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TECNOLOGIA E ENSINO DE LÍNGUA: FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EAD

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Academic year: 2021

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TECNOLOGIA E ENSINO DE LÍNGUA: FORMAÇÃO DO

PROFESSOR DE EAD

Niege da Rocha Guedes (UFRPE/UAG)

RESUMO

Neste trabalho, pretendo refletir sobre a formação do professor de EAD para a utilização do computador como ferramenta no ensino, observando se ele se considera apto para utilizá-lo adequadamente. Para estar preparado, é necessário que o professor seja formado tanto no aspecto computacional, de domínio do computador, quanto no aspecto da integração dessa ferramenta nas atividades curriculares. O computador, nesse caso, não deve apenas transmitir o conteúdo para o aluno, reproduzindo o método tradicional de ensino (VALENTE, 2002), mas auxiliar no processo de construção do conhecimento. Sendo assim, o professor de EAD deve estimular a aprendizagem, fazendo a transição entre a situação real de sala de aula para o ambiente virtual. Faz-se necessário, para isso, o suporte de uma equipe que forneça os conhecimentos necessários para o professor ser mais efetivo nesse papel. Palavras-chave: professor; tecnologia; EAD.

ABSTRACT:

This work aims at reflecting on the distance education teacher formation (DET) in the use of computers as a teaching tool by observing whether he/she considers him/herself adequately expert to use it. To be prepared, it is necessary the teacher be trained in the computational dominion as in the integrating aspect of such a tool in the curriculum activities. The computer, then, should not only transmit the content to students, as in the traditional teaching method (VALENTE, 2002), but help in the knowledge construction process. Thus, the distance education teacher should stimulate learning, making classroom real situation to virtual environment transition possible. It is necessary a supporting team that supplies the necessary knowledge in order the teacher to be more effective in this role. Key-words: teacher; technology; DET

O PROFESSOR E O USO DO COMPUTADOR NO ENSINO A DISTÂNCIA

Fala-se muito sobre o uso do computador e seus benefícios na escola. No caso do ensino a distância, ele é essencial, pois, sem ele, esse tipo de trabalho não se dá de forma tão interativa e dinâmica como pode ser hoje.

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Porém, é necessário que o uso desse instrumento seja feito de forma crítica. Para isso, é importante que o educador se posicione sempre com competência, tanto técnica, como também para a formação crítica de seus alunos.

Sendo assim, o computador deve representar um instrumento auxiliar do trabalho do professor e contribuir para uma melhoria na educação. É o que não acontece, dizem os pesquisadores que abordam essa questão.

Considerando que a educação deve ser vista não apenas por meio de conteúdo, mas, deve levar em consideração as formas que irão propiciar condições para que o educando possa ler, compreender, e posicionar-se diante das situações, além de contribuir para mudanças efetivas na sociedade, o computador deve ser uma ferramenta utilizada para desenvolver uma pedagogia que propicie essas condições para o crescimento intelectual do aluno.

Objetiva-se, então, neste trabalho fazer uma reflexão, quando se trata do ensino a distância, sobre a formação dos professores de EAD para lidar com o computador, de modo que todas as ferramentas disponíveis no ambiente possam ser exploradas, contribuindo para o desenvolvimento intelectual e crítico dos alunos. Para isso, entrevistei 10 professores de EAD da UPE de Garanhuns, por meio de questionário (em anexo). A pesquisa foi qualitativa.

O professor, muitas vezes, não se sente apto para trabalhar o letramento digital com o aluno, fundamental para a inserção do indivíduo numa “sociedade digital” e também não recebe formação para isso. Consequentemente, o aluno perde a oportunidade de participar ativamente não apenas no curso a distância, mas também do meio em que ele está inserido.

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É importante destacar que considero aqui letramento numa dimensão social, em que ele não só se refere à capacidade de ler, como apresenta Tavares (2009), mas inclui o uso dessas habilidades em práticas sociais, levando o indivíduo a refletir sobre a realidade e transformá-la.

No caso do letramento computacional, a autora afirma que este se refere não só ao uso do computador, mas abrange competências relacionadas a ler, entender, avaliar e interpretar textos visuais, incluindo imagens, desenhos e cores que representam acontecimentos, ideias e emoções (letramento visual), além da habilidade de acessar, avaliar e produzir textos usando os recursos de multimídia (letramento midiático) (TAVARES, 2009, p.142)

E acrescenta que esse mesmo letramento ainda requer a capacidade de selecionar uma informação importante, avaliá-la, usá-la adequadamente e difundi-la, aplicando-a a uma situação (letramento informacional). (TAVARES, 2009, p.142) Esse letramento, afirma Xavier (2005, p.133), “considera a necessidade de indivíduos dominarem um conjunto de habilidades mentais que devem ser trabalhadas com urgência pelas instituições de ensino, a fim de ajudar o mais rápido possível os alunos a exercer melhor a cidadania neste novo milênio cada vez mais cercado por máquinas eletrônicas”.

Como observamos, todos esses autores demonstram uma preocupação em trabalhar habilidades que levam os alunos a uma inserção na sociedade, mas é muito difícil trabalhar essas questões com os alunos, se os professores não estão aptos para tal. É importante ressaltar que a abordagem que usa o computador como meio para

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que perpassa pelo ensino. O que muda é o recurso em vez de livro de instrução, usa-se o computador. A máquina está sendo usada, nesse caso, para informatizar os processos de ensino existentes e de nada está contribuindo para o letramento digital, o que seria de se esperar num ensino mediado pelo computador.

De acordo com Valente (2002, p.02), a informática na educação “enfatiza o fato do professor da disciplina curricular ter conhecimento sobre os potenciais educacionais do computador e ser capaz de alternar adequadamente atividades tradicionais de ensino-aprendizagem e atividades que usam o computador”

Nesse processo, o papel do professor deixa de ser o de “entregador” de informação, para ser o facilitador na construção de aprendizagem e o aluno ativo aprendiz, construtor do seu conhecimento.

Valente (2002) afirma também que a análise dos diferentes usos do computador na educação levou à conclusão de que os usos que são mais semelhantes às práticas pedagógicas tradicionais são os menos efetivos para promover a compreensão do que o aprendiz faz.

Sabemos, porém, que o computador tanto pode se limitar a passar informações para o aprendiz, quanto auxiliar o processo de construção do conhecimento e de compreensão do que fazem. O uso do computador para auxiliar o aprendiz a realizar tarefas, sem compreender o que está fazendo, é uma mera informatização do atual processo pedagógico. Já a possibilidade que o computador oferece como ferramenta para ajudar o aprendiz a construir conhecimento e a compreender o que faz constitui uma verdadeira revolução no processo de aprendizagem e uma chance para transformar a sua realidade.

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Na escola, de um modo geral, o ensino tradicional e a informatização desse ensino são baseados na transmissão de informação. O professor e o computador detêm o conhecimento e o aluno é mero receptor. Isso não estimula a criticidade e a criatividade do indivíduo que a sociedade de conhecimento requer hoje. No caso do ensino a distância, será que o professor se considera apto para criar e inovar ou se limita a ser um mero transmissor do conhecimento via ambiente informatizado? O professor, que exerce um papel fundamental no processo de aprendizagem, necessita ser formado para assumir o papel de facilitador na construção de conhecimento do aluno e deixar de ser aquele que apenas “transmite” a informação para o aprendiz. Isso significa ser formado tanto no aspecto computacional, de domínio do computador quanto no aspecto da integração do computador nas atividades curriculares. Isso deve acontecer tanto nas aulas presenciais quanto no ensino a distância.

Sendo assim, o professor deve ter muito claro como usar o computador como ferramenta para estimular a aprendizagem. Esse conhecimento também deve ser construído pelo professor e acontece à medida em que ele usa o computador com seus alunos e tem o suporte de uma equipe que fornece os conhecimentos necessários para o professor ser mais efetivo nesse novo papel.

O QUE DIZEM OS PROFESSORES DE EAD

Com base nas respostas aos questionamentos realizados (anexo 1), podemos fazer algumas reflexões.

a) Com relação à primeira questão - Você acha que consegue interagir com

êxito, por meio do computador, nas atividades que você propõe aos seus alunos de ead? -, observamos que alguns professores disseram que

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um pequeno comentário no Fórum, que deveria ser um espaço de discussão, para receber uma nota. Há, também, dificuldade em utilizar estratégias pedagógicas, usadas nas aulas presenciais, em aulas de ead. O professor que conseguiu (em apenas 1 das 4 universidades que trabalhou com ead) uma melhor interação disse ter utilizado diversas ferramentas disponíveis no ambiente para, assim, obter uma participação mais efetiva do aluno. Isso nos leva a crer que o professor necessita, obviamente, saber lidar com as ferramentas disponíveis para melhor explorá-las e conseguir a colaboração dos alunos.

b) Na segunda questão - Você participou de alguma formação para a utilização do computador em ead? –, todos os professores falam que

sim, que participaram de uma capacitação sobre o sistema Moodle. Essa capacitação, porém, é muito precária, uma vez que não promove uma formação mais consistente sobre o sistema e suas ferramentas. O professor se limita a postar comentários e a corrigir atividades. É apenas isso que ele aprende na formação.

c) A partir das respostas dadas ao item 3 - Você se considera apto para

utilizar o computador como ferramenta no ensino de ead para estimular a aprendizagem do aluno, sendo capaz de fazer a transição entre a situação real de sala de aula para o ambiente virtual? -,

pudemos observar que, embora alguns professores respondam afirmativamente, em suas respostas, consta a preocupação em aperfeiçoar esse trabalho. Outros acham que, com a prática, ele se tornará mais apto para trabalhar adequadamente, e que ainda há muita dificuldade no processo porque o ensino através do meio virtual ainda é muito recente. Acrescento, porém, que, mesmo sendo recente, deveria haver mais discussões a respeito de como fazer essa transição. Além de

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ser necessário que os colegas troquem ideias que surgem para esse novo trabalho, e que dão certo, de forma que o aluno se sinta estimulado a interagir mais e participar das discussões e atividades propostas.

d) Por fim, considerando a última questão – Há suporte de uma equipe que

forneça os conhecimentos necessários para o professor ser mais efetivo no ensino de ead? Você acha importante um suporte para esse fim? – os professores acreditam que deve haver um suporte contínuo

para que o professor saiba utilizar melhor o ambiente, para agilizar o processo, e para a solução de problemas que limitam muitas vezes o bom andamento das atividades; além disso, alguns professores acham que esse suporte deve se estender também para os alunos. Na verdade, esse suporte existe para resolver problemas mais pontuais, porém não há um suporte para um acompanhamento e melhor desempenho do professor no ambiente, com a exploração de diversas ferramentas e, consequentemente, uma interação mais produtiva no processo de ensino/aprendizagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O que observamos, a partir das respostas dos professores, é que o que vem fundamentando o ensino a distância nas instituições de ensino, de um modo geral, é uma prática docente bastante tradicional, sem uma interação efetiva, e com pouca exploração das ferramentas disponíveis no ambiente virtual. Essa realidade se coloca na contramão das expectativas geradas quanto à utilização das novas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem.

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uma melhoria no nível da educação escolar, mas ele está sendo utilizado para reproduzir o que já existe, sem reflexão, sem questionamento.

Na verdade, as atividades em EAD não podem ser dissociadas dos valores culturais, sócio-políticos e pedagógicos da realidade brasileira. Além disso, o professor deve saber lidar com mídias, tecnologias e com as transformações e adaptações ao contexto educacional, pois as tecnologias geram outras formas de ensinar e de aprender.

No entanto, para que isso ocorra, é necessário que o professor tenha uma formação adequada para saber lidar com as ferramentas disponibilizadas nesse ambiente informatizado da educação a distância, para, assim, construir com os alunos o conhecimento, usando, dessa forma, a tecnologia a favor da educação, por meio dos recursos e possibilidades existentes.

REFERÊNCIAS

TAVARES, Valéria Mª Cavalcante. As novas exigências do letramento e a construção de um ambiente propício ao ensino da leitura. In: ARAÚJO, Júlio César & DIEB, Messias (orgs). Letramento na Web: Gêneros, Interação e Ensino. Fortaleza: Edições UFC, 2009.

VALENTE, José Armando (org.). O computador na sociedade do conhecimento. Campinas: Nied, 2002.

XAVIER, Antonio Carlos dos Santos. Letramento digital e ensino. In: SANTOS, Carmi Ferraz, MENDONÇA, Márcia (orgs). Alfabetização e Letramento: conceitos e relações. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

ANEXO

QUESTIONÁRIO

1) Você acha que consegue interagir com êxito, por meio do computador, nas atividades que você propõe aos seus alunos de ead?

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3)Você se considera apto para utilizar o computador como ferramenta no ensino de ead para estimular a aprendizagem do aluno, sendo capaz de fazer a transição entre a situação real de sala de aula para o ambiente virtual?

4) Há suporte de uma equipe que forneça os conhecimentos necessários para o professor ser mais efetivo no ensino de ead? Você acha importante um suporte para esse fim?

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