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A disseminação de estereótipos sobre as regiões

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Academic year: 2021

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A disseminação de estereótipos sobre as regiões

brasileiras

[♪ vinheta de abertura ♪]

>> [LOCUTORA]: A disseminação de estereótipos sobre as regiões brasileiras

>> [Locutora]: [Tom de apresentação] Os estereótipos são impressões alimentadas por conceitos preconcebidos sobre algo, mas que não representam a própria realidade do que se define.

>> [Locutora]: Quando se trata de um lugar, os estereótipos distorcem a compreensão sobre a sua paisagem e sobre as pessoas que vivem ali.

>> [Locutora]: O Brasil apresenta grande diversidade de paisagens e populações, mas muitos meios de comunicação reforçam imagens limitadas ou equivocadas sobre as regiões brasileiras.

>> [Locutora]: Para falar mais sobre o assunto, entrevistamos Pablo Ortellado, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. >> [Locutora]: [Tom de convite] Vamos ouvi-lo?

>> [Entrevistado]: [Tom de explicação] Os estereótipos e os preconceitos normalmente são uma ou duas coisas. Ou elas são reduções, da qual se pega uma pequena característica e se generaliza para uma realidade mais complexa. Ou uma distorção. Ou uma combinação de redução com distorção.

>> [Entrevistado]: Então, quando a gente vê os estereótipos que são utilizados para descrever regiões brasileiras, às vezes a gente vê reduções e às vezes a gente vê distorções.

>> [Entrevistado]: Por exemplo, a gente olha para o Nordeste e a gente caracteriza ou representa o Nordeste por meio do Sertão. O Sertão é um [Tom enfático] pedaço do Nordeste, um pedaço que recebe muita atenção, porque tem seca, porque tem muita pobreza.

>> [Entrevistado]: Às vezes, a gente combina essa redução com uma distorção, na qual, por exemplo, a gente diz que a pobreza é causada por falta de trabalho, porque as pessoas são preguiçosas, porque as pessoas não se empenham.

>> [Entrevistado]: [Tom de explicação] Isso é uma distorção, porque o fenômeno da pobreza está muito ligado à falta de recursos educacionais, à falta de acesso à empregos qualificados, que são muito mal distribuídos pelo país.

(2)

>> [Entrevistado]: Então, muitas vezes, esse fenômeno dos estereótipos é uma combinação de redução, na qual eu pego uma determinada característica, que é pequena, e transponho para o conjunto da região. A Região Nordeste não é o Sertão. >> [Entrevistado]: [Tom enfático] A gente termina reduzindo aquela diversidade, que é sertão, que é praia, que é região metropolitana, a uma só delas e, às vezes, combina isso com uma distorção.

[Pequena pausa]

>> [Entrevistado]: Os estereótipos estão disseminados por toda a sociedade. As pessoas usam dessas reduções e dessas distorções para simplificar o nosso entendimento do mundo.

>> [Entrevistado]: Mas esses estereótipos passam a ter grandes efeitos quando eles são veiculados pelos meios de comunicação de massa, quando eles aparecem na televisão, em um filme, nos jornais, porque daí eles terminam informando as pessoas, fazendo com que as pessoas assimilem esse processo de redução de uma característica, pequena, tomando essa parte pelo todo.

>> [Entrevistado]: Isso acontece por exemplo quando as novelas caracterizam uma região por um aspecto que nem sempre é o mais relevante.

>> [Entrevistado]: [Tom de exemplificação] Então, a gente vai tratar, por exemplo, a Região Norte, que tem uma região de floresta [Tom enfático] muito grande, que de fato é muito importante, e passa a representar a Região Norte como a Amazônia.

>> [Entrevistado]: Quando a Região Norte, embora ela tenha também a Amazônia, ela tem também uma das regiões industriais mais importantes do país, que é Manaus, que é uma região muito urbana. Um dos maiores centros urbanos do país.

>> [Entrevistado]: E, quando a gente olha para esse estereótipo, e pensa a Região Norte como floresta, a gente esquece a região metropolitana. Esses estereótipos também são utilizados porque facilitam. Eles são um ponto de apoio para construção de narrativas dramáticas.

>> [Entrevistado]: Então, as novelas usam os estereótipos para facilitar o entendimento, e elas exploram esses estereótipos.

>> [Entrevistado]: Então, a gente vai ver muitas novelas sobre o sertão do Nordeste. Muitas novelas caracterizando Minas pelo interior.

>> [Entrevistado]: E elas terminam consolidando e reforçando esse processo de formação de estereótipos, esse processo de redução, e muitas vezes de redução associada com distorção.

>> [Entrevistado]: Quando a gente não só reduz uma diversidade para uma só característica, mas a gente ainda interpreta essa característica como que tenha sido auto-infligida, então, que a pobreza é fruto da falta de trabalho, ou, então, uma cultura rural muito forte é falta de desenvolvimento econômico e coisas assim.

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>> [Entrevistado]: Sempre que a gente escuta uma representação de uma determinada região, a gente tem que pensar que é um retrato, que alguém construiu esse retrato. Até porque, construir um retrato completo é muito complexo.

>> [Entrevistado]: Então, eu acho que a principal atitude que um estudante pode ter quando ele recebe a representação de uma região que ele não conhece, que ele não conhece a sua diversidade, é estar alerta de que quem está representando está apresentando só um pedacinho e que não deve tomar esse pedacinho pelo todo. >> [Entrevistado]: Às vezes, essas representações são econômicas, dizem respeito à pobreza. Às vezes essas representações dizem respeito a características culturais. >> [Entrevistado]: [Tom de exemplificação] Então, a gente pega uma região como a região de Goiás, que é muito apresentada por uma cultura sertaneja, com grandes cantores sertanejos que vem de lá, mas ela também tem uma cultura urbana muito forte. Ela tem companhias de dança contemporânea muito fortes, um circuito de rock muito forte.

>> [Entrevistado]: Então, quando a gente vê a representação daquela região como uma região rural, voltada para o agronegócio, com uma cultura sertaneja muito forte, a gente tem que entender que aquilo pode até ser verdade, mas há outras coisas que não estão presentes nessa representação.

>> [Entrevistado]: [Tom de exemplificação] Da mesma maneira, como a realidade na qual o próprio estudante vive. Às vezes, ele vive em uma cidade, que aparece no noticiário, que aparece na novela, representada só uma partezinha.

>> [Entrevistado]: Do mesmo jeito que ele sabe que essa realidade é mais complexa, porque ele vive nessa realidade, ele deve imaginar que a representação de outras regiões que ele não conhece também passaram por esse processo aí de redução.

[♪ vinheta de encerramento ♪]

>> [Locutora]: Locução: Daniela Landin Baffi >> [Locutora]: Estúdio: Núcleo de Criação

CRÉDITOS

EDITORA MODERNA Organizadora

Ivonete Darci Lucírio Gonzaga

Bacharela em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pelo Instituto Metodista de Ensino Superior (São Bernardo do Campo – SP). Mestra em História da Ciência pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atuei como jornalista. Editora.

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Elaboradoras

Luciana Saito

Bacharela em Comunicação Social, com habilitação em Editoração, pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (São Paulo – SP). Editora. Marcela Rosa Mastrocola

Bacharela em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Faculdade Cásper Líbero (São Paulo – SP), e em Letras, com habilitação em Português e Francês, pela

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (São Paulo – SP). Editora.

Edição de conteúdo

Jaqueline Ogliari Rezende, Elizangela Gomes Marques (roteiro)

Revisão técnica

Diogo Costa Gomes

Revisão de texto

Ana Patrícia de Queiroz Carneiro Dourado, Ramiro Morais Torres

Assistência editorial

Cinthia Santos Galarza

Coordenação de arte

Eduardo Reche Bertolini

Edição de arte

Diogo de Assis Macedo

Assistência de arte

Ana Maria Totaro Delgado

Iconografia

Fabiana Manna da Silva, Renate Hartfiel

Coordenação de produção

Leonardo Miranda Ribeiro

Programação

Renato Frias Rocha Ibiapina

Assistência de programação

Cauê Guimarães, Rodrigo Vieira Benfica Amancio

Assistência de produção e checagem

Caia Amoroso, Fabiana Aparecida Martins, Natália Lamucio Andrade, Paula Pelisson Petri, Renata Campos Michelin

Locução

Daniela Landin Baffi

Produção

Núcleo de Criação EDITORA MODERNA

Rua Padre Adelino, 758 – Belenzinho São Paulo, SP – Brasil – CEP 03303-904

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www.moderna.com.br Produzido no Brasil

Referências

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