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1. INTRODUÇÃO 4 2. MEIO AMBIENTE E BEM AMBIENTAL 8. a) Principais Artigos Da Constituição Federal Sobre Direito Ambiental 9

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APOSTILA    Direito Ambiental | 5ª ed.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 4

2. MEIO AMBIENTE E BEM AMBIENTAL 8

a) Principais Artigos Da Constituição Federal Sobre Direito Ambiental 9

3. TUTELA INTERNACIONAL DO DIREITO AMBIENTAL 9

4. ESPÉCIES DE MEIO AMBIENTE 10

5. TUTELA CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE 10

6. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL 11

7. FEDERAÇÃO E COMPETÊNCIAS EM MATÉRIA AMBIENTAL. 12

8. SOBRE A PNMA (POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE) 13

a) Objetivos Gerais Da Pnma – Art. 2º, Caput, Da Lei 13

b) Objetivos Específicos Da Pnma – Art. 2º E Incisos Da Lei 13

c) Princípios Da Pnma 14

d) Instrumentos Da Pnma – Art. 9º Da Lei 14

e) Sistema Nacional Do Meio Ambiente (Sisnama) – Art. 6º Da Lei 15

9. LICENCIAMENTO AMBIENTAL 16

a) Avaliação De Impactos Ambientais (Aia) 21

b) Estudo Prévio De Impacto Ambiental (Eia) 21

c) Relatório De Impacto Ambiental (Rima) 22

d) Publicidade E Participação Pública 22

e) Audiência Pública 22

f) Outras Modalidades De Avaliação De Impacto Ambiental (Aia) 23

g) Zoneamento Ambiental 23

h) Tombamento 24

i) Infrações E Sanções Administrativas 24

10. DANO AMBIENTAL E TEORIA OBJETIVA DA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL 25

a) Dano Ambiental 26

● Classificação De Dano Ambiental 26

● Reparação Do Dano Ambiental 26

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12. TUTELA PROCESSUAL DO MEIO AMBIENTE 30

a) Ações Individuais 30

b) Ação Civil Pública Ambiental (Acp) 30

c) Ação Popular Ambiental Constitucional 32

d) Mandado De Segurança Coletivo Ambiental 32

e) Mandado De Injunção Ambiental 32

13. TUTELA PENAL DO MEIO AMBIENTE 33

a) Norma Penal Ambiental 33

● Competência 33

b) Concurso De Agentes E Omissão Penalmente Relevante 34

c) Responsabilidade Penal Da Pessoa Jurídica 34

d) Aplicação Da Pena 35

e) Penas Restritivas De Direitos Aplicáveis Às Pessoas Físicas 35

f) Sursis Ambiental 36

g) Multa 36

h) Perícia 36

i) Sentença Condenatória 37

j) Penas Aplicáveis Às Pessoas Jurídicas 37

14. AÇÃO PENAL 37

a) Infração De Menor Potencial Ofensivo (Impo) 37

b) Sursis Processual 37

c) Crimes Em Espécie 38

15. FLORA E DIREITO AMBIENTAL 38

a) Área De Preservação Permanente (App) 39

b) Reserva Legal 43

c) Unidades De Conservação 45

16. POLÍTICA NACIONAL DA BIODIVERSIDADE 48

17. RECURSOS HÍDRICOS E DIREITO AMBIENTAL 53

18. TUTELA DO MEIO AMBIENTE CULTURAL 54

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1. INTRODUÇÃO

O meio ambiente é considerado um patrimônio público, bem difuso, cuja preservação a toda a coletividade interessa. Nesse sentido, é válido notar que, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o meio ambiente não se restringe à natureza (meio ambiente natural), mas abrange também aspectos culturais da sociedade (meio ambiente cultural), o ambiente de trabalho (meio ambiente do trabalho) e o conjunto de construções feitas pelo homem (meio ambiente artificial).

Partindo-se dessa premissa, observa-se que, ao longo da história, a preocupação com a preservação do meio ambiente surgiu, com maior vigor, nos anos 60, na Europa. Desde então, os estudos científicos passaram a atestar que as fortes intervenções humanas decorrentes da revolução industrial, da sociedade de consumo, da urbanização e da exploração de recursos naturais estavam a prejudicar, de modo visceral, o meio ambiente, em todos os seus aspectos: cultural, artificial, laboral e natural.

Nessa toada, surgiram correntes que buscaram traçar uma visão acerca do papel do homem frente ao meio ambiente, sobretudo diante do meio ambiente natural. São as principais:

CORRENTE Aspecto central

Antropocentrismo absoluto Enxerga o homem no centro e o

meio ambiente como um instrumento que deve ser preservado para servi-lo.

Ecocêntrica absoluta O homem é um, dentre tantos,

componentes do meio ambiente.

Antropocêntrica moderada O meio ambiente é um bem jurídico

penal autônomo, mas indiretamente vinculado aos interesses individuais.

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Biocentrismo Os demais seres vivos têm tanto

valor quanto os homens

Note que, apesar das diferentes visões apresentadas por essas correntes, todas têm em comum o fato de jamais negarem a necessidade de preservar o meio ambiente. Nessa senda, dois grandes movimentos voltados a cuidar, sobretudo do meio ambiente natural, destacaram-se no mundo:

Conservacionismo: Defende o equilíbrio entre o

homem e o meio ambiente através do desenvolvimento sustentável​.

Preservacionismo: Mais radical, sustenta que o

ser humano é a maior ameaça ao meio ambiente.

Na Constituição Federal de 1988, o principal dispositivo a tratar da temática é o art. 225, no qual se vislumbra a predominância de uma visão antropocêntrica mitigada por algumas influências do biocentrismo e do ecocentrismo, no que toca à proteção dedicada à fauna. De modo bastante evidente, a nossa Ordem Constitucional Ambiental tem clara matriz Conservacionista, na medida em que erigiu como princípio central e norteador de toda a política ambiental o Desenvolvimento Sustentável.

Recomenda-se, portanto, que o aluno domine os conceitos aqui apresentados e que leia com bastante atenção o art. 225 da Constituição, na medida em que grande parte das questões são extraídas da redação desse dispositivo.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum

do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade

o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

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I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das

espécies e ecossistemas;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as

entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a

serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente

através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que

justifiquem sua proteção;

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de

significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se

dará publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias

que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização

pública para a preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco

sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a

crueldade.

§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente

degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma

da lei.

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os

infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,

independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal

Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na

forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive

quanto ao uso dos recursos naturais.

§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações

discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei

federal, sem o que não poderão ser instaladas.

§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram

cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais,

conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza

imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei

específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (Incluído pela

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Note que a última modificação do dispositivo constitucional fez inserir o §7º, que relativiza o Princípio da Senciência (segundo o qual os animais, por terem sentimentos e afeto, merecem significativa proteção jurídica), extraído do art.225, §1º, VII. Essa mitigação decorreu de uma reação legislativa à decisão do Supremo Tribunal Federal, na qual se reconheceu a inconstitucionalidade de lei que regulamentava a prática de vaquejada.

Após esse julgado, o legislativo considerou a repercussão cultural e o fomento econômico gerado pela vaquejada em diversos municípios do Brasil e, atendendo ao clamor dos grupos ligados a essa prática, deliberou Emenda Constitucional que culminou com o §7º do art. 225 da CF. Com isso, foi autorizada a prática da vaquejada e outras manifestações culturais que causam sofrimento aos animais. Interessante notar que esse fenômeno (reação legislativa), também denominado ​efeito ​blacklash​, decorre do fato de a decisão do STF em controle de constitucionalidade não vincular o legislativo.

2. MEIO AMBIENTE E BEM AMBIENTAL

Antes de iniciarmos o estudo dos tópicos que compõem a matéria de Direito Ambiental, é importante que alguns conceitos básicos sejam compreendidos para o bom desenvolvimento do aprendizado:

O que é Meio Ambiente? O art. 3º, I da Lei 6938/81, preconiza ser o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

O que é Risco Ambiental? O risco ambiental pode ser aferido sempre que houver

possibilidade de degradação ambiental diante de alguma atividade ou empreendimento.

O que é Degradação Ambiental? É a alteração adversa das condições do meio

ambiente.

O que é Poluição? O art. 3°, III da Lei n° 6.938/81, define que poluição é a

degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: ● prejudiquem a ​saúde, a segurança e o bem-estar​ da população;

● criem condições adversas às ​atividades sociais e econômicas​; ● afetem desfavoravelmente a ​biota​;

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O que é Poluidor? A definição é trazida pela inteligência do art. 3°, IV da Lei n° 6.938/81, em que poluidor é a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental.

Note que, entre os conceitos aqui apresentados, os mais trabalhados em questões de prova são os de degradação e poluição. É possível entender esta como uma espécie daquela, que se apresenta quando a degradação resulta das atividades acima mencionadas (art. 3º, III da Lei nº 6.938).

PRINCIPAIS ARTIGOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL SOBRE DIREITO AMBIENTAL

a) art. 1º, III: dignidade da pessoa humana – sua aplicação pressupõe que somente

há vida digna se inserida num ambiente ecologicamente equilibrado;

b)​ art. 5º, caput: garantia da inviolabilidade do direito à vida;

c) art. 170, caput e incisos III e VI, da CF: a ordem econômica deve respeitar os princípios da função social da propriedade e da defesa do meio ambiente;

d) art. 225, caput: todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,

bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

3. TUTELA INTERNACIONAL DO DIREITO AMBIENTAL

Conferência Sobre Meio Ambiente Humano

O mais relevante documento internacional relacionado à proteção jurídica do meio ambiente é a ​Declaração de Estocolmo/72​. Atribui-se a esse diploma o marco inicial da proteção jurídica ambiental, na medida em que foi a partir dele que se instituiu o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

Além dela, a Convenção das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento também tem destaque relevante. Também conhecida como ​ECO 92​, a conferência foi

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realizada no Rio de Janeiro, e traçou diversos princípios, dentre os quais o mais importante é o do Desenvolvimento Sustentável.

Derivado da ECO 92, outro importante documento de proteção ambiental é o

Protocolo de Kyoto, cujo objetivo central é a redução dos gases que geram efeito estufa. Foi nesse diploma que se instituiu o ​Crédito de Carbono​, por meio do qual países desenvolvidos (maiores poluidores) poderiam investir em mecanismos para redução da emissão desses gases nos países em desenvolvimento, com vistas a compensar a sua poluição.

O Relatório “Nosso Futuro Comum” (​relatório Brundtland​) trouxe o conceito de desenvolvimento sustentável: aquele que atende às necessidades das gerações presentes sem comprometer as necessidades das gerações futuras. De tão relevante, esse princípio foi adotado pela Constituição Federal no art. 225.

4. ESPÉCIES DE MEIO AMBIENTE

De acordo com a construção jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, o meio ambiente pode ser subdividido nos seguintes tipos:

a) Meio ambiente físico ou natural: compreende o solo, o ar, a água, a flora e a fauna (art. 225 da CF e art. 3º da Lei 6.938/81).

b) Meio ambiente artificial ou urbano: constituído pelo espaço urbano construído e

pelos equipamentos públicos (art.182 da CF).

c) Meio ambiente cultural: compreende o patrimônio histórico, artístico, cultural,

paisagístico e turístico, ou seja, bens que refletem a identidade, formação e memória do povo brasileiro, sejam bens materiais ou imateriais (art. 226 da CF).

d) Meio ambiente do trabalho:compreende todas as condicionantes para a tutela da

saúde e segurança do trabalhador no ambiente no qual desenvolve suas atividades laborais (art. 200, VII, CF).

5. TUTELA CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE

Dada a magnitude da proteção ao meio ambiente, o Constituinte brasileiro entendeu devido conferir proteção jurídica máxima a esse bem difuso, na medida em que previu uma

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série de dispositivos voltados a esse intento ao longo da Carta Magna. Fala-se, com isso, num Estado Democrático Social de Direito Ambiental.

O principal dispositivo é o art. 225, no qual se extraem deveres genéricos (voltados ao Poder Público e à Coletividade) e específicos (voltados ao Poder Público). Nessa regra, está prevista também a responsabilidade objetiva por dano ambiental, a indisponibilidade das terras arrecadadas com intuito de proteger ecossistemas e o elenco de ecossistemas que compõem o Patrimônio Nacional (Mata Atlântica, Serra do Mar, Zona Costeira, Pantanal Matogrossense e Floresta Amazônica). Frise-se que não se deve confundir os conceitos de patrimônio nacional e de bem público, sendo aqueles bens de titularidade difusa, e não de um ente público específico.

Alerta-se o aluno para a necessidade de memorizar todos os incisos e parágrafos do art.225, inclusive aquele que se refere aos ecossistemas acima mencionados.São poucas as normas dele extraídas, mas a importância delas é muito grande para fins de prova.

Com a constitucionalização do direito ambiental, ocorre o fenômeno da “ecologização da propriedade”, que é um desdobramento da função social da propriedade. Verifica-se também o incentivo à maior participação pública no desenvolvimento de políticas públicas e a redução da discricionariedade administrativa no processo de fiscalização do cumprimento das normas ambientais.

6. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

Ubiquidade O meio ambiente é vetor principal a ser aferido em todas as

atividades ou empreendimentos.

Desenvolvimento sustentável

É um dos mais importantes princípios do Direito Ambiental. Este princípio busca o equilíbrio do desenvolvimento econômico e o meio ambiente, a chamada ​sustentabilidade​. Decorre do ideal conservacionista e foi proclamado na Conferência ECO 92 e no Relatório Brundtland.

Direito à sadia qualidade de vida

A vida, concebida constitucionalmente, é uma vida sadia se inserida num meio ambiente ecologicamente equilibrado.

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Participação O dever de zelar pelo meio ambiente é conferido à sociedade e ao Estado, concomitantemente.

Função sócio-ambiental

da propriedade

O direito à propriedade passou a incorporar duas novas concepções: observância da função social e da função ambiental.

Poluidor-pagador Cabe ao poluidor suportar todos os custos das medidas

necessárias para indenizar e/ou recuperar o meio ambiente. Frise-se que não se pode falar aqui em direito adquirido de poluir diante do pagamento dos custos.

Usuário-pagador Complementa o princípio anterior, na medida em que prevê que o

usuário pague pela utilização de recursos ambientais, sendo o proveito econômico disso revertido em favor da preservação.

Prevenção Devem ser adotadas todas medidas possíveis para evitar​os danos

previsíveis​. Observe que nesse caso há uma certeza científica

acerca do risco de dano ambiental diante do empreendimento, o qual deve ser evitado.

Precaução Este princípio busca uma ação antecipada à ocorrência do dano

ambiental, sobretudo quando não há certeza científica ​acerca do risco de dano ambiental de um empreendimento. Em decorrência dele, há a possibilidade de inversão do ônus da prova em causas nas quais se discuta licenciamento ambiental.

Senciência Os animais têm sentimentos, tais quais os serem humanos, e

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7. FEDERAÇÃO E COMPETÊNCIAS EM MATÉRIA AMBIENTAL.

a) Competência legislativa: a competência legislativa em matéria ambiental é

concorrente. Dessa forma, cabe à União a edição de normas gerais sobre meio ambiente (art. 24 § 1º, da CF) e aos Estados (art. 24, § 2º, da CF) a atuação suplementar. A competência legislativa dos municípios em matéria ambiental deve se limitar à demonstração da existência de interesse local, como no caso das normas. Em interessante julgado, o STF entendeu que não cabe ao Município reduzir, através de sua legislação, a proteção conferida pela legislação federal a áreas de preservação permanente.

b) Competência material (administrativa): de acordo com o art. 23 da CF, a

competência material é do tipo comum, competindo à União, aos Estados e Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas, preservando as florestas, a fauna e a flora. A fim de melhor harmonizar a atuação dos entes, porém, a Lei Complementar nº 140 traçou uma distribuição de competências entre os entes federativos em matéria de licenciamento ambiental, evitando conflito e a sobreposição de tarefas.

c) Competência fiscalizatória: de acordo com o art. 23, III, IV, VI, VII e IX da CF, ficou estabelecido que a competência para realizar a proteção do meio ambiente é comum à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.

8. SOBRE A PNMA (POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE)

A lei federal n. 6.938/81, denominada Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, dispõe sobre a POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (PNMA); tendo instituído o SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA), integrado pela União, Estados e Municípios.

OBJETIVOS GERAIS DA PNMA – ART. 2º, CAPUT, DA LEI

a)​ a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental; b)​ assegurar condições ao desenvolvimento socioeconômico;

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APOSTILA    Direito Ambiental | 5ª ed. c)​ promover os interesses da segurança nacional;

d)​ a proteção da dignidade da pessoa humana.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA PNMA – ART. 2º E INCISOS DA LEI

● Desenvolvimento sustentável;

● Definição de áreas prioritárias de ação governamental;

● Estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental; ● Desenvolvimento de pesquisas e tecnologias;

● Difusão de tecnologias; divulgação de dados e informações ambientais; e formação de uma consciência pública;

● Preservação e restauração de recursos ambientais;

● Imposição, ao poluidor, de obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos (princípio do poluidor-pagador) e ao usuário da obrigação de contribuir (como compensação) pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos (princípio do usuário-pagador).

PRINCÍPIOS DA PNMA

● Meio ambiente como patrimônio de uso comum do povo (direito difuso); ● Racionalização do uso de recursos naturais;

● Planejamento e fiscalização do uso de recursos naturais;

● Proteção e preservação dos ecossistemas, inclusive com o estabelecimento de áreas de proteção ambiental e Estações Ecológicas de uso severamente restritivo;

● Controle e zoneamento de atividades poluidoras; ● Incentivos ao estudo e à pesquisa;

● Acompanhamento do estado da qualidade ambiental; ● Recuperação das áreas degradadas;

● Proteção de áreas ameaçadas de degradação; ● Educação ambiental.

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INSTRUMENTOS DA PNMA – ART. 9º DA LEI

a) ​Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental (compete ao CONAMA,

segundo o art. 8º, VII, estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos);

b)​Zoneamento ambiental;

c)​Avaliação dos impactos ambientais (o art. 225, § 1º, IV, da CF, exige estudo prévio

de impacto ambiental para instalação de obra ou atividade efetiva ou potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente);

d) ​Licenciamento e revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras (o

licenciamento ambiental é previsto no art. 10 da lei n. 6.938/81);

e) ​Incentivo à produção e instalação de equipamentos e criação ou absorção de

tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;

f)​Criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal,

estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas (aqui se trata da criação de espaços especialmente protegidos, nos termos do art. 225, § 1º, III, da CF);

g)​ Sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;

h)​ Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; i) Penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas

necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental;

j) Instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado

anualmente pelo IBAMA;

k) A garantia da prestação de informações relativas ao meio ambiente, obrigando-se

o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;

l) O Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou

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APOSTILA    Direito Ambiental | 5ª ed. m) Instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro

ambiental e outros.

SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA) – ART. 6º DA LEI

O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) é integrado por um conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. Trata-se da gestão ambiental. É fundamental que o aluno saiba diferenciar os papéis de cada um dos seguintes órgãos do SISNAMA:

a) Órgão superior: Conselho de Governo, cuja função é assessorar o Presidente da

República na formulação da política nacional e das diretrizes governamentais para o meio ambiente e recursos ambientais;

b) Órgão central: ​Ministério do Meio Ambiente;

c) Órgão consultivo e deliberativo: ​CONAMA, cuja função é assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo as diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e deliberar sobre normas e padrões de qualidade ambiental. Deve realizar estudos e definir padrões de qualidade. É presidido pelo Ministro do Meio Ambiente;

d) Órgãos executivos: IBAMA (cuida preponderantemente do licenciamento ambiental

federal e do poder de polícia ambiental federal) e ICMBio (cuida prioritariamente das unidades de conservação);

e) Órgãos setoriais/locais: são aqueles que desenvolvem a política ambiental no âmbito dos Estados e Municípios.

9. LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O licenciamento ambiental é um procedimento exigido para aferir os riscos ambientais de determinado empreendimento e definir condicionantes a serem observadas com o fito de

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mitigar esses riscos. Nesse sentido, é necessário observar quais tipos de intervenções devem ser licenciadas.

O que é licenciável?

De acordo com o art. 10 da lei nº 6.938/81, necessita de licenciamento a construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental.

No mesmo sentido, o art. 2º da Resolução CONAMA, n° 237/1997, diz que a localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.

Em suma, serão submetidos ao prévio licenciamento ambiental qualquer atividade ou empreendimento que possa causar danos ao meio ambiente. Vale destacar, ainda, que a obtenção de outras autorizações e permissões junto à Administração Pública não assegura o direito do empreendedor ao exercício de atividade potencialmente poluidora.

O que é o licenciamento?

O licenciamento “é o procedimento administrativo realizado pelo órgão ambiental competente, que pode ser federal, estadual ou municipal, para autorizar, mediante condições, a instalação, ampliação, modificação e operação de atividades e empreendimentos que utilizam recursos naturais, ou que sejam potencialmente poluidores ou que possam causar degradação ambiental”.

O licenciamento é um dos instrumentos de gestão ambiental estabelecidos pela lei federal n.º 6938, de 31/08/81, também conhecida como Lei da Política Nacional do Meio Ambiente.

Em 1997, a resolução nº 237 do CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente - definiu as competências da União, Estados e Municípios e determinou que o licenciamento deverá ser sempre feito em um único nível de competência. Esse foi um marco no denominado federalismo cooperativo, que se reflete numa organização de atribuições entre

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os entes cuja competência é comum. Tal definição evita a sobreposição de diferentes licenciamentos sobre o mesmo projeto por mais de um ente.

No licenciamento ambiental, são avaliados impactos causados pelo empreendimento, tais como: seu potencial ou sua capacidade de gerar líquidos poluentes (despejos e efluentes), resíduos sólidos, emissões atmosféricas, ruídos e o potencial de risco, como, por exemplo, explosões e incêndios.

Cabe ressaltar que algumas atividades causam danos ao meio ambiente principalmente na sua instalação. É o caso da construção de estradas e hidrelétricas, por exemplo.

É importante lembrar que as licenças ambientais estabelecem as condições para que a atividade ou o empreendimento cause o menor impacto possível ao meio ambiente. Por isso, qualquer alteração deve ser submetida a novo licenciamento, com a solicitação de licença

Com base no que foi exposto, pode-se sintetizar o licenciamento ambiental com atenção aos seguintes aspectos:

a)​ ​Natureza jurídica: é um instrumento preventivo de tutela do meio ambiente.

b) Conceito legal: “é o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental

competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso”.

c) Necessidade de estudo prévio de impacto ambiental: o licenciamento ambiental

deve ser precedido de estudo prévio de impacto ambiental (EIA) sempre que o empreendimento ou atividade forem considerados efetiva ou potencialmente causadores de significativa degradação ambiental.

d)​ ​Etapas: o procedimento de licenciamento ambiental tem 8 etapas:

1. definição pelo órgão ambiental licenciador, com a participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais necessários ao início do processo do licenciamento;

2. requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, e seu anúncio público;

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realização de vistorias técnicas, quando necessárias;

4. solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão licenciador, podendo ocorrer reiteração caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios;

5. realização ou dispensa de audiência pública;

6. solicitação de esclarecimentos e complementações decorrentes de audiências públicas, bem como reiteração quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios;

7. emissão pelo órgão ambiental de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico;

8. deferimento ou indeferimento do pedido de licença, com a devida publicidade, que se desdobra em licença prévia, licença de instalação e licença de operação ou funcionamento.

e) Espécies: são 3 as licenças a serem concedidas pelo órgão competente:

1. Licença prévia (LP): por meio dela, o órgão licenciador atesta a viabilidade ambiental do empreendimento ou atividade e estabelece requisitos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases; a licença prévia tem prazo de validade de no máximo 5 anos;

2. Licença de instalação (LI): a licença de instalação, obrigatoriamente precedida pela

licença prévia, autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com os planos, programas e projetos aprovados; o prazo da licença de instalação não poderá superar 6 anos;

3. Licença de operação ou de funcionamento (LO ou LF): essa licença sucede à de

instalação e tem por finalidade autorizar a operação da atividade ou empreendimento; o prazo da licença de funcionamento será de no mínimo 4 e no máximo 10 anos.

#SELIGA! É fundamental conhecer os prazos de cada tipo de licença. As questões costumam cobrar com certa frequência!

# SELIGA! As licenças ambientais são caracterizadas por uma discricionariedade ​sui

generis​. Isso quer dizer que o órgão licenciador tem uma margem de avaliação mais

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diante de novas necessidades ambientais, sem que isso gere dever de indenização ao cidadão.

f)​ ​Competência

● União: federal – IBAMA. Cabe à União promover o licenciamento ambiental dos

empreendimentos e atividades enumerados no art. 7º, inciso XIV, da lei complementar n. 140/2011. É interessante que o aluno leia os casos, mas não há necessidade de uma profunda memorização, já que são situações em que é possível deduzir o interesse da União. Frise-se que, nesses casos, a autarquia federal responsável é o IBAMA;

● Estados: cabe aos Estados, nos termos do art. 8º, XIV, da lei complementar n.

140/2011, promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7 (competência da União) e 9º (competência dos Municípios);

● Municípios: cabe aos Municípios, conforme o art. 9º, XIV, da lei complementar n.

140/2011, promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade.

g) Modificação, suspensão e cancelamento: a licença ambiental garante estabilidade

temporal, mas não direito adquirido a continuar o empreendimento. Segundo o art. 19 da Resolução CONAMA n. 237/97, “o órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar as condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer:

I – violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais;

II – omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença;

(20)

APOSTILA    Direito Ambiental | 5ª ed. h) Titularidade da Licença Ambiental:Além de serem analisadas as características do empreendimento ou atividade potencialmente poluidora, a licença ambiental é concedida a um sujeito que será o seu titular, seja ele uma pessoa física ou jurídica.

Esta titularidade é personalíssima, o que significa dizer que não é possível alterá-la. Nesse caso seria preciso a emissão de uma nova licença.

i) ​ ​Casos em que o licenciamento ambiental é dispensável: - Extração de lenha de áreas que não sejam de APP nem de RL; - Urgência;

- Segurança Nacional;

- Obras para defesa civil para evitar acidentes na área urbana; - Manejo sustentável sem propósito comercial;

- Reflorestamento de espécies nativas ou exóticas.

j) Algumas observações finais sobre licenciamento ambiental:

- Se o Poder Público pretende fazer um obra que pressuponha licença ambiental, deve obtê-la antes de abertura do procedimento licitatório;

- Não se exige inscrição no Cadastro Ambiental Rural para a concessão de licença; - À licença deve ser dada publicidade;

- Caso o ente público competente não tenha condições técnicas ou operacionais para promover o licenciamento, o ente maior pode fazê-lo, valendo-se da competência SUPLETIVA;

- Caso o ente público tenha aparato técnico para promover o licenciamento, mas necessite de um suporte do ente maior, este poderá SUPLEMENTAR à atribuição daquele.

AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA)

A Avaliação de Impacto Ambiental é um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, e consiste na avaliação dos impactos ambientais de uma atividade ou empreendimento, de modo a permitir, pela antevisão dos riscos e impactos ambientais, a adoção de medidas preventivas, mitigadoras, corretivas ou compensatórias. Existem diversas

(21)

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maneiras de se avaliar impactos ambientais. Uma das principais é o Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA).

ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA)

a) Conceito: conjunto de estudos técnicos, científicos, econômicos e sociais, dentro

do procedimento do licenciamento, pelo empreendedor, cuja finalidade é diagnosticar a viabilidade da realização de um empreendimento, obra ou atividade;

b)Natureza jurídica: instrumento preventivo de tutela ambiental;

c) Pressuposto: é exigido diante de obra, empreendimento ou atividade considerados

efetiva ou potencialmente causadores de significativa degradação ambiental;

d) Elaboração e custeio: os estudos necessários ao processo de licenciamento

deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor, sendo que o empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos previstos no caput do art. 11 da Resolução CONAMA n. 237/97 serão responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais.

RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL (RIMA)

a) Conceito: é o documento que reflete as conclusões do estudo de impacto

ambiental. Deve ser apresentado de forma objetiva e adequada à compreensão de qualquer pessoa, trazendo informações em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua implementação;

b)​ ​Conteúdo mínimo:

● objetivos e justificativas do projeto; ● descrição do projeto;

● síntese do diagnóstico ambiental da área de influência do projeto; ● descrição dos prováveis impactos ambientais;

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● descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras;

● programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; ● recomendação quanto à alternativa mais favorável.

PUBLICIDADE E PARTICIPAÇÃO PÚBLICA

O art. 225, § 1º, IV, da CF, determina ao Poder Público dar publicidade ao estudo prévio de impacto ambiental, garantida a realização de audiências públicas.

AUDIÊNCIA PÚBLICA

As audiências públicas poderão ser convocadas: 1º) quando o órgão ambiental julgar necessário; 2º) por solicitação de entidade civil;

3º) por solicitação do Ministério Público; 4º) a pedido de 50 ou mais cidadãos. 1

OBSERVAÇÃO: no caso de haver solicitação de audiência pública, e na hipótese

de o Órgão Estadual não realizá-la, a licença concedida não terá validade.

OUTRAS MODALIDADES DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (AIA)

O CONAMA definiu estudos ambientais como todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença

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requerida, e enumerou algumas espécies que se perfilam ao lado do EIA e do RIMA: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar (RAP), diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco (art. 1º, III, da Resolução CONAMA n. 237/97).

ZONEAMENTO AMBIENTAL

a) Natureza jurídica: instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, e

instrumento da política urbana;

b) Conceito: procedimento pelo qual o Poder Público regra o uso e a ocupação do solo, limitando o direito de propriedade para que atenda à sua função socioambiental, com a finalidade última de garantir a salubridade, a tranquilidade, a saúde e o bem-estar da população. A sua aprovação se dá por lei, e seu objetivo é organizar de forma vinculada as decisões dos agentes públicos;

c) Zoneamento urbano (zoneamento municipal): procedimento urbanístico destinado

a fixar os usos adequados para as diversas áreas do solo municipal, de competência do Poder Público Municipal. O zoneamento urbano tem como finalidade ordenar o uso e a ocupação do solo municipal urbano.

TOMBAMENTO

a) Natureza jurídica: instrumento de proteção ao patrimônio cultural, considerado

instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente e instrumento de política urbana;

b) Conceito: instituto pelo qual o Poder Público declara/reconhece o valor cultural de bens de valor histórico, paisagístico, estético, arqueológico, arquitetônico e ambiental, que passam a ser preservados no interesse da coletividade;

c)​ ​Efeitos

● obrigação de transcrição no registro público; ● restrições à alienabilidade;

● restrições à modificabilidade;

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● sujeição da propriedade vizinha a restrições.

INFRAÇÕES E SANÇÕES ADMINISTRATIVAS

a) Aspectos gerais: a infração ambiental, quase sempre, acarreta sancionamento de

natureza penal, civil e administrativa;

b) Sancionamento administrativo: a lei n. 9.605/98 dedicou um capítulo específico à matéria das infrações administrativas (arts. 70 a 76), tendo sido regulamentada, na parte relacionada às infrações administrativas, pelo decreto n. 6.514/2008;

c) Infração administrativa ambiental: toda ação ou omissão que viole as regras

jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente;

d) Competência para a apuração de infração ambiental: funcionários de órgãos

ambientais integrantes do SISNAMA designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha;

e)​ ​Elenco das sanções administrativas I – advertência;

II – multa simples; III – multa diária;

IV – apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;

V – destruição ou inutilização do produto;

VI – suspensão de venda e fabricação do produto; VII – embargo de obra ou atividade;

VIII – demolição de obra;

IX – suspensão parcial ou total de atividade; X – restrição de direitos.

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f) Prazos prescricionais: prazo prescricional de 5 anos ​para a ação da Administração objetivando apurar a prática de infrações administrativas ambientais, contados da data do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que esta tiver cessado. Já a prescrição intercorrente incidirá no procedimento de apuração do auto de infração quando este ficar paralisado por mais de 3 anos pendente de julgamento ou despacho. Nesse caso, os autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional e da reparação dos danos ambientais.

10.

DANO

AMBIENTAL

E

TEORIA

OBJETIVA

DA

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

DANO AMBIENTAL

CLASSIFICAÇÃO DE DANO AMBIENTAL

a) Dano Ambiental, em sentido amplo: é aquele que atinge o meio ambiente e todos que

dele usufruem;

b) Dano Ambiental Individual/Reflexo/Ricochete: é aquele que atinge particularmente uma

pessoa, atingindo a saúde ou a esfera econômica;

c) Dano Patrimonial: é a perda ou a deterioração dos bens da vítima;

d) Dano Extrapatrimonial/Moral Ambiental: é o dano emocional, psicológico, que a lesão

ambiental causou à vítima, podendo, em certos casos, ser presumido (​in re ipsa​).

OBSERVAÇÃO: ​Dano Moral Coletivo → a terceira turma do STJ admitiu o dano moral coletivo nas relações de consumo (direito do consumidor).

(26)

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REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL

Há 2 modalidades, sendo que elas não estão em pé de igualdade. São estas:

a) Reparação In Natura/Em Espécie: é reparar o dano causado ao próprio meio ambiente. Essa será a primeira alternativa a ser concretizada;

b) Reparação Pecuniária: caso não seja possível reparar a área onde ocorreu o dano

ambiental, então far-se-á a reparação pecuniária.

Ação Civil Pública: o objeto da ação civil pública é a condenação em dinheiro ​ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. O ​STJ tem admitido a cumulação de

pedidos em ação civil pública​, podendo ser tanto a obrigação de fazer e a condenação em

dinheiro.

Importante ressaltar que a ação ​civil de reparação de danos ambientais é IMPRESCRITÍVEL. Não confunda com as infrações penais e administrativas, que são prescritíveis.

a) Responsabilidade civil ambiental: é a obrigação que alguém tem de reparar os

danos ambientais causados.

● Fundamento: está no art. 14, § 1º, da lei n. 6.938/81, e o fundamento constitucional no art. 225, § 3º, da CF;

● Natureza objetiva e solidária: a responsabilização pelos danos ambientais, além de

solidária, é objetiva, bastando a comprovação do dano e do nexo de causalidade. Não confunda com a responsabilidade penal e administrativa, as quais são de natureza subjetiva;

● Reparação específica (in natura): a reparação de danos deve ser específica, buscando

reverter a situação ao ​statu quo ante​, o que não impede, todavia, que danos materiais e morais resultantes da lesão sejam também exigidos;

● Indenização: a indenização dos danos ambientais somente deve ser pleiteada e

admitida se a reparação específica for tecnicamente impossível ou desaconselhável por inviabilidade técnica.

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b) Elementos necessários para a responsabilização civil: no sistema de

responsabilidade objetiva, os elementos são: conduta/atividade, dano e nexo de causalidade.

● Responsáveis – poluidores: entende-se por poluidor toda pessoa física ou jurídica, de

direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;

● Desconsideração da personalidade jurídica: poderá ser desconsiderada a pessoa

jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. Adota-se, portanto, a teoria menor;

● Danos: os danos ambientais, quer derivados de atividade lícita, quer derivados de

atividade ilícita, são indenizáveis, inclusive os danos individuais;

● Imprescritibilidade – a pretensão reparatória ambiental de caráter coletivo é

imprescritível (nesse sentido: doutrina e jurisprudência do STJ);

● Nexo de causalidade: é aferido de maneira objetiva, bastando que se demonstre que o

dano resultou da atividade desenvolvida, não comportando causas excludentes de ilicitude. Adota-se, portanto, a teoria do risco integral, que não admite excludentes para fins de afastar a responsabilidade civil. Desse modo, o caso fortuito, força maior e fato de terceiro não afastam o dever de indenizar, sendo a atividade causa eficiente para tanto;

● Desconsideração da personalidade jurídica: poderá ser desconsiderada a pessoa

jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. Adota-se, portanto, a teoria menor;

● Imprescritibilidade: a pretensão reparatória ambiental de caráter coletivo é

imprescritível (nesse sentido: doutrina e jurisprudência do STJ).

11. TUTELA PRÉ-PROCESSUAL

O meio ambiente, enquanto bem difuso, é objeto cuja tutela interessa a toda a coletividade, que a exerce por intermédio dos legitimados à propositura das diversas ações coletivas. Nesse sentido, todo o microssistema processual coletivo tem total serventia na busca pela máxima efetividade da tutela ambiental. Ademais, os mecanismos extraprocessuais típicos das demandas coletivas também encontram lugar na proteção ambiental. Dentre eles, destaca-se o Termo de Ajustamento de Conduta, a ser celebrado por órgãos públicos.

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APOSTILA    Direito Ambiental | 5ª ed.

Através do TAC, é possível uma composição extrajudicial, por meio da qual são fixados os meios que o particular ou o Poder Público deverão manejar com o intento de cumprir seus respectivos papéis no seio da política ambiental. Ganha-se celeridade, eficiência e menor conflituosidade.

Acerca do TAC, seguem algumas observações, a começar pela sua distinção em relação ao Termo de Compromisso. Este busca alcançar, extrajudicialmente, a concordância do infrator às normas ambientais, ou seja, em adequar-se às exigências impostas pelas autoridades ambientais competentes. Tanto o Termo de Compromisso quanto o TAC possuem a natureza jurídica de título executivo extrajudicial, pela disposição do art. 79-A da lei nº 9.605/98 e art. 784, XII do Novo CPC.

Quadro Comparativo: TAC x Termo de Compromisso

Características TAC Termo de Compromisso

Fundamento Art. 5º, § 6º da Lei nº 7.347/85 Art. 79-A da lei nº 9.605/98 (MP 2163- 412001)

Partes Mesmos legitimados para o

ajuizamento da ACP (art. 5ª, caput da Lei nº 7.347/85)

Integrantes do SISNAMA

Prazo Avaliado caso a caso 90 dias a 3 anos, com

possibilidade de prorrogação Provocação Os legitimados da ACP ou o infrator,

no exercício do direito de petição (art. 5º XXXIV, letra a da CRFB)

Os integrantes do SISNAMA ou o infrator (art. 79-A, §2º da lei nº 9.605/98)

Quanto ao TAC, algumas observações relevantes:

a)​ ​Previsão legal: art. 5º, §6º, da lei n. 7.347/85;

b) Natureza jurídica: o TAC tem natureza bilateral e consensual (o infrator se submete às imposições para recomposição ambiental e o legitimado ativo apenas abre mão de ajuizar a ação, além de respeitar o conteúdo do ajuste) e tem eficácia de título executivo extrajudicial;

(29)

APOSTILA    Direito Ambiental | 5ª ed. c) Objeto: o objeto do ajuste não é o meio ambiente (que é indisponível), mas as condições de modo, tempo e lugar do cumprimento da obrigação de recuperar integralmente o meio ambiente;

d)Características:

● é tomado por termo por um dos órgãos públicos legitimados à ação civil pública. Nesse aspecto, note que as pessoas jurídicas de direito privado aptas a mover ação civil pública (ex: associações) não estão autorizadas a formular TAC, mas tão somente os órgãos públicos (ex: Ministério Público e Defensoria Pública);

● não há concessões de direito material, devendo o causador do dano assumir obrigações de fazer e/ou não fazer, sob cominações pactuadas. Em outros termos, não cabe transigir acerca da proteção ambiental, mas elaborar maneiras de sanar ou evitar danos e infringências à legislação;

● as obrigações devem ser líquidas (obrigação certa quanto à existência e determinada quanto ao objeto);

● gera título executivo extrajudicial;

● trata-se de garantia mínima (se outro colegitimado não aceitar o TAC formalizado extrajudicialmente, poderá buscar a via judicial, bem como firmar outro TAC, se for órgão público).

e) Transação judicial: é admissível a celebração de ajuste nos autos de ação civil

pública ou coletiva. Ocorrendo homologação em juízo, tecnicamente, teremos um título executivo judicial (art. 515, III, do Novo CPC).

12. TUTELA PROCESSUAL DO MEIO AMBIENTE

AÇÕES INDIVIDUAIS

Com base na Teoria do Risco Integral, a obrigação de indenizar os prejuízos causados pelo dano ambiental independem da demonstração de culpa, ainda que o postulante seja uma pessoa física em demanda individual.

Além disso, a responsabilidade desses danos é solidária, sendo a obrigação de indenizar não apenas para aquele que causa o dano diretamente, mas também para aquele

(30)

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AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL (ACP)

A Ação Civil Pública é um dos mais importantes instrumentos processuais utilizados na tutela do meio ambiente. Através dela, um legitimado coletivo pode buscar em juízo a tutela de um bem difuso, como é o caso do meio ambiente e, com um único processo, obter soluções que podem beneficiar todo o país. Para melhor compreender esse mecanismo tão relevante, seguem algumas de suas características legais.

a)​ ​Previsão: tem previsão na lei n. 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública);

b) Objeto: embora o art. 3º da LACP preveja somente provimento condenatório

(condenação em dinheiro ou cumprimento de obrigações de fazer ou não fazer), o espectro foi ampliado pelo art. 83 da lei n. 8.078/90, que permite qualquer espécie de ação para a tutela de interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos (ações de conhecimento ou de execução, cautelares ou mandamentais etc.), dispositivo esse aplicado à LACP por força dos arts. 90 do CDC e 21 da LACP;

c) Legitimação ativa: são legitimados o Ministério Público, a Defensoria Pública, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, as autarquias, as empresas públicas, as fundações e as sociedades de economia mista, e as associações (para estas exige-se representatividade adequada, ou seja, devem possuir, concomitantemente: pertinência temática – finalidade institucional compatível com a defesa judicial do meio ambiente; pré-constituição – constituição legal há pelo menos 1 ano, salvo se ocorrer dispensa pelo juiz, nos termos do art. 5º, §4º, diante do manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico protegido), sendo a legitimação concorrente e disjuntiva (todos podem promover a demanda, ou seja, agir isoladamente, não se exigindo anuência ou autorização dos demais, tampouco comparecimento em litisconsórcio);

d) Legitimação passiva: a ACP pode ser proposta contra o responsável direto, o

responsável indireto ou contra ambos (responsabilidade solidária);

e) Competência: o art. 2º da LACP dispõe que “as ações previstas nesta Lei serão

propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa”. Se o dano atingir mais de uma localidade, aplica-se o princípio da prevenção (será competente o juiz que despachou em primeiro lugar, se as ações tramitam na mesma Comarca e, se tramitam em Comarcas diferentes, o critério será pela citação válida);

(31)

APOSTILA    Direito Ambiental | 5ª ed.

● Conforme o parágrafo único, “a propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriores intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto”;

● Tratando-se de danos de alcance regional, será competente a justiça “do foro da Capital do Estado ou do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente”.

f) Coisa julgada: o art. 16 da LACP restringiu o alcance da coisa julgada aos limites territoriais do juiz prolator, ao assinalar que “a sentença civil fará coisa julgada ​erga omnes​, nos limites da competência territorial do juiz prolator”. Cumpre observar, porém, que o dispositivo é equivocado, na medida em que confunde limites da coisa julgada (limites subjetivos) e competência territorial. A melhor compreensão é no sentido de que os efeitos da decisão se irradiam por toda a extensão territorial influenciada pelo dano combatido. Além disso, merece ser analisado em cotejo com o sistema do CDC, que tem disciplina no art. 103, dispositivo aplicado não somente à defesa coletiva dos consumidores, mas também a toda tutela judicial de interesses transindividuais, inclusive em matéria ambiental. Cuidado, porém, com as questões subjetivas, que podem exigir a redação literal dos dispositivos legais, como o art. 16 da LACP.

Por fim, é importante frisar que, antes da propositura da ACP, é possível (mas não obrigatório) que o Ministério Público promova um Inquérito Civil. Trata-se de um procedimento investigativo que somente o Ministério Público tem aptidão para desenvolver, por meio do qual se buscar o esclarecimento de fatos e a obtenção de provas que servirão de lastro para a ação civil pública.

AÇÃO POPULAR AMBIENTAL CONSTITUCIONAL

A Ação Popular está prevista no art. 5º, LXXIII, da CF (“qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”).

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passivos a pessoa jurídica, a autoridade responsável e os beneficiários do ato lesivo, exigindo-se, para a sua propositura, tão somente a lesividade ao meio ambiente.

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO AMBIENTAL

A CF, no art. 5º, LXX, prevê o mandado de segurança coletivo como instrumento processual passível de ser ajuizado por partido político com representação no Congresso Nacional, organização sindical, entidade de classe e associação legalmente constituída há mais de 1 ano, destinado à defesa dos filiados do partido, do sindicato, da entidade de classe ou da associação. Todavia, como a regra constitucional não menciona a natureza do direito tutelado, entende-se que o MSCA pode ser manejado para tutelar direito difuso, ligado ao meio ambiente, desde que caracterizado pela prova pré-constituída, sendo o fato, portanto, líquido e certo.

MANDADO DE INJUNÇÃO AMBIENTAL

A CF, no art. 5º, LXXI, prevê a concessão de mandado de injunção “sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”, daí ser cabível o MIA para tutelar o meio ambiente, que é um direito subjetivo constitucional, bem difuso de toda a coletividade e essencial para a sadia qualidade de vida.

Assim, o MIA é admissível toda vez que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais, entre eles os direitos difusos, coletivos e individuais, quando previstos em normas de eficácia limitada.

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13. TUTELA PENAL DO MEIO AMBIENTE

NORMA PENAL AMBIENTAL

Considerando o alto grau de proteção conferido pela Constituição Federal ao Meio Ambiente, enquanto bem jurídico, é possível dela se extrair um mandado de criminalização de condutas lesivas ao meio ambiente. Nesse sentido, a lei. 9.605 trata da tutela penal do meio ambiente, fixando especificidades e tipos penais diversos. Recomenda-se ao aluno a leitura dessa lei com ênfase, porém, nos tipos de pena aplicáveis à pessoa física e jurídica, bem como nas especificidades dos demais institutos penais, como sursis.

Nessa lei, muitos tipos penais ambientais são normas penais em branco, cuja descrição típica mostra-se incompleta, lacunosa, indeterminada, necessitando de complemento de outra disposição legal, em regra, de cunho extrapenal, sendo a parte integradora necessária e indispensável para a tipicidade.

COMPETÊNCIA

A competência dos crimes ambientais, via de regra, é da Justiça Estadual. Portanto, somente havendo interesse direto da União, de suas autarquias ou de empresas públicas federais, é que a competência se desloca para a Justiça Federal, a exemplo do que ocorre com um dano ambiental cuja repercussão se alastra por territórios de mais de um estado ou atinge rio federal. Frise-se que, segundo a jurisprudência do STJ, o fato de atingir rio federal não atrai a competência federal se a lesão for de pequena monta, sem repercussão interestadual.

CONCURSO DE AGENTES E OMISSÃO PENALMENTE RELEVANTE

O art. 2º da lei n. 9.605/98, na primeira parte, reproduz o art. 29 do CP; na segunda parte, complementa o art. 13, §2º, a, do CP, atribuindo ao dirigente da pessoa jurídica, especialmente aos que ocupam cargo de direção, a obrigação de impedir a prática criminosa, quando poderia evitá-la, levando-o a responder pelo delito de se omitir a respeito (crime comissivo por omissão).

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RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA

A responsabilidade penal da pessoa jurídica é um instituto inovador e muito peculiar ao direito penal ambiental. Surgiu diante da dificuldade de responsabilização de agentes que faziam parte de grandes corporações, cuja organização tinha uma complexidade tal que dificultava a individualização de condutas.

Embora haja debate doutrinário a respeito, o STF já se pronunciou admitindo essa forma de repressão. Hoje, é pacífico o entendimento a respeito da possibilidade de responsabilização penal da pessoa jurídica, de forma independente da responsabilidade dos sócios. Portanto, não interessa se os sócios responsáveis foram identificados, absolvidos ou condenados.

Vale frisar, porém, os requisitos legais para que seja possível a responsabilidade penal da pessoa jurídica, quais sejam:

a) Decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado; b) Decisão no interesse ou benefício da sua entidade.

Por fim, cumpre frisar as penas aplicáveis à pessoa jurídica: a) multa;

b) restritivas de direitos;

c) prestação de serviços à comunidade.

As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: I - suspensão parcial ou total de atividades;

II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;

III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações, por até 10 anos.

Vale ressaltar que também é possível a liquidação forçada, caso a pessoa jurídica tenha sido criada especialmente para o fim de causar danos ambientais.

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APLICAÇÃO DA PENA

Atendendo ao princípio da individualização da pena, o juiz aplicará a pena pelo sistema trifásico, e levará em conta, para fixação da pena-base, as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP e o art. 6º da lei n. 9.605/98, que traz condicionantes próprias para tanto, que merecem ser memorizadas:

I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente;

II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;

III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS APLICÁVEIS ÀS PESSOAS FÍSICAS

Os arts. 7º a 13 da lei n. 9.605/98 enunciam as penas restritivas de direitos aplicáveis às pessoas físicas e os requisitos.

a) Requisitos: o art. 7º diz que as penas restritivas de direitos são autônomas e

substituem as penas privativas de liberdade quando:

● tratar-se de crime culposo ou, se doloso, a pena privativa de liberdade for inferior a 4 anos;

● a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime, indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.

b) Elenco das penas restritivas de direitos: prestação de serviços à comunidade;

interdição temporária de direitos; suspensão parcial ou total de atividades; prestação pecuniária; recolhimento domiciliar.

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SURSIS AMBIENTAL

O sursis ambiental é possível para condenação a pena privativa de liberdade não superior a 3 anos. As condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se à proteção ao meio ambiente.

MULTA

A pena de multa deve ser calculada segundo os critérios do Código Penal, com uma diferença: se a multa se mostrar ineficaz, ainda que aplicada no máximo, “poderá ser aumentada até 3 vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida”, ou seja, estabelece outro parâmetro a permitir que a pena, já aplicada no máximo, seja triplicada no caso da vantagem econômica auferida pelo agente com a prática do crime ambiental.

PERÍCIA

A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa.

A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório.

SENTENÇA CONDENATÓRIA

A sentença penal condenatória fixará, sempre que possível, o valor mínimo para a reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado, sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido.

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