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CIF NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DE FISIOTERAPIA DA GRANDE FLORIANÓPOLIS CIF in Graduation in Physiotherapy courses in large Region of Florianópolis

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CIF NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DE FISIOTERAPIA DA GRANDE

FLORIANÓPOLIS

CIF in Graduation in Physiotherapy courses in large Region of Florianópolis

Luana Meneguini Belmonte1, Luana Carla Nardelli Chiaradia2, Luiz Augusto Oliveira Belmonte3 1 Fisioterapeuta, Mestre em Neurociências pela UFSC, Professora da UNISUL,

luana.meneghini@unisul.br 2 Acadêmica de Fisioterapia da UNISUL,luananardelli.fisio@gmail.com 3 Fisioterapeuta, Mestre em Biomecânica pela UDESC, Doutorando em Ciências da Saúde, UNISUL, luiaob@gmail.com

Resumo

O COFFITO recomenda a utilização da CIF nas Instituições de Ensino Superior, pois esta classificação estabelece uma linguagem comum para a descrição dos estados relacionados a funcionalidade e incapacidade. O objetivo desse estudo foi analisar o nível de conhecimento sobre a CIF em acadêmicos do último ano de Cursos de Fisioterapia. Fizeram parte do estudo 81 acadêmicos. O instrumento utilizado foi um questionário, com 20 questões relacionadas ao conhecimento geral e específico da CIF. A totalidade da amostra relatou ter ouvido falar sobre a CIF, entretanto a conhecem e a compreendem parcialmente. A maioria dos acadêmicos acreditam que a capacitação da CIF ao longo de sua graduação foi insuficiente para a sua operacionalização e concordam que a CIF seja abordada nos cursos da área da saúde. Portanto, pode-se concluir que é baixo o nível de conhecimento sobre a CIF por parte dos acadêmicos de Fisioterapia do presente estudo.

Descritores: CIF, Fisioterapia, Funcionalidade.

Abstract

The COFFITO recommends using the International Classification of Functioning - CIF at the institutions of Higher Education, because, this classification establishes a common language from description the states related to Functioning and Inability. The objective this of this study was to analyze the level of knowledge about the CIF in academics the last year of Physiotherapy Course. Were parts this study 81 academics. The instrument used was a questionnaire with 20 questions related to general knowledge and specific the CIF. The entire sample reported having heard about the CIF, however to know and understands partly. The most academics believe that the ability the CIF throughout his graduate was insufficient for its operationalization and agree that CIF be addressed us the área of health courses. Therefore, can be concluded that is low level knowledge about CIF by academics the Physiotherapy Course the present study.

(2)

12 Introdução

A Organização Mundial de Saúde – OMS tem a função de elaborar Classificações Internacionais de Saúde com o propósito de formar uma

linguagem comum relacionada às

doenças e ao estado de saúde, em qualquer seguimento de Sistema de

Saúde.1 Dessa forma, em maio de 2001,

na 54ª Assembleia Mundial de Saúde da OMS, ocorreu a aprovação de um novo modelo, a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) com o objetivo de padronizar e unificar a linguagem em saúde em todo o mundo e obter, uma estrutura que descreva os estados relacionados à saúde e classifique a consequência da doença2,3. Após ter sido explorada por mais de 1800 profissionais de saúde em mais de 50 países, passou a fazer parte da chamada família de classificações da OMS, cujo objetivo é classificar as condições estruturais e ambientais analisando os fatores que podem

influenciar na funcionalidade do

indivíduo 3,4,5,6.

A CIF pode contribuir para um monitoramento ao longo do tempo sobre o estado de funcionalidade e incapacidade de um indivíduo. Aborda

aspectos relacionados à saúde e aos

fatores ambientais, e pode ser utilizada por profissionais da saúde, das áreas sociais, da educação, arquitetura entre outras7.

Por conseguinte, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), em razão das

transformações nacionais e

internacionais em saúde, recomendou a utilização da CIF pelo fisioterapeuta no

âmbito de suas respectivas

competências institucionais. E seguindo

a tendência mundial, no dia 10 de maio de 2012, o Ministério da Saúde instituiu a utilização da CIF no Sistema Único de Saúde (SUS), cujo objetivo é a concretização do modelo do SUS, tanto no campo das práticas de saúde, como no campo da formação profissional.2

Definições específicas de

diagnósticos são necessárias para o planejamento, decisões e análises das

doenças. Historicamente, essas

definições são guiadas pelo modelo médico, que utiliza a décima revisão da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), criada pela OMS, para suprir a necessidade de causas de morte, incidência e prevalência de doenças.

Porém, a CID-10 não é uma

classificação por meio da qual os

profissionais da saúde podem basear-se de forma completa a fim de diagnosticar realmente o estado de saúde da população8,9.

A Fisioterapia assim como outros cursos da área da saúde

necessita, de um modelo mais

abrangente para uma melhor

percepção de todo o processo de saúde/doença, desde a causa da instalação e das suas consequências, por meio de um perfil funcional individual 9,10,11. Isso se faz necessário, pois a mesma doença diagnosticada em diferentes indivíduos não causará as mesmas incapacidades ao nível de estrutura e função do corpo, além de

que o Fisioterapeuta, em seu

cotidiano, lida com os mais diversos

quadros clínicos em diferentes

patologias. A doença exposta pelo paciente, embora seja importante para a conduta fisioterapêutica, não é o bastante para promover um tratamento

(3)

13

adequado, porquanto poderá sofrer inúmeras alterações.

O profissional que opta

basear-se somente pelo modelo

biomédico (CID-10) está restrito

somente à doença, e não é capaz de objetivar os ganhos no tratamento

5,9,10,11

.

A adoção do modelo de funcionalidade e incapacidade humana auxiliará o fisioterapeuta, tanto nos procedimentos de avaliação, quanto

nas intervenções, e também

considerar um perfil funcional distinto para cada indivíduo 11.

Entretanto, o fato de a CIF permitir a mensuração de vários aspectos de funcionalidade, incluindo a influência ambiental no desempenho

das atividades humanas e na

participação social, torna sua utilização

complexa 12. Além disso, ainda é

insuficiente o conhecimento dos

gestores, e dos técnicos da atenção básica no Brasil, bem como pela comunidade profissional 13.

O resultado de um estudo que verificou o panorama e perfil da utilização da CIF no Brasil, mostrou que os alunos de graduação do curso de Fisioterapia têm sua atenção sobre

funcionalidade e incapacidade,

seguindo a formação biomédica. A ausência de informações sobre outros componentes da funcionalidade aponta que ainda há um distanciamento entre os conceitos da funcionalidade mais modernos, utilizados pela CIF na formação fisioterapêutica. Os autores deste estudo ressaltam ainda a importância do treinamento de profissionais e de acadêmicos para

conhecimento e aplicação desta

classificação14.

Dessa forma, faz-se

necessário que os estudantes dos cursos de Fisioterapia aprendam e apliquem a CIF durante a graduação, este conteúdo deverá ser inserido nos projetos pedagógicos dos cursos de graduação.

Nesse contexto, o objetivo do presente estudo foi analisar o nível de conhecimento dos acadêmicos do último ano do Curso de Fisioterapia de Instituições de Ensino Superior da Grande Florianópolis.

Material e Método

O estudo caracteriza-se como uma pesquisa aplicada, descritiva e quantitativa. A amostra, não probabilista

e intencional, foi formada por

acadêmicos do último ano de graduação de cursos de Fisioterapia de Instituições de Ensino Superior (IES) na região da Grande Florianópolis, no Estado de Santa Catarina.

Após aprovação do estudo pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), que recebeu o número de protocolo 35597614.7.0000.5369, foi realizado contato com os coordenadores dos cursos de graduação de Fisioterapia para agendamento dos dias e horários para que fossem coletados os dados.

Todos os acadêmicos foram informados sobre os objetivos da

pesquisa e do caráter voluntário da

participação, e os que aceitaram participar do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e

tiveram garantia de anonimato,

conforme preconiza a Resolução n. 196/1996 do Conselho Nacional de

Saúde. Os critérios de inclusão

(4)

14

devidamente matriculado no último ano do curso de Fisioterapia de IES da Grande Florianópolis e o de exclusão foi

não ter assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido. O instrumento utilizado para coleta dos dados foi um Questionário

estruturado e elaborado pelos

pesquisadores com 20 questões,

dividido em dois blocos, o primeiro com 7 questões referente ao conhecimento geral sobre a CIF e o segundo bloco com 13 questões relacionadas ao

conhecimento específico. Após

construção do questionário foram

realizadas as etapas de validação e clareza do mesmo, resultando num índice médio de validade de 97,2% e índice médio de clareza de 100%. Os dados foram transcritos e armazenados em planilhas do programa Microsoft Office Excel 2013 e posteriormente analisados por estatística descritiva meio do programa SPSS 20. O tratamento estatístico descritivo foi realizado mediante frequência simples e porcentagem.

Resultados e Discussão

A amostra do presente

estudo foi composta por 81 acadêmicos

do último ano do curso de Fisioterapia de 3 IES da Grande Florianópolis/Santa Catarina. A média de idade dos acadêmicos foi de 25 anos (±4 anos), sendo 13 homens e 68 mulheres. 19 acadêmicos eram da Instituição A, 20 da Instituição B e 42 da Instituição C.

A tabela 1 apresenta alguns resultados das questões gerais sobre a CIF, cujas alternativas de respostas eram Sim ou Não. Observa-se, nesta tabela, que 100% dos acadêmicos já ouviram falar sobre a CIF, porém nem todos tiveram este conteúdo durante a graduação. A maioria não teve algum tipo de capacitação sobre a CIF durante a graduação, mas quase a totalidade considera importante a abordagem deste conteúdo durante esse período.

Esses resultados indicam que a CIF nem sempre é um conteúdo

abordadode forma aprofundada durante

a graduação. Certamente, o referido assunto é apresentado aos alunos de forma superficial, em disciplinas como

complementação dos conteúdos.

Provavelmente, os outros buscam este conhecimento por conta própria, a partir do interesse pessoal.

Tabela 1 - Frequência (n) e porcentagem (%) de respostas das questões gerais sobre a CIF, cujas alternativas de respostas eram Sim ou Não.

Questões Sim n (%) Não n (%)

Você já ouviu falar sobre a Classificação

Internacional de Funcionalidade,

Incapacidade e Saúde-CIF?

81 (100) 0

Você já teve aula, durante a sua graduação, sobre a CIF?

(5)

15

Você já participou de alguma palestra, curso ou evento sobre a CIF durante a sua graduação?

21 (25,9) 60 (74,1)

Você considera importante a abordagem da CIF durante a sua graduação?

80 (98,8) 1 (1,2)

Tabela 2 - Frequência (n) e porcentagem (%) das atividades em que os acadêmicos relataram ter utilizado e praticado a CIF durante a graduação.

Atividade n (%)

Aula teórica 22 (27,2)

Aula prática 4 (5,0)

Aula teórica e prática 7 (9,9)

Estágio curricular 3 (3,7)

Aula teórica, Aula prática e estágio curricular

6 (7,4)

Aula teórica e estágio curricular 6 (7,4)

Aula teórica, estágio curricular e projeto de extensão

1 (1,2)

Aula prática e estágio curricular 1 (1,2)

Aula prática e projeto de extensão 1 (1,2)

Não utilizaram em nenhuma atividade 29 (35,8)

Tabela 3 - Frequência (n) e porcentagem (%) de respostas das questões gerais sobre a CIF, cujas alternativas de respostas eram Sim Totalmente, Sim Parcialmente ou Não sei.

Questões Sim, totalmente n (%) Sim, parcialmente n (%) Não n (%) Você conhece a Classificação

Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde-CIF? 4 (4,9) 75 (92,6) 2 (2,5) Você compreende a Classificação Internacional de Funcionalidade, incapacidade e Saúde-CIF? 8 (9.9) 69 (85,2) 4 (4,9)

(6)

16

Tabela 4 - Frequência (n) e porcentagem (%) de respostas sobre afirmações específicas sobre a CIF, cujas alternativas de respostas eram concordo totalmente, concordo parcialmente, discordo parcialmente, discordo totalmente e não sei. Afirmações/Questões Concordo Totalmente n (%) Concordo Parcialm ente n (%) Discordo Parcialm ente n (%) Discord o Totalme nte n (%) Não sei n (%) Considero fundamental que o

tema CIF seja

abordado na

formação dos cursos da área da saúde. 71 (87,7) 9 (11,1) 1 (1,2) 0 (0) 0 (0) A formação que me foi ministrada na graduação foi suficiente para operacionalizar a CIF na minha prática. 11 (13,6) 30 (37,0) 20 (24,7) 20 (24,7) 0 (0) Considero importante a utilização da CIF por profissionais graduados em meu curso. 68 (84,0) 13 (16,0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) Os profissionais da saúde demonstram ainda resistência na utilização da linguagem CIF. 25 (30,9) 40 (49,4) 9 (11,1) 1 (1,2) 6 (7,4) Sinto ainda dificuldades na utilização da CIF. 38 (46,9) 28 (34,6) 9 (11,1) 6 (7,4) 0 (0) A linguagem utilizada na CIF é compreendida facilmente. 11 (13,6) 39 (48,1) 17 (21,0) 11 (13,6) 3 (3,7)

(7)

17 Afirmações/Questões Concordo Totalmente n (%) Concordo Parcialm ente n (%) Discordo Parcialm ente n (%) Discord o Totalme nte n (%) Não sei n (%)

A CIF só pode ser

utilizada por profissionais da área da saúde 23 (28,4) 26 (32,1) 16 (19,8) 10 (12,3) 6 (7,4) A CIF é um instrumento de classificação biopsicossocial. 43 (53,1) 27 (33,3) 3 (3,3) 1 (1,2) 7 (8,7) A CIF permite a construção de uma linguagem universal para políticas públicas, pesquisas científicas e iniciativas internacionais comparativas. 43 (53,1) 31 (38,3) 2 (2,4) 0 (0) 5 (6,2) O modelo proposto na CIF estabelece um novo paradigma para pensar e trabalhar a

deficiência e a

incapacidade.

53 (65,5) 20 (24,7) 4 (4,9) 0 (0) 4 (4,9)

A CIF pode ser

utilizada como uma ferramenta de política social. 22 ( 27,2) 36 (44,4) 5 (6,2) 3 (3,7) 15 (18,5) Conheço os componentes atividade e participação da CIF? 6 (7,4) 42 (51,9) 19 (23,4) 3 (3,7) 11 (13,6) Concordo que o conceito de

deficiência nas leis do país são diferentes do conceito definido na CIF.

15 (18,5) 33 (40,8) 12 (14,8) 3 (3,7) 18

(8)

18

O COFITTO normatizou o uso da CIF por Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais por meio da Resolução n. 370, de 6 de novembro de 2009. O Art. (art.) 5º preconiza que o COFFITO recomende a utilização da CIF nas IES, nos cursos de graduação,

pós-graduação e extensão em

Fisioterapia e Terapia Ocupacional 15,16. Portanto, os cursos de graduação em Fisioterapia, com o objetivo de uma formação que seja condizente com a

realidade mundial para formar

profissionais capazes de elaborar

propostas e atividades no âmbito da

saúde humana acrescem nas diretrizes

curriculares a CIF, o que proporciona

aos acadêmicos uma visão

multidirecional, multidimensional e

internacional 17. Entretanto, a partir dos resultados encontrados na presente pesquisa, esta inserção da CIF nos

cursos de graduação ainda são

discretas.

A tabela 2 apresenta as atividades relatadas pelos acadêmicos que praticaram e utilizaram a CIF, nota-se como é baixa frequência de relato de

sua prática nas atividades

desenvolvidas durante os anos de graduação. Todavia, isso é contraditório, na medida em que o aprendizado da

CIF necessita da prática para

compreensão desta classificação.

Pode-se sugerir que a falta de capacitações específicas sobre a CIF e sua pouca utilização em disciplinas e atividades práticas, durante os cursos de graduação de Fisioterapia, resulta

em parcial conhecimento e

compreensão da Classificação por parte

dos acadêmicos que fizeram parte do presente estudo relatados na tabela 3.

A tabela 4 apresenta os resultados das questões específicas sobre a CIF.

A grande maioria dos

acadêmicos considera fundamental que os cursos de graduação abordem o conteúdo relacionado à CIF, uma vez que a reputam de grande importância para a vida profissional.

Na prática clínica, o

fisioterapeuta entra em contato com as mais diversas disfunções e o aumento da prevalência de doenças crônicas

resulta que o

diagnóstico-cinético-funcional adquira mais importância, a partir do qual são determinados os objetivos de tratamento e critérios de alta18.

O

diagnóstico-cinético-funcional faz parte dos conceitos da CIF em funções e estruturas do corpo, e

apresenta diferentes dimensões

biológicas. Além dessas informações pertinentes da primeira parte da CIF, o fisioterapeuta poderá classificar as atividades e participação, assim como os fatores ambientais vivenciadas pelo

paciente no seu cotidiano para

complementar o diagnóstico 8, 18, 19, 20.

A CIF é um sistema

codificado que organiza informações e estabelece uma linguagem comum para a descrição dos estados relacionados à funcionalidade, é um modelo único para

a representação dos resultados

decorrentes de uma avaliação de funções e incapacidades, que auxilia os fisioterapeutas e outros profissionais a

estabelecer um perfil funcional

(9)

19

objetivos de tratamentos centrados,

deixando-os mais amplos, o que

favorece o processo de reabilitação 8, 21.

Uma revisão sistemática

evidenciou que a CIF é vista como uma saída para resoluções de problemas relacionados a Fisioterapia e que tem o objetivo de unificar a linguagem e serve como base para a estruturação dos serviços, tanto como guia prático do

processo de reabilitação, como

elaboração de um sistema de

informação17, 22.

A maioria dos acadêmicos concordam que os profissionais da

saúde demonstram resistência na

utilização da linguagem CIF. Não concordam totalmente que a linguagem da CIF é de fácil compreensão, ou seja, consideram-na de difícil entendimento. Outro resultado que chama atenção é o fato de os acadêmicos desconhecerem que outros profissionais além dos da área da saúde possam utiliza-la.

Esses resultados vão ao encontro da literatura que afirma que a CIF por ser uma classificação utilizada de uma forma interdisciplinar, torna-se muito complexa e de difícil implantação

e consequentemente utilização. A

maioria dos profissionais que começam a utilizá-la apresentam limitações em relação a sua aplicabilidade, pois ela é tão completa que se torna pouco prática. Por essa razão, diversos pesquisadores têm elaborado diferentes formas de aplicá-la, como o uso de listas resumidas (core sets)17.

Essa dificuldade de

compreensão e aplicação da CIF entre os profissionais pode estar relacionada à falta de sua utilização ao longo dos cursos de graduação 16, 22, o que foi verificado no presente estudo. Portanto,

há necessidade de sua abordagem nos cursos de graduação da área da Saúde como mencionado pelos indivíduos do estudo.

No presente estudo, menos da metade dos acadêmicos concordou totalmente que a CIF é um instrumento de classificação biopsicossocial. O restante desconhece ou não concorda que ela tem a intenção de descrever uma experiência de saúde como um todo.

De acordo com a literatura, a

classificação é um modelo

biopsicossocial, pois tem importância reconhecida nas áreas de ensino, de pesquisa, e de clínica, o que permite diferentes abordagens em setores como educação, trabalho, estatísticas de saúde, políticas públicas, seguridade social, entre outros. Engloba várias integrações no âmbito da saúde20.

Em um estudo recente, que

teve como objetivo descrever o

processo de uso da CIF no SUS como uma ferramenta de gestão no Município de Barueri-SP. Constatou-se que o seu uso tem permitido conhecer o perfil da demanda, as necessidades de serviços por regiões da cidade, as alterações de funcionalidade mais frequentes e o

impacto das intervenções,

independentemente de haver ou não cura para a doença. Além disso,

possibilitou mudanças em fatores

ambientais para estimular a

funcionalidade e evitar a incapacidade o que pode favorecer, desta forma, políticas públicas por meio de uma ferramenta estatística22.

Os dados acima referidos vão de encontro aos obtidos no presente estudo, pois apenas poucos acadêmicos consideram totalmente que a CIF pode

(10)

20

ser utilizada como uma ferramenta de política social. Da mesma forma, nem todos os acadêmicos consideram que a CIF permite a construção de uma

linguagem universal para políticas

públicas, pesquisas científicas e

iniciativas internacionais comparativas.

Esse resultado pode estar relacionado à

falta de conhecimento de que a CIF

pode ser aplicada em pesquisas

clínicas, sistemas de informação e estatísticas, saúde e políticas sociais 23. Na área da saúde pública, a CIF estabelece um instrumento para a definição de uma base conceitual a fim de conhecer o estado de funcionalidade e incapacidade da população, em qualquer tempo, ou condição de saúde e favorece a formulação específica de políticas públicas7. A CIF revela todos os aspectos da vida humana, incluindo o ambiente em que a população se encontra, da maneira mais simples à mais complexa, portanto, eficaz para desenvolver políticas mais efetivas7,23.

Outro estudo atual afirma que a CIF tem a finalidade de desenvolver ações e oferta de serviços aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e da Previdência Social que tenham como estratégia a saúde

funcional, incluindo promoção,

prevenção, tratamento, recuperação e

manutenção da Saúde. Podendo

construir um monitoramento ao longo do tempo sobre o estado de funcionalidade

ou incapacidade da população,

relacionado ao fator ambiental, e pode ser utilizada por profissionais das áreas sociais, da educação, da arquitetura, do direito entre outras23.

A necessidade de

aplicabilidade da CIF nas políticas

públicas fica evidente, principalmente na promoção de saúde, porque problemas de saúde não são ocasionados somente por motivos de doenças, mas também por qualquer outro motivo ou condição de saúde. A falta de especificidade para dados coletados, assim como a falta de clareza sobre as condições de saúde da sociedade dificultam ações políticas bem elaboradas 20, 22, 23. Portanto, é de

extrema necessidade identificar e

considerar a presença e a gravidade de um problema de saúde por meio de uma classificação mais abrangente como a CIF.

A maioria dos acadêmicos

não conhecem totalmente os

componentes atividade e participação na CIF, tampouco desconhecem que este componente cobre a faixa completa dos domínios que indicam os aspectos de funcionalidade, tanto individualmente como socialmente. Além disso, esse componente tem elevado grau de importância para o uso clínico e epidemiológico23,24.

Através desse estudo, pode-se obpode-servar que poucos acadêmicos

concordaram totalmente que os

conceitos de deficiência das leis e da CIF diferenciam-se, o que leva à conclusão de que eles não têm conhecimento sobre o tema. No Decreto n. 3.298/1999, que regulamentou a Lei n. 7.853/1989, tem como conceito de deficiência, perda ou anormalidade de funções que geram incapacidades de desempenhar atividades consideradas normais. Já na CIF, o conceito de deficiência está associado com os problemas nas funções (fisiológicas dos sistemas orgânicos) e estruturas (partes anatômicas, órgãos, membros e seus componentes), que geram um desvio ou

(11)

21

perda, relacionado somente à existência ou não de uma alteração, o que não

demonstra uma relação com

incapacidade, que está estabelecida na CIF como o resultado de interação com o meio ambiente, e não como uma consequência de deficiência.

Evidencia-se então, uma importante alteração

conceitual, com transformações políticas

e sociais e envolve mudança no dialeto,

na escrita, nos estudos científicos, nos serviços e nos sistemas legislativos 24,

25

.

Conclusão

Conclui-se que os

acadêmicos conhecem a CIF, porém

possuem um baixo nível de

conhecimento e não a compreendem em sua totalidade. O que pode ser explicado pela falta de sua abordagem durante a graduação, embora entendam a importância do ensino e da prática da mesma ao longo de sua formação acadêmica. Esses dados chamam a atenção sobre a importância do ensino e prática da CIF nas IES nos cursos de graduação em Fisioterapia.

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Referências

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