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AVALIAÇÃO DA FILTRAÇÃO LENTA EM LEITO DE AREIA E CARVÃO ATIVADO GRANULAR E DA PRÉ-OZONIZAÇÃO NA REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÃNICA, MICRORGANISMOS E ATRAZINA

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1 AVALIAÇÃO DA FILTRAÇÃO LENTA EM LEITO DE AREIA E CARVÃO ATIVADO

GRANULAR E DA PRÉ-OZONIZAÇÃO NA REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÃNICA, MICRORGANISMOS E ATRAZINA

Edumar Ramos Cabral Coelho

Doutoranda em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP) – Professora do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal do Espírito Santo

Luiz Di Bernardo (*)

Professor Titular da Escola de Engenharia de São Carlos – USO – São Paulo

(*) Departamento de Hidráulica e Saneamento; Escola de Engenharia de São Carlos – USP

Av. Trabalhador São-Carlense , nº 400; CEP:13566-570, São Carlos – SP; Fone 016-2739528, FAX:016-2739550 E-mail:Bernardo@sc.usp.br

RESUMO

Os constituintes orgânicos que estão presentes em águas de abastecimento são oriundos de fontes naturais e antropogênicas. Dentre os compostos de origem antropogênica os herbicidas são encontrados na natureza em concentrações pequenas, são persistentes na natureza e no organismo humano. A atrazina é um herbicida bastante utilizado nas culturas de milho e controle de ervas daninhas, sendo detectada em solos e águas de mananciais superficiais e subterrâneos. Os processos de tratamento chamados convencionais não produzem efluente com baixo conteúdo orgânico podendo comprometer a saúde pública.

Para atender as legislações mais restritivas com relação à redução do conteúdo orgânico para águas de abastecimento tratamentos alternativos como filtração lenta, filtração em leito de carvão ativado granular, filtração em membranas e oxidação ou a combinação destes tem sido propostos. No presente trabalho foram utilizadas unidades de filtração lenta com camada de areia e camada intermediária de carvão ativado granular precedida ou não de pré-ozonização para avaliar a remoção do conteúdo orgânico presente em um dos mananciais abastecedores da cidade de São Carlos, SP, Brasil.

O conteúdo orgânico foi avaliado pelos seguintes parâmetros: absorvância, cor verdadeira, oxigênio consumido, carbono orgânico dissolvido não purgável, microrganismos e atrazina. As unidades de filtração lenta eram precedidas de unidades de pré-filtração, dentro do processo de Filtração em Múltiplas Etapas. A dose de ozônio consumida variou de 0,9 a 3,8 mg/L e a aplicação do ozônio era feita em coluna de ozonização. Foram realizadas duas carreiras de filtração. Na carreira A, não foi utilizado pré-oxidação e o filtro lento com camada intermediária de carvão ativado granular apresentou efluente mais estável com relação ao conteúdo orgânico medido.

Para redução de atrazina a filtração lenta com camada de areia não foi efetiva e o filtro lento com camada intermediária de carvão ativado granular apresentou efluente com concentração inferior a 2,0 ug/L Na carreira B, quando a pré-ozonização foi utilizada os efluentes das duas unidades filtrantes foram estatisticamente semelhantes com relação à absorvância, cor verdadeira, carbono orgânico dissolvido não purgável e oxigênio consumido. O filtro lento com leito de areia apresentou efluente com concentração de atrazina inferior a 2,0 µg/L quando no afluente ozonizado a concentração de atrazina era inferior a 7,9 ug/L, para dosagem de ozônio consumida superior a 2,0 mg/L. O filtro lento de areia com camada intermediária de carvão ativado granular apresentou efluente com concentração de atrazina inferior a 0,1 µg/L para dosagem de ozônio consumida superior a 0,9 mg/L.

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INTRODUÇÃO

Dependendo das características do manancial utilizado, os processos de tratamento de água, incluindo coagulação química, filtração rápida e filtração lenta, podem produzir efluente que não atenda o padrão de potabilidade, principalmente no que diz respeito ao conteúdo orgânico (LAMBERT e GRAHAM, 1995). Alguns métodos e processos de tratamento têm sido propostos com a finalidade de reduzir a concentração de matéria orgânica da água, tais como: filtração em carvão ativado granular, membranas, processos biológicos, oxidação e a combinação destes. A pré-ozonização e a utilização de uma camada intermediária de carvão ativado granular nos filtros lentos de areia é uma combinação de processos que pode melhorar a qualidade do efluente dos filtros lentos com relação à remoção da matéria orgânica, incluindo os pesticidas como a atrazina. (MILTNER et al 1989; DI BERNARDO, 1993; MILTNER; et al 1992, BELTRAN et al, 1994; CABLE e JONES, 1996; YORDANOV et al, 1996; ODEGARD, 1996, BAUER et al, 1996; WOUDNEH et al, 1996; WANG e ALBEN, 1998; COELHO et al., 2001).

A filtração lenta tem se mostrado efetiva na redução de alguns pesticidas como mercoprop e MCPA (4-Cloro-2methyl-phenoxyacetic acid), atingindo 100 por cento para concentrações iniciais de 1 µg/L, mas a mesma eficiência não foi observada com relação a atrazina (LAMBERT e GRAHAM, 1995; WOUDNEH et al., 1996). A literatura referente à remoção de atrazina em filtros de CAG funcionando como adsorvedores ou como filtros biológicos (inoculados com microrganismos ou não) ainda não está estabelecida e a comparação de trabalhos científicos é bastante difícil devido às condições de operação, qualidade do afluente, concentração inicial e final de atrazina , características do carvão ativado granular utilizado, características hidráulicas distintas, nem sempre divulgadas nestes trabalhos. Dentre os pesticidas utilizados no Brasil, a atrazina é bastante comercializada, liberada pelo Ministério da Agricultura. Encontra-se enquadrada na classe toxicológica III e é utilizada principalmente no controle de ervas daninhas nas culturas de milho, cana-de-açúcar, abacaxi, sorgo e banana, não havendo restrições de aplicação em solos arenosos (COMPÊNDIO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS, 1987). Na região de São Carlos, SP, a atrazina é utilizada principalmente na cultura de cana-de-açúcar, sendo comercializada, com o nome de Gesaprim 500, embora não se tenha notícias de levantamento da sua presença nos rios e lagos da região. Nos Estados Unidos da América e Europa, a atrazina tem sido encontrada em corpos de água com concentração variando de 2,9 a 89 µg/L. (MILTNER et al. (1989). A atrazina (2-cloro-4-etilodiamino-6-isopropilamino-triazina) é um herbicida da classe das s-triazinas. É classificada pela USEPA (U.S. Environmental Protection Agency) como sendo de possível potencial carcinogênico para o homem e é caracterizada pela sua abrangente aplicação, relativa resistência à oxidação e alta persistência em diferentes ambientes aquáticos. A Figura 1 apresenta a estrutura molecular, nome comum, nome químico e fórmula química da atrazina.

N N N Cl NHCH(CH3)2 CH3CH2HN Atrazina C8H14ClN5 2-cloro-4-etilamino-6-isopropilamino-s-triazina

FIGURA 1. Estrutura molecular, nome comum, nome químico e fórmula química da atrazina (SMITH et al 1982)

No Brasil, o Padrão de Potabilidade (Portaria N°1469, de 29 de dezembro de 2000) estabelece o valor máximo de 2 µg/L para a atrazina. Na Europa, o Drinking Water Directive (80/778/EEC, 1989) inclui um limite individual de 0,1µg/L para pesticidas (incluindo atrazina), e o mesmo limite foi incorporado Water Quality-Regulations N° 1147, de 1989 no Reino Unido. A USEPA (United States Environmental Protection

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Agency) estabelece um valor máximo de 3 µg/L para a atrazina, e sugere o carvão ativado granular (CAG) como melhor alternativa tecnológica na sua remoção.

Considerando as limitações da filtração lenta na remoção de compostos orgânicos, mas levando em conta, a possibilidade de adsorção e degradação biológica da atrazina e a importância sanitária de redução do conteúdo desse agro-químico na água de abastecimento por seus efeitos na saúde pública, foi realizado o presente trabalho em filtro lento com camada única de areia e em filtro lento de areia com camada intermediária de carvão ativado precedida ou não de ozonização para avaliar a redução de conteúdo orgânico, microrganismos e atrazina.

MATERIAIS E MÉTODOS Características da Instalação Piloto

O filtro lento de camada única de areia (FLA) e o filtro lento de camada intermediária de carvão ativado

granular (FLA-CAG) fazem parte de uma instalação piloto de Filtração em Múltiplas Etapas. Os filtros lentos são precedidos de duas unidades de pré-tratamento, um pré-filtro dinâmico (PFD) e um pré-filtro vertical de escoamento ascendente (PFVA). As características das unidades filtrantes são descritas na Tabela 2, e o esquema da instalação piloto pode ser visualizado na Figura 2. A água afluente ao sistema é proveniente de uma das adutora de água bruta do sistema de abastecimento da cidade de São Carlos, SP. A atrazina, em solução, foi adicionada á montante dos filtros lentos, uma vez que não está presente no afluente. No presente trabalho foram apresentados resultados de duas carreiras de filtração. Na Carreira A foi avaliada a redução de constituintes orgânicos, microrganismos e atrazina nas duas unidades de filtração lenta sem utilização da pré-ozonização. Na Carreira B foi avaliada a redução de matéria orgânica, microrganismos e atrazina considerando a pré-oxidação com ozônio. O esquema da instalação piloto pode ser visualizado na Figura 2. Antes do início da Carreira A, o sistema já havia funcionado continuamente por 179 dias com água natural sem adição de atrazina e teve duração de 94 dias. No início da carreira B, o sistema havia funcionado continuamente por 258 dias com adição de atrazina e teve duração 72 dias.

TABELA 1. Características dos meios granulares e taxas de filtração

CARACTERÍSTICAS DAS UNIDADES GRANULOMETRIA (mm) /

(ESPESSURA (m)

PRÉ-FILTRO DINÂMICO – (PFD): taxa de filtração: 18m/dia 6,4-12,7/(0,25); 12,7-19,0/(0,25); 15,9-25,4/ (0,4)

PRE-FILTRO VERTICAL DE FLUXO ASCENDENTE –

(PFVA): taxa de filtração de 12 m/dia 1,41-3,20/(0,4); 3,2-6,4/(0,4); 9,6-25,0/(0,4); 19,0-25,4/(0,4); 31,4-50,0/(0,5) FILTRO LENTO DE AREIA - FLA: taxa de filtração: 3 m/dia;

camada de areia (tamanho efetivo: 0,20-0,25mm;coeficiente desuniformidade: 2-3

0,08-1,0/(0,7); 1.41-2,0/(0,1);

3,2-6,4/(0,1); 7,9-12,7/(0,1); 15,9-25,4/(0,15); 31,4-50,0/(0,3)

FILTRO LENTO DE AREIA COM CAMADA INTERMEDIÁRIA DE CARVÃO ATIVADO GRANULAR – FLA-CAG: taxa de filtração: 3 m/dia; camada de areia (tamanho efetivo: 0,20-0,25mm;coeficiente desuniformidade: 2-3; camada intermediária de carvão ativado (número de iodo superior a 400 mg/g e espessura da camada de 30 cm e granulometria entre

0,08-1,0/(0,7); 0,3-0,84/(0,3-carvão ativado granular); 1,41-2,4 (0,1); 3,2-6,4 (0,1); 7,9-12,7 (0,1); 15,90-25,4 (0,15); 31,4-50,0/(0,3)

Materiais, Reagentes Analíticos, Formulação, Parâmetros de Controle e Extração de Atrazina

Foram utilizados acetato de etila, hexano e metanol, com grau de pureza HPLC (99,9%), da Mallinckrodt. A atrazina (2-chloro-4-ethylamino-6-isopropylamino-1,3,5-triazine), para preparação dos padrões para obtenção da curva analítica foi obtida do Labor Dr. Ehrenstorfer, Augsburg, Germany. A formulação foi obtida junto a

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Ciba-Geyg, com o nome comercial de Gesaprim. As colunas para extração de atrazina da água, C18 (octadecyl-500mg) com volume de 6 mL foram obtidas da Supelco.

Os parâmetros utilizados para monitorar e medir a qualidade da água com relação ao conteúdo orgânico foram: cor verdadeira (CV), absorvância-UV 254 nm, oxigênio consumido (OC) e carbono orgânico dissolvido não purgável (CODNP). As amostras utilizadas para medida de absorvância e CODNP foram filtradas em membrana de 0,45 µm ME-25 – SS. As amostras para medida de CV foram centrifugadas a 3500 rpm durante 30 min. A metodologia para análises e exames dos parâmetros mencionados está descrita em Standard Metidos for He Examination of Water and Wastewater, APHA (1998). A atrazina foi quantificada por meio da cromatografia gasosa com detector- ECD na Carreira A e cromatografia líquida com detector de UV na Carreira B, após extração em fase sólida utilizando colunas LC-18 e posterior eluição com acetato de etila na carreira A e metanol na Carreira B. As curvas analíticas foram traçadas a partir de padrão do herbicida atrazina. A formulação utilizada na preparação da solução adicionada ao sistema foi o Gesaprim, da Ciba-Geigy.

As colunas LC-18 foram condicionadas pela passagem de metanol pelas mesmas com volume igual a duas vezes o volume da coluna, seguida pela passagem de água deionizada com igual volume. Após o condicionamento das colunas, um volume de 250 a 500 mL de amostra foi passado pelas colunas por meio de um sistema de manifold á vácuo, com vazão de 8 a 10 mL/min. Finalmente, as colunas foram secadas no vácuo por 5 min. A eluição do analito retido foi feita com um volume de 5 mL de metanol, para posterior injeção em cromatógrafo.

Pré-Oxidação com Ozônio

O sistema de ozonização era constituído de unidade geradora de ozônio com capacidade de produção de ozônio de 2 g/h. A aplicação do ozônio era feita em contra-corrente em uma coluna de acrílico com diâmetro de 100 mm, altura total de 4,5 m e altura de água de 4,0 m. A dosagem de ozônio consumida era determinada pela diferença entre a concentração de ozônio na fase gasosa,medida por meio de um equipamento de UV (AfxInstrumentation-In USA Incorporated – modelo HIS) e a de ozônio residual pelo método amperométrico (DulcometerProminet – modelo OZS 05K2) e “off-gas” pelo método iodométrico (IOA, 1987). caixa de mistura 5555 7 COLUNA DE OZONIZAÇÃO caixa 2 caixa 2 caixa 3 A atraz ina caixa 4 PFVA PFD caixa 2 caixa 1 Reservatório água bruta

Adutor de água bruta

PFD - pré-filtro dinâmico PFVA - pré-filtro vertical ascendente

A - atrazina Instalação elevatória areia carvão ativado areia areia oz oniz ador

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Carreira A (sem a utilização da pré-oxidação com ozônio), verificou-se que 85 % dos resultados da concentração de CODNP no efluente do FLA-CAG resultaram inferiores a 1 mg/L; no FLA, somente 43 % dos resultados de CODNP foram inferiores a 1 mg/L. Com relação à cor verdadeira, observou-se redução de 26 a 80 % no FLA, enquanto no FLA-CAG, foram observados valores de até 94 %. Cerca de 83 % dos valores do teor de oxigênio consumido no efluente do FLA resultaram inferiores a 1 mg/L, enquanto, no FLA-CAG, 100 % dos resultados de oxigênio consumido foram inferiores a 1 mg/L. A remoção de absorvância a 254 nm no FLA variou de 10 a 89 % e no FLA-CAG, entre 38 e 98 por cento. Com a análise dos dados, segundo tratamento estatístico utilizado - Análise de Variância de Classificação Dupla (CHRISTMANN, 1978), verificou-se que, com relação aos valores medidos de absorvância, cor verdadeira, oxigênio consumido e carbono orgânico dissolvido não purgável, o efluente do FLA-CAG apresentou características melhores que o FLA. Praticamente 100 % dos resultados do NMP de coliformes totais foram inferiores a 25/100mL em ambos filtros. A partir do 90 dia de operação, o efluente do FLA-CAG apresentou NMP de Escherichia Coli igual a zero, enquanto, no FLA, 100 % dos resultados foram inferiores a 5/100 m, com turbidez nos efluentes variando de 1,05 a 2,94 uT e afluente contendo de 98 a 520 NMP/100 de Escherichia Coli. Não houve diferença estatística com relação à remoção de coliformes totais e Escherichia Coli nos dois filtros. No FLA, a remoção de atrazina variou de valores negativos a 89 %, sem no entanto, terem sido observados valores da concentração desse agro-químico, inferiores a 2 µg/L. Por outro lado, no FLA-CAG, foram observados valores da concentração de atrazina inferiores a 2 µg/L quando o afluente era inferior a 19,6 µg/L até o 76º dia de operação. Após o 82º dia de operação, o efluente do FLA-CAG apresentou concentração de atrazina inferior a 2 µg/L para afluente com até 219 µg/L desse agro-químico, indicando que deve ter ocorrido adaptação dos microrganismos. O conteúdo orgânico presente no afluente não reduziu a capacidade de redução de atrazina. Este resultado difere do encontrado por WANG e ALBEN (1998) que verificaram diminuição da capacidade do carvão ativado granular na redução de atrazina Os parâmetros analisados podem ser visualizados nas Figuras 3 a 6 para absorvância, cor verdadeira, carbono orgânico dissolvido não purgável e oxigênio. Os resultados para atrazina podem ser visualizados na Figura 12.

0,0001 0,0010 0,0100 0,1000 1 5 8 12 15 16 19 22 23 30 37 44 51 58 65 75 Tempo de operação (d) A b so rv ân ci a U V -2 54 nm (c m-1 )

Afluente FLA-CAG FLA

FIGURA 3. Valores de absorvância do afluente aos filtros e efluentes dos filtros FLA e FLA-CAG (Carreira A) 0 5 10 15 20 25 30 35 40 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 Tempo de operação (d) C o r V erd ad ei ra ( u H )

Afluente FLA-CAG FLA

FIGURA 4. Valores de cor verdadeira do afluente

aos filtros e dos efluentes dos filtros FLA e FLA-CAG (Carreira A) 0 1 2 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Tempo de operação (d) C ar bono O rg ân ic o Di ss olv id o o Pu rg áv el ( m g /L

) Afluente FLA FLA-CAG

FIGURA 5. Valores de carbono orgânico dissolvido não purgável do afluente aos filtros e efluentes dos filtros FLA e FLA-CAG (Carreira A)

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 1 4 12 19 26 33 40 47 54 68 75 85 Tempo de operação (d) O xi g ên io C ons umi do (mg/ L)

Afluente FLA FL A-CAG

FIGURA 6. Valores de oxigênio consumido do afluente aos filtros e efluentes dos filtros FLA e FLA-CAG (Carreira A)

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Na Carreira B foi utilizada a pré-ozonização para avaliar a redução do conteúdo orgânico, dos microrganismos e da atrazina nos filtros lentos. A dosagem de ozônio consumida variou de 0,9 a 3,8 mg/L. A redução de absorvância no efluente pré-ozonizado variou de 1 a 32 por cento. Os efluentes da coluna de ozonização e dos filtros lentos apresentaram valores menores de absorvância, sendo as maiores reduções para dosagem de ozônio entre 2,7 e 3,8 mg/L; a redução de absorvância no FLA variou entre 16 e 51% e no FLA-CAG, entre 18 e 56 %.

Quanto ao carbono orgânico dissolvido, a sua redução na pré-oxidação foi inferior a 15 %; no FLA foi inferior a 29 % e, no FLA-CAG a redução variou entre 11 e 56 %. Cerca de 74 % dos resultados de cor verdadeira do efluente do FLA resultaram inferiores a 15 uH e, no efluente do FLA-CAG, 84 % dos valores foram inferiores a 15 uH. Com relação ao oxigênio consumido, a redução do efluente ozonizado variou de 19 a 61 %; no FLA, a redução de oxigênio consumido foi de 50 a 95 % e, no FLA-CAG, de 25 a 100 %. Estatisticamente, não houve diferença nas características dos efluentes das duas unidades filtrantes quando a ozonização foi utilizada. A alteração da matriz orgânica pelo ozônio propiciou redução maior no FLA, fazendo com que o efluente fosse semelhante ao FLA-CAG com relação ao conteúdo orgânico avaliado pela medida de absorvância, cor verdadeira, carbono orgânico dissolvido não purgável e oxigênio consumido. O consumo de ozônio variou de 0,9 a 3,08 mg/L e propiciou a eliminação dos microrganismos monitorados. Nos efluentes dos filtros lentos ocorreu um ligeiro acréscimo nas concentrações de microrganismos, mas 100 % das amostras apresentaram valores de coliformes totais inferiores a 5 NMP/100 mL e 100 % dos valores de Escherichia Coli inferiores a 1 NMP/100 mL.

A pré-oxidação na carreira B foi iniciada após o 32o dia de operação. Até este período, foi adicionada e quantificada a atrazina sem a aplicação de ozônio, no entanto, a camada de carvão ativado granular do FLA-CAG continuou reduzindo o conteúdo de atrazina para valores inferiores a 2 µg/L quando o afluente apresentava concentração inferior a 57 µg/L. Quanto à oxidação, foi de 3 mg/L a dosagem de ozônio que reduziu o conteúdo de atrazina para valores inferiores a 2,0 µg/L. O efluente do FLA-CAG apresentou valores inferiores a 0,1 µg/L de atrazina para dosagem de ozônio variando entre 0,9 a 3,8 mg//L. O FLA apresentou efluente com valores inferiores a 2,0 µg/L de atrazina quando a concentração de atrazina no afluente ozonizado era inferior a 7,47 µg/L. As Figuras 7 a 11 apresentam os valores medidos durante a carreira B.

0,01 0,10 33 42 47 51 58 63 68 71 Tempo de operação (d) A b so rv ân cia U V -254n m ( cm -1) 0,001 0,01 0,1 1 10 D o s e oz ôn io c o n s um id a (m g/ L) MC JC FLA FLA-CAG O3

FIGURA 7. Valores de absorvância no afluente aos filtros e efluentes dos filtros FLA e FLA-CAG Carreira B 0 1 2 3 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72 Tempo de operação (d) O xig ên io C ons um ido (mg/ L) 0,1 1 10 Dos e de oz ôni o co ns um id a ( m g/ L) PFVA JC FLA FLA-CAG O3

FIGURA 8. Valores de cor verdadeira do afluente aos filtros e efluentes dos filtros FLA e FLA-CAG – Carreira B

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0 1 2 3 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72 Tempo de operação (d)

Carbono Orgânico Dissolvido Não P

u rg ável (m g/ L) 0,1 1 10 D o se de ozôni o consum ida (m g/L) PFVA JC FLA FLA-CAG O3

FIGURA 9. Valores de carbono orgânico dissolvido não purgável do afluente aos filtros e efluentes dos filtros FLA e FLA-CAG - Carreira B

0 1 2 3 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72 Tempo de operação (d) O xi g ên io C ons umi do (mg/ L) 0,1 1 10 D os e de oz ôni o cons um id a (m g/ L) PFVA JC FLA FLA-CAG O3

FIGURA 10. Valores de cor verdadeira do afluente aos filtros e efluentes dos filtros FLA e FLA-CAG Carreira B 0,001 0,010,1 1 10 100 1000 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72 Tempo de operação (d) A tr azi na (ug/ L) 0,001 0,01 0,1 1 10 D o se de oz ôn io cons um id a ( m g /L) MC FLA FLA-CAG O3

FIGURA 11. Valores de atrazina do afluente aos filtros e efluentes dos filtros FLA e FLA-CAG – Carreira B 0,01 0,1 1 10 100 1000 14 18 25 33 35 63 68 76 82 91 93 94 Tempo de operação (d) A tr az in a (ug/ L)

PFVA FLA FLA-CAG

FIGURA 12. Valores de atrazina do afluente aos

filtros e efluentes dos filtros FLA e FLA-CAG – Carreira B

CONCLUSÕES

Quando não foi realizada a pré-oxidação com ozônio, o FLA-CAG produziu efluente com maior estabilidade biológica. A redução de microrganismos foi estatisticamente semelhante nos dois filtros lentos, os quais apresentaram 98 % dos valores medidos inferiores a 25 NMP/100 mL, para turbidez no efluente dos filtros entre 0,76 a 2,73 uT, indicando excelente qualidade microbiológica para cloração posterior.

Quando a concentração de atrazina no afluente ao sistema variou de 0,86 a 269,0 µg/L, o FLA não produziu efluente com concentração inferior a 2,0 µg/L. Até o 76º dia de operação, o FLA-CAG apresentou concentração de atrazina inferior a 2,0 µg/L quando a concentração no afluente era inferior a 19,0 µg/L; a partir do 82° dia, a concentração de atrazina no efluente foi inferior a 2,0 µg/L para afluente variando de 0,958 a 219,0µg/L, indicando uma adaptação dos microrganismos para remoção de atrazina. A atrazina continuou sendo removida após o carvão estar em uso contínuo por 255 dias indicando que não existia ainda necessidade de sua regeneração para redução do conteúdo de atrazina para valores inferiores a 2,0 µg/L. Na Carreira B, quando foi realizada a oxidação com ozônio para dosagem consumida variando de 0,9 a 3,8 mg/L, os efluentes dos filtros lentos não apresentaram diferença estatística na qualidade do conteúdo orgânico avaliado pela absorvância, cor verdadeira, carbono orgânico dissolvido não purgável e oxigênio consumido. O efluente pré-ozonizado e os efluentes dos filtros lentos apresentaram 100 % dos seus valores para coliformes totais inferiores ou iguais a 2 NMP/100mL e 100 % de valores menores ou iguais a 1 NMP/100mL para Echerichia Coli.

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A pré-oxidação contribuiu para a redução de atrazina no efluente do FLA para valores do afluente ozonizado inferiores a 7 µg/L, com dosagem de ozônio superior a 2 mg/L. O efluente do FLA-CAG reduziu o conteúdo de atrazina a valores inferiores a 0,1 µg/L para as condições de ozonização estudadas e atendeu o limite estabelecido pela USEPA de 0,1µg/L para atrazina.

Agradecimentos: os autores agradecem a FAPESP pelo auxílio à pesquisa concedido para realização deste trabalho (proc. N. 99/05408-9).

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Referências

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