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Petição Inicial Reprovado Exame Psicológico Pm

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Academic year: 2021

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E  X C  X C E L E L E N E N T T Í Í S S I S S I M M OO  S SE E N H O N H O RR DDO U T O RO U T O R  J  J U U I I Z Z D D EE DDI I R R E E I I T T O O D D OO  J  J UIZADOUIZADO E 

E  S P E C  S P E C I I A L A L D D AA F F  A Z E N  A Z E N D D AA PPÚ B L Ú B L I I C A C A D D AA C C O M O M A R C A R C A A D D EE BBE L OE L O H H O R O R I Z I Z O N T EO N T E /MG /MG

 x

 xxxxxxxx x , por sua procurador adiante assinada, devidamente constituído, “, por sua procurador adiante assinada, devidamente constituído, “ ut ut ””

procuração anexa (Doc. Anexo I), vem, respeitosamente, perante V. Exª, procuração anexa (Doc. Anexo I), vem, respeitosamente, perante V. Exª, propor

propor

 A

 AÇÃOÇÃO DDECLAECLA RATÓRIA COMRATÓRIA COMPPEDIDO DEEDIDO DE T T UTELAUTELA PPROVISÓRIA DEROVISÓRIA DE U U RGÊNCIARGÊNCIA

em face do

em face do E E  S S TATA DO DO DEDE M MINASINAS GGE R A I SE R A I S, devidamente representado pelo ilustre, devidamente representado pelo ilustre

Procurador Geral do Estado, com endereço na Avenida Afonso Pena, nº Procurador Geral do Estado, com endereço na Avenida Afonso Pena, nº 1.901, Bairro Funcionários, Belo Horizonte/MG, pelo fato de o Autor,

1.901, Bairro Funcionários, Belo Horizonte/MG, pelo fato de o Autor, emboraembora tenha perfeitas condições psicológicas

tenha perfeitas condições psicológicas,, conforme provam as razõesconforme provam as razões recursais e a avaliação psicológica

recursais e a avaliação psicológica, em anexo, ter sido eliminado nos, em anexo, ter sido eliminado nos

exames psicológicos, os quais foram

exames psicológicos, os quais foram aplicados aplicados de forma de forma errada e contrária aoerrada e contrária ao que determina o art. 5º, § 4º, da Lei 5.301/69, sob o equivocado argumento de que determina o art. 5º, § 4º, da Lei 5.301/69, sob o equivocado argumento de que o Autor possui

que o Autor possui Descontrole emocionalDescontrole emocional.. Tal reprovação atenta contra osTal reprovação atenta contra os princípios

princípios da da razoabilidade, razoabilidade, da da acessibilidade acessibilidade aos aos cargos cargos públicos,públicos, moralidade, além de ser atentatório à dignidade da pessoa humana e moralidade, além de ser atentatório à dignidade da pessoa humana e altamente discriminatória, como se vê a seguir:

altamente discriminatória, como se vê a seguir:

F  F  A A TOSTOS

O Autor concorreu ao concurso público para provimento do cargo de soldado O Autor concorreu ao concurso público para provimento do cargo de soldado da Polícia Militar de Minas Gerais. O concurso foi regido pelo edital DRH/CRS nº 03/2015, da Polícia Militar de Minas Gerais. O concurso foi regido pelo edital DRH/CRS nº 03/2015, conforme cópia anexa (Doc. Anexo II).

conforme cópia anexa (Doc. Anexo II).  Após

 Após ter ter sido sido aprovadaprovado o nas nas três três primeiras primeiras etapas etapas do do concurso concurso (prova (prova dede conhecimentos, exames de saúde e teste de capacitação física), o Autor foi convocado para conhecimentos, exames de saúde e teste de capacitação física), o Autor foi convocado para realizar a 4ª etapa do concurso, em que foram aplicados os exames psicológicos, conforme realizar a 4ª etapa do concurso, em que foram aplicados os exames psicológicos, conforme ato de convocação anexo, (Doc. Anexo III).

(2)
(3)

No entanto, o Autor foi absurdamente contraindicado nos exames No entanto, o Autor foi absurdamente contraindicado nos exames psicológicos, conforme se constata no resultado da 4ª etapa, (Doc. Anexo IV).

psicológicos, conforme se constata no resultado da 4ª etapa, (Doc. Anexo IV).

Segundo a conclusão do laudo psicológico da PMMG, o Autor foi Segundo a conclusão do laudo psicológico da PMMG, o Autor foi contraindicado por se enquadrar no item 01 da Resolução 4.278/2013. Dispõe referido item: contraindicado por se enquadrar no item 01 da Resolução 4.278/2013. Dispõe referido item:

“1. Descontrole emocional”

“1. Descontrole emocional”

Em decorrência da contraindicação, o Autor realizou a entrevista de devolução Em decorrência da contraindicação, o Autor realizou a entrevista de devolução e apresentou Recurso Administrativo, que confirmou, através de profissional devidamente e apresentou Recurso Administrativo, que confirmou, através de profissional devidamente registrado no Conselho Regional de Psicologia, a aptidão psicológica do Autor, conforme registrado no Conselho Regional de Psicologia, a aptidão psicológica do Autor, conforme documento anexo V.

documento anexo V.

Posteriormente, foi divulgado o resultado do Recurso Administrativo (Doc. Posteriormente, foi divulgado o resultado do Recurso Administrativo (Doc.  Anexo VI). Alé

 Anexo VI). Além de ser mantida a dm de ser mantida a decisão de coecisão de contraindicaçãntraindicação, o ato foi imoto, o ato foi imotivado e, portaivado e, portanto,nto, contrário à lei que exige a motivação em todos os atos administrativos, principalmente contrário à lei que exige a motivação em todos os atos administrativos, principalmente naqueles que restringem direitos dos cidadãos.

naqueles que restringem direitos dos cidadãos.

Certo é que o Autor recorreu a um ato administrativo ilegal, apresentou Certo é que o Autor recorreu a um ato administrativo ilegal, apresentou recurso realizado por profissional da área de psicologia, bem fundamentado nas normas que recurso realizado por profissional da área de psicologia, bem fundamentado nas normas que disciplinam os testes psicológicos, e não obteve sequer uma resposta motivada, que disciplinam os testes psicológicos, e não obteve sequer uma resposta motivada, que  justificasse a

 justificasse a manutençmanutenção da deão da decisão que cisão que o contrao contraindicou no indicou no certame.certame.

 A ausência de motivação restringe o direito de defesa do Autor, e é motivo de  A ausência de motivação restringe o direito de defesa do Autor, e é motivo de nulidade do ato.

nulidade do ato.

Como se não bastasse a ilegalidade no ato do resultado imotivado da 4ª Como se não bastasse a ilegalidade no ato do resultado imotivado da 4ª etapa, o Autor jamais poderia ser eliminado do processo seletivo uma vez que encontra- se etapa, o Autor jamais poderia ser eliminado do processo seletivo uma vez que encontra- se psicologicamente apto a realizar o Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar.

psicologicamente apto a realizar o Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar.

O Autor enquadra-se ao perfil exigido pelo edital, como atestado pela O Autor enquadra-se ao perfil exigido pelo edital, como atestado pela psicóloga que teve acesso

psicóloga que teve acesso ao material produzido pelo ao material produzido pelo Autor durante o Autor durante o processo seletivo, processo seletivo, aa qual concluiu pela inexistência de fator de contraindicação, concluindo ao final, pela qual concluiu pela inexistência de fator de contraindicação, concluindo ao final, pela inexistência de fator de contraindicação (Doc. Anexo V).

inexistência de fator de contraindicação (Doc. Anexo V). Como visto,

Como visto, o Ao Autor possui utor possui perfil psicológico perfil psicológico condizentcondizente e com com o o cargocargo de soldado.

de soldado.

 Assim,

 Assim, imprescindíimprescindível vel se se faz faz a a propositura propositura da da presente presente ação ação ordinária, ordinária, comcom pedido de tutela provisória de urgência, para que o Autor possa, pronta e imediatamente, pedido de tutela provisória de urgência, para que o Autor possa, pronta e imediatamente, serser matriculado no Curso de Formação de Soldados para o ano de 2017,

matriculado no Curso de Formação de Soldados para o ano de 2017, que iniciará que iniciará emem 01 de setembro de 2017

(4)

 Anexo “A” (Do

 Anexo “A” (Doc. Anexo c. Anexo IX), em igualdadIX), em igualdade de conde de condições com os dições com os demais candiemais candidatos, semdatos, sem

sofrer qualquer restrição, limitação ou discriminação por estar amparado judicialmente. sofrer qualquer restrição, limitação ou discriminação por estar amparado judicialmente.

F UNDAMENTOSUNDAMENTOS

O ponto crucial da presente demanda consiste em saber se o Autor possui ou O ponto crucial da presente demanda consiste em saber se o Autor possui ou não perfil psicológico compatível com o exercício das atividades de soldado da Polícia Militar não perfil psicológico compatível com o exercício das atividades de soldado da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais.

do Estado de Minas Gerais.

Observa-se que a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Observa-se que a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, estabeleceu princípios e garantias expressos para resguardar os direitos individuais, tais estabeleceu princípios e garantias expressos para resguardar os direitos individuais, tais como o direito à

como o direito à igualdade (art. 5º, caput igualdade (art. 5º, caput e inciso I), estrita legalidade (art. 5e inciso I), estrita legalidade (art. 5º, º, II), liberdadeII), liberdade de trabalho (art. 5º, XIII), novamente assegurado direito à legalidade e impessoalidade no art. de trabalho (art. 5º, XIII), novamente assegurado direito à legalidade e impessoalidade no art. 37, que prevê que os cargos públicos são acessíveis aos brasileiros que preencham os 37, que prevê que os cargos públicos são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos legais, observados os princípios da legalidade, impessoalidade moralidade, requisitos legais, observados os princípios da legalidade, impessoalidade moralidade, publicidade e eficiência, além dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.

publicidade e eficiência, além dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.

O art. 3º, da Constituição Federal de 1988, em seu inciso IV, prevê como O art. 3º, da Constituição Federal de 1988, em seu inciso IV, prevê como objetivo da República Federativa, promover o bem de todos sem qualquer discriminação, o objetivo da República Federativa, promover o bem de todos sem qualquer discriminação, o que não está sendo respeitado pela Administração Pública.

que não está sendo respeitado pela Administração Pública.

Já o art. 5º, também da CF, garante a igualdade entre todos perante a lei, Já o art. 5º, também da CF, garante a igualdade entre todos perante a lei, sendo que em concurso público todos se submetem às regras do concurso de forma sendo que em concurso público todos se submetem às regras do concurso de forma equânime,

equânime, desde que não haja discriminação e que sejam garantidas as oportunidadesdesde que não haja discriminação e que sejam garantidas as oportunidades sociais, políticas e econômicas idênticas para todos que pretendam participar do sociais, políticas e econômicas idênticas para todos que pretendam participar do processo seletivo

processo seletivo..

Dispõe o caput do referido art. 5º: Dispõe o caput do referido art. 5º:

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

 garantindo-se

 garantindo-se aos

aos brasileiros

brasileiros e

e estrangeiros

estrangeiros residentes

residentes no

no País

País aa

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

 propriedade, nos termos seguintes:

 propriedade, nos termos seguintes:””

Dispõe o art. 37, incisos I e II, da CR/88: Dispõe o art. 37, incisos I e II, da CR/88:

“  

“  

 Art.

 Art. 37

37 – 

 –  A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes

 A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes

da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos

da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos

 princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

 princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

(5)

 –  os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que

 preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, no

 forma da lei;

 –  a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia

em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a

natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,

ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre

nomeação e exoneração;” (grifos nossos)

Como visto, a Constituição Federal instituiu um sistema de acessibilidade aos cargos e empregos públicos, no qual os critérios de seleção devem observar estritamente a igualdade de oportunidades e outros postulados de modo a assegurar o princípio matriz dos direitos fundamentais – a dignidade da pessoa humana.

Nesse contexto, o concurso público constitui meio mais adequado de seleção de servidores públicos em que se verifica a capacidade intelectual, psíquica e física, compatíveis com a complexidade do cargo, a fim de que não haja discriminação imotivada em relação aos participantes do concurso que pleiteiam o mesmo cargo.

É nesse contexto que a Polícia Militar de Minas Gerais lança o Edital DRH/CRS N° 03/2015 para provimento do cargo de soldado. Segundo o edital, a Resolução 4.278/2013 regulamenta a aplicação dos exames psicológicos e contém a relação dos fatores incapacitantes para ingresso na PMMG.

Ora, o Autor foi considerado contraindicado para exercer as funções do cargo de soldado sob o equivocado argumento de que possui Descontrole Emocional, fator

incapacitante previsto no item 01 do Grupo XVI, do Anexo E, da Resolução 4.278/2013 (Doc.  Anexo VII).

Entretanto, o ato de eliminação do Autor é totalmente discriminatório e não pode ser considerado para eliminá-lo do concurso público, já que o suposto problema apresentado não existe, conforme amplamente provado através dos documentos anexados aos autos. Como provam as razões do Recurso Administrativo (Doc. Anexo V), o Autor não possui nenhum fator de contraindicação que justifica a sua exclusão do certame.

Há diversas ilegalidades que justificam a declaração de nulidade do ato de contraindicação, razão pela qual o Autor pleiteia a concessão da tutela de urgência in audita altera pars em decorrência das nulidades a seguir expostas.

D A N ULIDADE POR OFENSA AO PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO

 A Constituição Estadual determina que todo ato administrativo deve ser motivado, conforme disposição expressa do § 2º do artigo 13, in verbis:

(6)

“Art. 13, § 2º - O agente público motivará o ato administrativo que praticar,

explicitando-lhe o fundamento legal, o fático e a finalidade.”

Nesse sentido a Lei 9784/99 determina a obrigação da Administração Pública em dar ciência aos administrados das razões de suas decisões.

“Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da

legalidade, finalidade,

motivação

 , razoabilidade, proporcionalidade,

moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público

e eficiência.”

Mesmo a Lei 9784/99 tendo aplicação no âmbito federal, nos termos de seu artigo primeiro, a lei visa, especialmente, a proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da administração, razão pela qual sua aplicabilidade no âmbito estadual é perfeita e juridicamente aceitável.

 Apenas com a motivação é possível ao administrado recorrer administrativa ou juridicamente à anulação de um ato administrativo ilegal ou que viole princípios administrativos.

 A ausência de motivação viola ainda a segurança jurídica, a moralidade e a eficiência administrativa, o que reforça a ideia de sua imprescindibilidade.

O art. 50 da Lei 9784/99 assim dispõe:

 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos

 fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:

 I neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; (...) V

-decidam recursos administrativos

; (...) Grifamos

Ora, conforme se verifica no Resultado do Recurso Administrativo (Doc. Anexo VI), em sede de recurso administrativo, a Polícia Militar apenas declarou o indeferimento do recurso, não motivando ou apresentando nenhuma justificativa do ato.

O Recurso Administrativo dá a oportunidade ao candidato de demonstrar a existência de sua aptidão e foi exatamente isso que o Autor fez. Apresentou um laudo realizado por uma profissional da área de psicologia, afirmando haver ilegalidades na contraindicação, e ainda assim o Réu, em decisão imotivada, indeferiu o recurso administrativo.

(7)

Se o Recurso Administrativo não se vale a demonstrar a existência do direito dos candidatos de concurso público, perde a sua função e consequentemente torna o ato administrativo irrecorrível.

O STJ segue o entendimento da imprescindibilidade da motivação para validação dos atos administrativos. Vejamos o julgamento que se segue:

 ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO.

 ACUIDADE VISUAL. CANDIDATO CONSIDERADO INAPTO.

 AUSÊ NCI A

DE MOTIVAÇÃO. NULIDADE.

 EDITAL QUE PREVIA A CORREÇÃO

COM O USO DE ÓCULOS OU LENTES. OFENSA

À

 RAZOABILIDADE. 1. Discute-se a legalidade da eliminação do candidato por

ter sido considerado inapto no exame de aptidão visual, no Concurso Público

 para Ingresso ao Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar do Estado

de Santa Catarina. 2. Liminar deferida na Medida Cautelar 18.229/SC para

assegurar a participação do ora recorrente nas demais fases do certame.

 3.

Não houve motivação, no momento adequado, do ato administrativo que

reprovou o candidato no exame de saúde, já que os fundamentos dessa

eliminação foram enunciados apenas nas informações prestadas pela

autoridade coatora. 4. Refoge à razoabilidade a eliminação do candidato que

não obteve acesso aos fundamentos de sua reprovação, impedindo-o de

efetuar o controle da decisão administrativa, máxime quando o próprio edital

autoriza a correção visual pelo simples uso de óculos ou lentes corretivas.

5. É

incontroverso que o recorrente não é portador das anomalias constantes do

 Anexo II do edital que constituem condições incapacitantes à inclusão na

 Polícia Militar de Santa Catarina  –   a própria Junta Médica da Corporação

 Militar apôs carimbo que revela incapacidade temporária -, bem como há

 prova documental da realização de cirurgia de correção visual, que atenderia o

requisito da higidez física prevista em lei. 6. Segurança deferida para

determinar seja o recorrente submetido a nova avaliação de saúde,

exclusivamente quanto à acuidade visual, com concessão de prazo para recurso

caso haja reprovação, de modo a prestigiar a resolução do caso no âmbito

administrativo. 7. Recurso em mandado de segurança provido. (STJ - RMS

35265 / SC RECURSO

ORDINÁRIO

EM

MANDADO

DE

SEGURANÇA

2011/0185125-0- Relator: Ministro CASTRO MEIRA (1125) –  Publicação: DJe

06/12/2012)” Grifamos.

(8)

Restando clara a ausência de motivação na análise do Recurso

 Administrativo, o Réu comete ato ilegal, razão pela qual a contraindicação do Autor é nula e deve ser corrigida com seu reingresso no certame no qual foi imotivada e

injustificadamente excluída.

Não basta apenas indeferir o recurso de forma genérica e igual para todos os candidatos, há necessidade de dizer por que as razões do recurso não foram aceitas, onde estão os erros e principalmente, por que está errado; qual é a forma correta que deveriam ser os traçados e o que torna o Autor diferente dos demais candidatos.

Não existe discricionariedade da Administração neste caso. A Administração é obrigada a motivar todos os seus atos.

Sobre o Princípio da Motivação, esclarecedora é a lição de Celso Antônio Bandeira de Melo:

“  

 Dito princípio implica para a Administração o dever de justificar seus atos,

apontando-lhes os fundamentos de direito e de fato, assim como a correlação

lógica entre os eventos e situações que deu por existentes e a providência

tomada, nos casos em que este último aclaramento seja necessário para

aferir- se a consonância da conduta administrativa com a lei que lhe serviu de arrimo.

(...)

 Assim, atos administrativos praticados sem a tempestiva e suficiente motivação

 são ilegítimos e invalidáveis pelo Poder Judiciário toda vez que sua

 fundamentação tardia, apresentada apenas depois de impugnados em juízo,

não possa oferecer segurança e certeza de que os motivos aduzidos

efetivamente existiam ou foram aqueles que embasaram a providência

contestada

”.

(BANDEIRA DE MELO, Celso Antônio. Curso de Direito

 Administrativo. 17a. edição. Malheiros Editora: São Paulo. 2004)

 Assim, foi totalmente ilegal o ato administrativo que analisou o recurso administrativo do Autor, tal ilegalidade culminou com a eliminação do Autor do certame, devendo por isso ser declarado nulo tal ato administrativo, por falta de motivação.

Se houvesse análise do recurso do Autor, a Comissão de Concursos verificaria que a argumentação do Autor é lógica, consistente e muito bem fundamentada nas normas do Conselho Federal de Psicologia ou apontaria quais os erros que o Autor cometeu nos exames.

Pergunta-se: Por que o recurso do Autor não tem argumentação lógica e consistente? Onde está a motivação de tal alegação? Simplesmente não existe.

(9)

 A Administração Pública mais uma vez foi arbitrária, agindo de forma ilegal, sem motivar seus atos, o que fere de morte o Princípio Constitucional da Motivação e consequentemente da Legalidade.

Dessa forma, por não ter a Administração Pública motivado o ato administrativo que acabou por eliminar o Autor do concurso público, é nulo tal ato, pelo que o  Autor tem o direito de ser matriculado no próximo Curso de Formação de Soldados do QPPM/2017 com data de início prevista para 01 de setembro de 2017 (Doc. Anexo IX) ,

em igualdade de condições com os demais candidatos.

D A N ULIDADE POR AUSÊNCIA DE OBJETIVIDADE

O concurso público é meio justo de seleção, em que a Administração Pública busca resguardar os princípios da isonomia, impessoalidade, legalidade, moralidade, entre outros.

Para alcançar tais princípios, o Administrador deve se ater ao que estabelece a lei e, para realizar uma seleção justa, cria os critérios necessários para que a seleção não seja tendenciosa ou favoreça algum candidato em detrimento de outros.

Diante disto, criam normas objetivas para a seleção pública, de forma que qualquer candidato que preencha os requisitos objetivos para exercício do cargo, se aprovado no certame, ocupe a vaga que lhe é devida.

Todos os requisitos exigidos pela Administração Pública para uma seleção  justa devem ser do conhecimento de todos, para que qualquer um possa analisar o ato e

questioná-lo, em caso de ilegalidade.

Os requisitos para a seleção devem, então, ser objetivos, de forma que a  Administração Pública, verificando que o candidato atingiu a todos os requisitos, o convoque.

Se a Administração Pública cria regras turvas, embaraçadas, de duvidosa credibilidade, não podem tais regras prevalecer, devendo ser declaradas nulas, sob pena de resultar em danos ou vantagens indevidas a algum candidato em detrimento de outros.

Se a Administração não apresenta os critérios objetivos a serem observados, qualquer exclusão ou admissão de candidatos pode ser declarada nula, já que a Administração Pública não pode atuar além do que dispõe a lei.

O Réu tem a obrigação legal de estabelecer critérios objetivos para a seleção de candidatos, o que definitivamente não ocorreu no caso do Autor.

(10)

O Estatuto da Polícia Militar de Minas Gerais, Lei 5.301/69, estabelece os requisitos mínimos para a seleção de candidatos no teste psicológico. Assim dispõe o art. 5º, §4º da Lei 5.301/69:

“Art. 5º O ingresso nas instituições militares estaduais dar -se-á por meio de

concurso público, de provas ou de provas e títulos, no posto ou graduação

inicial dos quadros previstos no § 1º do art. 13 desta Lei, observados os

 seguintes requisitos: (...)

 § 4º A avaliação psicológica prevista no inciso VIII será realizada por Oficial

 psicólogo ou comissão de oficiais psicólogos dos quadros da instituição militar

ou por psicólogos contratados e terá como base as exigências funcionais e

comportamentais do cargo a ser ocupado, compreendendo, no mínimo:

 I teste de personalidade; II

-teste de inteligência;

 III - dinâmica de grupo, prova situacional ou anamnese psicológica.”

Como visto, a lei que rege o certame é vaga, sendo, portanto, aplicável no presente caso, as determinações do Conselho Federal de Psicologia, que são normas que disciplinam a aplicação dos testes citados no §4º, I, II e III acima descritos.

 A Resolução 02/2003, do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que disciplina a realização de exames psicológicos determina que:

 Art. 5º - São

requisitos mínimos obrigatórios

 para os instrumentos de

avaliação psicológica classificados como "testes projetivos":

 I -

apresentação da fundamentação teórica

do instrumento com especial ênfase

na definição do construto a ser avaliado e dos possíveis propósitos do

instrumento e os contextos principais para os quais ele foi desenvolvido; II

-apresentação de evidências empíricas de validade e precisão das

interpretações propostas para os escores do teste, com justificativas para os

 procedimentos específicos adotados na investigação

 , com especial ênfase na

 precisão de avaliadores, quando o processo de correção for complexo;

-

apresentação do sistema de correção e interpretação

dos escores,

explicitando a lógica que fundamenta o procedimento, em função do sistema de

interpretação adotado, que pode ser:

referenciada à norma, devendo, nesse caso, relatar as características da

amostra de padronização de maneira clara e exaustiva, preferencialmente

comparando com estimativas nacionais, possibilitando o julgamento do nível de

representatividade do grupo de referência usado para a transformação dos

escores;

(11)

diferente da interpretação referenciada à norma, devendo, nesse caso,

explicar o embasamento teórico e justificar a lógica do procedimento de

interpretação utilizado;

- apresentação clara dos procedimentos de aplicação e correção e das

condições nas quais o teste deve ser aplicado para garantir a uniformidade

dos procedimentos envolvidos na sua aplicação;

- compilação das informações indicadas acima, bem como outras que forem

importantes, em um manual contendo, pelo menos, informações sobre:

o aspecto técnico-científico, relatando a fundamentação e os estudos

empíricos sobre o instrumento;

o aspecto prático, explicando a aplicação, correção e interpretação dos

resultados do teste e

a literatura científica relacionada ao instrumento, indicando os meios para

a sua obtenção .

 A análise destes requisitos não foi devidamente apreciada no exame psicológico, o que por si só, já enseja a nulidade do ato de contraindicação do Autor.

Tanto no resultado do exame psicológico, quanto no resultado do recurso administrativo, o Réu tem o dever de apresentar os procedimentos utilizados, os requisitos que não foram alcançados, e motivar, fundamentadamente, os pontos e critérios não alcançados pelo Autor , o que definitivamente não ocorreu.

Se há omissão quanto ao alcance dos requisitos é porque nem mesmo o Réu tem ciência de quais seriam tais requisitos.

O teste psicológico aplicado pela Policia Militar definitivamente não possui requisitos e critérios claros para seleção, e isto é inadmissível, sendo passível de nulidade.

Nesse sentido é o entendimento jurisprudencial do Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais:

“CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO AÇÃO ORDINÁRIA

CONCURSO PÚBLICO EXAME PSICOLÓGICO INAPTIDÃO

- REALIZAÇÃO DE LAUDO PERICIAL CONCLUSIVO PELA APTIDÃO DO

CONCURSANDO - PRESENÇA DE DIVERSOS ELEMENTOS QUE

CONTRADIZEM O TESTE PSICOLÓGICO REALIZADO PELA POLÍCIA

 MILITAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS - PROCEDÊNCIA DO

 PEDIDO - MANUTENÇÃO. Se o Edital do certame indica como objetivo do

teste psicológico verificar as características psicossomáticas incompatíveis com

o exercício da atividade ou serviço de natureza Policial Militar, o laudo

(12)

 pericial que conclui pela sua aptidão e higidez psicológica somente corrobora

a fragilidade e impossibilidade de prevalência

do

resultado da junta psicológica que concluiu pela inaptidão do concorrente.”

(Processo nº 1.0024.07.405174-9/004,/ Relator Des. DORIVAL

GUIMARÃES

 PEREIRA, publicado em

05/12/2008)

“ADMINISTRATIVO - CONCURSO PÚBLICO - PMMG - TESTE

 PSICOLÓGICO - LAUDO DE PERÍCIA JUDICIAL CONCLUSIVO QUANTO À

 APTIDÃO PSICOLÓGICA DOS CANDIDATOS - NULIDADE DO

ATO

 ADMINISTRATIVO

-

EMBARGOS INFRINGENTES

 ACOLHIDOS. - Constitui exigência legal, para matrícula no Curso Técnico de

Segurança Pública da PMMG, a aprovação no exame psicológico. - Contudo,

diante das conclusões da perícia judicial, realizada com a observância do

contraditório e ampla defesa, no sentido de que não foram identificados

elementos para a contra-indicação dos autores no teste psicológico, forçoso

confirmar a anulação dos atos administrativos combatidos, determinando-se a

 permanência dos autores nas fileiras da PMMG. - Embargos infringentes

acolhidos.” (Processo nº 1.0024.06.990791-3/004, Relator Des. EDUARDO

 ANDRADE, publicado em 03/06/2011).

“CONCURSO PÚBLICO - TESTES PSICOTÉCNICOS - AVALIAÇÃO

 PREVISTA NO EDITAL E QUE ENCONTRA RESPALDO NA LEGISLAÇÃO

VIGENTE - LAUDO PSICOLÓGICO JUDICIAL. - A

Súmula 686 do STF autoriza a realização de exames psicotécnicos em concursos

 públicos, desde que haja previsão legal. - A Lei nº 5.301/69 prevê o exame

 psicológico, em seu art. 80, como requisito para matrícula em curso da

 Academia de Polícia Militar. E a Lei Complementar nº 50/98, que alterou a Lei

nº 5.301/69, foi editada em conformidade com o artigo 37, inciso I, da

Constituição Federal de 1.988. Tal diploma - que contém o Estatuto do Pessoal

da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais - insere, no item 5 do inciso III do

art. 5º, o exame psicológico, nos termos do parágrafo único, item 6, ''a'', do

artigo 5º da Lei Complementar referida. - Embora se reconheça a legalidade da

exigência do exame psicotécnico, no caso em exame, havendo nos autos laudo

 pericial, realizado sob contraditório e ampla defesa, concluindo no sentido da

 sanidade psicológica do candidato e pela sua consequente aptidão para o

exercício das funções do cargo de policial militar, o ato de exclusão ofende o

 princípio da razoabilidade e finalidade administrativas, estando viciado.

(Número do processo: 1.0024.04.428001-4/007(1) / Relator: Des.(a) WANDER

 MAROTTA / Data do Julgamento: 12/04/2011 / Data da Publicação:

(13)

Conforme visto, os exames psicológicos aplicados pela PMMG não são dotados de objetividade e cientificidade, e não prestam para demonstrar a real aptidão psicológica, razão pela qual não podem ser usados como critério para eliminar candidato do processo seletivo.

Ora, a situação é grave e o Poder Judiciário não pode fechar os olhos para essa realidade tão triste vivenciada por aqueles candidatos que idealizam a carreira militar e que têm os seus sonhos dissipados e esmagados por um exame que não oferece nenhum critério objetivo e científico.

Quantos são aqueles, que através de medidas judiciais, tiveram a oportunidade de ingressar na carreira militar e provaram para os psicólogos que são tão, se não mais, eficientes para exercerem as funções da caserna que lhes foram confiadas do que aqueles que foram considerados aptos em tais exames psicológicos.

Conforme exposto, os exames psicológicos aplicados pela PMMG não estão em consonância com o entendimento consagrado pelo Supremo Tribunal Federal que, ao  julgar o AI 758.533, resolvendo questão de ordem para reconhecer a repercussão geral, cuja decisão foi publicada em 13.08.10, decidiu que o exame psicológico pode ser aplicado em concurso público, desde que observe os seguintes pressupostos: previsão legal, objetividade e publicidade dos atos que o precede, ou seja, publicidade do perfil psicográfico.

Qualquer inobservância de um desses pressupostos gera a ilegitimidade do ato, passível de ser corrigido por intervenção do Poder Judiciário.

No caso em tela, dúvida não há de que os exames psicológicos aplicados durante o processo seletivo da PMMG não dispõem de objetividade capaz de aferir com exatidão a personalidade de cada candidato.

 A jurisprudência pátria é unânime em confirmar a subjetividade do exame psicotécnico, tornando-o imprestável a concursos públicos, como se vê em recente voto do

Ilustre Desembargador José Domingues Ferreira Esteves, “in litteris”:

“Analisando os autos, não se depreende como foram aplicados os testes e as

técnicas desenvolvidas para a elaboração do teste psicotécnico, sendo

impossível de se averiguar de forma objetiva o desempenho do Autor em

relação a ele.

 Extrai-se, portanto, da conclusão do laudo, argumentação incompleta,

concluindo-se pela utilização de critérios de subjetivos e arbitrários, vedados

neste caso.”

(14)

Como se não bastasse o já exposto, a Resolução 02/2003 do Conselho Federal de Psicologia determina que, caso o exame psicológico seja desfavorável ao avaliado, poderá ser o exame reapresentado. Isto é indicativo

de que a contraindicação não indica, necessariamente, inaptidão psicológica do candidato.

Vejamos o que dispõe o artigo 13 da Resolução 02/2003 do Conselho Federal de Psicologia:

 Art. 13  –   Os testes com avaliação final desfavorável por não atenderem às

condições mínimas poderão, após revisados, ser reapresentados a qualquer

tempo e seguirão o trâmite normal como disposto no artigo 90 desta Resolução.

 A abertura para reteste demonstra que o exame pode não apresentar a real aptidão psicológica do candidato, o que confirma uma imprecisão e até mesmo subjetividade do exame realizado pelo Autor.

 Ante todo o exposto, deve ser declarado nulo o ato administrativo que excluiu o Autor do processo seletivo, tendo em vista que restou provado que os exames psicológicos a que o Autor foi submetido não são objetivos e não possuem qualquer grau de cientificidade.

F  A LT A D E PERFIL P S IC OG R Á FI CO PREVIAMENTE DEFINIDO GE R A SUBJE TIVIDADE DOS E  XA ME S

 A PMMG eliminou o Autor com base em parecer subjetivo de um único psicólogo, o qual não observou corretamente os traços apresentados pelo Autor.

 A conduta da PMMG é atentatória contra o Estado Democrático de Direito, pois dá a seus atos uma aparência de que está cumprido a lei, mas na prática não segue o que dispõe o art. 5º, da Lei 5.301/69, o qual dispõe sobre as condições de ingresso na carreira militar, e nem as norma do Conselho Federal de Psicologia para aplicação dos testes psicológicos.

Dispõe o art. 5º, do Estatuto da Polícia Militar de Minas Gerais:

“ 

 Art. 5º - (...)

§ 4º A avaliação psicológica prevista no inciso VI I I será realizada por Oficial

 psicólogo ou comissão de oficiais psicólogos dos quadros da instituição

militar ou por psicólogos contratados e terá como base as exigências

 funcionais e comportamentais do cargo a ser ocupado, compreendendo, no

(15)

I - teste de personalidade; I I

- teste de inteligência;

I I I - dinâmica de grupo, prova situacional ou anamnese psicológica

.

 § 5º Do resultado da avaliação psicológica cabe recurso à junta examinadora,

observados os prazos e procedimentos previstos no edital do concurso.

 § 6º A junta examinadora a que se refere o § 5º não poderá ser integrada por

 psicólogo que participou da avaliação prevista no § 4º.

 § 7º Os laudos de avaliação psicológica serão guardados, em caráter

confidencial, pela unidade executora do concurso, sob a responsabilidade da

 seção de psicologia”.(Artigo com redação dada pelo art. 2º da Lei

Complementar nº 95, de 17/1/2007.)

 Através da leitura dos dispositivos que regem o ingresso no cargo de soldado da PMMG extraí-se que há previsão de exame psicológico para ingresso no cargo.

Entretanto, nem a lei e nem o edital trouxeram a previsão do perfil psicográfico que seria exigido dos candidatos.

Por outro laudo, a Resolução 4.278/13 também não prevê os critérios que serão usados na correção dos testes, qual seja, critério aferível pelo candidato ou pelos psicólogos contratados para verificar a correção adequada do enquadramento feito pela PMMG.

Segundo jurisprudência dominante dos Tribunais Superiores, o perfil psicográfico exigido não pode ser desconhecido dos candidatos e do público em geral, conforme se vê nos dizeres do Exmo. Sr. Juiz Federal Avio Mozar José Ferraz de Novaes (Relator convocado) Apelação Cível nº 2002.34.00.030.317/DF, do TRF da 1ª Região:

“Atento, pois, às peculiaridades que permeiam o teste psicotécnico na forma

como vem sendo aplicado pela Administração, mais recentemente, esta Corte,

 por intermédio das 5ª e 6ª Turmas, tem-lhe recusado legitimidade.

I sso porque

não é dado à Administração exigir que os candidatos se enquadrem em perfil

 psicológico/profissiográfico específico, previamente traçado por ela, visto que

os critérios informadores de tal perfil não constam do edital do certame nem

de lei, tampouco foram noticiados aos concorrentes

. Dessa sorte, e na linha de

tal entendimento, parece-me que a avaliação psicológica, com as

características mencionadas,

refoge dos princípios jurídicos que lhe são

inerentes, dada sua índole subjetiva e sigilosa

.”

Transcreve-se ainda parte de voto da insigne Desembargadora Federal Maria Isabel Gallotti Rodrigues, proferido no AMS 2004.34.00.027923-0/DF, 6ª Turma, DJ de 02/05/2006, p. 97 no mesmo sentido:

(16)

“A Constituição prevê que a lei –   e somente ela  –   possa estabelecer as

condições para exercício de cargo público.

 A adequação a determinado “perfil  profissional” estabelecido por psicólogos não é, contudo, requisito legal de

investidura previsto para cargo algum

. E nem seria razoável que o fosse, pois

a infinita diversidade de personalidades, sempre com aspectos positivos e

negativos, escapa à possibilidade de cadastramento e identificação da

 Psicologia.

O candidato pode não ter boa capacidade de concentração, mas

ter excelente memória e raciocínio lógico, por exemplo.

 Alguma determinada

característica de temperamento não possuída em grau satisfatório pode ser

amplamente compensada por outras ostentadas pelo candidato.

Creio que nem mesmo à lei seria lícito estabelecer “perfis profissionais” nos

quais devessem se enquadrar os integrantes de cada carreira,

dada a

 subjetividade da exigência e à falta de critéri o aferí vel pelo Poder J udiciário

 para veri ficar a correção deste enquadramento. O escopo do concurso, além

de possibilitar a admissão dos mais capacitados ao serviço público, é também

dar a todos os administrados a possibilidade de, em igualdade de condições

-igualdade esta baseada em critérios objetivos - candidatarem-se ao exercício

dos cargos públicos.” 

 Portanto, mesmo quando previsto em lei, o psicotécnico deve limitar-se, sob

 pena de inconstitucionalidade, à verificação da existência de traço de

 personalidade exacerbado ou patológico, ou desvio de comportamento, que

impeça o exercício das atribuições do cargo.”.

Percebe-se, in casu, que não houve definição prévia dos critérios de correção

dos testes psicológicos e que foram arbitrariamente impostos no momento da avaliação, subtraindo dos candidatos a possibilidade de questioná-los – muitas vezes por inadequados,

o por motivo qualquer.

Tal prática viola indubitavelmente os princípios da vinculação ao instrumento convocatório, vez que os critérios utilizados não estavam, de forma clara e completa, previamente estabelecidos no edital e foram impostos arbitrariamente aos candidatos.

Soma-se a isso o vilipêndio ao princípio da segurança jurídica (não surpresa no julgamento) em razão de os candidatos serem avaliados, em prova de caráter eliminatório, da qual não se sabe o que será analisado ao certo, o que gera inabilitação, quais fatores serão levados em conta, como é o julgamento etc.

 Ainda há violação do devido processo legal e contraditório, vez que foi subtraído dos candidatos a possibilidade de impugnar este ponto do edital, caso tais critérios estivessem previamente demonstrados.

(17)

Eros Grau no RE 451.207 AgR (DJ 19.08.2005 ) que:

“(...) Exame psicotécnico com caráter eliminatório.

 Avaliação realizada com

base em critérios não-revelados. I legi timidade do ato, pois impede o acesso ao

Poder Judiciário para conhecer de eventual lesão ou ameaça de direito

ocasionada pelos critérios utilizados

. Agravo regimental a que se nega

 provimento." (RE 451207 AgR, Relator(a): Min. Eros Grau, Primeira Turma,

 julgado em 29/06/2005, DJ 19-08-2005 00041 EMENT VOL- 02201-15

PP-03055.”

“EMENTA - Concurso público. Exame psicotécnico. - O acórdão recorrido, em

última análise, decidiu que a avaliação do candidato, em exame psicotécnico,

com base em critérios subjetivos, sem um grau mínimo de objetividade, ou em

critérios não revelados, é ilegítimo por não permitir o acesso ao Poder

 Judiciário para a verificação de eventual lesão de direito individual pelo uso

desses critérios. Ora, esta Corte, em casos análogos, tem entendido que o

exame psicotécnico ofende o disposto nos artigos 5º, XXXV, e 37, "caput" e

incisos I e II, da Constituição Federal. Dessa orientação não divergiu o

acórdão recorrido. Recurso extraordinário não conhecido." (RE 243926/CE,

 Relator Min. Moreira Alves, Órgão Julgador: Primeira Turma, DJ

10/08/2000.)

Os critérios para aplicação do exame psicológico não estão descritos na lei e nem no edital e nem mesmo na Resolução 4.278/13, o que viola a objetividade exigida nos concursos públicos, conforme nos ensina Celso Antônio Bandeira de Mello, in “Regime Constitucional dos Servidores da Administração Direta e Indireta”, RT, SP, 1990, os.  48/50:

“  

 Entretanto, o que se nega terminantemente e que seja compatível com o Texto

Constitucional por violar a necessária objetividade inerente à razão de ser dos

 princípios da acessibilidade e do concurso público  –   a adoção de um perfil

 psicológico em que se devam encaixar os candidatos, pena de exclusão do

certame. Com efeito, uma coisa é ser portador de algum traço patológico ou

exacerbado a níveis extremados e portanto incompatível com determinado

cargo ou função, e outra coisa, muito distinta, é ter que estar ajustado a um

“modelo” ou perfil psicológico adrede delineado para o cargo. Nega-se,

igualmente, que as avaliações psicológicas possam ser irrecorríveis na via

administrativa ou que o exame do recurso se possa efetuar sem a presença e

 fiscalização de um especialista indicado pelo candidato. Nega-se também que

as avaliações psicológicas possam ser realizadas sem a prévia e pública

notícia dos fatores específicos que serão ponto de análise, dos testes a serem

realizados, dos critérios decisórios em face deles, da justificação minuciosa

(18)

dos laudos determinantes da reprovação do concorrente, bem como da

identificação dos especialistas que irão se responsabilizar pelos exames e

conclusões técnicas finais”.

Essas razões e ilegalidades que levaram o Autor a ser eliminado no exame psicológico e não podem prevalecer, por isto se recorre a V. Exª. Afinal, está em jogo o futuro, o emprego, a profissão, a vida deste jovem Autor que sempre e em tudo é ótimo e que só contribuirá para a grandeza da PMMG.

 Assim, a aplicação de exames psicológicos para provimento de cargo público constitui ato vinculado, o qual vincula não só o candidato como a administração pública. Por isso a PMMG tinha de cumprir exatamente o que dispõe o art. 5º, da Lei 5.301/69 e as Normas do Conselho Federal de Psicologia, além de traçar um perfil psicográfico para que os candidatos tivessem conhecimento prévio dos critérios que seriam usados na aplicação e na correção dos exames psicológicos.

Como se vê, o art. 5º, da Lei 5.301/69, retro transcrito, impõe condições de procedibilidade, valoração, forma de aplicação, mas o aplicador do exame não possui critérios objetivos para a correção dos referidos testes. Com isso, cada profissional que avaliar aquele mesmo material produzido pelo candidato chegará a conclusões diversas  justamente por não haver critérios definidos para a correção dos referidos exames.

No presente caso, está evidente que o Autor só foi eliminado do certame porque houve erros do aplicador do teste. Esses erros foram cruciais na reprovação do Autor e causam nulidade absoluta dos exames. Os principais erros do exame psicológico são os seguintes, por contrariarem a lei:

•  – A lei exige que os exames sejam aplicados por junta de psicólogos oficiais

ou por junta de psicólogos civis, desde que contratados pela PMMG. Entretanto, contrariamente a isso, a PMMG contratou uma empresa comercial que não dispõe de conhecimentos específicos para aplicar os testes psicológicos, o que levou a equivocada conclusão de que o Autor apresenta descontrole emocional.

•  – A PMMG deu poderes absolutos ao psicólogo, o qual agiu subjetivamente para eliminar o Autor do certame, justamente por não haver nenhum critério definido previamente para a correção dos exames psicológicos.

Diante do acima exposto, conclui-se que o Autor ficou ao alvedrio da mente única e subjetiva de um único psicólogo. O Autor não foi submetido ao parecer de outros psicólogos, o que elide e põe em ruínas o Estado Democrático de Direito. E mais: que doença incapacitante é essa que nem o psiquiatra e nem a Junta Militar não diagnosticou?

Em consonância com esta exposição, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, assim vem decidindo:

(19)

“Dessa orientação divergiu o acórdão recorrido, ao reconhecer a legalidade

do exame sem considerar que, na forma prevista, sua impugnação é inviável,

como consignado na sentença. Ante o exposto, e com base no art. 544, § 3º e §

4º, do Código de Processo Civil, dou provimento ao agravo e, desde logo, nos

termos do art. 557, § 1º-A, do referido diploma legal, ao próprio recurso

extraordinário, para restabelecer a sentença de fls. 50-54. Publique- se”.

(Agravo Regimental 489.879, rel. Ministro Joaquim Barbosa, DJ de 22/06/06)

 grifo nosso.

“Concurso público. Exame psicotécnico. O acórdão recorrido, em última

análise, decidiu que a avaliação do candidato, em exame psicotécnico, com

base em critérios subjetivos, sem um grau mínimo de objetividade, ou em

critérios não revelados, é ilegítimo por não permitir o acesso ao Poder

 Judiciário para a verificação de eventual lesão de direito individual pelo uso

desses critérios. Ora, esta Corte, em casos análogos, tem entendido que o

exame psicotécnico ofende o disposto nos artigos 5º, XXXV, e 37, caput e

incisos I e II, da Constituição Federal. Dessa orientação não divergiu o

acórdão

recorrido.

 Recurso extraordinário não conhecido.” (RE 243.926, rel. min. Moreira Alves,

 Primeira Turma, DJ de 10.08.2000)

 A jurisprudência do Egrégio TJMG, na Apelação Cível 1.0024.04.324398-9/001, sendo o Relator o Des. Duarte de Paula:

"CONCURSO

PÚBLICO.

EXAME

PSICOTÉCNICO.

CARÁTER

 ELIMINATÓRIO. VALIDADE, APENAS SE PREVISTO EM LEI,

 JUNTAMENTE COM A ESPECIFICAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE

 AVALIAÇÃO. TUTELA ANTECIPADA. REQUISITOS DEMONSTRADOS.

(...)tenho sustentado que o exame psicológico, com caráter eliminatório, para

que tenha validade, deve estar previsto em lei (art. 37, I, da CF), mas,

 juntamente, com a especificação dos critérios de avaliação.

 Na hipótese vertente, em tese, a legislação pertinente, embora preveja o exame

 psicológico, nada dispõe,

acerca dos critérios que seriam utilizados para a

aferição do perfil psicológico dos candidatos, omissão esta, que acaba por

conferir ao aplicador de tais testes extrema subjetividade

. (...)” (grifo nosso)

Seria absurdo reprovar um cidadão brasileiro e ceifar sua cidadania, seu futuro, sua carreira, em virtude de conclusões erradas e subjetivas, unipessoal, sem lógica, sem razoabilidade e de forma contrária ao que dispõe o Conselho Federal de Psicologia.

(20)

Em concurso público todas as provas têm de ser objetivas, transparentes, sem poder eliminar candidatos de forma sigilosa, não clara, não objetiva e sem poder haver recurso, o que não aconteceu, pois não houve critério de certo e errado, eliminou o candidato por questões mandamentais conclusivas absurdas e fora da realidade.

Os próprios psicólogos reconhecem a subjetividade do exame psicotécnico e que sofre influência de fatores emocionais e ambientais, conforme declaração do psicólogo Júlio Hermes da Silva, que esclarece:

“Declaro para os devidos fins que qualquer candidato submetido à Avaliações

ou Testagens Psicológicas, pode sofrer a influência de fatores emocionais e

ambientais, que no momento prejudicam a sua aplicação como também o seu

resultado.

Tal fato ocorre em virtude de subjetividade que envolve os referidos testes, o

que nos dificulta um parecer seguro e verdadeiro

 .”

Grifos nossos.

Conforme orientação dos doutrinadores, o exame psicológico, além de averiguar somente a situação momentânea e de ser subjetivo, teria de ser repetido diversas vezes e em situações diferentes, em que o examinando estivesse ora alegre, ora triste, para indicar tendências pessoais e, mesmo assim, não absolutas.

 A reprovação do Autor no concurso exclusivamente por contraindicação num exame psicológico é ilegal, ainda, porque o psicotécnico é subjetivo, como dispõe unanimemente a jurisprudência, especialmente do STF.

 A jurisprudência pátria é unânime em confirmar a subjetividade do exame psicotécnico, tornando-o imprestável a concursos públicos, como se vê em recente voto do

Ilustre Desembargador José Domingues Ferreira Esteves, “in litteris”:

“Analisando os autos, não se depreende como foram aplicados os testes e as

técnicas desenvolvidas para a elaboração do teste psicotécnico,

 sendo

impossível de se averiguar de forma objetiva o desempenho do autor em

relação a ele. E xtrai-se, portanto, da conclusão do laudo, argumentação

incompleta, concluindo-se pela utilização de critérios de subjetivos e

arbitrários, vedados neste caso

.”

Logo, a eliminação do Autor do concurso unicamente porque foi contraindicado em exame psicológico aplicado de forma irregular por um só psicólogo, o qual interpretou de forma diversa os traços realizados pelo Autor, sem observar o que dispõe o Conselho Federal de Psicologia, está contrariando o disposto na lei, está fora da forma imposta pela lei, está usando de um poder discricionário que não existe, que é proibido pela lei e pela  jurisprudência.

(21)

Considerando o Estado de Direito, o Princípio da Legalidade e que as condições e forma para o exame psicológico são atos administrativos vinculados à lei, está claro que o exame psicotécnico não pode ser aplicado como exame isolado dos demais, não tendo a autoridade administrativa poder discricionário de dispor quanto à oportunidade e nem a conveniência de decidir quanto ao seu valor e nem quem o aplica.

O edital e o exame psicológico aplicado no Autor são nulos naquilo que contrariam a lei, pois vivemos em um Estado de Direito. Por isto, o Autor vem perante o Poder Judiciário para proteger-se da ilegalidade.

É nula, ainda, a contra indicação do Autor, não só porque o Autor está apto, como provam as razões do recurso administrativo, mas também porque o exame a que foi submetido contrariou a lei que regula o assunto, bem como porque a forma de aplicação foi errada.

D A N ULIDADE PE LO C ER CEA MENTO DE DEFESA DO AUTOR

O Edital do Concurso (Doc. Anexo II), no item 6.50 e seguintes, estabelece a possibilidade de o candidato apresentar recurso administrativo em face do ato de contraindicação no exame psicológico.

No entanto, o recurso administrativo, nos termos previstos no edital do concurso público, restringe o direito de defesa do Autor, o que é inadmissível.

O Edital prevê a possibilidade de o Autor interpor recurso administrativo, mas não lhe permite a retirada ou reprodução do material produzido. Vejamos o que dispõe o Edital:

“6.50 No procedimento de abertura de vista para o psicólogo, legalmente

nomeado pelo candidato, serão observadas as seguintes condições: (...)

e) para que seja realizada a análise técnica, o psicólogo nomeado terá acesso

ao material psicológico somente no local, data e hora agendados;”

Ora, as disposições previstas no edital limitam o direito de defesa do Autor. Certo é que o Psicólogo contratado pelo candidato pode ter acesso ao material, mas não pode reproduzi-lo para uma defesa técnica mais precisa e bem fundamentada.

 Atendendo a tal disposição do Edital, o Recurso Administrativo realizado pelo psicólogo contratado pelo candidato é feito posteriormente, e a ausência do material dificulta a realização do recurso e a demonstração de seu direito.

O psicólogo não tem acesso à cópia do material durante a confecção do Recurso Administrativo, que é feito posteriormente à entrevista de devolução, o que pode

(22)

resultar em prejuízo quanto a questões essenciais, questões estas que poderiam demonstrar a aptidão do Autor ou alguma ilegalidade cometida pela Polícia Militar.

Certo é que o material produzido pelo candidato, mesmo sendo sigiloso, é de interesse do candidato, lhe pertence, e não pode lhe ser restringido em razão de uma disposição do edital ou por um entendimento da Polícia Militar.

O fato de ser o exame sigiloso restringe o acesso do material a terceiros não interessados, mas não ao Autor, a quem deveria ser disponibilizado todo o material, sem restrições, para a interposição do recurso.

 A impossibilidade de o Autor ou o psicólogo contratado por aquele, reproduzir ou tirar cópia do teste aplicado durante o certame é ilegal e inconstitucional. Fere o direito de ampla defesa e contraditório do Autor e merece ser corrigido por este  juízo.

Estabelece o art. 5º LV da Constituição Federal:

"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

 garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

 propriedade, nos termos seguintes:(...)

 LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados

em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e

recursos a ela inerentes;(...)"

Segundo a Professora Fernanda Marinela:

“Esse princípio deve assegurar à parte a garantia de defesa, conferindo ao

cidadão o direito de alegar e provar o que alega, podendo se valer de todos os

meios e recursos disponibilizados para a busca da verdade real, proibindo- se,

taxativamente, qualquer cerceamento de defesa.”

 A disposição que permite interpor o Recurso Administrativo foi inserida no Edital do concurso público apenas para dar aparência de que as garantias constitucionais de ampla defesa e contraditório estão sendo mantidas.

Na verdade, a Polícia Militar tenta restringir de todas as formas o acesso do candidato ao seu exame. Quando o candidato não tem acesso ao material produzido, ou

lhe é restringido este direito, fica mais fácil para a Polícia Militar contraindicar quem bem entender , afastando o princípio da impessoalidade, o que é inadmissível em nosso

(23)

O Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais vem se manifestando, em reiteradas decisões no sentido de que, embora previsto no edital, o recurso administrativo deve ser realizado no sentido de permitir ao interessado que utilize de todos os meios necessários para demonstrar seu direito.

Vejamos o voto do ilustre Desembargador Audebert Delage, na Apelação nº 1.0105.02.054.755-7.001, “in litteris”:

“Contudo, tenho como imprescindível para sua realização, que o edital do

concurso estabeleça requisitos capazes de garantir a lisura, a moralidade,

além de possibilitar a ampla defesa e o contraditório, cumprindo ainda, a

 publicidade que lhe é exigida como princípio constitucional disposto no caput

do citado artigo. Imperativo constar os métodos de avaliação a serem usados

e os critérios dos respectivos exames, para que se possa concluir acerca de

 sua objetividade e fiscalizar possível desvio de finalidade. In casu, há a

 previsão legal e editalícia para a realização do teste, estipulando os critérios

de avaliação. No entanto, quanto ao procedimento previsto para interposição

de recurso administrativo, para a hipótese de revisão da decisão de

reprovação no exame psicológico realizado, vejo-o como ilegal,

mostrando- se, em muitas das vezes, inviável, ferindo, com isso, os princípios da ampla

defesa e da publicidade. O referido edital, f. 15/48, estabelece que o prazo

 para recorrer será de 02 (dois) dias úteis; que o recurso deverá ser

datilografado ou digitado, com argumentação lógica e consistente, anexando

cópia da bibliografia pesquisada, devendo ser interposto através de um

 psicólogo, que constará nas razões apresentadas as seguintes informações a

 seu respeito: nome completo; número de registro no CRP; endereço; telefone

e fax comercial 

. Dispõe ainda, que a revisão do material para a

 fundamentação do recurso ocorrerá nas dependências da PMMG, sendo

que a Diretoria de Recursos Humanos só abrirá vista da material produzido

 pelo recorrente ao psicólogo civil, que terá dois dias úteis para anexar ao

recurso as razões escritas e demais documentos úteis. E m exame superficial

de tais exigências conclui-se que as mesmas têm o escopo de impossibilitar

que o candidato recorra da decisão, o que se mostra temerário, pois, mesmo

reconhecido o seu caráter científico, existe possibilidade de não espelhar as

verdadeiras potencialidades e aptidões do examinado, não se apresentando

 garantida a sua eficácia.

 A irregularidade está no procedimento previsto

 para a revisão da decisão que reprove o candidato no exame psicotécnico,

impondo-se que seja excluído do edital o requisito consistente na aprovação

no citado teste.

E stabelecer que o acesso ao resultado de determinado teste

 seja indir eto, condicionado-o à apresentação de recurso administrativo,

(24)

 sendo que o candidato não toma ciência dele dir etamente, somente o

 fazendo por meio de um psicólogo civil por ele contratado, consiste em

atribuir-lhe caráter sigiloso, tornando-o ilegal

. Assim têm sido as decisões

desta egrégia Corte sobre a matéria: (...)” Grifamos

O Autor está amparado ainda pela Lei da Informação (Lei 12.527/11), que assim dispõe em seu art. 5º:

 Art. 5o É dever do Estado garantir o direito de acesso à informação, que será

 franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma

transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão.

 Art. 6o Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observadas as normas

e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a:

-

 gestão transparente da informação, propiciando amplo acesso a ela e

 sua divulgação

;

- proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade,

autenticidade e integridade;

Diante disto, deve o ato administrativo ser declarado nulo por cercear o direito de defesa do Autor, uma vez não foi disponibilizado meios suficientes para permitir ao Autor de se defender amplamente.

D A N ULIDADE POR V IOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DAR A ZOA B IL ID A DE

O Autor demonstrou através de profissionais da área de psicologia que não possui nenhum fator de contraindicação, bem como demonstrou haver diversas ilegalidades que questionam a validade e legalidade do ato de sua contraindicação.

 Assim, a permanecer o ato de exclusão do Autor no concurso público da PMMG por motivo inexistente, restará, também, ofendido o princípio da razoabilidade administrativa, preconizado no art. 13 da Constituição Estadual que impõe à Administração Pública o “bom senso” em sua atuação, como brilhantemente leciona o jurista Jair Eduardo

Santana, “in litteris” :

“O

 princípio da razoabilidade

obriga a Administração à atuação que guarde

 sintonia com o médio

 , com o

equilibrado

 , com

 senso lógico

 , enfim, com a

razoável liberdade (...)

(in “Direito Administrativo”, 2ª ed., p. 29/30

- grifos nossos)

Nos atos administrativos é obrigatório levar-se em conta o consagrado

princípio constitucional da ‘Razoabilidade Administrativa’ , que é decorrência do próprio

(25)

Sobre o citado Princípio da Razoabilidade Administrativa o ilustre Hely Lopes

Meirelles em “Direito Administrativo Brasileiro”, 27ª Ed., Editora Malheiros, pondera:

“Sem dúvida, pode ser chamado de princípio da proibição de excesso, que, em

última análise objetiva aferir a compatibilidade entre os meios e os fins, de

modo a evitar restrições desnecessárias ou abusivas por parte da

 Administração Pública, com lesão aos dir eitos fundamentais.

Como se

 percebe, parece-nos que a razoabilidade envolve a proporcionalidade, e

vice-versa.” - grifos nossos.

Dessa forma, vê-se que o concurso público como procedimento administrativo, deve observar o princípio da razoabilidade, visto que não se deve perder de vista a finalidade para a qual se dirige o procedimento, sendo que na avaliação da nulidade do ato administrativo é necessário temperar a rigidez do princípio da legalidade, para que ele se coloque em harmonia com o princípio da razoabilidade e outros valores essenciais à perpetuação do estado de direito.

Este também é o ensinamento do grande mestre Antônio José Calhau de Resende sobre o tema:

“A razoabilidade é um conceito jurídico indeterminado, elástico e variável no

tempo e no espaço. Consiste em agir com bom senso, prudência, moderação,

tomar atitudes adequadas e coerentes, levando-se em conta a relação de

 proporcionalidade entre os meios empregados e a finalidade a ser alcançada,

bem como as circunstâncias que envolvem a prática do ato.” (Resende, 2009, p.

12).

Da mesma forma, houve violação do princípio da proporcionalidade na medida em que não houve adequação, medida justa, prudente e apropriada à necessidade exigida pelo caso do Autor.

Neste sentido, tal princípio tem como escopo evitar resultados desproporcionais e injustos, baseado em valores fundamentais conflitantes, ou seja, o reconhecimento e a aplicação deste princípio permitem vislumbrar a circunstância de que o propósito constitucional de proteger determinados valores fundamentais deve ceder quando a observância intransigente de tal orientação importar a violação de outro direito fundamental mais valorado.

Humberto Ávila ensina com maestria que:

“O postulado da proporcionalidade exige que o Poder Legislativo e o Poder

 Executivo escolham, para a realização de seus fins, meios adequados,

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