durante o ano com revestimento solto ou leve, que permite o tráfego mesmo em época de chuvas, com um número variável de faixas;

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(Classe 3): Estradas de tráfego periódico - Estradas transitáveis somente em tempo bom e seco, com revestimento solto ou sem revestimento e largura mínima de 3,0m; são estradas com conservação precária e de traçado irregular. As bases de dados geográficos pré-existentes do sistema viário, contendo vetores de trajeto em meio digital, foram obtidas da Base Cartográfica Vetorial Contínua do Rio Grande do Sul (Hasenack et. al.; 2010), na escala 1:50.000. Entretanto, retrata uma realizada desatualizada, fator que exigiu a busca por outra base de dados, como o Open Street Map. Ambos os conjuntos de dados foram integrados em uma única camada do SIG e, a partir dessa compilação, fez-se a vetorização dos trechos de acessos às propriedades

rurais, conforme (Figura 2).

Fonte: Elaborado pelos autores.

Resultados e Discussão

Os dados levantados e compilados denotam a existência de 100 (cem) propriedades rurais, produtoras de frutas e hortaliças no município de Santiago, RS. Conforme a (Figura 3) Foi possível quantificar e Espacializar o quantitativo de vias entre as pré-existentes e as que foram vetorizadas e classificadas. Tal condição permitiu verificar quais vias apresentam-se em melhores e piores condições de trafegabilidade.

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Fonte: Elaborado pelos autores.

Totalizam-se 1.346,66 km de estradas mapeadas. Do total de estradas, como aponta a figura 3, constatou-se que mais de 46% são de Classe 3, demonstrando haver uma situação de baixa qualidade no sistema viário, dificultando a trafegabilidade dos agricultores com os alimentos. Portando, podemos constatar que 82% das estradas não são pavimentadas (figura 4), o que aumenta o tempo de deslocamento entre o estabelecimento rural e os pontos de comercialização das frutas e hortaliças. Trata-se de um valor expressivo e que, em que pese as condições financeiras limitadas dos municípios, nem sempre essas estradas têm reparos sucessivos.

Tratando especificamente da agricultura familiar é sabido que a grande maioria desses tipos de estabelecimentos encontra-se localizados em lugares de topografia ondulada, como morros e encostas. Assim, naturalmente as vias de acesso já apresentam as dificuldades inerentes ao relevo, mas que na medida em que acontecem intempéries como um grande volume de chuvas podem ter

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as condições mais comprometidas, em face de uma mínima ou nenhuma estrutura viária existente.

Fonte: Elaborado pelos autores.

De um lado, encontra-se a possibilidade de um maior custo de produção para os agricultores, haja vista que os veículos que trafegam nessas estradas apresentam maior necessidade de manutenção, bem como existe uma maior possibilidade de perdas de alimentos, decorrente das injúrias causadas pelo transporte. Isso acaba elevando o custo final do alimento que chega aos consumidores. De outro, é sabido que o tempo de transporte compromete diretamente sobre a qualidade final dos alimentos para os consumidores.

Ao mesmo tempo, dado as condições de estradas há um maior tempo de deslocamento entre as propriedades rurais e os pontos de venda, o que altera a dinâmica de otimização de tempo das propriedades rurais, uma vez que grande parte do tempo é gasto com deslocamentos. Na medida em que se pensam essas atividades como alternativa de geração de trabalho e renda para as propriedades rurais, percebe-se que considerando um número cada vez menor de pessoas nos estabelecimentos rurais e que cumprem a ocupação nas atividades produtivas, o tempo decorrido de transporte também é uma variável que precisa ser considerada. Ademais no caso de Santiago, destaca-se a questão de que grande parte dos agricultores estão assumindo a comercialização dos alimentos na forma de venda direta, o que exige um maior tempo de dedicação a atividades que antes eram realizadas por intermediários. Se de um lado, há um aumento das possibilidade de ganho na forma de valor agregado, de outro há necessidade de um tempo que antes era dedicado para as atividades produtivas.

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Tais condições aliadas aos problemas como falta de uma política continua e initerrupta de assistência técnica, formação técnica e organizacional, políticas de crédito, dentre outros corrobora cada vez mais para com os fatores excludentes da agricultura familiar,

Conclusões

Tendo em vista os aspectos apresentados nesse trabalho a logística de distribuição é fator imprescindível para qualquer setor produtivo. Se tratando de atividades rurais quanto maior o afastamento dos centros consumidores e das vais principais, pior a condição da via, maior o esforço motriz e por consequência maior a representatividade de perdas significativas que podem advir do transporte. Na atividade agrícola observa-se que o mesmo é fator indispensável, pois a condição de trafegabilidade impactará diretamente sobre a qualidade dos produtos, os custos de produção e a própria dinâmica de trabalho dos estabelecimentos rurais. O trabalho constatou que, na área do estudo, a maioria das estradas rurais configura-se como de baixa qualidade, o que aliado a outros fatores, também pode estar limitando a acessibilidade aos mercados mais especializados, a exemplo daqueles de venda direta. Nesse contexto a via é um fator preponderante e determinante no sucesso dos empreendimentos rurais, especialmente quando relaciona-se a chegada dos alimentos aos consumidores por ocasião da comercialização.

Referências bibliográficas

BRASIL. PORTARIA NORMATIVA Nº 513/EMD/MD, DE 26 DE MARÇO DE 2008, (3 Edição/2008). Aprova o Manual de Abreviaturas, Siglas, Símbolos e Convenções Cartográficas das Forças Armadas. BOLETIM DO EXÉRCITO, Brasília, Nº 14/2008, ATOS ADMINISTRATIVOS, p. 7.

BENEVIDES, C. (2014). No Brasil, 80% das estradas não contam com

pavimentação. O Globo. Disponível em: < http://oglobo.globo.com/brasil/no-brasil-80-das-estradas-nao-contam-com-pavimentacao-13710994 >. Acesso em: 22 mar. 17. PEREZ-CASSARINO, J.; FERREIRA, A. D. D. Agroecologia, construção social de mercados e a constituição de sistemas agroalimentares alternativos: uma leitura a partir da Rede Ecovida de Agroecologia. In: NIEDERLE, P. A.; ALMEIDA, L. DE; VEZZANI, F. M. (Org.). Agroecologia: praticas mercados e politicas para uma nova agricultura. Curitiba: Kairós, 2013. p. 171-213.

Referências

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