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MBIF-MODELO BASEADO EM INDIVÍDUOS FUZZY: PROPOSTA E APLICAÇÃO EM UM SISTEMA COMPLEXO

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MBIF-MODELO BASEADO EM INDIV´IDUOS FUZZY: PROPOSTA E APLICA ¸C ˜AO EM UM SISTEMA COMPLEXO

Gledson Melotti∗, Lucymara de R. Alvarenga∗, Maur´ılio J. In´acio∗, Erivelton G. Nepomuceno†, Eduardo M. A. M. Mendes∗, Ricardo H. C. Takahashi∗, Walmir M.

Caminhas∗

Programa de P´os-Gradua¸ao em Engenharia El´etrica-UFMGDepartamento de Engenharia El´etrica-UFSJ

Emails: gledsonmelotti@yahoo.com.br, lucymarareal@yahoo.com.br, maurilio@cpdee.ufmg.br, nepomuceno@ufsj.edu.br, emmendes@cpdee.ufmg.br,

taka@mat.ufmg.br, caminhas@cpdee.ufmg.br

Abstract— The study of infectious diseases opened a whole new area of science, the mathematical epidemi-ology, that considers models that can aid in the study of the spreading of these diseases. These models include the SIR model (Susceptible - Infected - Removed) and the IBM (Individuals Based Model). The SIR model does not consider the spatial distribution of the individuals. As alternative is the IBM model, that by means of the concepts of complex systems analyzes the individual as an unique and discrete entity and also incorporates a spatial distribution that considers local and non local contacts. The goal of this work is to introduce a flexibility in mathematical epidemiology, by means of the model IBM with fuzzy rules to explain the diseases scattering in different situations practices. The time series originated from the models SIR and IBM are also compared qualitatively and quantitatively.

Keywords— SIR model, Individual Based Model, complex systems, local and non local contacts, epidemiology, fuzzy logic.

Resumo— O estudo das doen¸cas infecciosas fez surgir uma nova ´area da ciˆencia: a epidemiologia matem´atica. A epidemiologia matem´atica prop˜oe modelos que possam ajudar no estudo da dissemina¸c˜ao dessas doen¸cas. Esses modelos incluem o modelo SIR (Suscet´ıvel - Infectado - Recuperado) e o MBI (Modelo Baseado em Indiv´ıduos). O modelo SIR n˜ao considera a distribui¸c˜ao espacial dos indiv´ıduos. Um alternativa ´e o modelo MBI, que por meio dos conceitos de sistemas complexos analisa o indiv´ıduo como entidade ´unica e discreta e tamb´em incorpora a distribui¸c˜ao espacial que considera contatos locais e n˜ao locais. O objetivo deste trabalho ´e introduzir uma flexibilidade em epidemiologia matem´atica, por meio do modelo MBI com regras fuzzy para explicar o espalhamento de doen¸cas em diferentes situa¸c˜oes pr´aticas. As s´eries temporais originadas do modelo SIR e MBI s˜ao tamb´em comparadas qualitativamente e quantitativamente.

Palavras-chave— Modelo SIR, Modelo Baseado em Indiv´ıduo, sistemas complexos, contatos locais e n˜ao locais, epidemiologia, l´ogica fuzzy.

1 Introdu¸c˜ao

O estudo das doen¸cas infecciosas, em virtude dos danos s´ocio-econˆomicos, ´e um importante ramo da ciˆencia. O n´umero de mortes provocado pe-las maiores epidemias de todos os tempos ´e im-preciso, mas ´e incomparavelmente maior do que o n´umero de mortes provocado por todas as guerras (Anderson e May, 1992). No controle da prolife-ra¸c˜ao das doen¸cas infecciosas a ciˆencia tem con-tribu´ıdo de diversas formas, desde campanhas de vacina¸c˜ao at´e o desenvolvimento de modelos ma-tem´aticos capazes de representar a dinˆamica de doen¸cas infecciosas (Yang, 2001).

A modelagem matem´atica de doen¸cas infecci-osas fundamenta-se em hip´oteses matem´aticas que quantificam alguns aspectos biol´ogicos da propa-ga¸c˜ao de epidemias. Neste artigo, a modelagem matem´atica trata especificamente das infec¸c˜oes de transmiss˜ao direta. Esse tipo de transmiss˜ao ´e ba-seada em infec¸c˜oes vir´oticas ou bacterianas, cuja dissemina¸c˜ao ocorre diretamente atrav´es do meio f´ısico, quando se d´a um contato apropriado entre os indiv´ıduos suscet´ıveis (aqueles que n˜ao tiveram

contato com o v´ırus) e os indiv´ıduos infectantes, isto ´e, os que apresentam em seus organismos con-centra¸c˜oes razo´aveis de v´ırus e, assim, encontram-se eliminando estes para o ambiente (Yang, 2001). Um dos modelos mais estudados ´e o mo-delo compartimental denominado SIR (Suscet´ı-vel - Infectado - Recuperado) (Hethcote, 2000). O modelo SIR permite analisar determinadas ca-racter´ısticas de doen¸cas infecciosas, tais como as constantes de tempo caracter´ısticas da fase epi-dˆemica, o patamar endˆemico, e a existˆencia de limiares nas taxas de propaga¸c˜ao para possibili-tar a erradica¸c˜ao de doen¸cas infecciosas pelo me-canismo de extin¸c˜ao dos pontos fixos n˜ao nulos (Hethcote, 2000). Entretanto, o modelo SIR con-sidera a distribui¸c˜ao dos indiv´ıduos espacial e tem-poralmente homogˆenea (Hethcote, 2000), a partir da premissa de que o tamanho da popula¸c˜ao seja t˜ao grande a ponto de permitir a aproxima¸c˜ao por vari´aveis cont´ınuas dos diversos compartimentos. Por´em, a distribui¸c˜ao espacial de transmiss˜ao da doen¸ca deve ser considerada no caso de popula¸c˜oes pequenas e dispersas ou com alta mobilidade.

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de doen¸cas e considerar a dinˆamica espacial ´e com base nos conceitos de sistemas complexos. Tais sistemas s˜ao definidos como uma cole¸c˜ao de agentes individuais com liberdade para agir de forma nem sempre previs´ıvel, e cujas a¸c˜oes es-t˜ao interligadas de tal maneira que a a¸c˜ao de um agente mude o contexto de outros agentes (Bar-Yam, 1997). Dito de outra forma, a an´alise do sis-tema ´e feita pelo comportamento global gerado pe-las intera¸c˜oes dos componentes individuais e n˜ao pela an´alise do comportamento dos componentes individuais (Melotti, 2009).

Para suprir a deficiˆencia da distribui¸c˜ao espa-cial em propaga¸c˜oes de doen¸cas por certos mode-los epidemiol´ogicos, tem-se uma abordagem estu-dada em ecologia para lidar com a quest˜ao de po-pula¸c˜oes heterogˆeneas ´e a dos chamados Modelos Baseados em Indiv´ıduos, MBI (ou IBM,do inglˆes Individual Based Model ) (Lacerda et al., 2010; Al-varenga, 2008). Segundo Grimm (1999), “cada in-div´ıduo ´e tratado como uma entidade ´unica e dis-creta que possui idade e ao menos mais uma pro-priedade que muda ao longo do ciclo da vida, tal como peso, posi¸c˜ao social, entre outras”. O MBI ´e uma ferramenta matem´atica que faz com que todos os indiv´ıduos se interagem uns com os ou-tros e o resultado final ´e o comportamento global gerado pelas intera¸c˜oes individuais dos componen-tes. Assim, o MBI ´e um modelo matem´atico capaz de estudar a propaga¸c˜ao de doen¸cas por meio dos conceitos de sistemas complexos.

Este trabalho prop˜oe uma formula¸c˜ao de MBI e trˆes situa¸c˜oes incorporadas ao MBI proposto para analisar a dinˆamica de epidemias. A primeira situa¸c˜ao considera as mesmas particularidades do modelo SIR. A segunda considera apenas o con-tato dos indiv´ıduos com sua vizinhan¸ca (contatos locais). A ´ultima considera os contatos locais e uma taxa de contato n˜ao local determinada alea-toriamente para cada indiv´ıduo, que influencia a distˆancia obtida por meio de regras fuzzy, em que um indiv´ıduo infectado pode-se deslocar por toda a popula¸c˜ao.

Este artigo apresenta alguns conceitos preli-minares na se¸c˜ao 2: os modelos SIR e MBI. A metodologia adotada para representar a propaga-¸

c˜ao de doen¸cas por meio do MBI e de regras fuzzy est´a explicada na se¸c˜ao 3. Na se¸c˜ao 4 apresenta-se os resultados e sua an´alise. As considera¸c˜oes finais s˜ao apresentadas na Se¸c˜ao 5.

2 Conceitos Preliminares

2.1 Modelo SIR

O modelo SIR ´e composto por equa¸c˜oes dife-renciais e utiliza a estrat´egia de compartimen-tos (Hethcote, 2000). Esse modelo epidemiol´ogico analisa a dissemina¸c˜ao de doen¸ca numa popula-¸

c˜ao. O modelo divide a popula¸c˜ao em trˆes classes: i) suscet´ıvel (S): indiv´ıduos que podem contrair a doen¸ca; ii)infectados (I): indiv´ıduos que podem

transmitir a doen¸ca; iii) recuperados (R): indiv´ı-duos que se recuperaram da doen¸ca e n˜ao est˜ao sujeitos a nova contamina¸c˜ao. O sistema de equa-¸

c˜oes diferenciais pode ser assim representado: dS dt = µN − µS − βIS N , S(0) = S0≥ 0 dI dt = βIS

N − γI − µI, I(0) = I0≥ 0 (1)

dR

dt = γI − µR, R(0) = R0≥ 0

em que µ ´e a taxa de novos suscet´ıveis, γ ´e a taxa com que os infectados tornam-se recuperados, β ´e a taxa de transmiss˜ao da doen¸ca, N ´e o n´umero total de indiv´ıduos e S(t) + I(t) + R(t) = N (cons-tante).

Para modelos epidemiol´ogicos cl´assicos, um parˆametro essencial ´e o valor de reprodutividade basal, Ro, que d´a o n´umero de casos secund´ a-rios causados por um indiv´ıduo infectado introdu-zido numa popula¸c˜ao totalmente suscet´ıvel. Esse parˆametro indica em que condi¸c˜oes a doen¸ca se propaga na popula¸c˜ao. Neste modelo pode-se express´a-lo da seguinte forma (Hethcote, 2000):

Ro=

β

µ + γ, (2)

A determina¸c˜ao dos parˆametros do modelo SIR ´e feita por meio de estudos estat´ısticos de uma epidemia em uma determinada regi˜ao.

2.2 Modelo MBI

Para avaliar computacionalmente a propaga¸c˜ao de epidemias, ser´a utilizado o Modelo Baseado em Indiv´ıduos (MBI) proposto por Alvarenga (2008), tendo como referˆencia o modelo SIR (Hethcote, 2000). A seguir s˜ao apresentadas algumas pre-missas utilizadas para formula¸c˜ao do MBI. Essas premissas s˜ao formuladas de forma a coincidir com aquelas explicitadas para o modelo SIR cl´assico, as quais se tornam um subconjunto das premissas do modelo MBI. As premissas s˜ao as seguintes:

1. Popula¸c˜ao constante. Como se deseja reali-zar compara¸c˜oes com o modelo SIR utilizado neste trabalho, optou-se por utilizar a popu-la¸c˜ao constante de tamanho m.

2. Caracter´ısticas do indiv´ıduo. Um indiv´ıduo ´e caracterizado por um conjunto de n caracte-r´ısticas.

3. Categorias de indiv´ıduos. H´a trˆes categorias para um indiv´ıduo: 0 (suscet´ıvel), 1 (infec-tado) e 2 (recuperado).

4. Mudan¸ca de categoria. Uma vez em uma ca-tegoria, o indiv´ıduo pode mudar para uma outra categoria em cada instante de tempo. Neste trabalho, adotou-se a transi¸c˜ao dis-creta. As transi¸c˜oes podem ocorrer de uma das seguintes formas:

(a) 0,1,2 → 0. Isso significa que o indiv´ıduo morreu e um outro nasceu (para manter

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a popula¸c˜ao constante ver premissa 1). Caso o indiv´ıduo n˜ao morra, pode ocor-rer a transi¸c˜ao do item b) ou c), descritas a seguir.

(b) 0 → 1. Um indiv´ıduo infectado, pode encontrar com um indiv´ıduo suscet´ıvel. Caso ocorra o encontro, o indiv´ıduo sus-cet´ıvel adquire a doen¸ca e passa para a categoria 1.

(c) 1 → 2. Um indiv´ıduo infectado recupera-se e passa para a categoria 2.

5. Distribui¸c˜ao estat´ıstica. A mortalidade (e consequentemente nascimento) segue uma distribui¸c˜ao uniforme. Essa distribui¸c˜ao tam-b´em foi utilizada para a transi¸c˜ao de recu-pera¸c˜ao. As probabilidades de transi¸c˜ao de estado s˜ao representadas na Tabela 1.

Tabela 1: Probabilidade de transi¸c˜ao de estado, dada pela probabilidade de morte e probabilidade de que um indiv´ıduo se recupere.

Transi¸c˜ao Interpreta¸c˜ao Probabilidade

S,I,R → S morte µ

I → R recupera¸c˜ao γ

6. Processo de infec¸c˜ao. A transmiss˜ao da do-en¸ca ´e representada como sendo um processo probabil´ıstico. Cada indiv´ıduo infectado e cada indiv´ıduo suscet´ıvel tˆem igual probabi-lidade de comunicar-se uns com os outros, e desta maneira transmitir a infec¸c˜ao. Este es-tado de transi¸c˜ao ´e baseado em dois est´agios:

(a) A parte inteira do parˆametro β ´e inter-pretada como o n´umero de pessoas que ir˜ao interagir com cada indiv´ıduo infec-tado – estes indiv´ıduos s˜ao escolhidos aleatoriamente em toda a popula¸c˜ao. (b) A parte fracion´aria do parˆametro β ´e

interpretada como a probabilidade de cada indiv´ıduo infectado ter um outro contato. A decis˜ao aleat´oria ´e feita com tal probabilidade e, no caso do contato ocorrer, outro indiv´ıduo ´e escolhido na popula¸c˜ao para ter contato com o indi-v´ıduo infectado.

Um indiv´ıduo ´e representado por:

Im,t= [C1 C2 · · · Cn], (3)

em que m ´e o tamanho da popula¸c˜ao, t ´e o ins-tante que o indiv´ıduo apresenta um conjunto espe-c´ıfico de caracter´ısticas e Cn ´e uma caracter´ıstica do indiv´ıduo. Foi adotada apenas uma caracte-r´ıstica que representa o estado do ponto de vista epidemiol´ogico, que pode ser suscet´ıvel, infectado e recuperado. Outras caracter´ısticas poder˜ao ser incorporadas como idade, o sexo, classe social ou

quaisquer outras caracter´ısticas consideradas re-levantes. Por sua vez, uma popula¸c˜ao ´e represen-tada por:

Pt= [I1,t I2,t I3,t · · · Im,t]T, (4)

em que Im,t ´e um indiv´ıduo no instante t e P ´e uma matriz m × n.

A popula¸c˜ao inicial ´e determinada de modo aleat´orio. Em cada instante de tempo, cada in-div´ıduo ´e considerado e verifica-se por meio de distribui¸c˜oes probabil´ısticas qual a transi¸c˜ao que ocorrer´a. Ap´os os m indiv´ıduos serem avaliados, o tempo de simula¸c˜ao ´e incrementado em ∆t. O algoritmo termina quando o tempo de simula¸c˜ao atinge o valor final tf.

3 Metodologia

Foi incorporado ao modelo MBI proposto desen-volvido de forma cl´assica a vari´avel espacial no espalhamento de epidemia, portanto, cada indiv´ı-duo poder´a estabelecer duas formas de contato: contato local e n˜ao local.

3.1 Contatos locais

Incluem os oito indiv´ıduos geometricamente mais pr´oximos (Emmendorfer e Rodrigues, 2001), con-forme a Figura 1. Cada indiv´ıduo ´e representado por uma c´elula. A c´elula de cor preta (circunfe-rˆencia preta) tem como vinhan¸ca as oitos c´elulas em formato de “x”. Isso significa que um indiv´ı-duo suscet´ıvel s´o pode manter contato e adquirir a doen¸ca por meio dos vizinhos mais pr´oximos.

3.2 Contato n˜ao local

A ideia de contato n˜ao local foi obtida do traba-lho de Peixoto e Barros (2004) e incorporada no MBI proposto. O objetivo do contato n˜ao local ´e garantir que um indiv´ıduo infectado pode-se des-locar dentro de uma regi˜ao at´e uma distˆancia L e ter a possibilidade de infectar um indiv´ıduo sus-cet´ıvel, como ilustra a Figura 1. Esta distˆancia ´e determinada por meio de regras fuzzy. Assim, o MBI torna-se MBI fuzzy (MBIF). Neste trabalho considera-se que cada indiv´ıduo infectado possui uma taxa de contato n˜ao local, Pnl, e diferente em cada instante de tempo, determinada de forma aleat´oria. A cada instante o deslocamento L pode ser diferente para cada indiv´ıduo infectado.

X X X X X X X X L

Figura 1: Poss´ıveis contatos locais (x) e n˜ao local (o) com indiv´ıduo localizado a uma distˆancia L.

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3.3 Regras Fuzzy e o Deslocamento L

A teoria fuzzy tem por objetivo principal tratar matematicamente certos termos lingu´ısticos sub-jetivos. Genericamente, um sistema baseado em regras fuzzy consiste em trˆes componentes: um processador de entrada (fuzzyficador), um con-junto de regras ling¨u´ısticas associadas a meca-nismo de inferˆencia fuzzy e um processador de sa´ıda (defuzzyficador), que gera um n´umero real como sa´ıda (Zadeh, 1965).

A modelagem do parˆametro L por meio de um sistema de regras fuzzy traduz o conhecimento que se tem sobre a dependˆencia com respeito a Ro, ou seja, o quanto a doen¸ca ´e capaz de evoluir em determinado ambiente e Pnl. Portanto, Ro e Pnl s˜ao as vari´aveis de entrada do sistema de regras fuzzy e a sa´ıda ser´a a distˆancia L, como mostra a Figura 2, em que L ´e dependente de Ro e Pnl.

R0

Base de conhecimentos Pnl

L

Figura 2: Sistema baseado em regras fuzzy.

Para as vari´aveis de entrada (Ro e Pnl), as fun¸c˜oes de pertinˆencia utilizadas foram nomeadas de muito baixa, baixa, m´edia, alta e muito alta. Para a vari´avel de sa´ıda (L), as fun¸c˜oes de perti-nˆencia foram nomeadas pequena, m´edia e grande, conforme as regras adotadas no trabalho de Pei-xoto e Barros (2004). As fun¸c˜oes de pertinˆencia de entrada e sa´ıda podem ser vistas na Figura 3.

0 2 4 6 8 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 Função Pertinência Ro

MuitoBaixa Baixa Média Alta MuitoAlta

0 0.5 1 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 Função Pertinência pnl

MuitoBaixa Baixa Média Alta MuitoAlta

0 0.5 1 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 Função Pertinência L

Pequena Média Grande

Figura 3: Fun¸c˜oes de pertinˆencia: Roe Pnl s˜ao as vari´aveis de entrada, L ´e a vari´avel de sa´ıda.

Segundo Peixoto e Barros (2004) as regras fuzzy foram obtidas com o aux´ılio de especialistas da ´area de medicina. Para a inferˆencia foi utili-zado o m´etodo de Mamdani (Zadeh, 1965), com os operadores m´ınimo e m´aximo. A sa´ıda geral foi calculada pelo m´etodo de defuzzifica¸c˜ao do Centro de Gravidade.

4 Resultados

Os indiv´ıduos suscet´ıveis, infectados e recupera-dos est˜ao representados pelas cores cinza, preta e branca respectivamente. Os parˆametros utiliza-dos foram: N = 2500, ∆t = 1, µ = 1/60, γ = 1/3 β = 3,5 para todas as simula¸c˜oes. Todas as si-mula¸c˜oes iniciaram-se com apenas um indiv´ıduo infectado e demais indiv´ıduos suscet´ıveis.

A evolu¸c˜ao da propaga¸c˜ao da epidemia, ob-tida por meio do MBI desenvolvido de modo a coincidir com o modelo SIR cl´assico ´e ilustrada na Figura 4. Isso significa que o indiv´ıduo infectado tem a probabilidade de infectar todos os indiv´ı-duos suscet´ıvei em um mesmo instante de tempo.

(a) t=0 (b) t=10

(c) t=30 (d) t=300

Figura 4: Caso em que a popula¸c˜ao se mistura homogeneamente: (a) condi¸c˜ao inicial, (b) 10 uni-dades de tempo (ut), (c) 30 ut, (d) 300 ut.

A Figura 5 mostra a compara¸c˜ao evidenciada quantitativamente e qualitativamente simulando o modelo SIR e o MBI. As s´eries temporais produ-zidas pelo SIR e a t´ecnica proposta s˜ao muito pr´ o-ximas, em termos de valor de pico de uma doen¸ca, bem como o per´ıodo em que a doen¸ca se estabi-liza. Nesse caso, a popula¸c˜ao se mistura homoge-neamente, em que todos os indiv´ıduos estabelecem contatos entre si, ou seja, todos indiv´ıduos tem a mesma probabilidade de encontrar uns com os ou-tros.

A propaga¸c˜ao da epidemia com o MBI, em que cada indiv´ıduo infectado estabelece contatos apenas locais com sua vizinhan¸ca, ´e apresentada na Figura 6. Nessa simula¸c˜ao fica evidente que a propaga¸c˜ao de doen¸ca se espalha apenas entre os indiv´ıduos suscet´ıveis mais pr´oximos. Com o passar do tempo, a doen¸ca se espalha por toda a popula¸c˜ao, pois cada indiv´ıduo infectado tem a probabilidade de infectar os vizinhos suscet´ıveis mais pr´oximos.

A simula¸c˜ao representada pela Figura 7 ilus-tra a evolu¸c˜ao temporal da epidemia dada pelo

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0 50 100 150 200 250 300 0 2000 4000 (a) S 0 50 100 150 200 250 300 0 1000 2000 (b) I 0 50 100 150 200 250 300 0 2000 4000 (c) R t

Figura 5: Compara¸c˜ao entre MBI desenvolvido de forma cl´assica (—), caso em que a popula¸c˜ao se mistura homogeneamente e SIR (- - -).

(a) t=0 (b) t=10

(c) t=30 (d) t=300

Figura 6: Caso em que cada indiv´ıduo estabelece contato apenas com sua vizinhan¸ca: (a) condi¸c˜ao inicial, (b) 10 unidades de tempo (ut), (c) 30 ut, (d) 300 ut.

modelo MBI que estabelece apenas contatos lo-cais comparado com o modelo SIR cl´assico. Ob-serve que o aumento do n´umero de infectados no in´ıcio da propaga¸c˜ao da epidemia no MBI ´e mais suave, isso deve-se ao fato da doen¸ca se propa-gar em torno do foco da epidemia. Isso representa uma popula¸c˜ao em que os indiv´ıduos n˜ao tˆem mui-tos contamui-tos uns com os outros, por exemplo, uma popula¸c˜ao rural.

A Figura 8 mostra a evolu¸c˜ao espacial da pro-paga¸c˜ao da epidemia com contato local e n˜ao lo-cal, obtida por meio do MBI fuzzy (MBIF). Nesse caso, a popula¸c˜ao pode estabelecer contato com sua vizinhan¸ca e cada indiv´ıduo ainda pode esta-belecer um contato n˜ao local com outro indiv´ıduo, localizado a uma distˆancia L. Tal distˆancia ´e de-terminada por regras ling¨u´ısticas do sistema fuzzy. A Figura 8 (b) mostra claramente a forma¸c˜ao de focos secund´arios. Isso significa que os indiv´ıduos infectados se deslocam por toda a popula¸c˜ao. A

0 50 100 150 200 250 300 0 2000 4000 (a) S 0 50 100 150 200 250 300 0 1000 2000 (b) I 0 50 100 150 200 250 300 0 2000 4000 (c) R t

Figura 7: Compara¸c˜ao entre MBI (—) caso em que a popula¸c˜ao estabelece contato apenas com sua vizinhan¸ca, e SIR (- - -).

Figura 8 (d) ilustra a propaga¸c˜ao da doen¸ca esta-bilizada.

(a) t=0 (b) t=5

(c) t=30 (d) t=300

Figura 8: Caso em que a popula¸c˜ao estabelece contato com a vizinhan¸ca e cada indiv´ıduo pode estabelecer contato n˜ao local baseado em regras de um sistema fuzzy: (a) condi¸c˜ao inicial, (b) 5 unidades de tempo (ut), (c) 30 ut, (d) 300 ut.

A Figura 9 apresenta a evolu¸c˜ao temporal do MBIF da Figura 8 comparada com a do modelo SIR cl´assico. Observa-se que ao incorporar a taxa de contato n˜ao local no modelo MBI, o compor-tamento temporal se assemelha com o do modelo SIR, ou seja, comportamentos qualitativos pare-cidos (valor de pico alto para os infectados, al´em do tempo em que a doen¸ca se estabiliza). Por´em, os valores de picos das s´eries temporais dos indi-v´ıduos s˜ao diferentes. Isto mostra que o MBIF (contatos locais e n˜ao locais) obteve um compor-tamento diferente do modelo SIR, isto ´e, compor-tamentos quantitativos diferentes.

O modelo SIR considera que todos os indiv´ı-duos est˜ao em contatos uns com os outros. Esse fato n˜ao invalida o MBI para a segunda e terceira

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0 50 100 150 200 250 300 0 2000 4000 (a) S 0 50 100 150 200 250 300 0 1000 2000 (b) I 0 50 100 150 200 250 300 0 2000 4000 (c) R t

Figura 9: Compara¸c˜ao entre MBIF (—) no caso em que a popula¸c˜ao estabelece contato com a vizi-nhan¸ca e cada indiv´ıduo pode estabelecer contato n˜ao local baseado em regras de um sistema fuzzy e o modelo SIR cl´assico (- - -).

situa¸c˜oes, pois no espalhamento real, os indiv´ıduos n˜ao est˜ao todos em contatos uns com os outros. Contudo, qualitativamente mostra que o modelo de MBI proposto captura algumas caracter´ısticas do espalhamento de doen¸cas, como o pico de indi-v´ıduos infectados que surge na popula¸c˜ao. Al´em disso, as s´eries do MBI se estabilizam depois de um certo instante de tempo como as s´eries do SIR.

5 Conclus˜oes

O artigo apresentou abordagens estoc´asticas para a modelagem de epidemias. A formula¸c˜ao mate-m´atica ´e geral e pode levar em conta caracter´ısti-cas f´ısicaracter´ısti-cas e sociais dos indiv´ıduos. A modelagem obtida venha a reproduzir situa¸c˜oes pr´aticas que anteriormente n˜ao eram contempladas para as t´ ec-nicas convencionais, como o modelo SIR.

A varia¸c˜ao entre situa¸c˜oes do tipo global, lo-cal e n˜ao local permite analisar diversas situa¸c˜oes de interesse na dinˆamica de epidemias. Tais va-ria¸c˜oes podem ser explicadas e realizadas com o MBIF por meio dos conceitos de sistemas comple-xos. Pois com o MBIF ´e poss´ıvel explicar como a doen¸ca se propaga por meio das intera¸c˜oes entre os indiv´ıduos e a possibilidade de criar cen´arios diferentes que representam as propaga¸c˜oes de do-en¸cas, como por exemplo, fazer com que um in-div´ıduo infectado se desloque de uma regi˜ao para a outra. Note que as essas duas ´ultimas situa-¸

c˜oes evidenciam que o modelo SIR tradicional n˜ao as reproduz adequadamente. Utilizando o modelo MBIF, uma an´alise e compreens˜ao da dinˆamica do sistema torna-se mais clara, o que pode levar a um estudo de forma mais eficiente. Assim, nas estrat´egias de modelagem e estudos dos compor-tamentos de epidemias, um modelo feito a partir da t´ecnica apresentada poder´a ser mais adequado, em certas situa¸c˜oes, do que a partir do cl´assico

modelo SIR. Por´em, para afirmar que um modelo ´e mais adequado que outro, deve-se realizar um estudo estat´ıstico de situa¸c˜oes reais em diversos cen´arios com os modelos e assim compar´a-los. Tal estudo n˜ao foi contemplado neste artigo.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao CNPq, CAPES, FAPE-MIG, UFMG, UFSJ e ao IFES-S˜ao Mateus pelo apoio financeiro.

Referˆencias

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Referências

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